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História Fire And Blood - Ascension - Barristan


Escrita por: DaeronTargareyn

Capítulo 1 - Barristan


Fanfic / Fanfiction Fire And Blood - Ascension - Barristan

O ano 300 da Conquista de Aegon tinha ficado para trás. Estavam agora no ano 301dc e pouco mais da metade dele já havia se passado desde os trágicos eventos da Arena de Daznak.

Pouco mais de meio ano que a rainha sumira nas costas da Sombra Alada. Pouco mais de meio ano que a guerra contra os yunkaitas encontrara seu ápice e declínio. Pouco mais de meio ano que Quentyn Martell soltara os dragões na cidade e pouco mais de meio ano de sua morte.

Em algum lugar de sua consciência, Barristan Selmy sentia-se culpado. Podia ter feito mais, o pensamento lhe atingiu. Mas o que poderia ter feito um simples cavaleiro que pudesse conter os caprichos de um príncipe desesperado por aprovação? A resposta lhe parecia única e clara, e ele só rezava a Mãe e ao Pai no céu para que um certo pai na terra que logo estaria de luto também achasse isso. Muito e ainda mais poderia depender disso.

Passado todo esse tempo depois, a rainha o enviara a Dorne junto de Sor Gerris Drinkwater e Sor Archibald Yronwood, os únicos sobreviventes daquela jornada sem sucesso, para devolver os ossos do príncipe ao senhor seu pai.

- Você deverá ir junto para garantir que os fatos que aqui ocorreram, sejam contados da forma como realmente aconteceram - tinha lhe dito, e certificar-se de que Dorne ainda nos apoiará, podia ouvi-la dizendo mesmo que não o tivesse.

Antes de deixar a Baía Ghiscari em definitivo, a Rainha Daenerys pretendia saber o que Dorne teria a dizer depois da morte de um de seus príncipes e se ainda estaria propensa ao apoio de sua causa, além de que, enviá-lo também serviria para tomar nota de como estariam às coisas nos Sete Reinos.

O cavaleiro sabia que ela estava certa. Sor Archibald parecia ter consciência das imprudências de seu príncipe, mas Sor Gerris ainda poderia atribuir alguma culpa a ela como fizera quando Selmy os livrara da prisão e da forca que o Cabeça Raspada preparara para os dois, antes de lhes incumbir de resgatar os reféns que continuavam em posse dos yunkaitas na época.

Sor Barristan pedira, então, para trazer com ele seus três melhores garotos escudeiros que haviam ganhado as esporas de cavaleiro pouco antes da batalha contra os yunkaitas; Lorraq, o Chicote, o Lhazareno, Ovelha Vermelha e o jovem das Ilhas Basílisco, Tumco Lho, rápido e forte e o melhor espadachim natural que já vira desde o regicida.

- Será bom para eles conhecerem um pouco da terra que se os deuses forem justos, logo chamarão de lar quando Sua Graça conquistar o trono - argumentara e ela consentira, embora antes tivesse dito que os deuses dificilmente eram justos.

A viagem havia durado quase uma lua no percurso de Meereen até Volantis, e então Lys, uma travessia tormentosa nos Degraus e por fim, Vila Tabueira.

Durante esse meio tempo, Archibald Yronwood e Gerris Drinkwater haviam permanecido calados, falando apenas quando se dirigiam a eles, deixando transparecer o pesar pela morte do príncipe e o sentimento de culpa que levavam para casa. Selmy também conhecia esse fardo, bem até demais. Todas as noites, ele se culpava pelo Rei Aerys, pelos filhos de Rhaegar e pelo próprio príncipe prateado.

Foram encontrar Lançassolar e sua cidade sombria na manhã do dia seguinte ao qual tinham deixado Vila Tabueira.

A fortaleza da Casa Martell se erguia em tons marrons na extremidade mais oriental de uma pequena protuberância de areia e pedra por trás das três Muralhas Sinuosas, cercada pelo mar por três de seus lados, enquanto o quarto era adornado pela vila empoeirada que os dornenses chamavam de cidade.

Barristan Selmy, o Ousado, não era nenhum pouco estranho aquele lugar. Estivera nele pelo menos três vezes, acompanhando o Príncipe Rhaegar e a Princesa Elia, embora fosse Sor Arthur Dayne e o Príncipe Lewyn Martell quem costumavam fazer isso. A simples recordação de seus irmãos juramentados que há muito já haviam ido, fizeram seus olhos se encherem involuntariamente.

Um lugar de lembranças, admitiu ele.

Adentaram na cidade pelo Portão Triplo no lado oeste, onde estes se alinhavam de maneira que os visitantes com destino ao castelo pudessem seguir diretamente até ele, passando por baixo de cada uma das três muralhas. Do contrario, precisariam antes atravessar milhas de vielas e ruas para chegar ao Velho Pálacio, lembrava-se bem disso de suas visitas anteriores.

À medida que penetravam na cidade, odores de poeira, suor, mar e temperos fortes enchiam o ar e nuvens dispersas escondiam de tempos em tempos o sol alto da manhã.

Olhares atenciosos os seguiam por seu caminho, mas só alguns. A maioria vinda dos guardas que faziam rondas por sobre os adarves nas muralhas que serpenteavam nas entranhas da cidade. O restante se dava aos poucos moradores nas ruas com seus afazeres diurnos, o fazendo recordar-se de que elas ficavam verdadeiramente apinhadas apenas durante noite.

Para lá do terceiro portão, Lançassolar se erguia ainda mais majestosa no leste com suas Torres do Sol e da Lança e também com o grande Navio de Areia, ao qual parecia ter saído direto das águas do Mar do Verão e encalhado no meio do castelo, tornando-se parte dele.

A área habitacional também chamava a atenção naquela parte da cidadela de sombras, tornando-se mais agradável aos olhos e se distinguindo das duas primeiras, que iam de uma miséria barrenta e enlameada até algo mais mediano nas dependências do segundo portão. Mas ali, à sombra do palácio, ficava a área nobre com suas casas, lojas, estalagens ou mesmo bordéis com paredes de azulejos, muros e sacadas.

Quando enfim pararam diante da pesada porta levadiça do castelo com suas próprias muralhas se estendendo de ambos os lados para contorna-lo, quatro lanceiros os abordaram por terra, enquanto outras sentinelas no topo dos altos muros os tinham em bom ângulo com seus arcos e lanças.

- Alto - advertiu um deles. - Quem são vocês e o que desejam?

- Gerris Drinkwater e Archibald Yronwood - respondeu Sor Gerris. - Este é Sor Barristan Selmy, o Ousado, e seus rapazes cavaleiros. Estamos aqui para ter com o Príncipe Doran.

Só foi preciso isso. Um dos lanceiros enviou outro dos três para anuncia-los, voltando alguns momentos depois na companhia de um homem alto, com pele de oliva e uma barba rente ao qual ele retinha alguma lembrança.

- Sores, é bom vê-los de volta a Dorne - disse ele a Sor Gerris e Sor Archibald que assentiram com a cabeça. - Sor Barristan - dessa vez falou ao velho cavaleiro, - sou Manfrey Martell, o castelão de Lançassolar e primo do Príncipe Doran. Recorda-se de mim em suas outras visitas?

- Sor Manfrey - respondeu Selmy. - Agora que disse, a lembrança tornou-se mais clara. Como tem passado?

- Temos esperado há bastante tempo, mas acredito que logo saberemos se essa espera terá um fim. Nosso príncipe os receberá na sala do trono - disse. - Posso pedir que desfaçam-se de suas armas? Elas serão devolvidas em outro momento, garanto, mas somente quando o Capitão Hotah julgar adequado.

- De acordo - assentiu Sor Archibald, - mas levaremos a caixa. Seu conteúdo é de interesse do príncipe. - Os ossos de Quentyn Martell tinham sido repousados dentro da caixa que Yronwood trazia consigo, forrada em seu interior com cetim laranja.

- Será assim, então - assentiu Manfrey Martell, os conduzindo até a redonda sala do trono longos degraus acima na Torre do Sol.

No interior do recinto, os raios oscilantes da manhã pouco ensolarada, penetravam os vitrais de espessas janelas de vidro multicolorido e derramavam-se no piso de mármore como tapetes de luz de um oceano de cores.

O Príncipe Doran ocupava um dos dois caldeirões destinados aos príncipes governantes de Dorne. Sobre todo o espaço, uma cúpula revestida em ouro e cristais murano adornava o teto abobado.

Foi difícil não deixar de notar o estado depreciado e cansado do príncipe. Sua face tornou-se bem mais cansada e velha do que o cavaleiro recordava-se. As mãos e os dedos estavam inchados e não duvidava de que as articulações de seus pés e joelhos também estariam por baixo do vistoso cobertor de Myr que evitava essa certeza.

A gota, penou Selmy lamentando pelo príncipe. Ela cobra um preço terrível. Não, não é só a gota que o tornou assim. Uma interminável sucessão de perdas contribuiu bastante com isso e ainda contribuirá um pouco mais, temo.

À esquerda dele, o Capitão barbado de que Sor Barristan recordava-se mais facilmente do que Sor Manfrey, fazia a guarda de seu senhor. À direita, postava-se uma jovem mulher vestida de forma provocante, com o corpo adornado em joias e curvas que afogariam um homem em desejo. De certo se tratava da filha herdeira do Príncipe Doran, a Princesa Arianne Martell. Apesar de mais velha que sua rainha dragão em Meereen, a princesa não podia ter mais do que vinte três ou vinte quatro anos, julgava ele.

- Meu príncipe - anunciou Manfrey Martell depois de fechar as portas atrás de si. - Os cavaleiros, como o senhor pediu - e então ele se juntou ao lado da princesa, embora um pouco mais afastado.

- Príncipe Doran - disseram Yronwood e Drinkwater em uníssono apoiados sobre um joelho. Sor Barristan e seus rapazes também o cumprimentaram assim, mas mantiveram o silêncio.

- Será prudente falarmos aqui, meu senhor? - Indagou Sor Gerris.

- Todos nessa sala já são comuns à causa, sor - garantiu o príncipe. - Fale livremente. - O cavaleiro assentiu. - Sor Barristan - dirigiu-se o príncipe a ele. - É uma alegria voltar a vê-lo. Aqui, deixe-me apresenta-lo a minha filha, Arianne, que me substituirá no assento de Dorne. Talvez esteja lembrado de meu Capitão, Areo Hotah, imagino, e também de meu primo, Sor Manfrey Martell.

Um a um, o Príncipe Doran apresentou os seus e então continuou.

- Faz tempo desde a última vez que esteve em Lançassolar, sor, e em Westeros também após Joffrey tê-lo dispensado de sua Guarda. Sinto por isso.

- Não sinta, meu príncipe. Uma vergonha de fato. Mas, graças a isso pude encontrar a redenção e servir à causa da verdadeira rainha.

- A Rainha Daenerys? - A princesa perguntou sugestiva e o cavaleiro assentiu.

- Assim sendo, acredito que tenha conhecido meu outro filho, e que seja de seu conhecimento o que o levou até lá, ou pelo menos, é isso que imagino que o retornou de dois dos cavaleiros que o acompanharam a Meereen esteja indicando.

- Conheci o Príncipe Quentyn, senhor - concordou ele. - Estava presente quando ele entregou à rainha a carta com o pacto de casamento que deveria ter havido entre a Princesa Arianne e o Príncipe Viserys.

- Posso presumir, então, que a ausência de Quentyn e da Rainha Daenerys signifique que os dois honraram o pacto? - Perguntou ele a Sor Gerris e Sor Archibald absorto a verdade. - Eles se dirigirão para um ataque surpresa a Porto Real ao invés de desembarcar aqui?

Nesse momento, o velho cavaleiro não sabia dizer se Doran Martell estava sendo irônico ou se realmente acreditava no que dizia, mas no fundo, Selmy desconfiava que o príncipe suspeitasse minimamente que algo não estava certo.

- Receio que não seja esse o caso, Príncipe Doran - Sor Archibald declarou sem qualquer calor na voz. - Infelizmente nossa missão fracassou de diferentes maneiras, meu príncipe.

Por meio segundo, o tempo não correu no interior da sala e cada respiração e batida de coração parecia ter se extinguido.

- Então explique, sor - exigiu a princesa em uma voz apreensiva.

Gerris Drinkwater e Archibald Yronwood se intercalavam à medida que iam contando os ocorridos. Nada ficara de fora. Eles contaram sobre a morte de seus companheiros em Passopedra, das dificuldades em conseguir passagem de Volantis até Meereen, da guerra que Yunkai e as outras cidades escravagistas moviam contra a rainha, de sua participação na batalha dos yunkaitas e aliados contra Astapor como mercenários dos Soprados pelo Vento,

- Foi à única maneira que encontramos de chegar a Meereen - declarou Sor Gerris.

Contaram do fluxo sangrento, dos Filhos da Harpia e do casamento com Hizdahr zo Loraq em favor da paz contra as cidades inimigas.

Todos ouviam atentamente, com um medo aparente do que ainda estava por vir, especialmente o Príncipe Doran. Sor Barristan não os culpava por isso. O pior ainda estava por vir.

- Depois que a paz foi selada e as arenas de lutas reabertas em comemoração, as coisas só pioraram com isso - continuou o cavaleiro de Yronwood.

- Piorou? - Sor Manfrey questionou confuso. - Não havia sido selada uma paz?

Então veio todo o resto.

A aparição repentina de Drogon na Arena de Daznak, o desaparecimento de Sua Graça com o dragão, o cerco a Meereen, as inúmeras mortes causada no ataque da besta, incluindo o próprio Rei Hizdahr, os Filhos da Harpia e suas matanças noturnas, a exigência dos yunkaitas para a morte dos outros dois dragões que estavam presos no fosso da Grande Pirâmide e finalmente as ações do Príncipe Quentyn que culminaram na fuga dos dragões na cidade tanto quanto em sua morte.

Se parecia a Barristan Selmy que o Príncipe de Dorne não poderia ficar mais incrédulo e sem reação com o que ouvira, ele nunca esteve metade tão engando.

- Por que Quentyn faria isso? - A voz do príncipe era falha e fermentada em angustia.

Angústia de um pai, pensou Sor Barristan.

- Por que ele prometeria uma cidade a um mercenário? E para que, tentar domar os dragões da rainha como se fosse ele mesmo um Targaryen?

Sor Barristan correu os olhos por cada rosto que rodeava o príncipe, cada um deles exalando o próprio pesar a sua maneira. A princesa se permitia deixar às lagrimas virem em silencio, enquanto mantinha os braços apertados em torno de si. Sor Manfrey Martell tinha a face esculpida em choque, remoendo a tudo em silencio e o Capitão Hotah baixara a cabeça em respeito aos sentimentos de seu senhor.

- Depois de três dias o Estranho veio busca-lo - falou Selmy finalmente. - Mandamos seu corpo ao Templo das Graças para que seus ossos fossem limpos e preparados para serem entregues ao senhor.

Quando Sor Archibald levou a caixa até o príncipe, todos enfim pareceram ter entendido o que ela significa. O Príncipe Doran Martell a tocou hesitante e sem ousar vislumbrar seu conteúdo.

- E a rainha dragão ainda está desaparecida? - Questionou a princesa secando os olhos.

- Não mais, princesa - respondeu Sor Gerris. - Após pouco mais de uma volta de lua, ela retornou em uma noite com seu monstro negro e uma enorme horda de dothrakis atrás dela.

Sor Barristan lhes repassara mais alguns detalhes sobre a batalha contra os yunkaitas e também da ajuda e envolvimento dos homens de ferro liderados por Victarion Greyjoy e também sua tentativa em domar os dragões se utilizando de um berrante magico dos tempos da Antiga Valiria, tal como eram suas intenções de usar isso para forçar um casamento com a rainha.

- Ele foi, então, confinado em uma cela com outros capitães da Frota de Ferro para que aguardasse o julgamento por isso, o que resultou mais tarde em sua morte.

Selmy também lhes disse sobre a batalha contra a frota volantina que ocorrera poucos dias após o retorno de Sua Graça e também do saque ao qual Yunkai e algumas de suas cidades aliadas foram entregues em resposta pelo rompimento da paz depois dos eventos em Daznak.

Quando o cavaleiro terminara, o Príncipe Doran disse:

- Agradeço por ter dividido a verdade conosco, pela devolução de nossos cavaleiros e também pela devolução dos ossos de meu filho - anunciou serenamente enquanto uma aura de tristeza pairava sobre ele. - Devem estar todos cansados da viagem, imagino. Aposentos serão preparados.

- Como ordenar, meu príncipe - os dois cavaleiros responderam mais uma vez em coro.

Então o príncipe lhe dirigiu um olhar.

- Sor Barristan - disse. - Continuamos em outro momento.

- Será como o príncipe desejar - garantiu Selmy.



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