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História Fique para Sempre - Capítulo Único: Quando se tem a Eternidade...


Escrita por: Kisara

Notas do Autor


Esses dias eu me lembrei de que quando eu comecei a escrever fanfics aqui no site (há 9 fucking anos), a minha vibe era escrever e ler sobre Vampiros. O mundo estava naquela febre de Twilight, The Vampire Diares e um resgate ao amor pelas Crônicas Vampirescas de Anne Rice, então minha vida - e a de muita gente por aqui - era escrever sobre essas criaturas lindas em todos os fandoms possíveis.

De repente, nessas lembranças chorosas, eu me dei conta de que não havia chegado a escrever uma história sobre vampiros do meu OTP e isso era tão, mas tão errado, que eu precisava resolver. Eu até queria uma Big história, mas Elipse já é grande demais para que eu cogitasse outra longfic, então eu criei esta oneshot sobre minhas criaturas da noite favorita. Eu a escrevi rapidinho e fiquei bem satisfeita com o resultado. Segue a mesma linha que eu amo tanto seguir onde os diálogos são escritos com aspas e jamais com travessões e a linearidade não existe rs
São vários subtítulos e um único capítulo.

Linda leitura a todos!

Capítulo 1 - Capítulo Único: Quando se tem a Eternidade...


1. A verdade ocultava-se em sua mente – Parte I.

 

Foi numa tarde de quinta feira, em um dia nada ensolarado. Você estava com frio, com fome, com sede e com um vazio no peito que representava o vazio do seu coração, mas que também podia ser o vazio de sua alma.

Você não tinha um centavo no bolso e ninguém parecia disposto a lhe dar as esmolas que você implorava. Você engoliu em seco e tomou coragem para uma atitude insana, então. Maltrapilha e com uma pedra afiada em mãos, esgueirou-se atrás de um jovem pálido e encostou o objeto que segurava no pescoço dele. Pediu que ele passasse tudo que tinha, mas, pensando bem, podia simplesmente ter pedido a carteira.

Ele riu, uma risada fria e zombeteira que, em seu agudo final, mais parecia impaciente.

“Tudo que eu tenho?”, ele questionou, a voz tão gélida quanto aquela tarde sem luz solar evidente. Não aguardou por resposta. “O que você acha da imortalidade?”

Você piscou sem entender, os dedos trêmulos ainda segurando a rocha afiada contra o pescoço dele. Os lábios mudos, incertos do que responder.

Ele não aguardou sua decisão, girou o próprio corpo e num gesto súbito a empurrou contra a parede rochosa atrás de si. Você sentiu a aspereza da mesma arranhando suas costas cobertas pelo tecido fino da blusa um tanto rasgada que vestia.

Ele abriu a boca.

Dentes brancos com caninos afiados se revelaram para você, olhos ônix encararam suas pálpebras quase translúcidas que cobriam seus orbes prateados e aflitos.

A descrença e o horror ao que acontecia silenciaram seu grito quando ele mordeu seu pescoço.

Antes de se perder na dor que viria junto com a transformação, você se perdeu primeiro naqueles olhos à sua frente. Não nos negros e frios que arrepiavam seu espírito, mas nos azuis, um pouco mais distantes, que arrepiaram sua nuca e em seguida o seu corpo todo.

Que a seguravam na única fração humana que, dali em diante, restaria em você: a fração que era capaz de sentir.

 

2. Não acredite nas verdades de quem já se acostumou a mentir – Parte I.

 

Vampiros.

Seres que se escondiam na noite e que bebiam sangue.

Que eram mais fortes do que os humanos, mais bonitos, mais velozes, parcialmente imunes a sentimentos e que, um dia, haviam sido humanos.

Uma vampira era o que você era.

Uma péssima vampira, por sinal. Afinal, você sentia.  E sentir era humano demais e a deixava vampira de menos.

Tudo tinha a ver com o último pensamento que se tinha no último instante como humano. E tudo que você pensou, naquele instante, era no que aqueles olhos azuis a fizeram sentir. No quanto a faziam querer sentir. Esse pensamento se ocultou em sua mente e se intensificou nela durante todo o tempo que se passou.

“Por minha conta”, você ouviu a voz dele se pronunciar quando se sentou ao balcão do bar. Um copo deslizava em sua direção e o cheiro de cerveja adentrava suas narinas. “Estou bonzinho hoje.”, ele abriu um sorriso. Um sorriso que ele não tinha ideia do quanto ela caloroso e tão não vampiro – apesar dos caninos que se faziam visíveis quando ele sorria.

“Tim-tim”, você pronunciou, aceitando o drinque e simulando um brinde.

A sobrancelha sobre o olho direito dele se arqueou.

“A que estamos brindando?”, ele questionou, segurando o próprio copo próximo dos lábios.

“A como você está bonzinho hoje, Naruto”, você esticou os lábios finos em um sorriso.

E ele assentiu, dando de ombros.

E vocês beberam, e beberam, e beberam, e beberam naquela noite.

No começo, cerveja.

Depois uísque.

Por fim, sangue humano.

Até a última gota de pescoços nunca antes vistos por vocês.

Ele não ligou para nenhuma das vítimas que matou.

Você, por outro lado, sentiu a dor de todas elas.

(De uma por uma.)

E voltaram para casa – para a dele, não para a sua – com a sua consciência pesando pela assassina que você era.

 

~

~

 

“Você está bem, Hinata?”, ele questionou, achando estranho que você estivesse ainda mais calada do que de costume.

Você se limitou a assentir.

E ele assentiu também, limpando vestígios de sangue já secos no rosto com a própria blusa.

“Quer um espelho?”, você ofereceu, ao que ele assentiu, mesmo que não tivesse nenhum. E você deixou escapar um riso dos lábios quando ele finalmente entendeu a piada daquilo. Vampiros não tinham reflexo.

Ele revirou os olhos, tirando a camisa suja de sangue e jogando em um canto qualquer. Você quase conseguiu não olhar demais. E ele deve ter notado o seu fracasso porque ele se aproximou e com um passo apenas ele já havia ficado muito próximo.

“Tem uma gota de sangue aqui”, ele disse, limpando o sangue em seus lábios, fresco demais para pertencerem aos corpos que você tirara a vida há minutos.

Fresco demais para não ser seu.

Para não ser dos dentes que morderam seus próprios lábios com força ao observarem o loiro sem camisa à sua frente.

“Eu vou tomar banho e tirar esse sangue seco de mim”, ele disse, rindo.

E você piscou, ainda inerte com a proximidade.

“Quer ir junto?”

Seus olhos se arregalaram quando você o ouviu.

E os lábios dele roçaram nos seus.

“Você está bêbado, Naruto”, você sussurrou, quase sem piscar.

Vampiros não costumavam sentir. Não que não sentissem nada, mas não sentiam tanto, não sentiam tudo. Não eram oito ou oitenta. Eram só o oito. Tinha a raiva, mas não aquela sensação de paz. Tinha a fúria, mas não relaxavam. Tinha o impulso, mas não o medo. Mas nunca o freio.

Podiam fazer sexo.

Jamais amor.

(Exceto se o último pensamento antes de sua transformação dissesse o contrário).

“Acho que eu nunca estive tão sóbrio”, ele comentou.

E a beijou.

 

3. A verdade ocultava-se em sua mente – Parte II.

 

Foi Sasuke quem a transformou.

Sasuke Uchiha, o nome dele.

Você desabafara com Naruto, numa quarta feira qualquer, sobre a péssima vampira que era por sentir demais – omitindo que ele fora o motivo que a levara a tal deslize – e o loiro contara a história do amigo, numa ênfase de que às vezes o último pensamento podia ser mal interpretado.

O Uchiha fora transformado na noite em que seus pais e ele foram assaltados. Os dentes do vampiro que o salvaram haviam chegado cedo o suficiente para que a bala que o atingira não conseguisse matá-lo, mas tarde o suficiente para que ele salvasse os próprios pais que desfaleceram à sua frente.

O último pensamento dele enquanto humano era o quanto os humanos eram estúpidos e como mereciam seu ódio. O desejo por vingança foi o que cresceu dentro dele enquanto os anos se passavam. O corpo que já não mais precisava de oxigênio parecia necessitar da fúria que ele aprendera a respirar.

As primeiras atitudes dele haviam sido dizimar o clã de assassinos que haviam matado seus pais e ele quase levou Naruto à morte quando a ira dentro dele não parara por aí. Por que seus pais haviam sido assassinados? Porque os assassinos o fizeram. E por que eles o fizeram? Por que eles haviam nascido. E por que nasceram? Por que seus pais os tiveram e os avós tiveram os pais dos assassinos...

E a linha de ódio não parecia ter fim porque se encontrava, em meio a tudo isso, alguém que já havia falecido, ele tirava a vida daquele que havia, de qualquer forma, contribuído para que ele não pudesse matar a quem ele deveria ter matado. E, se por acaso, a linha se rompesse à esquerda, ele caminhava em direção a qualquer um que tivesse o mínimo de descendência direta à direita, dando continuidade ao seu propósito de extermínio infinito.

Em dado momento, tomava o cuidado de deixar que um descendente sobrevivesse e tivesse filhos para matar a geração que um dia viria.

Quando tudo isso já havia ficado desgastante, Naruto Uzumaki intervira – fora o próprio que o contara a você, Hinata –. E eles travaram uma batalha que não parecia ter fim. O braço enfaixado que Sasuke e Naruto ostentavam, lembrava-os do que haviam perdido com tudo aquilo.

E, de certa forma, aquilo parecia bastar.

O último pensamento humano de Sasuke se resumia à vingança, à fúria, ao ódio, à raiva e qualquer coisa similar. E quando perdera seu próprio braço juntamente com Naruto perdendo o dele, aquela junção de ira toda parecia ter se apaziguado com a sensação de que o melhor amigo e ele próprio passariam a eternidade com a falta de um dos seus membros.

Ao que parecia, o aborrecimento que permeara os últimos pensamentos do Uchiha enquanto humano não eram aos humanos como um todo, mas a ele próprio e a Naruto. A Naruto por não ter estado presente naquele momento e o ajudado a reagir aos assaltantes que mataram seus pais – uma vez que eles estavam juntos o tempo todo, menos quando deveriam estar – e a ele próprio por ter sido fraco e não feito nada suficiente para impedir.

Um braço a menos de cada até o fim dos tempos bastara como o mais próximo de sossego que um vampiro regado a ódio poderia ter. Uma lembrança infinita de sua própria ira.

~

~

 

4. Não acredite nas verdades de quem já se acostumou a mentir. – Parte II

 

A língua de Naruto massageava a sua e você não conseguia nem raciocinar contra o beijo. Ele explorava cada canto de sua boca e o coração, que parara quando você morrera e voltara a bater quando se tornar vampira a trouxera de volta à vida, batia tão rápido que talvez você fosse morrer de novo.

Você levou os braços à nuca dele, seus dedos puxando não tão de leve os pelos loiros que ele tinha ali para, então, se perderem nos cabelos dourados dele. Eram fios tão macios que pareciam seda e, mesmo com seus olhos fechados, você podia sentir que eles brilhavam a ponto de cegar.

Naruto a puxou mais para perto, e mais, e mais. A tal ponto que em breve a Física se mostraria errada e dois corpos poderiam, sim, ocupar o mesmo lugar no espaço. Ele a ergueu e você passou as pernas pelo tronco dele, cruzando-as. Ele não interrompeu o beijo enquanto caminhava com você até a cama que parecia longe demais.

Você quase reclamou quando ele a soltou por breves segundos, mas ficou tudo bem quando sentiu suas costas tocarem o colchão e em seguida o corpo dele se posicionar acima do seu. Abriu os olhos e sorriu observando o sangue seco dos corpos que vocês esvaziaram evidenciando-se no pescoço dele. Tinha algo em você que sabia que aquele sorriso não deveria existir porque você ainda sentia pelas pessoas que não precisavam ter morrido, mas no seu íntimo você admitia que o que você sentia estando com ele, naquele instante, era maior que todo o arrependimento pelas escolhas que poderiam ter levado àquilo.

Ele beijou sua bochecha, seu queixo e quando você achou que ele subia de volta para sua boca, ele beijou a ponta do seu nariz, fazendo-a rir.

“É só sexo, não é?”, você perguntou baixinho.

Ele não respondeu, ele nem teve tempo. Medo era uma sensação humana demais que você nutria porque você era realmente péssima com essa história toda de ser vampira. Medo era o que você teve da resposta dele quando o beijou para que ele não conseguisse responder.

Os lábios dele se separaram dos seus e se movimentaram pelo seu pescoço. Uma trilha de saliva e mordidas se destacando na sua pele branca. Sangue sendo sugado bem próximo da jugular quando ele a mordeu ali. Sangue de vampiro não era nem de longe tão saboroso quanto sangue humano ou sequer satisfazia como tal, mas você era tão humana que não se surpreenderia se tivesse efeito semelhante.

As mãos dele seguraram a bainha de sua blusa e fizeram menção de erguê-la. Sentiu, no entanto, o tecido ser rasgado por ele e o que sobrara de sua camisa fora jogado num canto qualquer. Ele beijou o vale dos seus seios e um agudo baixinho escapou de sua garganta. Os dedos se movimentaram por seus seios, por cima do sutiã, e o oxigênio, sempre muito desnecessário, fez uma falta absurda quando ele os apertou, e você prendeu a respiração.

Nem percebeu quando, na tentativa de aproximá-lo ainda mais de você, você arqueou as costas para puxá-lo e ele aproveitou desse momento para abrir o fecho do seu sutiã, só se deu conta do que ele havia feito quando ele já estava tirando a peça totalmente de você.

Vergonha era outra sensação humana demais e você até sentiu seu rosto queimando de leve por estar seminua na frente dele pela primeira vez. Agradeceu por vampiros não terem reflexo, assim você nunca precisaria ver a si mesma se avermelhando tanto.

E era inútil, também, pensar sobre isso, porque cada vestígio de vergonha em você sumiu totalmente quando ele começou a lamber e sugar seu mamilo direito enquanto a mão dele apertava e massageava o esquerdo. As suas unhas um tanto curtas eram afiadas o bastante para marcarem as costas dele.

Uma onda elétrica passou por todo o seu corpo em expectativa quando a boca dele deixou seus seios e os dentes dele deslizaram pelo seu abdômen. Ele parou bem próximo do cós da sua calça jeans. Você mordeu os lábios, nunca parara para pensar no quanto o queria até aquele momento em que sentia cada pedacinho de você gritando por ele. Queria-o tanto que quando a fração de segundo que ele levou não fazendo nada pareceu uma eternidade tão grande, você mesma o afastou brevemente e abriu o próprio zíper e o botão da veste.

Ele soltou um risinho pelo nariz com a sua pressa e tratou de terminar o que você começou a fazer e arrancar o restante do que havia de roupa em você. Rapidamente você ficou nua na presença dele enquanto ele continuava de jeans. Você o empurrou, invertendo as posições. Seus cabelos eram longos e muito azuis contra sua pele e contra a pele dele. Grudavam no suor de sua testa e massageavam a pele exposta do abdômen dele. Você o tocou com uma delicadeza que parecia até devocional e contornou os poucos pelos dourados espalhados no peitoral dele, em seguida arranhando a região. Um filete de sangue se destacou na pele bronzeada.

Ele gemeu quando você lambeu as gotículas vermelhas que você mesma espalhara pelo peito e abdômen dele e, quando suas digitais voltaram a percorrer a pele do peitoral dele, você pôde sentir o coração dele. Batia tão acelerado e quente que, por um momento, você vacilou, os dedos trêmulos se demorando ali e percebendo que talvez ele fosse tão humano quanto você.

A inércia durou alguns segundos – ou quem sabe eras glaciais – até que ele tocou seus dedos e os direcionou ao zíper da própria calça. Naruto já parecia tão lindo com os lábios inchados, a pele manchada de vermelho e a marca de suas unhas, que foi surreal quando o viu nu e ele era, de repente, mais bonito ainda. Seus olhos mal tiveram tempo de se acostumarem à visão antes de se fecharem quando ele a puxou para outro beijo, girando-a e fazendo-a deitar sobre a cama e sob ele novamente.

Ele puxou seus cabelos, enrolando algumas mechas nos próprios dedos. Você não estava vendo, mas a verdade é que ele interrompeu o beijo por segundos para fitá-la. Você tinha sardas salpicadas pelo nariz e pelas bochechas e ele parecia contá-las. Com movimento circulares, ele tocou seu clitóris e sussurrou seu nome contra sua boca numa surpresa notável com o quanto você estava úmida. Você cravou as unhas no ombro dele e ele mordeu seus lábios, arrancando uma pelinha dos mesmos e sugando as gotículas de sangue que se faziam presentes ali.

 “Olhe pra mim”, ele pediu, o movimento do dedo dele acelerando um pouco e a sua mente registrando com muita dificuldade o que ele dizia enquanto se perdia na sensação que ele a provocava e que parecia consumi-la enquanto se espalhava por cada um dos seus poros. “Faz a pergunta de novo”, ele mandou.

Ele recolheu o próprio dedo e sua respiração descontrolada tentava se estabilizar o suficiente para fazer o que ele pedia em meio à frustração por ele ter parado.

“É...”, você começou, a voz se perdendo no cômodo que mesclava o cheiro de suor e sangue. “É só sexo, não é?”

Nem mesmo você conseguia acreditar no que perguntava. Sua retórica parecia tão, mas tão falsa. A vida nas ruas antes de Sasuke a transformar não havia sido nada fácil e a virgindade fora tirada de você cedo demais. A vida – ou não vida? – enquanto vampira também não vinha sendo fácil e por mais que não transasse com ninguém até então porque agora você tinha força suficiente para dizer não quando não queria – e a única pessoa que queria só estivesse com você agora – você conhecia vampiros bem demais para ter certeza de que aquilo estava sendo muito diferente – mais amável, talvez? – do que deveria ser.

Ele piscou junto com você, no meio da sua breve reflexão. Em seguida pareceu enxergar algo nos seus olhos que você não fazia ideia do que era.

“É”.

Ele respondeu e a penetrou com força e de uma única vez.

Seu gemido não ecoou pelo quarto porque ele a beijou neste exato instante, de modo que o som que você fez ficou preso na garganta dele.

                                                                                                                   

5. A verdade ocultava-se em sua mente – Parte III.

 

Sasuke estava sempre acompanhado de Sakura Haruno, ela o seguia como se ele fosse a vida e a morte dela, o observava como se ele fosse a oitava maravilha do Universo. Você se perguntava se o último pensamento dela enquanto humana fora ele ou algo relacionado a ele. Soube que fora ela quem o suplicara que ele a transformasse, não parecendo haver questionamentos na mente dela em querer ou não ser vampira se sê-lo significaria a eternidade com ele.

Ela era espontânea, inteligente e muito controlada. Controlava bem sua sede de sangue, seus impulsos, suas decisões. Ensinara-a ser uma vampira, uma vez que Sasuke somente a transformara e a deixara se virando por aí. Não bastando isso, fora a Haruno quem transformara Naruto.

E fora ele quem a contou:

Numa noite estrelada de domingo, enquanto ele olhava para o céu, do lado de fora do bar no qual vocês sempre costumavam ir.

“Vai ficar aí observando ou vai se aproximar?”, Naruto a questionou, fazendo-a arregalar os olhos prateados e caminhar a passos lentos e tímidos em direção a ele.

“Eu...”, você começou, sem saber exatamente o que dizer. Encostou os dedos indicadores um no outro – uma mania de quando humana que não mudou quando se tornou vampira. Uma mania Hinata demais para deixar de existir. “Eu não queria incomodar”.

Ele levou um cigarro aos lábios, acendendo-o. Tragou, soltando a fumaça pela boca e puxando pelo nariz. Segurou o cigarro entre o dedo médio e o indicador, o filtro branco do mesmo contrastava com a pele um tanto bronzeada dele, diferente da palidez tão costumeira nos demais vampiros.

“Não me incomoda”, ele informou. “É Hinata, certo?”, você assentiu. “Eu sou Naruto, muito prazer!”, ele abriu um sorriso, esticando a mão para cumprimentá-la.

“Eu costumava observar as estrelas quando eu era humano”, ele começou e você observou os pontinhos brilhantes no céu. “Eu parava e começava a contá-las quando não tinha nada para fazer”, ele soltou um risinho pelo nariz.

“Sente falta de ser humano?”, você perguntou, desviando os olhos do céu para olhá-lo. Naquele momento você achou que Naruto talvez fosse a personificação do Sol, porque fitá-lo por muito tempo queimava.

“Talvez”, ele disse, reflexivo. “Eu deixei de ser pelos motivos errados”, ele pausou, levando o cigarro aos lábios e tragando. “Sasuke, Sakura e eu estávamos sempre juntos e de repente Sasuke sumiu. Sakura e eu começamos a procurá-lo e mais tarde soubemos que ele havia sido transformado. Sakura insistiu para se tornar uma vampira também e, quando eles deixaram de serem humanos, eu acabei sem razões para ser também. Eu sou órfão e eles sempre foram tudo que eu tinha. Meu último pensamento antes da Sakura me transformar era o quanto eu queria ser amado por alguém como ela amava Sasuke. E que”, ele pausou, não levando o cigarro aos lábios, mas rindo de si mesmo. “Com a eternidade disponível, talvez ela aprendesse a me amar também.”

Você quase recuou de dor. O que sentira ao ser transformada não fora nada comparado ao que sentira naquele momento.

“Você a ama?”, você sussurrou. Aquilo parecia tão ilógico. Vampiros não sentiam essas coisas... E era assim que devia ser. Ele tinha que ser a regra. Já bastava você sendo a maldita exceção!

Ele respirou devagar, virando-se para você.

“Eu achava que sim... Mas não sei mais”, vocês piscaram juntos e ele completou, numa aceitação que parecia incomodá-lo: “Agora eu tenho a eternidade para descobrir.”.

E ele levou o cigarro aos lábios, silenciando-se enquanto você o observou um pouco mais. Ele era tão lindo que a fez desejar não ter sido transformada em vampiro, mas no cigarro que ele envolvia com os lábios.

Ele tragou uma vez mais, mas foi diferente desta vez. Naquele momento, o que ele tragou foi o tempo, todo ele. Para si

 

6. Algumas frases precisavam ser ditas, mas não necessariamente ouvidas.

 

Você ainda podia sentir o cheiro dele na sua pele, era amadeirado numa mistura de lavanda e ar livre que entorpecia. Lembrava relva. E sangue. E suor. E calor. Porque tudo nele e com ele era e havia sido tão quente que deixara faíscas por cada canto que os dedos dele haviam percorrido e incendiado.

E havia sido só sexo.

E ter sido só sexo parecia tão, mas tão errado.

Tanto que quase não foi uma surpresa quando ele chegou e se sentou ao seu lado, fazendo com que a temperatura do ambiente subisse só porque, de repente, ele estava perto.

“Vou querer o mesmo que a moça aqui”, ele pediu ao balconista do bar, que assentiu. Você bebia alguma coisa que podia ser vinho ou sangue e sabia que ele ia se decepcionar bastante quando soubesse que era vinho.

Reprimiu o próprio riso.

“Você não estava lá quando amanheceu”, ele resmungou após descobrir que era vinho mesmo o que você – e agora ele também – bebia. “Por quê?”, ele virou todo o copo, ainda visivelmente insatisfeito com o conteúdo do mesmo e pediu algo muito mais forte.

Porque era só sexo. Era o que você queria ter respondido. Mas você não conseguiu, você não podia. Não podia porque você não acreditava nem um pouco no que diria. Nem mesmo o mínimo suficiente para fazer parecer verdade.

“Fique até o amanhecer das próximas vezes”, ele pediu – ou mandou ou implorou? – enquanto virava o copo de uma bebida muito mais forte que o apenas vinho de outrora.

Você estreitou os olhos.

E abriu a boca umas duas vezes sem saber bem o que dizer.

“Vai ter próximas vezes?”, você questionou num sussurro. “Por quê?”. A verdade é que você nunca teve realmente próximas vezes com ninguém e tinha uma quase certeza de que Naruto também não.

Ele a olhou com os olhos azuis brilhantes e você se questionou o que ele tanto via nos seus olhos e ele não respondeu.

Ele se levantou e a aguardou fazer o mesmo. Você o fez. Ele pegou as suas mãos e as guiou em direção ao coração dele. Aquela sensação de que ele era tão humano quanto você e quanto todos aqueles que eram menos vampiros do que vocês gritou novamente enquanto sentia o órgão dele bombear sangue e bater tão acelerado contra suas digitais.

“Porque talvez você não seja a péssima vampira que acha que é e sentir tanto seja uma qualidade e não um defeito”, ele começou, direcionando suas mãos para a nuca dele. “E talvez, no meio de tudo isso que você sente, você possa me mostrar como sentir também... Como me sentir amado, como amar...”.

“Sabe, é só uma ideia, mas a gente pode tentar...”, ele sugeriu e você assentiu, entendendo onde ele queria chegar e muito disposta a arriscar.

“Temos a eternidade toda para descobrir”, você completou, fazendo-o sorrir.

Os lábios dele roçaram nos seus.

“E, quem sabe, um dia desses, você...”, ele começou, sussurrando uma frase que se perdeu contra sua boca quando ele a beijou.

“Fique para sempre.”


Notas Finais


Quem é leitor de Elipse deve ter percebido as referências à fanfic contidas aí, awn. <3 E quem não é, mas se amarra em NaruHina tanto quanto eu, fica o convite para se tornar um leitor: https://www.spiritfanfiction.com/historia/elipse-430881 ; é "a história de uma garota tímida que é secretamente apaixonada por um idiota loiro, secretamente só para ele, claro, todos os outros já perceberam. Inclusive a Lua, a testemunha de tudo." <3

Além disso, a linda da @Hera_Bitch fez o favor de fazer um trailer maravilhoso (tem spoilers, mas relaxa que todo trailer tem!): https://www.youtube.com/watch?v=z8lcQoYU3x8&feature=youtu.be

E o capítulo de Elipse um dia sai, sem desespero.

Também me sigam no instagram para ficarem por dentro das minhas próximas novidades, eu sempre deixo uns trechos ou algo do tipo, uns making of, por lá: https://www.instagram.com/jacquelineoli95/

Acho que é isso.
A Máxima persiste: Tia Jac/ Tia Kisa ama NaruHina e vocês - e não necessariamente nesta ordem.
Thanks por chegarem até aqui.


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