História Fique Longe Dele - Kim Taehyung - "Ele nunca reage bem."

Choi Yuri.

Por mais que eu forçasse a minha mente, não consigo me recordar de nenhum momento em que chutei por acidente algum despacho pela rua, ou se passei debaixo de alguma escada ou a última vez em que vi um gato preto, por Deus, o que eu fiz de errado para estar nessa maré de azar?

Depois de tantas situações delicadas e complicadas que já passei, agora mais essa?

É sempre assim, quando finalmente me convenço de que tudo irá ficar bem e que vou finalmente ter um relacionamento estável com Taehyung, parece que o universo olha para mim e diz:

"Hoje não".

E agora, como se já não bastasse ter descoberto que fui apostada, e os perdoado por terem se arrependido e parado antes que isso se tornasse uma terceira guerra mundial de conflitos, veio a cereja que faltava no topo do meu bolo de azar.

Park Ha-eun.

E sinceramente, eu jamais, em toda a minha vida imaginei que a conheceria um dia, principalmente por acidente, inesperadamente, em uma mesa de cafeteria.

Não me sinto ameaçada, de jeito nenhum, eu confio nele, mas, ao mesmo tempo, eu fico imaginando como Taehyung se sentiria se a visse outra vez, afinal, se na última vez em que a viu perdeu as regionais, o que poderia acontecer agora? 

Seo-li a tinha me descrito como uma pessoa horrível e muito convencida, mas não me pareceu ser assim, e espero que ela não esteja fingindo, e sim realmente mudado como me falou, e por algum motivo…

Não quero soar egoísta ou algo do tipo, porém…

Quero Taehyung longe dela.

Poderia contar a ele sobre isso, mas não quero saber a sua reação, e se ele realmente superou como diz, não seria agradável ficar tocando no nome de sua ex, é só tentar evitar, só isso…

Merda…

— Yuri.

Não sei o que vou fazer, e se ela descobrir que sou a namorada dele? Será que vai pular em cima de mim como uma besta raivosa e puxar o meu cabelo como nas brigas de novela? Vamos rolar no chão de terra e ser gravadas em todas as redes sociais? Oh não…

— Choi Yuri!

— O que é? — Minha voz soou um pouco alta, pois fui subitamente retirada de meus pensamentos mais profundos. 

Encarei o rapaz a minha frente, olhando-me confuso e fuzilante, talvez pelo modo do qual o respondi, notei que tinha sido… um pouquinho grosseira.

— Ah… — Suspirei. — Me desculpa, Tae… eu estava… distraída…

Ele revirou os olhos.

— É, eu percebi o quão distraída você está. — Rebateu.

Franzi as sobrancelhas.

— Como assim?

— Já está faz cinco minutos levando o garfo à boca, sem nenhum alimento nele! — Disse.

Céus, desta vez eu me superei nos devaneios.

Ri sem graça, encarando o meu garfo, que realmente estava vazio, e a comida toda ainda no prato.

— Eu sou tão idiota… — Disse entre risos. — Não acredito… que vergonha…

Taehyung me olhava seriamente, com um semblante desconfiado.

Parece que sou bem mais transparente do que aparento.

— Há alguma coisa errada, Yuri? — Indagou.

O que eu digo?

"Sua ex namorada voltou, vamos fazer uma festa boas vindas para ela?"

— N-Não, estou bem. — Forcei um sorriso. — Só estou com fome. — Levei o garfo a boca, agora com comida nele.

— É uma péssima mentirosa… — Exclamou. — Mas tudo bem, vou entender se não quiser falar.

Pedi tanto para ele não me esconder nada e não mentir para mim, e olha só quem está fazendo isso agora.

— Está tudo bem, é sério. — Continuei a comer.

— Certo, se você diz.

Um curto período de tempo se passou, e finalmente terminamos de comer.

Nos levantamos da mesa, e Taehyung esticou a mão para que eu a pegasse, o fiz, acompanhando-o de mãos dadas até a saída.

— O que você acha de… — Minha fala foi cessada, por uma parada súbita de Taehyung diante da porta.

Olhei para o moreno confusa, ele parecia estático, olhando para algum ponto fixo.

Tentei olhar na mesma direção, mas tive minha atenção tomada por outra coisa, especificamente, a minha pequena mão que gradativamente ia sendo esmagada pela sua mão grande.

Esbocei uma careta de dor, tocando em sua mão com a que estava livre, tentando me soltar.

— T-Tae… minha mão! — Gemi baixo.

Demorou um pouco, mas após o soar dos sinos que faziam som sempre que a porta era aberta ou fechada, Taehyung pareceu despertar do transe em que entrou de repente e soltou a minha mão rapidamente.

Senti um alívio, minha mão esquerda estava vermelha, como se o sangue tivesse sido preso, nada demais, já estava voltando ao normal, mas não esperava essa ação dele.

O rapaz olhou para mim, parecia um pouco atordoado, e… pálido?

O que será que ele viu?

Ele pegou em minha mão novamente, a acariciando.

— Foi sem querer, me desculpe… — Suspirou, agora parecia se sentir culpado.

Ainda que estivesse desconfiada, sorri, voltando a segurar sua mão.

— Tudo bem, mas… o que aconteceu? Parece que viu alguma coisa, o que foi?

Ele disfarçou, meneando a cabeça.

— Nada, eu só… acho que alucinei por uns segundos… — Riu de si mesmo. — Deve ter sido isso…

Não entendi.

— Hum…

— Ia dizer alguma coisa antes? — Perguntou.

Eu até havia me esquecido do que iria falar.

— Eu… esqueci… — Dei de ombros.

Ele respirou profundamente, puxando-me, e finalmente saímos dali, agora a caminho de casa.

Fomos o trajeto todo dentro do carro em silêncio, ele estava estranho agora, antes parecia calmo, mas estava diferente agora, e eu já me sentia desconfortável.

O que diabos aconteceu? Eu sei que ele viu alguma coisa, mas infelizmente não pude ver por causa da minha mão, o meu sistema nervoso falou mais alto que a curiosidade

                               [...]

14:56.

— Ok, agora é a minha vez de perguntar… — Me ergui, pondo o meu tronco acima do seu, encostando a minha testa na sua. — Há alguma coisa errada?

Desde que chegamos, Taehyung tem estado tão calado, eu não estou entendendo, e esse desconforto dentro do peito não me deixa em paz.

Seus olhos encontraram os meus, bem próximos um do outro.

— Não. — Disse somente, me permitindo sentir o seu hálito de hortelã.

O beijei, calmamente, seus lábios eram tão macios que eu desejava nunca poder parar de beijá-los.

Quando, ele virou o rosto vagarosamente para o lado, cessando o ósculo.

Franzi as sobrancelhas.

— Posso lhe fazer uma pergunta? — Crispei os lábios, e ele apenas assentiu. — Eu sou… chata?

— Chata?

— É… — Desviei os olhos quando ele voltou sua atenção a mim. — Acha que sou chata, faladeira demais, ou que encho o seu saco? Acha que sou… uma boa namorada?

Céus o que eu estou fazendo? Uma coisa é sentir insegurança consigo mesma, outra é expor, Yuri! 

— Por que está me fazendo estas perguntas de repente?

— Apenas responda com sinceridade, se quiser, é claro…

Admita Yuri, está começando a sentir o medo correndo pelas suas entranhas.

— Você é do jeito que tem que ser, Yuri, não é perfeita, tem defeitos, defeitos que eu devo aprender a lidar… — Respondeu. — Mas tudo tem limite.

E… eu já passei do limite alguma vez?

— De vez em quando… mas, não é como se eu fosse fácil de lidar também. — Riu nasalado. — Afinal, sou um homem horrível. 

Opa…

Afastei uma mecha da sua franja para o lado.

— Não lhe acho um homem horrível… me desculpa por ter dito isso naquele dia, na verdade, você só é difícil, eu não consigo entendê-lo muito bem na maioria das vezes. — Dei de ombros.

Ele sorriu ladino.

— Se lhe serve de consolo, confesso que nem eu mesmo me entendo também.

Ri.

— Me sinto… melhor por não ser a única? — Brinquei.

Suas mãos, tocaram-me nas laterais do rosto, estavam quentes. Ele me olhou sério, concentrado.

— Yuri, se eu partisse o seu coração, você sofreria?

Que pergunta é essa?

Meu Deus… o que eu respondo?

Esbocei uma careta, demonstrando que não estava esperando ouvir algo assim.

— Taehyung…

— Apenas responda, com sinceridade, eu quero que responda. — Usou as minhas palavras, mas diferente de mim exigiu uma resposta.

Me sinto encurralada.

Ri fraco, desconcertada.

— Eu não gosto de me transparecer tão vulnerável. — Murmurei. — Mas já que quer que eu seja sincera… sim, eu sofreria… depois de tudo que eu passei para estar assim com você, as lágrimas que derramei, o esforço que fiz, as várias vezes em que o perdoei até quando não merecia isso, passei por cima de vários julgamentos. — Umedeci os meus lábios, piscando os olhos rapidamente, estava me lembrando de tudo. — Desde a primeira vez que eu te vi naquele ginásio de natação, é como se até as batidas do meu coração tivessem mudado a frequência, perto de você, bate tão rápido e às vezes descontrolado…

Ele sorriu.

— Que melosinha…

Bufei.

— Estou sendo sincera, eu sofreria porque amo você, e tudo isso ser jogado fora seria realmente difícil, você sabe como é…

O rapaz assentiu.

— E talvez irei saber novamente… — Murmurou, distraído.

O que?

— Como assim? O que quer dizer?

— Nada, não precisa me levar tão a sério. — Riu, colocando uma mecha do meu cabelo para trás da orelha.

Formei um bico nos lábios.

— Mas e você, sofreria se eu lhe deixasse? — Rebati.

Estreitou seus olhos, parecia pensativo.

Sabe o que soava engraçado? Eu já havia visto muitos dos meus amigos chorando, ou ao menos demonstrando uma expressão bem triste, mas Kim Taehyung… me pergunto se ele tem glândulas lacrimais.

Fui surpreendida, quando ele se ergueu, tomando os meus lábios, os pressionando contra os seus, deslizando sua língua sem esforço para dentro da minha boca, indo de encontro a minha.

Se ele continuar, não poderei mais responder por mim…

Nos afastamos pela falta de ar, um pouco ofegantes, acariciei a ponta do meu nariz no seu, sorrindo.

— Diga que me ama… — Pediu.

— Eu amo você! — Sussurrei, estava perto o suficiente para ele ouvir em alto e bom som.

Por algum motivo, comecei a sentir um mal pressentimento.

                                [...]

Quarta-feira.

11:45.

— Sabe o que eu acho? Que também deveríamos montar um clube de natação. — Haneul cruzou os braços.

— Ah, claro, e você sabe nadar? — Lee Wook rebate.

— Essa aí nunca iria entrar na piscina, do jeito que faz chapinha e pinta o cabelo? Esqueçam! — Disse Seo-li.

— Poderíamos montar um clube com algo que todas gostassem e tivessem familiaridade. — Sugeri. 

— Já estamos quase no final do ano, está meio tarde pra isso. — Disse Min-Ji.

— É verdade, e o clube de dança já nos toma muito tempo e energia, de qualquer forma, valeu a experiência. — Brinquei.

— Falando no final do ano… vocês já escolheram os seus pares para a formatura? — Retrucou Haneul animada.

Pares?

— Eu queria ir com o Yoongi, mas com certeza ele já deve ter sido convidado. — Lee Wook bufa. — Tem umas menininhas do 3-C que vivem correndo atrás dele como cachorrinhas.

— O Hoseok está livre agora, acho que vou arriscar. — Suspirou Seo-li.

— Mas e a Soo-won? — Min-Ji olhou para ela.

Seo-li gargalhou.

— Ela que lute, meu amor, ninguém mandou ter a periquita acesa! 

Tremi os lábios.

— E alguém aqui vai com o Jungkook? — Haneul olha alternadamente para nós.

Ficamos em silêncio.

— Tudo bem, ele pode ser talarico, mas não deixa de ser gostoso, posso convidar em último caso. — Min-Ji deu de ombros.

— Pensei que iria com o Namjoon. — Rebate Seo-li.

— Falou certo, "iria", não estamos mais juntos há muito tempo. — Respondeu Min-Ji.

— Certo, agora a cerejinha mais deliciosa do nosso bolo, quem irá acompanhar Kim Taehyu… — Haneul cessou as palavras assim que percebeu os nossos olhares fixos nela.

— Por acaso passou tinta vencida no cabelo? Deve ter atravessado o seu couro cabeludo e afetado o seu cérebro. — Min-Ji revirou os olhos.

— Aqueles tempos acabaram Neul, agora o tigrão usa coleira. — Brincou Seo-li.

Haneul ficou sem graça, olhando para mim.

— Desculpa, Yuri, eu havia esquecido. — Disse ela.

Sorri.

— Tudo bem, não precisa se sentir mal. — Dei de ombros.

— É difícil para elas aceitar. — Min-Ji riu.

— Bom, eu convidei o Jin, e sabe o que ele disse? — Haneul cruzou os braços.

— O que? — Indagamos em uníssono.

Haneul esboçou uma careta.

— Que ele era bonito demais para mim, e que iria sozinho. 

Todas nós rimos, rimos muito, isso realmente foi a coisa mais inédita que eu já tinha ouvido. Não sabia que na formatura precisaríamos de pares, não que seja obrigatório, mas é como aqueles bailes clichês de filmes americanos.

Será que Taehyung iria aceitar ir comigo? Não sei… quem sabe…

Continuamos a conversar tranquilamente. Quando uma presença desconhecida - ou nem tanto - se aproximou.

— Choi Yuri! — Fui abraçada.

Reconheci a voz…

Ha-eun.

Engoli a saliva com dificuldade, sentindo aquele cheiro de perfume doce adentrar em minhas narinas.

Respirei profundamente, precisava me manter firme, Taehyung está a uma considerável distância e muito distraído nadando na piscina.

Virei-me para ela.

— Park Ha-eun! — Forcei um sorriso. — Veio ver o seu irmão de novo?

— Sim! — Respondeu ela. — E veja só, encontrei vocês aqui novamente, que bom. Oi Seo!

— Oi. — Seo-li sorriu pequeno.

Por que será que Seo-li a odeia tanto? Tudo bem que ela não deveria ser a melhor pessoa, mas que eu saiba os problemas foram entre Taehyung e ela, o que a Seo tem a ver? Ou provavelmente tiveram algum conflito somente entre elas e eu não sei.

— Posso me sentar aqui com vocês? Não quero ficar sozinha. — Perguntou, já sentando-se ao meu lado.

— É claro, querida, mas se apresente primeiro. — Exclamou Min-Ji.

— Oh, que grosseria a minha, me chamo Park Ha-eun! — Se apresentou, cumprimentando as outras meninas e as reverenciando.

Ela parece tão amigável que não consigo imaginá-la fazendo mal a ninguém, preciso de um tratamento sério para a minha ingenuidade crônica.

As meninas também foram gentis, e logo a enturmaram, assistindo ao treino junto a nós. Acho que a única que a conhecia era Seo-li além de mim.

Jesus Cristo, não consigo parar de mover a perna freneticamente.

— Agora que comecei a reparar, você e a Yuri se parecem muito, apenas há diferença no cabelo. — Disse Min-Ji, nos encarando.

Rimos.

— Ora, o que podemos fazer, somos lindas, não é? — Ha-eun me abraça de lado.

Por favor não seja tão grudenta, isso me deixa mais ansiosa.

Socorro.

Continuamos a assistir o treino conversando aleatoriamente.

E eu rezava com todas as minhas forças e fé para que o pior não acontecesse. Mas acho que as minhas preces não chegaram até Deus a tempo…

— Nossa, tem tantos rapazes bonitos aqui. — Retrucou Ha-eun, observando ao redor.

— Oh sim, bem vinda ao nosso harém masculino. — Brinca Haneul.

Ela continuava observando, olhando por cada canto, como se estivesse procurando por alguém.

Procurando por ele.

Não, não faça isso…

O que eu mais temia aconteceu, seu pescoço parou de mover a sua cabeça, e ela tinha seus olhos concentrados, as bochechas logo se ruborizaram, expressando surpresa.

— Ele está tão bonito… — Murmurou, como se tivesse esquecido da nossa presença ali.

Engoli a saliva com tanta dificuldade que pensei que fosse engasgar, seguindo os seus olhos.

Não estava equivocada, era para ele que ela estava olhando, Kim Taehyung, saindo da piscina, balançando os cabelos molhados, sorrindo abertamente para Jimin que se aproximava.

Tudo bem, não é como se eu pudesse fazer algo para evitar… ou se pudesse, não o fiz, por ser uma grande idiota.

Apenas, tenho que pensar positivo e confiar.

— Interessada em alguém? — Min-Ji se manifesta.

Entrei em estado de dejavu imediatamente.

Ha-eun estremeceu o corpo de leve, como se tivesse despertado de seu transe. Ela então se virou para Min-Ji.

— Oh, não exatamente… — Disfarçou. — Na verdade já o conheço.

— Hummm, e quem seria? — Min-Ji continua.

Ela se virou novamente, apontando.

Min-Ji riu.

— Aquele ali? — Cruzou os braços. — Tão previsível...

— Faz tanto tempo desde a última vez que o vi, ele mudou… — Murmurou. — Yuri, lembra daquela história que lhe contei na cafeteria sobre o garoto de que gostei e tive de deixar?

Ela se dirigiu a mim.

— Lembro. — Respondi.

— Então, o garoto… é ele, bem ali… Kim Taehyung. — Suspirou pesada.

Ela pronunciou o nome dele, óbvio que ela sabe, e é mais óbvio ainda que ela o reconheceria.

Respirei profundamente, engolindo todas as sensações desconfortáveis que eu estava sentindo.

— É mesmo? — Evitei olhá-la nos olhos.

— Sim… minha nossa, meu coração… — Riu de si mesma. — Não esperava que bateria tão forte depois de tanto tempo.

É, o meu também está batendo bem forte agora.

Não posso contar a ela, o que eu faço?

— Será que ele ainda se lembra de mim? — Continuou Ha-eun.

— Queridinha, desculpe mas, ouvi a conversa de vocês por acidente e… se eu fosse você… — Min-Ji se Inclinou. — Ficaria longe dele.

Min-Ji…

Ha-eun franziu o cenho.

— Como assim? Por que? — Indagou.

Min-Ji sorriu ladina, debochada.

— Ele tem namorada. — Rebateu.

É o meu fim.

A expressão de Ha-eun mudou drasticamente, parecia um tanto… incrédula.

— Namorada? — Exclamou. 

— Inacreditável, mas não impossível. — Seo-li se manifesta, rindo nasalada.

A garota ficou em silêncio por um momento, como se estivesse processando alguma coisa na cabeça.

— Sem querer ser inconveniente, mas, quem seria ela? A conheço? — Perguntou, e agora parecia séria.

Min-Ji parecia estar se divertindo com a reação da garota.

— Ah, ela é a… — Cessou as palavras.

Desferi um discreto beliscão no seu braço, fazendo um sinal rápido com uma expressão de rosto para que ela não me revelasse.

Ela rapidamente entendeu.

— Vai saber na hora certa, fofa, sem pressa, aliás, por que parece tão incomodada com isso? Por acaso gosta dele? — Continuou Min-Ji.

Ela disfarçou.

— Prefiro não falar sobre isso. — Arrumou a sua postura, voltando a prestar atenção no treino.

Pelo visto, descobrir que ele tem namorada a mudou completamente, antes estava tão animada e calma, se tornando imediatamente séria e reservada.

Senti o meu celular vibrar, e o peguei discretamente, desbloqueando a tela e abrindo a aba de conversa.

Kim Seo-li: Ela não é o que você pensa!

Olhei de soslaio para Seo-li, suspirando.

Guardei o meu celular, entrando em um estado inerte, cruzando as minhas pernas e braços, olhando para algum ponto fixo qualquer do ginásio.

O que pode ser pior agora?

— Yuri!

Arregalei os olhos, quando o tom de voz masculino grave pronunciou o meu nome.

Oh não, não, não…

Por que eu tive de vir para cá? Por que eu não sai? Como fui burra, sequer tinha pensado em ir para outro lugar, mas as meninas poderiam achar estranho eu querer sair justamente quando ela chegou, e até ela mesma.

E de qualquer forma, mesmo se eu saísse, ela ficaria para assistir ao irmão, o veria de qualquer maneira, em qualquer outro dia que viesse aqui, acabaria o vendo. Direcionei a minha atenção ao rapaz que se aproximava, temendo, sentindo cada membro do meu corpo enrijecer, estava ficando cada vez mais nervosa.

Não venha… por favor…

— Taehyung… — Deixei escapar dos meus lábios o seu nome.

Senti o peso do olhar de Ha-eun assim que ela virou a cabeça na minha direção, com seu cenho franzido.

Taehyung se aproximou, acompanhado por Jimin e Yoongi.

Jimin foi o primeiro a perceber, cessando os passos no mesmo instante, com certeza a reconheceu, afinal, ele e Taehyung são amigos desde aquela época, com certeza Jimin sabe de tudo e de quem ela é…

— Amor, vamos embora, estou com fome! — Taehyung exclama, agora mais próximo, atraindo a minha atenção.

Mordisquei o meu lábio inferior.

— "Amor"? — Disse Ha-eun.

Evitava olhar para ela, apenas para Taehyung, que agora franzia o seu cenho para mim, pois, deve estar começando a notar minha expressão de desconforto, que não consigo mais esconder.

Ele ainda não havia notado ela, até que…

— Caralho… — Yoongi pousa a mão sobre o ombro de Taehyung. — Aquela ao lado dela não é a…

Maldito Min Yoongi!

Taehyung virou-se, desviando a atenção de mim e a direcionando para a garota ao meu lado.

 É óbvio que a reconheceria.

 E como esperado…

 "Ele nunca reage bem…"