História Fingindo - Capítulo 19 - Pensamentos nada puritanos

CAPÍTULO 19 - PENSAMENTOS NADA PURITANOS

Abro os olhos devagar e então bocejo, me contorcendo um pouco.

Não vejo nenhuma claridade, mas sei que amanheceu porque meu celular está vibrando debaixo do travesseiro, e todo mundo sabe que só podem me ligar depois das dez, durante os finais de semana. 

Deslizo a mão pelo lençol macio, procurando a fonte dos meus problemas. Eu definitivamente deveria ter colocado no silencioso.

Quando o encontro, não consigo olhar diretamente para ele, apenas atendo, colocando no ouvido. 

- Alô? - minha voz saiu rouca e baixa. 

Foda-se.

- Sakura? 

- Sim? 

- Meu deus, mulher! Você não atende o telefone? 

É a Tenten, praticamente gritando no meu ouvido. 

Sasuke resmunga alguma coisa, mas eu ignoro. Olho para a tela, vendo que já é quase meio dia. Como diabos fui dormir tanto? 

Volto o aparelho para o ouvido.

- Eu estava dormindo. 

Ela ri.

- Tá dormindo onde, Sakura? 

Pisco os olhos, confusa. 

- Na minha cama.

- MENTIROSA! - ela grita.  

Fecho os olhos com força e me aconchego ainda mais. Está tão quentinho…

- O que? - resmungo. 

- Eu estou na sua casa agora mesmo. Aliás, você tem que colocar uma fechadura nova, eu nem precisei pular a janela dessa vez. 

Minha porta travou uns dois anos atrás e fomos obrigados a usar a janela para entrar e sair. Tenten estava me dando carona direto, então ela sempre pulava a janela para me acordar. 

Acabou virando uma mania dela: sempre que ela quer entrar e está trancado, ela pula a janela. 

Minha recompensa é sempre um almoço demorado, com uma deliciosa sobremesa. Um preço bem baixo a se pagar, se quer minha opinião. 

- O que diabos você está fazendo aí? 

- A pergunta certa é: em que cama você está? - ela dá uma risada do outro lado da linha - Por favor, me diz que é a de um cara gostoso. Deus é testemunha do quanto você está precisando se divertir! 

Uso a mão livre para coçar os olhos. 

Eu realmente estou na cama de um cara gostoso, mas não do modo como ela está pensando. 

Com um suspiro, decido me levantar. 

Já fiquei tempo demais aqui, e até onde eu sei, vamos embora de tarde. E eu definitivamente quero comer antes de ir. 

- Não tem nenhum cara gostoso aqui. 

Sasuke resmunga de novo e eu suspiro. 

Melhor sair antes de acordar o demônio. Tiro o edredom e percebo que a minha camiseta está muito acima do meu umbigo. Tento puxá-la para baixo, mas tem alguma coisa impedindo. 

Sasuke fala um palavrão e me puxa para mais perto. 

Pisco os olhos, sem entender. 

- Eu acabei de ouvir uma voz muito sexy, sua mentirosa! - Tenten grita, mas eu ignoro. 

Tô ocupada demais notando que a mão do meu professor se enfiou por baixo da minha camisa e pegou um dos meus seios, enquanto o seu outro braço está por baixo do meu pescoço. 

E eu estou completamente encostada nele. 

Nele e no seu…

Minha boca se abre mas nenhum som sai.

O Sasuke está excitado? 

Fico congelada no lugar, sem saber como proceder. 

Minha vagina burra despertou e decidiu que essa era uma boa hora para cantar. Dessa vez, entretanto, eu não posso exigir algo melhor dela. 

Como diabos não ficar excitada com ele me tocando? 

Sério, acho que o meu cérebro virou gelatina. 

Eu preciso… 

Eu preciso o que? 

Sair daqui? Me esfregar nele? Minha vontade com certeza é aproveitar cada segundo, mas isso seria literalmente tirar proveito da situação. 

E ele está inconsciente. 

É totalmente errado eu querer me aproveitar disso. 

Mesmo que ele esteja me tocando, e mesmo que eu esteja gostando, e mesmo que eu acredite fielmente que posso gozar só com isso, sei que preciso sair daqui. 

Antes que ele acorde e perceba o que está fazendo e se arrependa de ter dormido do meu lado. 

- Preciso ir. 

Tenten ri.

- Mais uma sessão de sexo? Acho melhor você me contar tudo amanhã! 

Ah, sim, claro. 

Vou contar sobre como estou fingindo ser a noiva do meu professor. Vai dar certo sim, confia.

- Eu te ligo mais tarde. 

Sem esperar resposta eu encerro a chamada. 

Tudo bem. 

Está tudo bem. 

É só sair bem devagar que ele nem vai notar. Prendo a respiração antes de começar a me arrastar pela cama, bem devagar. 

Sua mão desliza pelo meu seio até chegar na minha barriga, e então suavemente caí no colchão. 

Sasuke resmunga mais alguma coisa, porém, eu que não vou ficar aqui para traduzir. 

Saio da cama e vou na ponta dos pés até a minha calça, que está bem em cima da minha mochila aberta. Estou quase saindo do quarto quando vejo meu celular acender a tela.

Ainda está na cama com o Sasuke.

Bom, foi triste. Não preciso de celular para nada. 

Saio em silêncio, e só quando chego no corredor consigo respirar. 

Certo, tudo bem. 

Está tudo bem.

Coloco a minha calça e já vou procurando onde diabos fica as escadas. 

Meu rosto ainda está corado e eu sinto meu coração disparado dentro do meu peito 

E a minha calcinha molhada.

Maldito seja o demônio. 

Com um palavrão na ponta da língua, preciso de uns bons dez minutos até achar a escada, e mais dez até escutar vozes. Faço uma trança com o meu cabelo cheio de nó, tentando disfarçar o ninho de passarinho que se formou enquanto eu dormia.

Por fim, caminho a porta de vidro, vendo que lá fora o céu está totalmente azul. 

Assim que saio, sou inundada por um cheiro delicioso de churrasco e consigo ver o Naruto pulando na piscina e jogando água na Kushina, que tenta salvar sua bebida. 

- Seu animal! - ela grita. 

Tá aí o tipo de mãe que eu seria. 

Os cabelos loiros surgem na água azul que brilha por causa do sol, e ele balança a cabeça, parecendo um cachorro molhado. 

Fecho a porta atrás de mim e caminho em direção a eles. A grama está gelada e úmida, me causando arrepios. 

Gosto de ficar descalça. 

Naruto olha para mim e sorri, mostrando os dentes brancos e alinhados.

- Olha só quem saiu da cama! 

Reviro os olhos. 

Itachi está deitado em uma espreguiçadeira mexendo no celular, usando só uma bermuda azul. Olha só aqueles lindos gominhos! Com certeza é a melhor qualidade dele. 

Ele olha pra mim e dá um sorriso malicioso que eu ignoro. 

Kushina se levanta e eu não consigo desviar os olhos do seu corpão. E coloca corpão nisso! 

Sorrindo ela ajusta o chapéu que está usando e se aproxima de mim. 

Seu biquíni é tão vermelho quanto o seu longo cabelo, todo trançado nas laterais. Se eu tivesse um corpo desses acho que só ia andar seminua. 

- Ainda não colocou seu biquíni? 

Mordo a parte interna na bochecha. 

Era só o que me faltava mesmo!

- Eu não sabia que íamos nadar. 

Ela revira os olhos e coloca seu braço no meu. 

- Mikoto nunca fala nada! - ela bufa - Mas sorte que eu sempre trago um reserva, então você pode usar. 

É claro que ela trás. Por que não fico surpresa? Sou arrastada até a churrasqueira, onde encontro Minato e Fugaku tomando cerveja e Mikoto caçando alguma coisa na geladeira. 

Passamos por eles até chegar no banheiro, onde imediatamente identifico o biquíni que ela espera que eu use. 

Não é difícil encontrar, considerando que só tem um pendurado na parede. 

Dando duas batidinhas no meu ombro ela se vai, enquanto eu encaro a peça.

Tudo bem.

É só um biquíni. Muito sexy e revelador, mas ainda assim é só um biquíni. 

Fecho a porta atrás de mim e começo a tirar a roupa. 

Aproveito que tem um chuveiro com água morna e tomo uma ducha, até porque não quero entrar na piscina sem tomar um banho antes. 

E não era como se eu pudesse tomar banho no quarto do Sasuke. Não depois de como acordamos. 

Sinceramente, acho que nem consigo mais olhar para ele. 

Afasto o Uchiha dos meus pensamentos e uso o condicionador para soltar meu cabelo. 

Muito mais rápido do que eu queria que fosse, me vejo na frente do biquíni vermelho escuro, que parece me desafiar a vestir.

Tudo bem.

Esse é definitivamente meu novo lema! 

Tudo bem eu colocar esse biquíni, até porque ninguém se importa. 

O visto devagar, tomando cuidado com as tiras para não arrebentar. Do jeito que tenho sorte, é bem provável que aconteça. 

Quando já estou vestida - ou mais ou menos isso - abro a porta, odiando o fato de não ter um espelho para ver como ficou. 

Escuto Mikoto rindo.

- Vocês são horríveis! - ela diz, em meio as risadas.

- Mas estou falando sério! - Fugaku responde.

- Sendo bem sincera, se o Sasuke vacilar eu faço ela casar com o meu filho - Kushina completa.

Espera, é o que? 

Na ponta do pé me aproximo. 

Sim, sou curiosa, fazer o que? 

- Pode colocar ele na fila! - Fugaku informa - A Sakura vai entrar para a família, seja pelo Sasuke ou pelo Itachi. 

ESPERA, É O QUE? 

Encosto na parede. 

A área da churrasqueira tem uma bancada com pia - onde todos estão -, uma ilha, uma mesa de madeira e uma grande geladeira. Logo atrás fica o banheiro com uma outra sala, que a porta estava encostada e eu não pude ver o que tinha dentro. 

Provavelmente alguma coisa de gente rica, como sempre. 

De qualquer modo, é meio impossível não ouvir tudo. 

- Se ela ficar com o Naruto também vai entrar para a família - Minato defende.

Até tu, Brutos? 

Gente, não sei de que buraco saiu essa conversa, até porque ela é meio sem noção. Supondo que eu de fato estivesse noiva do Sasuke e a gente terminasse. Eu nunca ficaria com o seu irmão ou com o seu amigo. 

Não um amigo tão próximo da família, pelo menos. 

Sem falar que a ideia de ficar com eles é bem… blá.

Na verdade, parece meio nojento. 

Não que eles sejam feios, até porque, nossa, parece que fugiram de uma revista. Os caras são uns gatos, em todos os sentidos da palavra! E normalmente eu com certeza pensaria em sexo, mesmo que só um pouquinho. 

Eles são lindos, mas colocados ao lado do diabo… 

Infelizmente não existe comparação. 

Como eu poderia ficar com um deles com o Sasuke perto? Parece meio difícil. 

Ou pelo menos errado. 

Porque eu definitivamente iria fantasiar com outro homem, e isso é meio injusto. 

De qualquer modo, não ficaria com nenhum dos dois. 

- Acho que seria mais fácil me adotar - anúncio, entrando na visão deles. Todo mundo para e me olha - Porque se eu terminar com o Sasuke, não posso ficar com o irmão dele, ou com o filho da sua madrinha. Os almoços seriam esquisitos. 

Dou um sorriso, tentando aliviar o clima que se instalou. 

Meio estranho eu pegar dois casais falando sobre meus possíveis casamentos. 

Sem a minha presença. 

Ou a dos possíveis noivos. 

Mikoto sorri para mim.

- Tudo bem. Se vocês terminarem, eu vou te adotar. 

Kushina revira os olhos.

- Nem vem! Se eles terminarem eu adoto. 

Fugaku volta sua atenção para a churrasqueira e tira alguns pães de alho. Sinto minha boca salivar. 

- Podemos adotá-la mesmo se eles casarem, querida - Minato diz para a esposa. 

Kushina vem até mim e me puxa para perto, me levando até a forma com as carnes. 

Observo com o canto dos olhos Mikoto ir até a geladeira. Ela está usando um maiô preto, que tem toda a lateral do corpo e as costas aberta. 

Sério, o que essas mulheres fazem para manter esse corpão? 

- Está decidido então. Você é uma Uzumaki. 

Pego um pedaço do pão de alho e enfio na boca, quase gemendo em resposta. Gente, isso é bom! 

Por que é tão gostoso? 

Mikoto surge ao meu lado e me dá uma latinha de coca. Tento sorrir para ela, mas estou com a boca cheia. 

- O Sasuke disse que você não está bebendo esse final de semana - ela explica.

Ele disse? 

Balanço a cabeça, afastando esse pensamento. 

Não vou pensar no diabo. 

Engulo o pão e abro minha coquinha gelada. O barulho da latinha abrindo é o melhor de todos! 

- Muito gentil da sua parte comprar pra mim. 

Mikoto pisca os olhos, confusa. 

- Querida, foi o Sasuke quem comprou. 

Ah.

Ah.

Ah.

Sou salva de responder quando o Naruto surge, todo molhado. Ele se inclina sobre mim e pega um pedaço de carne, enfiando na boca. 

Aproveito para tomar meu refrigerante e apoiar no balcão. 

Não vou pensar no Sasuke. 

- Foi dormir tarde ontem, Sakura? - ele pergunta, com a boca cheia. 

Me viro para ele e percebo que o meu chefe está avaliando meu biquíni. 

- Não muito.

Ele ri, voltando os olhos azuis para o meu rosto. 

- O Sasuke é bem rápido, em? 

Tento controlar a gargalhada. 

Tô rindo de nervoso, só pode.

Tá aí uma coisa que eu não sei confirmar nem negar, e como uma suposta noiva, é meu dever defender meu futuro marido de piadas sobre seu desempenho na cama.

O desempenho é comigo? Óbvio que não, mas para eles é. 

- Tá sabendo bastante - respondo - Vai ver é no coração dele que você está interessado. 

Todo mundo começa rir, e o meu chefe faz uma careta. 

- O Sasuke obviamente não sabe tratar uma mulher. Vou mostrar como se faz. 

Antes que eu possa responder, ou no mínimo entender, Naruto se abaixa e passa um dos braços pelas minhas pernas. 

Solto um grito quando ele me levanta e me joga no ombro, como se eu fosse um saco de batatas. 

Então é assim que se trata uma mulher? 

- Naruto! 

Alguém grita. 

Talvez seja eu. 

Meu chefe começa a correr e eu tento me agarrar nas suas costas bronzeadas, mas é impossível. 

Tento controlar a risada e prendo a respiração quando ele pula na piscina, me levando junto. 

A água está gelada e me causa arrepios, mas é incrivelmente refrescante. 

Apoio meus pés no fundo e dou um impulso para subir, buscando oxigênio. Assim que alcanço a superfície, respiro fundo e dou risada. 

O loiro surge na minha frente, gargalhando. 

- Você parece uma gazela gritando! 

Jogo água na sua cara, torcendo para que ele se afogue.

- E você parece um pato correndo! 

Sem esperar resposta, começo a nadar até a borda. Se eu fui obrigada a entrar, Itachi também é. 

Apoio minhas mãos e dou um impulso para cima, saindo da água. Assim que fico de pé, ajusto a parte de baixo do biquíni que colou no meu corpo como uma segunda pele. A parte de cima ainda está no mesmo lugar, provavelmente porque eu a amarrei com força, com medo que fosse se soltar. 

Tiro meu cabelo do rosto e caminho até o meu cunhado, que me olha sorrindo. 

Itachi coloca o celular na mesa de vidro ao seu lado e me mede. 

- Você parece um cachorro molhado. 

Reviro os olhos. 

- Desde quando comparar uma mulher com um animal se tornou um elogio?

- Quem disse que estou te elogiando? 

Mordo a boca e começo a juntar meu cabelo com as mãos. 

Meu suposto cunhado me olha desconfiado. 

Coitado, nem sabe o que lhe espera. 

Tiro todo o excesso de água bem em cima da sua barriga, e escuto ele grunhir. É muita água, até porque eu tenho muito cabelo, e faz muito tempo desde que cortei as pontas.

É impossível controlar a risada. 

- E você parece um porco quando fica molhado. 

- Ora, sua… 

Antes que ele possa terminar, eu saio correndo. Não sou besta, sei que ele é mais forte do que eu e que pode me jogar na piscina usando só uma mão. E o objetivo aqui é que ele entre na água. 

Itachi me persegue, e além de ser mais forte, percebo que ele também é mais rápido. Quando ele me alcança e me puxa para trás, eu me jogo na água, o levando comigo. 

Demoro alguns segundos para voltar a superfície, mas só porque nadei para longe antes que ele decidisse me matar afogada. 

Respiro fundo e tiro o cabelo do rosto, sorrindo. 

Naruto está gargalhando, e quando olho para o motivo, não consigo me controlar. É bem possível que o Itachi tenha um cabelo maior que o meu. 

O corno bufa e me olha feio.

- Quem parece o cachorro agora? 

A provocação definitivamente não foi uma boa ideia. 

Ele começa a nadar em minha direção, e tá aí mais uma coisa que ele é melhor do que eu. Me fala, no que esses Uchiha's não ganham?

Vou pra beirada da piscina e saio antes que ele me alcance, já sentindo dor na barriga de tanto rir. Começo a dar a volta por fora, tentando me manter o mais longe possível. 

Itachi parece furioso, mas não no sentido ruim. 

O idiota ao invés de sair da água para me perseguir, continua nadando e mudando a direção toda vez que eu mudo. 

- Segura ela, Sasuke! - o corno grita.

Pera, ele disse Sasuke? 

Antes que eu possa processar, dou de cara com um corpo quente e musculoso, que eu conheço muito bem.

Tá, isso não é verdade. 

O mais perto que cheguei dele foi hoje de manhã, mas eu sei que é ele. E não só porque todos os outros homens já estão aqui, ou porque o Itachi gritou o seu nome. Eu sei porque sinto meu corpo ficar quente e minha vontade de rir desaparece.

Sasuke está sem camisa, e pela primeira vez posso olhar na luz o que ele esconde debaixo do seu terno caro. 

Certo, ele roubou o paraíso. 

Mordo a boca, observando seu peito musculoso, seguido por uns gominhos definidos, que parecem implorar para serem tocados. 

Tá bom, é oficial: sou uma depravada. 

E não só porque estou querendo tocar, mas também porque minha nova fantasia é lamber cada pedacinho dele. 

Me afasto antes que faça algo do qual sei que vou me envergonhar mais tarde. 

Desvio os olhos para a piscina, porque não tenho coragem de olhar para ele. Sou inundada pela lembrança da sua mão em mim e automaticamente me sinto excitada. 

Engolindo o seco, considero minhas opções. 

Lidar com alguém que provavelmente quer me afogar ou encarar meu professor que pegou nos meus seios enquanto dormia? 

A decisão devia ser mais difícil. 

Corro em direção a piscina e pulo o mais longe que consigo do Itachi. 

Infelizmente isso significa ficar perto do Naruto. 

Meu chefe pega no meu pé, literalmente, e me mantém no fundo com ele. Quando abro os olhos consigo ver ele com o celular nas mãos, sorrindo. 

Mostro o dedo do meio para a câmera e me impulsionou para cima. 

Gente rica e seus celulares chiques. 

Naruto me acompanha, ainda filmando. 

Tiro a água dos meus olhos.

- Você é o pior chefe de todos. 

Ele ri. 

- Já se apaixonou por mim? Que rápido. 

Jogo água nele. 

Antes que eu possa responder, sou puxada para baixo de novo. Olho para o Itachi que sorri satisfeito e faço uma careta. 

Naruto nos acompanha até o fundo com a sua câmera, e finalmente para de filmar. Quando ele se aproxima para tirar uma foto, tento sorrir, mas é difícil com o meu cabelo flutuando na frente do meu rosto. 

Sinto as mãos do Itachi em mim, e logo posso enxergar novamente. 

Só consigo tirar algumas fotos antes de subir para buscar oxigênio. 

Ambos me acompanham, e eu mantenho meu foco neles, e não no meu suposto noivo. 

Consigo ignorar ele tranquilamente, ou quase isso. 

Fico na água até anunciarem que o almoço estava servido, e só então saio, andando logo atrás do meu cunhado. 

Quando vamos nos sentar, eu espero para ver onde o Sasuke vai ficar, e então vou para o lado oposto. 

Fico entre o Naruto e a Kushina, bem no lugar do Itachi. 

Meu cunhado olha para mim desconfiado, e então para o irmão. Por fim, ele vai até onde seria o meu lugar. 

Mantenho meus olhos na Mikoto, que está na minha frente. 

Ela também olha para mim e para o filho, porém, não faz comentário nenhum. 

Graças aos lobisomens.

Durante a refeição mantenho uma conversa com o Uzumaki filho sobre séries e filmes que vão lançar esse ano, e depois ajudo a limpar a mesa. A louça, graças a deus, fica com o Naruto.

Todo mundo volta pra beira da piscina, com bebidas nas mãos, e eu paro no meio do caminho. 

Sasuke está lá. 

Dou meia volta e me junto ao meu chefe. 

Ele, usando um avental branco, levanta as sobrancelhas para mim. 

Coloco minha coca no balcão e me sento ao lado dela, quase soltando um grito ao sentir a pedra gelada na minha bunda. 

- Problemas no paraíso? - pergunta, esfregando um prato. 

Pego meu refrigerante de volta. 

- Talvez eu só queira a sua companhia - brinco. 

Ele coloca o prato do lado e pega o próximo. 

- E é por isso que está fugindo do seu noivo desde o momento que ele apareceu? 

Foco minha atenção na churrasqueira, vendo que ainda tem muita carne pra comer. 

Por fim, bebo mais um pouco. 

Eu esperava uma conversa assim vinda do Itachi, mas não do Naruto. 

- Estamos bem.

O que mais eu poderia falar? 

Olha só, chefinho, meu noivo colocou a mão no meu seio sem querer, e a gente meio que dormiu de conchinhas. Agora não consigo esquecer isso e olhar para ele normalmente, então pretendo evitá-lo até pensar em uma solução para a minha vagina burra e atirada. Pode me ajudar a ficar escondida dele? 

Dou um suspiro, considerando comer um pedaço de queijo. Queijo sempre melhora o meu mau humor.

- Fico feliz em ouvir isso, porque ele está vindo pra cá. 

Fecho os olhos com força e engulo seco. 

Tudo bem.

Está tudo bem. 

Ele provavelmente só está vindo falar que já vamos embora, até porque já passou das duas, e eu trabalho amanhã cedo. Se sairmos às três, vou chegar em casa perto das cinco, o que me dá tempo para me preparar para amanhã e descansar. 

Abro os olhos, me recompondo. 

É só não deixar ele saber. 

Sasuke passa por trás do balcão e eu fico tensa. Por fim, ele surge na minha visão. 

Ele está completamente seco, até porque não entrou na água em nenhum momento. E está lindo. 

Ah, que vida injusta. 

Dou um sorriso para ele, tentando agir de forma natural. 

Seu rosto está sério, e eu sei que ele está irritado com alguma coisa. E quando não está? 

- E aí, Sasuke - Naruto fala, e eu aproveito a distração para olhar para ele.

O loiro está sorrindo, como se estivesse se divertindo muito. 

Idiota. 

Sasuke, porém, não responde nada. 

Ele apenas se aproxima de mim, até estar perto demais. 

Engulo o seco e abro as pernas, onde ele se encaixa com naturalidade. Certo, tudo bem. 

Pego a minha latinha e dou um grande gole, tentando me acalmar. 

Suas mãos se apoiam do lado das minhas coxas, e eu sinto seus dedos roçarem na minha pele. 

Ok, tô excitada. 

Mas quando não estou? 

Coloco a latinha no balcão e tento olhar no seu rosto. Ênfase no tento, porque é só uma tentativa mesmo.

Uma tentativa falha. 

Sasuke suspira baixo, como se estivesse decepcionado. 

Não duvido que esteja. Quem quer uma noiva falsa que não consegue nem fazer contato visual? 

Sem dizer uma palavra, ele passa as mãos pelas minhas coxas, até chegar no início das minhas costas, e então me levanta. Automáticamente seguro no seu pescoço e entrelaço minhas pernas na sua cintura. 

Dessa vez, sou obrigada a olhar no seu rosto. 

Os olhos negros me encaram, indecifráveis.

Sasuke coloca as mãos na minha bunda, com a maior naturalidade do mundo, e então começa a andar. 

Minha boca se abre, mas nenhum som sai.

Sinto meu coração disparado e um calor se espalhando pelo meu corpo.

O diabo é realmente quente. Digo, quente de verdade, com músculos definidos e durinhos. 

Isso com certeza não está fazendo bem pra minha imaginação fértil, porque agora estou fantasiando com sexo contra a parede. 

Mente depravada!  

Passamos pelo banheiro, até chegarmos na outra porta. 

Sinto a madeira nas minhas costas, mas o contato é breve, pois ela está apenas encostada. 

O cômodo está cheio de janelas de vidro, e eu finalmente sei qual a sua finalidade: jogar sinuca. 

Sasuke se aproxima da mesa e me coloca em cima dela. Por fim, ele se afasta um pouco. 

Não é muito, mas é o bastante para me obrigar a soltá-lo. 

Penso em alguma coisa inteligente para dizer, mas minha mente ficou em branco. 

- Agora, Haruno, você vai me dizer exatamente o que está acontecendo. 

Certo, tudo bem.

Tudo sob controle. 

É só dar uma de sonsa: sempre funciona. 

- Ah? 

Sasuke me olha irritado. 

- Não finja que é estúpida. 

Olha, isso devia ser um elogio, então por que soou como uma ofensa? 

Apoio as mãos na parte verde e macia da mesa, tentando escolher como proceder. 

Fugir aparentemente está fora de questão, e falar a verdade também. A única opção é continuar fingindo que eu não sei do que ele está falando. 

- Não sei o que você quer dizer. 

Ele se aproxima, até ficar uns vinte centímetros de distância do meu rosto. 

Ok, tô nervosa. 

- Todo mundo está me perguntando o que diabos eu fiz para você estar me evitando. Então, Haruno, espero que você tenha uma boa explicação para isso. 

Mordo a boca, ansiosa. 

Uma explicação. 

Só preciso pensar em uma que seja aceitável. O que é aceitável para uma noiva evitar seu futuro marido? 

Preciso do meu celular e do Google. 

Cinco minutos e eu consigo uma resposta. 

- Pode me emprestar o seu celular? - pergunto. 

Sasuke revira os olhos. 

Por que quando eu faço isso ele reclama? 

Vida injusta.

- Para? 

- Vou pesquisar um motivo. 

Quando ele me olha, sei que está planejando minha morte. 

Tudo bem, eu também estou pensando em um modo de enviá-lo de volta ao inferno, que foi da onde esse demônio saiu. 

- Me diga o que está acontecendo, Sakura. 

É minha vez de revirar os olhos.

- Meu motivo não serve para os seus pais. 

Até porque não deveria ser um motivo, não se eu realmente fosse a noiva dele. 

- Me fala de uma vez. O que aconteceu? 

Desvio os olhos, focando minha atenção no chão. 

Certo, tudo bem. 

Somos adultos.

Dá pra resolver isso de um modo maduro e sem constrangimento, até porque eu definitivamente não sou sua primeira aluna a ficar excitada. E com certeza não vou ser a última. 

- Promete que não vai tirar sarro de mim? 

Eu sinceramente posso lidar com muita coisa, incluindo ele me fazendo um discurso sobre como é errado, ou como eu sou imatura, ou como não faço o seu tipo. O que eu não consigo lidar, entretanto, é com ele rindo. 

Se ele rir, vou quebrar um desses tacos na cabeça dele, e eu nem tô zuando. 

- Prometo.

Respiro fundo e fecho os olhos. 

Ok, tá tudo bem. 

Eu vou falar, e ele vai dizer que isso é natural, ou que eu só estou carente, o que provavelmente está acontecendo. 

Vamos ter uma conversa madura sobre o assunto, e vou aproveitar pra dizer para ele não ficar tão próximo, porque isso definitivamente não é algo bom, e fica desencadeando pensamentos nada puritanos. 

O esquema é estabelecer lugares onde ele pode tocar, e o tempo que é aceitável antes de eu ficar molhada: dois segundos. 

Talvez nem isso. 

Certo, tudo bem. 

Lá vai. 

- Eu tô excitada. 

Tenho quase certeza de que ele parou de respirar. 

Olho para o Uchiha, preocupada. 

Eu esperava um discurso, não um ataque cardíaco. 

Ele está me olhando fixamente, como se não acreditasse no que eu disse.

- O que? - sua voz está baixa e rouca. 

Bom, agora não tem como voltar atrás. 

- Eu estou com dificuldade em ficar perto de você porque estou excitada. E eu sei que provavelmente é carência, porque eu não sou de dividir minha cama com ninguém, mas prometo que estou tentando resolver isso. Eu só preciso pensar em um modo de fazer isso parar, e até lá, acho que é melhor manter nosso contato físico no mínimo, porque é difícil pensar em outra coisa quando você começa a me tocar. 

Seus olhos negros piscam, e como se ele tivesse saído de um transe. 

Esperei o discurso, ou qualquer coisa na verdade. Mas ele só me olha. 

Ok, isso foi uma péssima ideia. 

É óbvio que foi! 

Não posso acreditar que contei para o meu professor diabo que eu fico molhada pensando nele! 

É oficial: passar vergonha é comigo mesmo. 

Fecho os olhos e passo a mão no rosto, tentando desaparecer. 

Quero a minha cama e um filme de romance, só pra esquecer que tive essa conversa. 

Desculpa, conversa não: monólogo. Porque o Sasuke falou literalmente duas palavras desde que eu contei. E acho que eu nem posso culpá-lo. 

Sei que não sou a primeira aluna a ficar assim por causa dele, mas devo ser a primeira que simplesmente fala.  

Certo, eu vou beber.

Eu definitivamente preciso beber, mesmo que seja só para vomitar depois. 

- Só esquece que eu disse isso, ok? - digo, tentando recuperar a minha dignidade - Desculpa por ter feito todos pensarem que você fez algo, prometo que não vai acontecer de novo. Pode dizer que eu estou na TPM, ou sei lá, que eu…

Minha voz vai morrendo aos poucos, conforme ele se aproxima. 

Suas mãos tocam as minhas pernas, subindo lentamente até chegar na minha cintura. Sinto um arrepio passando pelo meu corpo e o meu coração dispara. Talvez eu tenha um ataque. 

Sasuke me puxa para perto e eu sinto o biquíni molhado, e dessa vez não tem nada a ver com a água. 

Coloco as mãos nos seus ombros, ainda sentindo o seu toque pelo meu corpo. 

Ele passa a mão pelo meu umbigo, roça levemente nos meios seios e para no meu pescoço. Fecho os olhos quando seus dedos envolvem a pele e acaricia meu maxilar, tocando meu lábio inferior com delicadeza. 

- Você está excitada agora? - pergunta em um tom que eu nunca ouvi, e eu sinto seu hálito quente perto do meu rosto. Confirmo com a cabeça, sem confiar na minha própria voz - Quero te ouvir dizer, Sakura. 

Tudo bem, fiquei ainda mais molhada. 

- Sim. 

Sua mão que está na minha cintura me puxa para frente, e eu sinto sua ereção no meio das minhas pernas. Automáticamente solto um gemido baixo, adorando a sensação que se espalhou pelo meu corpo. 

O Sasuke está excitado. 

Acho que eu não tenho neurônios o bastante para processar isso.

- Sim, o que? - ele provoca, passando a ponta dos dedos pelo elástico do biquíni. 

Envolvo sua cintura com as minhas pernas, tentando nos deixar mais próximos. 

Se ele não me tocar, acho que posso morrer. 

Sério mesmo, não tô nem brincando. 

- Sim, eu estou excitada. 

Um som baixo de aprovação sai da sua garganta, e eu sinto seus lábios tocando levemente os meus.

- Boa garota… - ele sussurra. 

 E então me beija.