História Finding Pieces - Capítulo 24

Depois de tantas revelações em um único dia, o velho Joseph resolveu se valer de seus privilégios de terceira idade e fazer charme para que meu marido o deixasse dormir aqui. Eu não caio mais na chantagem emocional desse velho maldito, mas Noriaki sente muita gratidão por meu avô nunca ter condenado nosso relacionamento. O fato é que não existe a menor possibilidade de não se apaixonar por meu adorável marido.

- Kakyoiiiiiiin, Jotaro não quer me deixar dormir aquiiiiii!

- Velho maldito! Pare de fazer essa cara!

- Já chega, vocês dois. Sr. Joestar, o senhor é bem-vindo para dormir aqui se quiser. Vou pedir ao Jouta para arrumar as coisas no quarto dele, é bem espaçoso e o senhor ficará confortável lá. Pode ir tomar um banho, eu levo um pijama velho do Jotaro para o senhor.

Embora ainda fossem seis da tarde, meu avô sorriu satisfeito e foi tomar banho, ciente de que eu jamais contrariaria Noriaki. De repente me lembrei de que ele tinha atendido um telefonema misterioso e aproveitei que estávamos a sós para saber quem foi que ligou.

- Amor, quem ligou naquela hora? Eu percebi que era algo sério, mas você não disse nada...

- Ah, sim, eu me esqueci. O Giorno-kun ligou, ele disse que a esposa do Caesar faleceu.

- Giorno? Ligou pra cá?

- Sim, ele tinha tentado ligar para a casa da sra. Holy para falar com o seu avô e por isso acabou ligando para cá. Eu deixei subentendido que vou precisar da ajuda dele quando as coisas se acalmarem, talvez possamos ajudar o sr. Joestar a reencontrar o amigo.

Que maravilha, agora o filho daquele vampiro maldito tinha o número da nossa casa e ainda por cima estava planejando coisas com meu marido.

- Yare yare, Nori. Pra que pedir ajuda a ele? Ele não serve pra nada...

- Jojo, não diga isso. Jean confia muito no rapaz e você sabe muito bem que ele é inocente, não tem nada a ver com o pai... vampiro.

- Eu não quero que ele chegue perto de você.

- Jotaro... Ele não faria mal a mim nem a nenhum de nós. Pare de implicar com ele só por causa da linhagem, ele também tem o sangue dos Joestar e nunca nos deu motivos para desconfiança.

Tsc... Noriaki tinha razão, Koichi-kun investigou aquele sujeito como pôde e até Polnareff disse que o garoto era uma boa pessoa e que inclusive era grato a ele, embora nunca tenha me dito o porquê. Eu não tinha argumento algum contra ele.

- Tudo bem, Nori... Mas por favor, tome cuidado... Eu... não sei viver sem você. Se fosse você no lugar do Caesar, eu não conseguiria ir embora sem olhar nos seus olhos, nem que fosse uma última vez.

Os olhos violetas e brilhantes de meu marido se encheram de lágrimas. Parece que a história de meu avô deixou todos nós sensíveis.

- Jojo... Eu te amo. - Noriaki me abraçou e beijou meus lábios delicadamente, encostando a ponta de seu nariz no meu. Retribuí o abraço e me reabasteci daquele cheiro delicioso que ele emana. Eu poderia passar a tarde toda abraçado a ele, sentindo os batimentos firmes de seu coração e o calor de seu corpo.

- Eu também te amo, Nori. Desculpe, vou tentar ser menos implicante com o mole... com o Giorno.

- Sei que vai. - Noriaki me olhou com um sorriso divertido que me dizia que ele não estava acreditando nem um pouco. Yare yare, acho que sempre fui muito óbvio.

XxX

Passava das sete da noite. Avdol, Jouta, Iggy e eu estávamos assistindo Noriaki massacrar Polnareff no videogame mais uma vez sem a mínima piedade. Se havia um lado de meu marido que me assustava era esse. Enquanto Polnareff ameaçava jogar o controle longe, ouvimos a campainha tocar e me levantei para atender a porta com Iggy em meus calcanhares, como se já soubesse quem estava lá fora.

- Chegamos!

Josuke e Rohan vieram trazer Jolyne depois de visitarem a tal exposição. Minha filha estava cheia de sacolinhas de papel com brindes e os dois pareciam exaustos, porém felizes por terem passado uma tarde agradável. Jolyne me abraçou e logo se voltou para Iggy, que não parava de rodeá-la, latindo de empolgação.

- Olá, minha querida. Se divertiu?

- Siiiiim! Ganhamos todas essas lembrancinhas e o Josuke-chan disse que eu poderia ficar com as deles também!

- Você agradeceu direitinho?

- Agradeci, sim! Posso ir lá mostrar pra todo mundo?

- Pode, sim. - Jolyne correu em direção a Noriaki e logo ouvi o som de ambos colidindo, o lamento de Polnareff que achou que ganharia pelo menos uma partida e a risada estranha de meu marido, que sempre fazia meu coração bater mais forte - Ela se comportou?

- Jotaro-san, sua filha é um anjinho! Ela tem um ótimo olho para arte! - Rohan e Noriaki se davam muito bem e ele sempre incentivou Jolyne nos desenhos - Talvez ela flerte com a carreira no futuro.

- Noriaki ficaria encantado. Querem entrar?

Josuke abaixou a cabeça e logo coçou a nuca com um sorrisinho sugestivo.

- Obrigado, mas hoje vou ter que recusar. Ainda tenho que passar na casa do Rohan-sensei pra pegar uma... coisa.

Tão cara de pau quanto o pai... Provavelmente ele dormiria na casa do amante, como faz em todos os finais de semana.

- Yare yare, Josuke. Só tome cuidado, sim?

- Pode deixar! Boa noite!

Assim que os dois foram embora, me juntei aos outros na sala e agora quem enfrentava Polnareff era Jolyne, claramente em vantagem. Pelo visto, ele não conseguia vencer nem uma criança de sete anos.

- Mas tio Jean, você tem que apertar esse botão aqui. Como quer lançar o especial desse jeito?

- Ma chérie, não fique me encurralando no canto da tela! Isso não vale!

- Vale, sim! Ninguém disse que não pode fazer isso! O papai Nori sempre faz isso com o papai Jotaro!

Noriaki riu, ele sempre faz isso mesmo, mas depois me vingo encurralando-o de outra forma.

- Jolyne, não seja tão má com seu tio, deixe ele se afastar um pouco. - Noriaki sempre procurou ensinar às crianças que não se pode ganhar todas, mas ambos eram ótimos observadores. Apesar de ainda não conseguirem vencê-lo, eles não faziam feio em nenhum jogo de tanto observar Noriaki jogando e ele tinha muito orgulho das habilidades de ambos.

XxX

Depois do jantar, passamos mais algumas horas jogando e logo Jolyne estava bocejando, afinal, seu dia tinha sido cheio. Quando a pequena começou a cambalear de sono, Polnareff se ofereceu para colocá-la na cama e saiu da sala com ela nos braços, cantarolando baixinho uma canção de ninar francesa. Jolyne se aconchegou em seu peito e logo caiu no sono, seus lábios esboçando um sorriso. Devia estar sonhando com borboletas. Jouta os acompanhou, ele nunca deixava de estudar antes de cair no sono, mesmo estando de férias.

Noriaki ajeitou a bagunça na sala com a ajuda de Avdol. Assim que Polnareff retornou, esperou que todos nos acomodássemos para contar o que ouvira de Giorno.

- Sr. Joestar, recebi uma ligação do Giorno-kun hoje mais cedo. Ele me disse que infelizmente a esposa do seu amigo faleceu, depois de ter sofrido durante muitos anos com um câncer agressivo.

Os olhos do velho se arregalaram e, por um momento, pude jurar que vi o antigo brilho tomar conta deles novamente.

- N-n-nossa, que horror... Caesarino deve estar sofrendo muito...

- Imagino que sim, eles passaram muitos anos juntos. Mas quando as coisas se acalmarem, o senhor não quer ir visitar seu amigo? Não acho que a família dele verá problemas nisso. Assim, vocês podem resolver essa situação de uma vez por todas e o senhor pode se desculpar pelo mal-entendido. Tenho certeza de que Caesar ficará feliz em vê-lo.

- Já faz tanto tempo... Acha mesmo que ele vai querer me ver? Que ainda se lembra de mim?

Meu avô sempre foi uma pessoa debochada e forte. Ele nunca se mostrou inseguro diante de nada e agora parecia um adolescente com medo de levar um fora. Mas antes que eu pudesse fazer um de meus comentários, Noriaki mostrou mais uma vez o motivo pelo qual me apaixonei por ele.

- Sr. Joestar... Eu acredito que a separação de vocês dois foi uma série de desencontros... O senhor acabou se casando porque achou que ele tinha morrido... E quando ele finalmente despertou, talvez tenha pensado que não valia a pena largar tudo para vir atrás do senhor. Pelas histórias que nos contou ao longo dos anos, ele preza demais a família e deve ter sido por isso que se manteve calado por todo esse tempo. Nunca é tarde para viver um grande amor, se vocês dois se reencontrarem e se sentirem da mesma forma... Por que não tentar?

Polnareff mais uma vez enxugava as lágrimas e Avdol encarava Noriaki com admiração. Meu companheiro nunca deixou de acreditar no amor que eu sentia e foi isso que o trouxe de volta para os meus braços. Se houvesse uma centelha que fosse, ele sempre encorajaria a pessoa a lutar para mantê-la acesa.

- Vamos dar um pouco de tempo a ele. Não vai ser para já, mas acredito que as coisas se desenrolarão da melhor forma possível.

- Obrigado, Kakyoin. Eu vou dormir, estou cansado e quero esvaziar um pouco a minha cabeça. O dia foi longo.

Meu avô se levantou e depois de tantos anos tive a impressão de ver nele aquele mesmo velho Joestar da viagem pro Egito, com o brilho no olhar de quem tem uma missão a cumprir. Sem dificuldade alguma, subiu as escadas em direção ao quarto de Jouta. Avdol e Polnareff também se recolheram e Iggy já estava a postos para ser conduzido ao quarto de Jolyne. Noriaki suspirou e me abraçou apertado, passando suas mãos firmes em minhas costas e me deixando excitado só de me tocar.

- Vamos pra cama, meu Jojo?

Beijei-o com paixão e logo estávamos em nosso quarto, desesperados para sentirmos nossos corpos sem roupas para nos atrapalhar. Em instantes estávamos completamente nus e entregues, aproveitando aquele momento tão íntimo e nos amando enquanto trocávamos juras de amor. Noriaki sempre tão pronto, me recebeu dentro de si com facilidade soltando gemidos de prazer e chamando meu nome baixinho, ao mesmo tempo em que eu me perdia naquele corpo tão perfeito... O melhor lugar para se terminar o dia.