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História Fire Meets Gasoline ( WooSan ) - I know what you're doing


Escrita por: supremacy_kingdom

Notas do Autor


「 E então essa atualização veio mais rápido do que eu esperava, mas foi super difícil de refazer. Esse capítulo foi 89% refeito! Acho que eu quase fiquei doida de tanto que eu refiz, refiz, refiz e refiz de novo.

Eu preciso dizer: esse capítulo ficou completamente diferente do que tinha antes, mesmo que ainda esteja trazendo vários elementos do modelo passado. Aqui a gente vê a diferença do casal, a diferença dos personagens e de tudo, de como eles lidam e fazem tudo.

Espero que possam gostar dessa versão e de tudo que vem pela frente. Eu diria que o que mais eu tô mudando, principalmente, é o San. Tô deixando ele "melhor" do que ele estava sendo mostrado antes.
Vou ficar feliz se vocês também puderam ver isso. 」




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Capítulo 20 - I know what you're doing


Fanfic / Fanfiction Fire Meets Gasoline ( WooSan ) - I know what you're doing

2ª TEMPORADA 

────────────

CAPÍTULO IV

I know what you're doing

Eu sei o que você está fazendo


Estava se sentindo tão idiota, tão patético e tão humilhado. Choi San estava ao lado de outro, sorrindo e completamente à vontade. Estavam à luz do dia, sem medo de serem vistos e com a maior tranquilidade do mundo.

Aquele garoto era maior de idade? Nunca havia visto alguém assim. Aquela cara confusa no rosto dele… Talvez não soubesse que San era noivo, ou talvez apenas não soubesse que ele era pai. De todas as formas, era agoniante e sufocante vê-lo assim, ter Minho inocente naquela situação e Yeosang assistindo tudo ruindo. 

Não sabia como reagir. Sinceramente, tinha vontade de levantar daquela mesa, socar a cara de San, fazê-lo engolir aquela aliança de compromisso e sumir com seu filho. Claro, no meio da raiva, queria descontar naquele maldito que estava ao lado dele, mas sabia que o único que devia algo a alguém era San.

Engolindo um bolo enorme pela garganta, junto ao seu orgulho, à sua tristeza e ao turbilhão de emoções bagunçadas, se ergueu. Suas pernas tremiam, suas mãos e seu peito. O coração parecia estar a ponto de explodir e sangrar. Sua respiração estava pesada e difícil. 

Maldito… Maldito… Maldito! 

Mentiroso! Egoísta! Traidor! 

Queria xingá-lo, queria esbofetear aquela cara e gritar com ele até sua voz sumir. 

─ Wooyoung! 

 ─ Fica aqui, Yeosang, por favor. Já estou envergonhado o suficiente…  – com uma voz áspera e fria, falou com o amigo.

Por mais que o Kang odiasse aquela ideia, não podia interferir assim. Sequer compreendia o que acontecia de fato, mas, pela forma que seu melhor amigo estava agindo e pela maneira que San reagiu, não conseguia deixar de pensar que a traição fosse algo real…

Céus, nessas horas gostaria de ter Jongho ao seu lado, porque não estava sabendo o que fazer ou pensar. 

─ Quero apenas pedir um favor. – de lado, sem olhá-lo em momento algum, Wooyoung falou. ─ Leva o Minho para a sua casa hoje e não comenta sobre isso com ninguém. – respirando fundo, continuou. ─ Não posso deixar que meu filho vá para casa ou que fique comigo hoje. Preciso resolver as coisas, preciso falar o que está preso na minha garganta e preciso ouvir da boca dele que- Apenas… Cuide de Minho para mim.

Yeosang apenas concordou e esperou até o momento que encontrasse uma brecha para levar o menino consigo. Minho não podia ficar ali, aquele clima estava pesado e tinha certeza que ficaria pior.

Wooyoung andou a passos firmes, por mais que estivesse morrendo por dentro, até o lado de fora e parou apenas quando chegou a alguns passos dos dois. Olhou para o garoto ao seu lado, apertou os punhos e encarou San. Ah, não queria chorar, não queria.

─ Wooyoung, não é-

─ Minmin, o tio Yeo vai levar você com ele, hm? – forçando a voz a sair o mais amigável possível, impediu San de falar e ignorou a presença da outra pessoa. ─ Ele disse que quer te levar pra assistir um filme naquela televisão enorme e comer pipoca com o tio Ho. 

─ Mas eu queria ficar com o papai San. – Minho abraçou o pescoço do pai loiro. Aquela cena cortou o coração de Wooyoung em mais pedaços. ─ Ele ia assistir Bob Esponja comigo

─ O papai San vai trabalhar ainda, talvez chegue tarde de novo. – continuou forçando a ser natural naquela situação. ─ Vai ser divertido. O Yeosang vai ficar muito feliz se aceitar o convite. 

Minho se soltou de San, olhou para Yeosang e assentiu. 

─ Tá bom… 

Se despedindo do pai e dando tchauzinho para a pessoa que estava ao seu lado, foi para o chão e deu a mão para o Jung, que o levou até o amigo, deixou dinheiro para ele brincar por ali mais um pouco e para comprar algumas coisas no caminho. Queria distrair Minho. Pegando a chave do carro, se despediu do filho e voltou para onde San continuava inquieto. 

─ Wooyoung, me escuta. Se você-

─ Estou indo para casa primeiro, San. – os lábios começaram a tremer, então tinha que ser rápido. ─ Se quiser conversar, falar seja lá o que for, não vou ouvir aqui. – encarou brevemente aquele garoto jovem de novo. A beleza era indescritível e isso o incomodou ainda mais. ─ A vida é realmente cheia de momentos inesperados.

E assim deixou o loiro para trás ao lado do outro loiro. San não sabia o que fazer naquele momento. Sabia o quão babaca estava sendo e quanto estava em débito com Wooyoung, porque ele não merecia a maneira que estava agindo. Olhou para onde Yeosang estava e o viu levando Minho para o playground. Então acabou olhando para a pessoa ao seu lado e disse:

─ Me desculpa, mas preciso ir, Yongbok.

Choi San apenas o largou na calçada e correu, precisando ser o mais rápido possível para pegar um táxi para ir embora. Viu bem como Wooyoung saiu dali e… 

Merda!

[•••]

Vinte ligações. Dezoito mensagens de áudio no celular. Todas de San. Mais alguns minutos para chegar em casa e mais três ligações, duas mensagens de texto e cinco de voz. Não leu nenhum. Não ouviu nenhuma. Não atendeu nenhuma. 

Wooyoung sequer poderia fazer isso mesmo se quisesse. Não sabia nem mesmo como havia conseguido chegar em casa, porque foi durante todo o trajeto tremendo, enquanto chorava e tinha a visão embaçada pelas lágrimas. Todo aquele pavor que sentiu explodiu quando bateu a porta do carro ainda parado. 

Eles tinham anos juntos, poderia não ser uma bodas de ouro, mas eram dias dedicados à uma pessoa, à uma vida, a um sonho… 

Ah, San… Por que?

Quando parou em frente a sua casa, desceu e respirou fundo antes de ir a passos lentos até a porta.  Quando entrou, seus movimentos foram tão automáticos e perdidos que sequer tinha noção do que fazia. A chave do carro ficou de qualquer jeito no sofá; o copo de água que encheu não bebeu; a torneira da pia da cozinha que ligou para lavar o rosto não desligou. 

Wooyoung ficou minutos se encarando pelo reflexo do vidro da janela da cozinha, mas seus olhos não enxergavam nada… Ele estava submerso nos próprios pensamentos. Nem mesmo quando San desceu do táxi, deixando três vezes mais do valor que tinha dado, e entrou após abrir desesperado a porta.

Sem coragem para chamá-lo, San ficou encarando o noivo, ficou observando o jeito inerte. Não… Aquele não era o mesmo Jung Wooyoung que conhecia, e já fazia um bom tempo que não era. 

Lentamente, após respirar fundo, tirou o sobretudo e largou contra uma poltrona. Andou um pouco mais e parou alguns passos da entrada da cozinha. 

 ─ Woo…

Como se sua voz tivesse ecoado na mente do mais novo em um tom bem mais alto do que realmente foi, Wooyoung piscou algumas vezes até voltar a si, mas permaneceu de costas, dizendo:

─ Não me chama assim… – seu tom quebrado desencarrilhou de vez as angústias de San ─ Covarde… – suas mãos apertaram a borda da pia. ─ Mentiroso… – as malditas lágrimas escorreram de novo. ─ Como eu fui idiota…

De repente, as mãos do Jung bateram contra algumas louças que secavam sobre a pia e as derrubou. 

─ Então é esse o seu trabalho? É isso que fazia nas minhas costas enquanto eu estava cuidando do nosso filho e precisando de você? – soluçou e chorou mais. Rapidamente virou de frente para o loiro. ─ É isso que fazia enquanto o Minho queria o pai por perto? – gritou.

San balançou a cabeça negando, mas algo em seu semblante não passava a verdade que o Jung precisava. Ele estava mentindo… 

O olhou com descrença, com chateação e tristeza. Não era momento para querer se sentir fraco, muito pelo contrário, era momento de se sentir livre, e chorar fazia parte de uma fase de libertação. Contudo, derramar lágrimas para ele parecia ainda mais humilhante. Só que não tinha como estancar as lágrimas que rolavam, ele estava tão zangado, estava a ponto de cometer uma loucura ali mesmo. Respirou fundo e se arrependeu, porque o mesmo perfume estava presente naquela mistura grotesca de fragrâncias e cheiros. 

─ Esse cheiro… – fechou os olhos por alguns instantes, crispou os lábios e depois olhou diretamente para San de novo. ─ É dele… É ele! Não foi uma, não foram duas, nem três, nem quatro… Quase sempre o mesmo cheiro! Esse perfume fica impregnado em você… – o olhou de cima a baixo. ─ Para de tentar me enganar.

San tentou se aproximar,  mas parou quando o viu recuar um passo. Wooyoung não queria voltar atrás, mesmo angustiado, iria levar essa conversa até o final. 

─ Acha mesmo que ia passar o resto da vida trepando fora de casa e que eu não ia saber? – esfregou uma das mãos pelo rosto, tentando afastar aquelas malditas lágrimas. ─ Não faz essa cara de desentendido. Eu não sou burro! – Wooyoung o soltou com rispidez. 

─ O que?! – os olhos dançaram de um lado para outro, intercalando entre os do mais novo. ─ Wooyoung, não, eu, nã- Isso é um absurdo! Trair você? Isso é loucura-

San andou ainda mais para frente até fazer com que Wooyoung se encurralasse entre a pia e ele. 

─ Devo mesmo estar muito louco… – rosnou entre soluços e suspiros cortados. ─ Louco porque eu percebi tudo e continuei aqui... – bateu contra o peito de San. ─ Louco porque eu ainda insisti no amor que eu achei que existia entre a gente, mas era de mentira. – de novo. ─ Quem é você? Onde está o homem que eu sabia que me amava? – repetiu o ato inúmeras vezes. ─ Hun? Por que fez isso com a gente? Por que fez isso comigo?

San precisou segurá-lo pelos pulsos. Wooyoung tentou se soltar, mas foi em vão.

─ O Minho e eu sentimos sua falta, enquanto te esperamos foder com alguém por aí! 

─ Para, Wooyoung… Me escuta, por favor! Você não está me ouvindo! Disse que me ouviria, mas só está me acusando! Eu não traí você! 

Um sorriso trêmulo e sem ânimo apareceu em meio a um soluço choroso. Parando de lutar contra o loiro, sentiu que seus pulsos iam sendo soltos lentamente.

─ Não? Você não me traiu, San? – ironizou.

As mãos se abriram apenas para irem agarrar a camisa do noivo, deixando-os com os corpos quase colados. Queria olhar no profundo que pudesse em seus olhos. Queria que ele pudesse enxergar toda a cruel dor que estava carregando. 

─ Você estava se encontrando com outro sem eu saber, estava mentindo sobre o seu trabalho… Ninguém me disse, eu vi! O nosso filho viu! – fungou. 

─ Wooyoung, a gente tá noivo! Posso parecer um merda, mas nunca trairia você! Está distorcendo tudo... Eu nunca me deitei com ele ou com qualquer outro!

O coração do mais alto estava acelerado, quase tanto quanto o de Wooyoung. Sabia que estava muito errado naquele cenário todo, que agiu de uma maneira egoísta e que estava negligenciando a pessoa que amava. Não somente ele, mas o próprio filho. Não era totalmente ausente, mas já não era presente como antes. De toda forma, não podia negar que estava dando todas as munições nas mãos de Wooyoung para que ele acreditasse na traição. 

O quão hipócrita estava sendo ao falar que "são noivos",  se não estava agindo de acordo? 

A verdade é  que ele só não soube reagir… Porque "aquilo" aconteceu.

Wooyoung o encarava como se tentasse cavar aquele buraco que já era profundo. Sempre foi assim, Jung era quem tentava conversar sobre o assunto quando aconteceu, mas nunca teve forças pra isso. Não era justo com o noivo… Não foi companheiro no momento que ele precisou, mas como poderia?

Vendo o estado do mais velho, Wooyoung deu a jogada final:

─ Era para ele que você oferecia a sua companhia enquanto eu sofria com a perda do nosso filho… 

"Tragédia: é uma palavra que se define informalmente como um fato que aconteceu, ou que vai acontecer, que é muito ruim e que nunca será esquecido".

 San e Wooyoung viveram a própria tragédia há algum tempo, quando Minho ainda tinha três anos. Um evento imprevisível, triste e irreparável. Com certeza algo que marcou profundamente o casal, a família e a todos os seis amigos.

O coração do mais novo acelerou, se contorceu e se estraçalhou mais uma vez Em quase dois anos, era a primeira vez que tocava naquele assunto com tanta convicção, mesmo que isso custasse a devastação dos dois de uma vez por todas. 

San, por outro lado desconhecido, conseguia ouvir o som daqueles aparelhos. Ele escutava de novo, de novo e de novo.  Parecia até mesmo ter sido gravada e implantada no seu subconsciente, deixava ali para lembrá-lo de que não estava lá. 


─────alguns anos atrás─────


Minho tinha acabado de completar três anos exatos quando o casal descobriu que Wooyoung estava novamente grávido. 

Estavam tão felizes, tão radiantes porque a família cresceria. Quase imediatamente começaram a fazer planos com o quartinho e com a forma que iriam dar a boa notícia para o filho primogênito, e aos amigos também. Claro, tinham que conciliar os estudos de Wooyoung na universidade, 

O bebê ainda estava em formação, possuía apenas dois meses. A notícia foi uma surpresa agradável. Minho passou a pedir "imanzinho" desde que começou a falar com mais precisão, algo que não demorou, então ficou extremamente empolgado.

Wooyoung desconfiou quando se sentiu extremamente enjoado no refeitório, amava aqueles mochis e de repente não podia nem mesmo olhá-los. O ápice foi vomitar por conta do cheiro do perfume habitual. Não contou para San e nem mesmo aos amigos, apenas foi direto à uma clínica e fez o exame de sangue. O resultado foi um belo positivo. 

Demorou uma semana montando algum tipo de surpresa, mas como ele era, bom, "ele", acabou fazendo algo bem direto. 

Balões coloridos enfeitavam a fachada da casa – que tinha também uma faixa pregada escrito "pronto para uma surpresa?" Acima da porta de entrada até a parte de dentro da sala havia outra faixa com um "parabéns papai, o segundo filho está a caminho". Wooyoung pendurou um pôster enorme com o ultrassom, o esperou usando apenas uma calça branca e com a barriga escrita de tinta, dizendo: "nosso filho está aqui". 

San precisou de um tempo para raciocinar aquele bombardeio de informações e, quando finalmente pensou no que aquilo tudo significava, correu até o namorado, o abraçou, beijou, chorou junto a ele e fez carinho na barriga que ainda estava pequena. 

─ Não acredito… – San agarrou Wooyoung nos braços e o rodopiou no ar, não desfazendo o sorriso gigante do rosto. ─ Vamos ter mais um bebê! 

Choi San achou que felicidade era uma palavra muito pequena para tudo que sentia. 

Contaram a Minho quando o buscaram na casa do irmão mais velho de Wooyoung. A criança não parou de abraçar o pai e de mexer com os dedinhos na barriga dele, conversando e cantando algumas musiquinhas que tinha aprendido na escola. 

Todos os dias, antes de irem trabalhar e ao colégio, San e Minho se despediam não somente do Jung como também do bebê que passou a ser chamado de Sumin.

A barriga esticou ao passar mais dois meses e assim o enxoval começou a ser montado.

O casal contou para os amigos uma semana depois da surpresa, gerando uma euforia enorme com uma típica briga pela posição de padrinhos ─ como Yeosang e Hongjoong eram os de Minho, não entraram na disputa.

─ Papai! Olha o "dedenho" que eu fiz!

O mais novo da casa rabiscou um papel com canetinhas, desenhando a própria família. Era um pouco difícil de decifrar, mas Minho mostrou cada um, inclusive o irmãozinho.

─ Eu "xô" hyung! – disse todo orgulhoso para o padrinho Hongjoong.

E com isso mais um mês passou e o Jung completou os cinco meses. Sumin já se mexia bastante e sua barriga estava com um relevo grande. 

Em um determinado dia, as coisas saíram do controle. Estavam tomando café da manhã em família, quando Wooyoung se sentiu estranho.

─ Amor, não pode ficar hoje? 

San largou a caneca na mesa e fez carinho na mão do noivo. O dedo que a aliança ficava era o seu local favorito para fazer carinho. Havia pedido-o em casamento há duas semanas.

─ Amor, preciso levar o Min para a creche e passar na Universidade para resolver alguns papéis com a secretaria. Prometo que volto o mais rápido possível, tudo bem? Dou uma ligada pro trabalho e aviso que vou faltar hoje. – apertou a mão em sinal de conforto. ─  O Hong vem aqui, ok? Assim não fica sozinho. Tô ligando agora para ele. 

Se ele soubesse que todo aquele desconforto do noivo era algo mais grave, teria ficado e teria o levado ao médico. Mesmo que tenha feito tudo o mais rápido que pôde, estava saindo da faculdade quando recebeu a notícia mais devastadora da sua vida. 

─ E-Ele… Eu estou aqui com o Woo no hospital. Ele foi para a emergência. – Yeosang dizia desesperadamente do outro lado da linha. ─ San, ele passou mal quando o Hongjoong foi levar ele no banheiro, sangrou muito e… E-Eu não sei- Eu-

Não ouviu mais nada, desligou o celular. Não ligou se estava infringindo várias regras de trânsito, só queria ver o noivo e o bebê.  

No entanto, chegar ao hospital central e dar de cara com Jongho consolando o namorado; Yunho e Mingi sentados e abraçados com cara de choro; e os Kim e os Park com semblante abatido, o fez pensar milhões de possibilidades, mas nenhuma delas o agradou. 

E nada o preparou para ouvir o que ouviu.

Seu filho havia partido antes que pudesse carregá-lo nos braços, antes mesmo que pudesse admirar o seu rostinho, de ouvi-lo chorar pela primeira vez, ou de ver o seu primeiro sorriso. 

Sumin havia deixado o corpo de Wooyoung.

Seu coração partiu, porém, ficou em pedaços ao ver seu noivo naquela maca de hospital, repleto de aparelhos por todo o corpo, entubado e com a barriga, que antes estava alta, lisa novamente. Aquela imagem foi pregada nas suas memórias junto àquele barulho constante dos "beeps" do aparelho.

A dor da perda é relativa de pessoa para pessoa, assim como a forma que lidamos com ela também é. 

E San afundou de vez.


─────de volta aos tempos atuais─────


O rosto de Wooyoung era uma tremenda desordem que refletia toda a sua bagunça interna. Suas duas palmas se chocaram contra o peitoral do mais velho e se agarraram ali com força, as unhas pintadas amassaram o tecido, amarrotando-o.

─ Yongbok? Este é o nome daquele garoto, não é? Ele ao menos é maior de idade? 

Encarava o loiro à sua frente. Ambos se olhavam intensamente, despejando ondas dolorosas de emoções que escapavam neste ato simples. 

─ Para de falar besteira! Yongbok trabalha comigo! 

─ É? Jogado contra a sua mesa e abrindo as pernas pra você?

─ Você não está me ouvindo? Eu não fiz sexo com ele! Yongbok não é meu amante e eu não tenho um!

─ Não consigo acreditar, San… – balançou a cabeça, negando. ─ Eu precisei de você! – Wooyoung bateu contra o próprio peito. ─ Eu precisei muito, caralho! – tocou a própria barriga, ato que não foi despercebido. ─ Nós dois perdemos o nosso filho! Fomos nós dois que perdemos o Sumin! Ainda assim, a gente nunca confortou um ao outro sobre isso! – disse ainda mais alto, quase se engasgando no próprio choro. ─ A gente nunca chorou um com o outro! A gente nunca tocou no nome dele! Você se desfez de tudo, da gente, dele!

San não sabia o que dizer. Ele não ficou em silêncio por escolha, ou porque estava encurralado, mas porque tudo que envolvia esse assunto e sempre que ouvia o nome do seu filho, ah, sua cabeça entrava em um estado de breu, como se virassem uma chave e simplesmente tudo se desligasse. Ele queria gritar até a garganta queimar, mas ao mesmo tempo não saberia fazer aquilo.

Às vezes somos prisioneiros da nossa própria mente, dos nossos sentimentos e do nosso sofrimento. 

Existem momentos em que a vida faz, constantemente, testes. Qual dor é mais intensa? Física? Interna? Emocional? Existencial? São tantas. E, no final, não sabemos a resposta. O fato é que essas dores podem andar de mãos dadas, tornando-as praticamente impossíveis de aguentar, porque o sofrimento pode alcançar qualquer pessoa, em qualquer lugar e por qualquer motivo. São poucos aqueles que conseguem se desprender de correntes.

─ Diz alguma coisa! – segurou o rosto magro entre as mãos e fez San olhá-lo de novo. ─ Você sofreu? Eu nem ao menos sei o que você sentiu! 

San fechou os olhos quando uma imensa avalanche aconteceu dentro dele. As mãos esfregaram o próprio rosto antes de abaixar a cabeça. Mesmo que quisesse esconder, não tinha como, não podia segurar o choro inevitável. Tanto um quanto outro estavam deixando aquele amontoado de sentimentos finalmente se libertarem.

─ Sabe o quanto me senti sozinho? – mordeu o lábio inferior e virou o rosto para o lado. ─ Sabe o quanto precisei de um abraço seu… Ou que apenas me dissesse que iria ficar tudo bem? – olhou para uma foto deles pendurada na geladeira e voltou a chorar.

San se afastou de Wooyoung, sentindo-se atordoado demais. Ficando de costas, encarou o nada.

Sabia de todos os seus erros como noivo, como companheiro e como pai. Ele estava no direito de pensar e achar o que bem quisesse, de julgá-lo da maneira que fosse, porque suas ações desde aquele momento não foram corretas. Porém, a todo instante se perguntava se uma pessoa tão perdida e caótica conseguiria acalentar alguém, se conseguiria dizer qualquer palavra de conforto sem estar bem, se conseguiria dar forças se não tinha nenhuma.

Antes que Wooyoung pudesse dizer algo, desabafou:

─ Eu ouvia você chorar no banheiro… – San olhou por algum tempo para os próprios pés. ─ Eu via você tocando a sua barriga várias vezes, parado e olhando para ela por minutos que nunca acabavam, triste e chorando. – Wooyoung foi quem desviou quando San voltou a encará-lo. ─ Por várias vezes ouvi quando disse que preferia que Sumin tivesse sobrevivido e você- 

Acabou olhando para os lados a fim de dissolver aquele tipo de sentimento que sempre bloqueava e sempre fechava as portas dos seus próprios sentimentos, afastando-o dele. 

─ Eu me culpei tanto! – começou a andar de um lado para outro. ─ Eu senti como se tivesse arrancado ele de dentro de você com as minhas próprias mãos! Porque eu não fiquei com você! Porque, por mais que eu tenha me esforçado para voltar rápido e por mais que eu tenha feito o meu melhor, não estava do seu lado! Eu falhei! 

Sem ter medo, andou até parar na frente do noivo e segurou seus ombros, tendo certo receio de que seu toque fosse rejeitado.

─ Se eu tivesse ficado, ele estaria aqui? Se eu tivesse ficado, teria percebido? Se eu tivesse ficado, teria mudado tudo? – a voz magoada demonstrava a sua frustração consigo. ─ Não conseguia mais me sentir digno de ser nada, nem seu marido e nem pai do Minho. 

Aquelas eram revelação que Wooyoung não esperava. 

 ─ Eu… Tenho medo de te tocar Wooyoung. Quando a gente transa, eu sinto desejo, eu sinto prazer, porra, eu amo o seu corpo pra caralho! Eu amo você! – as lágrimas sinceras não o deixavam mentir. ─ Mas, quando te vejo nu, mesmo que não queira, os meus olhos buscam a sua barriga, eu vejo a cicatriz e… E aí eu só quero desaparecer, te pedir perdão e- 

O mais velho se ajoelhou, segurou a mão do noivo e encarou a aliança. Mesmo que seus olhos estivessem tristes, eram estranhamente cativos. 

─ Você tem razão, eu sou um covarde. – quando seus olhos se encontraram, por um segundo, o coração dos dois parou de bater. ─ Eu fiquei em silêncio, eu me fechei e me ausentei, sim, eu fiz tudo isso e fiz porque tive medo. Medo de encarar meus erros de frente, de encarar você e assumir que eu falhei, assumir que não mereço o seu amor, ou do Minho, ou nada. Eu tive medo disso acabar te afastando de vez, de ter a sua mágoa e de que me deixasse… – lentamente ficando em pé, San demorou para continuar, mas disse. ─ No final, acabei fazendo isso, só que de um jeito diferente, não foi?

Wooyoung sabia o quanto ele era sensível e que sempre foi um cara de sorriso fácil, mas também sabia que o noivo chorava facilmente. Aquele à sua frente era o "verdadeiro Choi San". De certa maneira, também percebeu que não pôde notar que, por trás de tudo aquilo, inclusive alguns episódios, que ele estava guardando muito para si mesmo. Claro, não se culparia, até porque o próprio não falava sobre nada. 

─ Eu amo o nosso filho, eu amo ser pai dele. O Minho foi precioso desde o primeiro segundo. – Um sorriso fechado e melancólico moldou o rosto do loiro.─ Mas eu tenho medo de engravidar você mais uma vez… – falou mais baixo. ─ Tenho medo de perder mais um filho. Tenho medo de te ver sofrer de novo. Tenho medo de não conseguir ser o que a minha família precisa. 

O Jung mordeu o próprio lábio para segurar o soluço do choro. 

─ Entendo que pense isso de mim, Wooyoung – dando um pouco de espaço para ele, afastou-se um passo para trás, mas permaneceu o olhando. ─  Só que… não posso encostar em outra pessoa e  sentir alguma coisa, porque tudo isso que a gente tem é único para mim. – ficou um pouco quieto e disse ─ Errei e assumo todos os meus erros, mas infidelidade e traição não, porque não é verdade. Se tiver que me deixar hoje, faça por todo o resto, menos por isso.

Antes que deixasse esse assunto passar sem melhores explicações ─ pois as devia para o outro ─, Lee Yongbok, ou Felix, foi introduzido. O garoto era um funcionário estagiário no estúdio, além de modelo nas horas vagas, já que trabalhava em algumas publicidades ao lado do namorado, e também modelo, Hwang Hyunjin. 

O pseudônimo Felix já havia sido visto por Wooyoung em algumas das pastas que San deixava espalhadas pela mesa. Nunca ligaria esse nome diferente ao nome coreano. O australiano aparecia em muitos catálogos, mas naquele dia estava irreconhecível  com a falta de maquiagem e com o cabelo bem mais comprido.

A aproximação do Choi com o Lee veio após o primeiro episódio em que San saiu do estúdio e foi parar no bar pequeno da esquina, bebeu mais do que deveria, chorou e despejou todas suas dores para ele. Como uma pessoa "neutra", fora do seu ciclo social comum, foi mais fácil se abrir. Desde esse dia, começou a usar esse artifício como uma fuga temporária.

Por mais que acabasse usando Felix para isso, o considerava um grande amigo. Percebia que era errado despejar suas emoções nele dessa maneira, mas realmente viu em Yongbok um certo alívio.

─ Sinto muito por fazer você passar por tudo isso assim. – a voz titubeou e tremeu, enquanto os olhos permaneceram conectados como imãs. ─ Perdão. Espero que me perdoe, mesmo que não seja hoje, mas que possa, quem sabe, fazer isso.

Estava perdido na figura do seu companheiro. Ainda podia chamar assim? San sentia que podia dizer que foi tudo, menos companheiro. O deixou de lado em um momento muito delicado. É, sua condição atual era muito ruim, e isso doía. Doía, porque Wooyoung não estava errado em se sentir assim quando tudo o que deu a ele foi incertezas por quase dois anos.

Entretanto, queria lutar para reconquistá-lo, para tentar suprir essas falhas, para melhorar e fazer o certo. Redenção. Ele buscava por um meio de redimir todo aquele sofrimento, não somente dele, mas de todos. 

Iria mudar. 

Não.

Ele não iria mudar.

Choi San voltaria a sua própria essência. Ele voltaria a ser o pai carinhoso, amoroso, atencioso, presente e que Minho merecia. Voltaria também a ser o namorado, futuro marido, melhor amigo, confidente, apoio, tudo que Wooyoung merecia. Seguiria o conselho de Felix e procuraria ajuda de um especialista.

─ Eu sei que é muita coisa de uma vez só… Não quero te apressar e nem que tome uma decisão de cabeça quente. – quis segurar a sua mão, quase o fez, mas ficou no prado ─ Tem todo o direito de me querer fora da sua vida, eu reconheço, mas agora que eu percebi que deveria ter feito isso desde o começo, quero tentar deixar as coisas no lugar de novo.

San não queria mais peças soltas, nem virar a cara para o problema que se encontravam. 

Wooyoung estava ansioso e inquieto. Aquela conversa se tornou muito mais surpresa do que pensava. Não era como se não esperasse um pedido de desculpas, até das mais dramáticas, mas não se comparava ao acontecido.

─ Eu… – Wooyoung começou a tomar um pouco de distância, se afastando sutilmente. ─ Preciso de um tempo. – observando a expressão de espanto do loiro, falou ─ Vou dormir no quarto do Minho. Não consigo ouvir mais nada, nem tenho condições de dizer mais nada. – tocando a cabeça que latejava de dor, olhou a bagunça no chão das coisas que havia jogado.

─ Pode dormir no nosso quarto.

─ Eu não quero… Não consigo.

─ Entendo… – San realmente entendia, mas não gostava. 

Aquele restante de dia passou com os dois isolados, cada qual em seu canto, refletindo, pensando e digerindo tudo. Provavelmente, o clima ficaria pesado, então…


Notas Finais


AHHHHHHHHH!
Eu nem tô nervosa....

Sério, eu to super "mds, será que?"
Esse capítulo é um (dentre varios) que eu queria muito mexer e fazer diferente! Noss, ele era aquele cap que eu ficava "preciso muito que ele fique de outra maneira".

Então, sinceramente, acredito que eu tenha repaginado ele, mas sem apagar por completo tudo que ele trazia.

Até a próxima e obrigada por lerem!

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