História Fios do Destino - Natal

pov Marie Bauer

"Desfaça essa cara." - Digo para Severo enquanto arrumo o colarinho de sua blusa social preta.

"Odeio confraternizações." - Ele diz em tom baixo e suspiro.

"Eu sei Severo, mas são tempos difíceis e é bom ficarmos com quem gostamos. Porquê..." - A frase não saiu completa de minha boca, foi como se um gosto amargo tomasse conta dela e apenas suspirei.

"Ninguém vai morrer." - Severo completou a minha frase me observando.

"Não sabemos, e se alguém morrer, é bom termos memórias bonitas com essa pessoa." - Digo e ele afirma, sorrio e fico na ponta dos pés lhe dando um selinho.

"Querida, Sarah e seus pais chegaram." - Ouço minha mãe gritar do andar de baixo e dou risada.

"Vamos." - Digo para Severo e me viro para ir em direção a porta de um dos quartos no segundo andar ao qual estávamos localizados, mas Severo me segura pelo braço me puxando de volta a ele.

"Por mim não sairíamos desse quarto por um longo período." - Diz com a voz rouca em meu ouvido e sinto meu corpo arrepiar, passa por mim e abre a porta enquanto eu ainda permaneço estática. - "Não vem, querida?" - Severo diz fazendo graça e faço uma cara fingida de irritação que o faz rir baixo, pego sua mão e saímos em direção as escadas de mãos dadas, quando chegamos ao andar térreo Sarah vem correndo até mim e me abraça fazendo com que eu ria.

"Feliz Natal, estava com saudade." - Dou risada quando ela se afasta e confirmo com a cabeça.

"Feliz Natal, também estava com saudade." - Digo e beijo sua bochecha enquanto ela se vira na direção de Severo e a ouço desejar feliz natal, mas me distraio com os Owen vindo em minha direção.

"Feliz Natal, querida." - Diz a mãe de Sarah beijando minha testa.

"Pra você também sra. Owen." - Digo sorrindo e estico a mão para o sr. Owen que está atrás da mãe de Sarah. - "Feliz Natal sr. Owen." - Digo mas antes que ele pudesse me responder sinto alguém se aproximar.

"Por que demoraram tanto lá em cima?" - Ouço Fred questionar em meu ouvido como se sussurrasse mas todos conseguem ouvir.

"Não iam só se trocar?" - Jorge completa, Harry e Rony riem fingindo uma tosse e me viro para os dois com cara de brava, Severo bufa ao meu lado e Sarah gargalha sem nem tentar esconder a risada escandalosa.

"Vocês dois controlem suas bocas." - Molly fala puxando a orelha dos dois e os arrastando até a cozinha, provavelmente para dar uma bronca que não seja na frente dos convidados.

Olho ao redor da sala procurando por todos os outros convidados, faltavam alguns como Olho-Tonto, Lupin, Granger e Dumbledore. Severo havia chegado mais cedo por minha causa, obviamente não muito feliz de ter que fazê-lo.

"Como você está?" - Sarah me questiona e sorrio para ela.

"Estou bem." - Ela suspira e me observa de longe, posso ouvir as vozes dos meus pais.

"As coisas andam muito complicadas certo?" - Dou risada e Severo me observa.

"Já nem se a palavra certa é complicada." - Suspiro. - "Como está nossa casa?" - Questiono e ela me observa e sorri.

"Ótima, sou uma dona de casa maravilhosa." - Diz fazendo uma careta e dou risada a puxando para um abraço.

"Voltamos." - Diz Fred e dou risada enquanto vejo Severo apenas observar de canto de olho os gêmeos com certa raiva.

"Sentiu saudade?" - Completa Jorge e eu me viro para eles cruzando os braços.

"Vocês dois parem, qualquer hora vão tomar uma crucio e eu não vou poder fazer nada." - Falo dando risada e ouço todos rirem atrás de mim.

Eles abaixam a cabeça rindo e vão em direção aos meninos entrando em algum assunto apenas deles, Severo segura o braço com a marca de forma firme e olha para mim.

"Hoje?" - Questiono em voz alta fazendo com que todos se virem para mim. - "Não vai comer? Dumbledore nem chegou ainda." - Digo para ele sabendo que ele precisa ir, Sarah passa a mão no meu ombro e Severo me puxa para ele me abraçando.

"Me desculpa, sabe que preciso." - Diz baixo apenas para que eu ouça, sei que todos observam a cena preocupados e agradeço aos céus pelo sr. e a sra. Owen não estarem na sala, meu pai me olha de forma triste e suspiro erguendo meu olhar em direção a face de Severo.

"Tome cuidado Severo, por favor." - Ele afirma e beija minha testa.

"Volto assim que puder." - Diz para mim e passa por todos até o corredor que leva a porta, quando o som forte da porta batendo pode ser ouvido me sento no sofá.

"Oh querida." - Sarah diz e me abraça e sorrio fraco.

"São tempos difíceis, mas você não está sozinha." - Hermione diz é olho para ela sorrindo, a situação me tirou tanto o foco que nem avistei sua chegada junto a Lupin com Tonks, e me lembro do dia em Hogwarts que lhe disse quase o mesmo.

"Obrigada querida." - Digo a ela sorrindo e estico minha mão para ela que pega e faço um leve carinho, ouvimos um som vir da lareira e percebo que é Dumbledore que chega, ele observa a cena que nos encontramos e sorri vindo até mim após cumprimentar todos os outros.

"Podemos conversar querida?" - Questiona para mim e afirmo. - "Vamos lá fora, tomar um ar." - Diz para mim e aceito seu braço que ele me estende e saímos pela porta dos fundos em direção a um jardim, a brisa fria da noite bate em meu rosto e suspiro.

"Quando ele vai peço muito a Merlin, e aos céus para protegê-lo." - Digo e ele sorri afirmando a cabeça positivamente.

"Eu sei que não deve ser nada fácil, mas quero conversar com você sobre outro assunto." - Diz me olhando, retira a manta longa de uma de suas mãos e posso ver ela escurecida.

"O que é isso?" - Questiono e ele sorri.

"Estou envenenado, Severo tem feito tudo que pode, e talvez até consigamos resolver isso... Mas de todo modo, hoje, Voldemort mandará o menino Malfoy me matar, mas ele não conseguirá, e quem deverá fazer é..." - Não o deixo terminar, dou alguns passos atrás pelo choque, lágrimas caem dos meus olhos e o embaçam.

"Severo." - Respondo baixo. - "Temos que dar um jeito nisso, o senhor não deve morrer." - Digo e ele afirma sorrindo.

"Sim querida, temos." - Minha mente vaga diversas vezes viajando entre feitiços e poções, olho para ele quando meu cérebro faz um click.

"E se colocarmos outra pessoa em seu lugar? Alguém que esteja disposto, lhe damos uma poção polissuco não tão simples, e outra pessoa morrerá em seu lugar." - Digo, alguém teria que morrer, infelizmente não podemos passar por essa guerra sem Dumbledore, mas quem se colocaria no lugar com um alvo pintado em suas costas?

"Não posso fazer isso, querida." - Diz e afirmo.

"Eu sei diretor, mas não podemos passar por essa guerra sem você, precisamos de alguém." - Digo firme o olhando, a indicação saindo explícita em minha voz.

"Não podemos pedir a alguém para sacrificar sua vida pela minha." - Ele diz, completamente sereno e paciente como sempre, aceitando o destino que lhe foi dado.

"Não vão precisar pedir, eu o farei." - Ouvimos a voz e nós nos viramos avistando Olho-Tonto parado a saída da porta dos fundos da casa, Dumbledore sorri.

"Não creio que seja certo meu amigo, a morte é minha e eu devo aceita-la." - Diz Dumbledore, Olho-Tonto se aproxima, o som da sua bengala nas folhas molhadas de orvalho chega a meus ouvidos.

"Sabemos também que eu não passarei dessa guerra, assim como muitos outros, então prefiro morrer de uma forma honrosa." - Diz e Dumbledore suspira, estou em um impasse assim como Dumbledore está. - "Precisam de você nesta guerra meu amigo, e você sabe disso." - Dumbledore olha para baixo, o vejo levemente abalado pela primeira desde todas as situações que a guerra nos faz passar ele vira a face em minha direção e me observa.

"Decidimos isso depois, agora é tempo de festejar, a final de contas é Natal." - Diz e afirmo junto com Olho-Tono, voltamos para dentro de casa e todos conversavam animados na cozinha em volta a mesa.

"Estávamos esperando vocês." - Informa Molly e sorrio afirmando me sentando ao lado dos meus pais, com um gesto de varinha de Molly todo banquete aparece a mesa e começamos a nos servir.

Severo me vem a mente, será que ele comeu? Será que está bem? O que será que está acontecendo com ele naquele ambiente horrível e que é digno de temor.

"Coma querida." - Ouço alguém dizer e olho ao redor vendo que todos prestam atenção em mim, sorrio e afirmo.

"Eu te entendo, mas nem imagino como deve ser desesperador para você." - Diz Tonks, sorrio e abaixo a cabeça vendo que todos esperam a minha resposta.

"É complicado, ele está lá se sacrificando, enquanto estamos aqui, entende?" - Digo. - "Meu coração fica apertado todo vez que sei que ele precisa ir." - Digo baixo e todos me olham com certa pena, sorrio espantando a tristeza e começo a comer, Molly realmente cozinha de forma maravilhosa e com a ajuda de minha mãe a comida simplesmente parecia feita pelos deuses.

"Vamos beber algo?" - Sarah diz para mim após terminarmos o jantar e afirmo, me levanto pedindo licença a todos e vou até a sala seguida por Sarah que pega um whisky de fogo no balcão de bebidas despejando em dois copos, se aproxima me entregando um e se sente ao meu lado.

"Faz tempo que não fazemos isso." - Diz e sorrio afirmando. - "Falta pouco agora, tenha paciência." - Diz passando a mão em meus ombros enquanto tomo um gole do copo e afirmo.

"Eu sei que falta pouco, acredite, mas não tem como ter paciência, cada vez que se aproxima mais as coisas se tornam mais difíceis." - Digo e viro todo o conteúdo do copo de uma vez só, ouço vozes vindo em nossa direção mas todos em suas próprias conversas particulares, assim como eu e Sarah. - "Parece que estou no labirinto do torneio tri-bruxo, cada passo que eu dou uma nova chance de morrer para mi ou alguém que gosto se faz presente a minha frente." - Digo mexendo o copo entre minhas mãos, meus pais e o de Sarah conversam animadamente com Molly e Arthur, as suas vozes são as únicas que ouvimos o que nos faz sorrir, olho ao redor e Dumbledore conversava com Olho-Tonto e Lupin, Tonks estava com os garotos que riam, olhei para Sarah após observar todos ao redor da sala e a abracei.

"Vamos, é Natal, se divirta. Professor Snape gostaria disso." - Dou risada a observando e ergo minhas sobrancelhas"

"Professor Snape?" - Questiono para Sarah a fazendo rir também, ela me empurra pelo ombro e se levanta pegando o copo de minha mão, vai até o balcão de bebidas despejando mais whisky de fogo em nossos copos e volta me puxando até os garotos e Tonks.

"Estão conversando sobre o que?" - Sarah pergunta enquanto tomo um gole do meu copo, Tonks sorri para mim passando a mão no meu ombro.

"Nada, Fred e Jorge estavam fazendo graça como sempre." - Diz Harry e eu afirmo rindo.

"Deveriam se apresentar no três vassouras aos finais de semana." - Brinco e eles riem.

Eu estou presa nesse momento, mas não me sinto completamente aqui, sempre que pode minha mente vaga até Severo buscando em meu coração um sinal de que ele esteja bem.

Mais horas de conversas se passam, e só restam na cede da ordem as pessoas que irão dormir aqui, as crianças já estão em seu quarto e podemos ouvir os risos daqui da sala enquanto bebemos hidromel, vinho e whisky de fogo.

Quando ouvi a porta dos fundos abrir não pensei duas vezes e me ergui interrompendo a fala de Lupin e indo até lá o mais rápido que pude, quando avistei Severo sorri, ele estava ali, inteiro... Só precisava saber se bem.

Me aproximei e desabotoei a capa de Severo passando a mão por seu corpo para ver se não havia nenhum machucado exposto ou visível que precisasse de cuidados, eu podia ouvir passos e o desconforto de Severo em ter que ser observado dessa forma que transparecia vulnerabilidade, mas eu não me importava.

"Eu estou bem, Marie." - Disse e me puxou para um abraço, meu peito batia forte mas o alívio em meu interior era maior do que qualquer sentimento agora, lágrimas escorreram e ergui meu rosto para observa-lo, Severo enxugou as lágrimas que banhavam meu rosto e beijou minha testa. - "Se ficar nervosa dessa forma toda vez que eu for, terá um ataque qualquer dia." - Dei risada e ouvi todos rindo ao fundo.

"Que bom que está bem, meu filho." - Pude ouvir a voz de Dumbledore dizer ao fundo e sorri mas ainda observando Severo que afirmou positivamente com a cabeça, porém seu olhar evidenciava que as coisas não estavam boas como ele dizia estar, queria não precisar ouvir as novidades do lado negro desta guerra mas sabia que precisava e se Dumbledore estivesse correto deveríamos agir com o plano que formássemos o mais rápido possível.

"Vou esquentar a comida para você, querido." - Diz minha mãe e antes que Severo negue ela o corta. - "E não negue, precisa se alimentar." - Completa e começa a mexer nas panelas me fazendo rir e nos sentamos a mesa. 

Todos ficam ao redor da mesa até que Severo tenha terminado de se alimentar e todos sobem para seus quartos assim designados por Molly, porém Dumbledore, Severo e eu decidimos partir de volta à Hogwarts e marcamos uma reunião com urgência para o dia seguinte.