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História Fire N Gold - Viagens e Quadros


Escrita por: CovenCult

Notas do Autor


Hey! Mais um cap para vocês :D Algumas coisinhas específicas e legais acontecem, espero que gostem de como ficou. Me desculpem por erros que passam despercebidos.
Enjoy It ♡

Capítulo 10 - Viagens e Quadros


Quando meu despertador toca, o quarto é pouco iluminado pela luz da manhã. Tenho Caleb ao meu lado e ele não acorda com a música calma do meu celular. Suas pernas estão enroladas nas minhas sob o grosso edredom. Minha cama não é tão grande, então não sei como não caímos durante a noite. Ele é tão bonito dormindo. Quieto e calmo.
Eu não quero ir para a escola, mas preciso entregar alguns trabalhos hoje. Me levanto da cama, tendo cuidado para não acordar Caleb. Vou até meu banheiro e começo a tomar banho. Pela pequena janela vejo que o tempo não está aberto. Acho que seria mais um dia chuvoso na cidade. A água quente em minhas costas parece levar embora toda a dúvida que tinha em minha cabeça, mas eu sabia que ela continuava lá. Visto uma nova roupa e volto para o quarto. Caleb está sentado sobre minha cama. Coça seus olhos com as costas de sua mão e seu cabelo está um pouco bagunçado.

- Bom dia – ele diz rouco e eu sorrio.

Ando até minha cama e sento ao seu lado, calço meus sapatos e ele apenas me observa.

- Não irei para a escola hoje, mas te levo até lá. – Ele se levanta da cama e pega suas roupas da noite anterior que havia deixado sobre a cadeira perto de meu computador. – Eu sei dos trabalhos para serem entregues, já fiz isso na semana passada.

- E o que fará hoje?

Caleb havia me contado que faltava muitas vezes na escola para não ter que conversar comigo quando não tinha certeza se gostava ou não de mim, então ver ele faltando depois de admitir isso era estranho.

- Na verdade eu só volto no sábado. Visitarei uma tia doente com meu pai em uma cidade não muito longe. Eu não preciso ir, mas gosto muito dela para ignorar isso.

- Entendo...

Ele vai até o banheiro e fico sentado em minha cama observando meus sapatos. Meu celular vibra e vejo uma mensagem de Jack, dizendo que iria diretamente para seu trabalho quando saísse da casa do amigo que passou a noite.
Começo a arrumar minha cama e quando termino vou até a janela do quarto para ver se a chuva estava forte, mas apenas uma garoa fina caía. Caleb sai do banheiro com sua roupa da noite anterior e seu cabelo preso.

- Obrigado por ficar comigo – digo observando uma mecha solta perto de sua orelha.

- Obrigado por ter me deixado ficar.

Eu não sabia o que fazer agora, mas ele tomou essa decisão. Andou até mim e me abraçou. Seu perfume continuava nele e fecho os olhos durante os segundos que passamos assim. Ele começa a se afastar e faço o mesmo.

- Venha tomar café – Digo saindo do quarto e vendo Kali dar pulinho no corredor quando me vê.

Descemos as escadas e vamos até a cozinha. Eu ofereço muitas coisas para ele, e ele recusa todas. Disse que estava sem fome. Ele me observa comer uma maçã e tem um sorriso bobo em seu rosto que me deixa envergonhado.

- Quando eu voltar, quero que faça algo comigo – ele diz.

- E o que seria isso? – Ele colocou muitas ideias em minha cabeça apenas com essa frase.

- Eu não sei ainda, mas sei que pensarei até lá.

Ótimo, ele não sabe, então só me resta esperar. Depois que como e busco minha mochila em meu quarto, digo que está na hora de ir.
Saímos de minha casa e tranco a porta depois de conferir se Kali tem comida o bastante para quando tio Jack chegue em casa ou até que eu volte da loja que oferece aulas de pintura que Dinah havia me recomendado.
Atravessamos meu jardim e recebemos um pouco da garoa fina que caía. Entramos no carro de Caleb e ele limpa o vidro totalmente molhado de chuva. Não quero falar sobre a noite anterior com ele. Na verdade, eu não sei como conversaria sobre isso. Quero apenas pensar nela enquanto uma de suas músicas toca em um volume baixo no carro.

- Aqui está seu CD – ele me entrega o disco que havia me dado de presente. – Esqueceu quando saiu bravo do meu carro.

Dou risada e ele liga o carro.

- Fico tão feliz de ter conversado com você. Isso é tão complicado para mim, sabe?

- Não, não sei – Ele me olha confuso. Eu realmente não imagino como deve ser gostar apenas de um garoto. – Mas imagino.

Ele apenas concorda com a cabeça. Conversamos sobre algumas coisas da escola e sobre como estávamos cansados dela enquanto não chegamos ao estacionamento de lá.
Caleb pega minha mão e me olha nos olhos.

- Me desculpe por não passar o resto da semana com você, gostaria muito de fazer isso.

- Tudo bem, acho que a semana passará bem rápido.

- Espero que sim...

Caleb se inclina em minha direção e segura meu queixo com sua mão. Não se importa se alguém pode nos ver no estacionamento aberto da escola. Ele me dá o mesmo beijo calmo de ontem. Não havia me dado um beijo como o do bar, mas esse foi tão bom quanto. Ele se afasta e eu agradeço a carona. Saio do carro e ele vai embora da escola. Teria que esperar até sábado para vê-lo de novo. Ando até a entrada da escola e encontro Nate lá.

- Acabei de te ver saindo do carro de Caleb 2 ou estou enganado?

- Não chame ele de Caleb 2! E sim, ele me deu carona.

- E por que ele faria isso?

Eu não sei porque, mas não queria contar o que aconteceu para Nate. Ele era meu amigo, mas... agora não me sentia confortável o bastante para falar sobre Caleb com ele. Como antes, acho que Nate não gostará nada de saber sobre minha dúvida entre Adam e Caleb, então acho melhor guardar isso para mim por um tempo.

- Porque eu não tenho uma bicicleta!

Nós caminhamos até nossa sala conversando sobre a semana de provar de outubro, faltavam algumas semanas, mas a preocupação vinha antes.
Era estranho não ter Caleb sentado em minha frente agora que eu sabia que ele gostava de mim. Era como saber que você tem muito dinheiro e não pode usar, ou algo assim...
Passar o resto do dia sem ele foi o que eu esperava: como se um pedacinho de meu coração estivesse faltando. Na hora da saída, encontro Dinah e ela pergunta se realmente iremos para aula de pintura mais tarde, e eu pergunto se ela pode passar na porta da livraria às 17:30 para que fossemos juntos. Ela concorda e nos despedimos sorrindo. Ela tinha uma energia tão boa.
Nate me leva até o trabalho após a escola. Olho para a janela circular do escritório de Adam que fica em cima e o vejo me observar. Sempre chego minutos mais cedo aqui e tenho certeza de que ele irá querer conversar comigo. A loja não está tão cheia alguns dos meus colegas funcionários conversam entre as estantes. Vou até o segundo andar e deixo minha mochila na sala dos funcionários, então ando até a porta no fim do cômodo, subo a pequena escada caracol e bato na porta do escritório de Adam. Escuto passos e então ele abre um pouco da porta para mim. Com o mesmo visual de sempre, camisa social (branca) e uma gravata simples preta assim como sua calça, ele me olha desanimado, parece um pouco triste.

- O que houve? – Pergunto levando a mão até seu rosto, mas ele a segura e balança a cabeça negativamente.

- Não podemos conversar agora, Caleb – Trago minha mão novamente ao lado do meu corpo. Ele realmente parecia triste. – James e minha irmã estão aqui... meu pai faleceu.

Ele olha para baixo quando diz isso. Sua voz era apenas um sussurro baixo e eu escutava uma pequena discussão vindo das vozes de Janine e James em sua sala. Eu queria abraça-lo, mas não faria isso aqui.

- Sinto muito, Adam... – Ele dá um sorriso triste e concorda com a cabeça. – Há algo que eu possa fazer?

- Volte mais tarde. Agora preciso resolver algumas coisas do funeral e também sobre a empresa.

- Certo... – Passo os dedos sobre a esfera de meu colar e continuo com a vontade de abraça-lo. Me afasto da porta e desço a escada novamente enquanto escuto ela se fechar.

O pai de Adam havia falecido. Eu não sabia o que fazer quando isso acontecia. Nunca tive que lidar com esse tipo de coisa. Meu pai faleceu quando eu tinha dois anos, então realmente não sei como agir com isso. Estou triste, claro, mas isso é o máximo que posso sentir por ele no momento.
Vou até a sala dos funcionários e encontro Steve lá dentro.

- Cara, você não vai acreditar em quem está trabalhando na cafeteria da frente! – Ele passa a mão por seu pouco cabelo e seus enormes olhos azuis parecem maiores.

- Ah... quem?

- Megan! A garota desastrada que fez o treinamento conosco – Ele percebe minha cara de espanto e concorda sorrindo. – Pois é, quem contrataria ela?

- Eu não faço a mínima ideia.

Me lembro de ter falado para Caleb sobre a cafeteria estar contratando. Espero que ainda estejam e ele consiga uma vaga lá.
As horas passam muito rápido enquanto trabalho. Adam não havia aparecido e apenas James havia saído do escritório para comprar café, sei disso por que o vi saindo da livraria e voltando com três que imaginei serem para ele, Caleb e Janine. Faltava meia hora para que eu fosse embora quando vejo James e Janine no segundo andar. Ela era tão bonita quando na foto que vi no escritório de Adam. Era alta como ele, mas por causa dos saltos pretos, e usava um vestido azul escuro muito elegante que iam até seus joelhos e combinava com seu corte chanel loiro. Seus olhos eram tão verdes quanto os de Adam.
James sorri para mim enquanto ela mantém um olhar sério e parece me avaliar.

- Olhe só quem está aqui – Ele estende sua mão para me cumprimentar. – O garoto carona.

Ótimo, ele parecia ter me apelidado desse jeito.

- Esta é Janine, irmã de Adam.

- Ele já me falou sobre você – digo olhando para ela e estendendo minha mão. – Muito prazer, eu sou...

- Eu sei quem você é – Ela não aperta minha mão, apenas olha para a tela de seu celular e segura o braço de James. – Vamos, não quero me atrasar para o voo.

James dá um pequeno sorriso para mim e vai embora com Janine ao seu lado. ACHO que ela não gostou muito de mim. Mas ela nem mesmo me conhece...
Subo em uma pequena escada que serve para que consigamos colocar livros nas partes altas das estantes e sinto meu celular vibrando em meu bolso. Adam me mandava ir até sua sala. Se Adam não tivesse ficado quase pelado perto de mim ou eu não tivesse dormido no sofá de sua sala, acharia que estava encrencado, mas sei que algo sério aconteceu e ele quer apenas conversar.
Subo a escada caracol respiro fundo antes de entrar na sala, não quero ver Adam triste, mas sei que precisarei consolá-lo.
Quando entro no cômodo, ele está sentado no mesmo lugar do sofá em que nos beijamos e tem o notebook em seu colo. Ando até ele e me sento ao seu lado.

- Sinto muito pelo o que aconteceu – digo segurando sua mão enquanto ele me olha.

- Obrigado, Caleb.

Olhar para ele me faz lembrar da noite que passei com Caleb. Eu me sentia estranho em ter feito aquilo na noite anterior e agora estar aqui, mas antes eu também tinha beijado Adam nesse sofá... Meus pensamentos devem ter mudado minha expressão, pois Adam pergunta o que há de errado.

- Nada... meu pai também faleceu. Eu tinha apenas dois anos e ele era piloto de avião. Trágico acidente.

Ele aperta minha mão e depois passa a sua por minha bochecha, com um olhar tão sincero que me fazia querer suspirar.

- Sabe... eu não era nada apegado ao meu pai. Não digo que não estou triste, mas não estou tanto quando deveria. Ele foi meio ausente durante boa parte da minha vida. Se preocupava mais com seus outros filhos e a empresa. Ele estava muito doente, seu tio sabe os tipos de remédios que eu comprava para ele... – Realmente, depois que admite isso, percebo que não está tão triste como achei que estivesse. – Minha mãe é quem me amava de verdade e estava cansada de meu pai assim como eu. Na verdade, eu a ajudei a esconder seu caso o máximo que pude quando era adolescente. Claro que meu pai acabou descobrindo – Um sorriso aparece em seu rosto, ele parecia gostar dessa lembrança. – Minha mãe foi embora do país e está casada até hoje com seu caso – Nós rimos disso. Não consigo imaginar um filho ajudando sua mãe a ter um caso.

- E seu pai não descobriu sobre sua ajuda?

- Ah, descobriu. Ele deixou de gostar ainda mais de mim. Ele sempre havia achado que eu não era filho dele, mas minha mãe nunca havia traído ele. Bom, não até realmente trair. Mas eu me acostumei a essa exclusão. Há alguns anos ele quer que eu assuma a empresa, mas não acho que seja o melhor para mim.

Adam realmente gostava dessa história. Seu sorriso era enorme e seus olhos brilhavam enquanto ele observava nossas mãos juntas.

- Agora algumas questões familiares e sobre a empresa precisam ser resolvidas nos próximos dias e irei viajar. – Ele me olha quando diz isso. – Irei embora daqui a pouco para a cidade vizinha para o aeroporto e de lá viajarei.

- Eu ouvi sua irmã falando sobre o voo com James. Acho que ela não gostou muito de mim...

- Me desculpe se pareceu isso, ela só é meio... ela.

- E quando você volta?

- Na tarde de sexta-feira. Tenho um compromisso de noite – Ele sorri para mim. Se referia ao nosso jantar/encontro. – Não posso perder isso, é muito importante.

Ele desliga seu notebook e anda até o fim do cômodo, ficando perto de sua mesa de vidro enquanto o observo anotar algo em uma folha de papel.

- Grace irá comigo e não posso me esquecer de algumas coisas para ela – Antes de fechar a janela de seu escritório ele vê que começa a chover. – Pegue suas coisas, te deixarei em casa.

- Não...

- Você sabe que não adianta negar. Não deixarei que vá para casa nessa chuva.

- Eu não irei para casa! – Ele está em minha frente ele levanta as sobrancelhas quando falo isso. – Sairei com uma colega da escola.

- Ah... nesse caso não posso fazer nada.

- Obrigado mesmo assim – Ele se aproxima mais e coloca seus braços ao meu redor. – E boa sorte com a viagem, tudo dará certo.

- Espero que sim.

Beijo Adam rapidamente, surpreendendo-o e me viro para ir embora, mas ele segura meu pulso e me puxa para perto de si novamente, me abraçando com força e aquecendo meu corpo com o seu. Quando nos soltamos, ele me dá um pequeno sorriso e eu faço o mesmo antes de sair de sua sala.
Vou até o segundo andar e observo o primeiro com meus cotovelos apoiados em uma grade. Poucas pessoas ainda estão lá, mas minha hora de ir ainda não havia chegado. Converso com Steve que também queria ir embora.
Minutos depois encontro Dinah em frente a livraria com um guarda-chuva roxo. Eu adorava o jeito como ela se vestia. Hoje ela usava botas amarelo mostarda, uma calça vermelha e um suéter florido. Seu cabelo estava com as duas enormes tranças jogadas para a frente e seus óculos continuavam deixando seus olhos enormes.

- Vamos? – Ela pergunta com sua voz fina.

- Claro – Ela passa a mão por meu braço e começamos a andar sobre a calçada.

O carro de Adam ainda estava lá, mas sei que logo ele iria embora para sua viagem. Caleb e Adam viajariam. Acho que isso seria bom para minha cabeça. Um pequeno descanso de tantos pensamentos que a invadiam nos últimos dias.
Dinah não para de falar ao meu lado. Até mesmo ela está preocupada com as provas que chegariam em duas semanas. O lado bom é que um jogo de futebol chegaria após as provas e toda a escola se animava com isso. Eu não gostava dos jogos e nunca iam em nenhum, mas estava ansioso para esse.

Mesmo sob o enorme guarda-chuva roxo de Dinah, acabamos ficando um pouco molhados por causa do vento que vinha com a chuva. Quando chegamos até a loja que ela havia falado, percebo que a barra da minha calça está toda molhada. Seco meu pé um tapete perto da porta e admiro o lugar. É amplo e existem muitas plantas pelas paredes. Passamos por algumas prateleiras até chegar à um pequeno balcão.

- Boa noite, sejam bem-vindos – diz um homem com longo cabelo e barba.

- Boa noite, estamos aqui para a aula de pintura com Jodie Clark – Dinah diz.

Eu conheço Jodie Clark, ela é mãe de um dos garotos gays da escola, Ian Clark. Não existem muitos garotos gays assumidos na escola, mas os que se conhecem costumam conversar.
Eu não sabia que essa loja era de Jodie, mas já havia ido em uma festa que Ian deu em sua casa e pude ver alguns de seus quadros por lá, ela é realmente muito talentosa. O homem diz que poderíamos ir até o fim do cômodo e uma porta nos levaria para a sala onde ocorriam as aulas.
Quando chegamos lá, nos deparamos com um lugar claro nada cheio. Cerca de oito pessoas ficavam espalhadas pelo espaço e atrás de telas. Jodie usava uma enorme saia estampada, pulseiras barulhentas e um lenço em seu cabelo rebelde. Ela parecia uma cigana. Falava com todos enquanto uma música clássica e agradável tocava ao fundo e ela dançava em círculos. Quando nos vê, sorri e anda em nossa direção.

- Boa noite! Estão aqui para participar?

- Sim – digo. – Meu nome é Caleb e essa é Dinah.

Jodie nos cumprimenta e logo nos leva par um canto da sala, nos colocando defronte a duas telas em branco que estavam juntas.

- Primeiro eu quero que me mostrem o que sabem. Pintem o que veem, os outros alunos, o seu colega ao lado, ou então sua versão de um de meus quadros que estão pela sala – Ela dá um pequeno giro com os braços abertos, nos mostrando as telas pintadas por ela que se espalhavam pelas paredes e até mesmo pelo teto. A maioria era de flores. – Ou então algo abstrato, que expresse seus sentimentos no momento. Façam o que quiserem, apenas pintem.

A energia que Jodie nos passava era maravilhosa. Logo ela volta para o centro da sala e começa a falar sobre como não devíamos focar no resultado, mas sim no caminho que percorríamos. Dinah e eu andamos pelo lugar, até encontrar uma mesa com vários tipos de pincéis e objetos variados que poderiam ser usados para pintura. Vemos algumas pessoas da escola por lá e elas sorriem para nós. Pegamos algumas tintas e pincéis para que pudéssemos mostrar o que sabíamos para Jodie e voltamos a ficar diante de nossas telas.
Dinah não demora para expressar seu trabalho com tons de verde escuro e marrom. Parecia pintar uma floresta ou algo do tipo. Sujava até mesmo seus dedos e sua roupa não fugiu disso, ela era muito rápida.
Passo alguns minutos escutando a música clássica no lugar enquanto ouvia Jodie falando que algumas técnicas poderiam ser ensinadas se quiséssemos aprender. Ela não parecia ligar se a ouviam ou não, apenas falava sobre sua vida e sobre a arte de um jeito apaixonante. Observo a tela em minha frente e então as cores em suas pequenas latas no chão ao meu lado. Pego um pincel fino e começo a me desenhar com tinta preta. Faço isso rapidamente, deixando traços escaparem, mas colocando detalhes como meus óculos, meu colar sobre minha camiseta e os bolsos de minha calça. Quando me tenho no meio da tela, fico observando aquilo por um tempo. Com certeza não era algo profundo, mas o que eu poderia fazer para mudar...? Ela havia falado sobre sentimentos, mas os meus estão tão confusos. Bom, na verdade, os sentimentos não estão confusos, eu estou. Os sentimentos são verdadeiros, bagunçados, mas são divididos, apenas. Se eu for colocar um pouco de Caleb e Adam na tela, ela ficará de um jeito que não gostarei.
Olho para o lado e vejo Dinah acrescentando pontos dourados brilhantes em sua pintura.

- Essa cor é muito bonita.

- Não é mesmo? – Dinah move a pequena lata em mina direção. – Use, já usei o bastante.

Pego a lata em minha mão e observo o liquido brilhante dentro dela. Eu preciso usa-la. Mas não somente isso.
Vejo outras cores ao meu lado e então resolvo fazer algo. Primeiro mergulho dois dedos na lata de tinta dourada e espalho a tinta pelo lado direito do meu eu que está na tela. Faço movimentos que deixam a tinta parecendo chamas que começam nos pés e se espalham ao seu lado. Do lado esquerdo do pequeno Caleb, uso três cores: vermelho, laranja e amarelo, desenhando verdadeiras chamas com os mesmos movimentos que usei com a tinta dourada. De um lado eu tinha o dourado brilhante como ouro e do outro tinha fogo que se levantava com suas três cores até o alto de minha cabeça para se encontrarem.

- Isso é muito legal! – Dinah diz.

- Realmente! – Jodie aparece ao meu lado com um sorriso em seu rosto. – Parece contar uma história, adorei.

- Obrigado, eu tentei mostrar sentimentos como disse. Estou cheio deles no momento.

- Todos somos cheios deles, querido. Isso é ótimo para a arte. – Ela sorri e coloca a mão sobre meu ombro.

Jodie diz que ficaria com nossos quadros e diz que foi ótimo nos ter essa noite. A próxima aula seria apenas na quarta feira e continuaria sendo gratuita. Jodie disse que não cobraria para compartilhar seu talento com os outros.
Ás 19:30 nós saímos da loja. Não chovia mais e somente algumas poças se espalhavam pelas ruas. Minha calça havia secado um pouco e eu esperava não pegar nenhuma chuva enquanto fosse para a casa. Dinah se separa de mim no meio de caminho porque morava em outro lugar. As ruas estavam movimentadas como sempre e isso me anima para chegar em casa.
Quando chego cumprimento tio Jack e conto tudo sobre o meu dia. Eu queria tanto contar para ele sobre as coisas que aconteciam também com meu coração, mas acho que não agora. Nós passamos um pouco da noite juntos e depois vou descansar em meu quarto. Eu realmente havia colocado meus sentimentos na pintura. Sei que aquilo ao meu redor no quadro eram Adam e Caleb e sei que os dois me envolviam do mesmo jeito que os pintei. Eu só não sei o que fazer com isso.

 

 

Na manhã de sexta-feira acordo com tio Jack me chamando e balançando meus ombros. Eu odiava ser acordado antes que meu despertador fizesse seu trabalho, parecia que uma parte de meu sono havia sido roubada. Jack tinha um sorriso em seu rosto enquanto me chamava.

- O que houve? – Pergunto resmungando.

- Tem um presente para você lá embaixo!

Ele puxa meu braço, me fazendo sentar na cama enquanto nem abri meus olhos direito. Do que ele estava falando?

- É sério, você vai adorar!

Me levanto bocejando e nem ao menos coloco meus chinelos. Saio do quarto com tio Jack em minha frente e desço as escadas. Quando chegamos na sala, vejo o tal presente. Uma bicicleta preta estava perto da porta com um enorme laço vermelho em sua frente e um cartão sobre seu assento.

- Você que me deu isso? – Pergunto me animando.

- Claro que não. Abra logo o cartão.

Tio Jack adorava presentes, mesmo que não fossem para ele. O simples fato de alguém ficar feliz por receber algo também o deixava feliz. Pego o cartão colado sobre o assento e leio “Para Caleb”. Ao tirar o pequeno lacre de sua capa leio a seguinte mensagem.

“Não que eu não goste de lhe dar carona, na verdade, eu adoro fazer isso, mas acho que nem sempre estarei por perto, então espero que goste do presente.
Te vejo mais tarde para nosso jantar/encontro (ele será o que você escolher). Passo em sua casa às 20:00.
Adam”

Ainda bem que tio Jack não abriu o cartão ou teria descoberto sobre o meu pequeno “caso”. Sorrio para ele e dou um pequeno pulo.

- E então, de quem é? – Pergunta e toma um gole de café.

Sobre isso eu não mentiria. De onde eu arrumaria uma desculpa para ganhar uma bicicleta nova? Jack não acredita em sorteios, então essa desculpa nem ao menos passou por minha cabeça.

- De Adam, meu chefe.

Ele faz uma cara confusa, olha para a bicicleta e depois para mim.

- Por que ele faria isso? Não é seu aniversário.

- Eu não sei... vai ver é presente de natal.

- Mas estamos em setembro – Tio Jack sorri novamente e então balança os ombros. – Bom, agradeça seu generoso chefe. Venha tomar café.

Ainda bem que tio Jack desiste rápido de algumas coisas, para ele a bicicleta foi apenas um presente de meu chefe, como se isso não significasse nada.
Adam havia me dado um ótimo presente. Ele era tão atencioso. Agora não precisaria andar quase caindo da bicicleta de Nate no caminho para a escola.
Enquanto tomo café com Jack, me lembro de como essa semana passou rápida. Durante as noites eu me lembrava de Adam e Caleb, o que me fazia dormir mais tarde enquanto flashes de seus beijos e momentos agradáveis vinham em minha cabeça. Depois de trabalhar no dia anterior, eu havia voltado com Dinah para a loja de Jodie, onde tivemos que pintar nossa versão da alegria. A minha acabou sendo muito brilhante com tons de azul claro e amarelo. Jodie disse que o processo era algo demorado, mas que estávamos definitivamente no caminho certo. Ela havia devolvido nossos quadros do primeiro dia e os levamos para casa. O meu descansava perto da escada, onde o Caleb na pintura continuava sendo engolido pelo fogo e pelo dourado ouro. Jack havia adorado a pintura e me incentivado a continuar com isso.
Além do trabalho e da pintura, eu estudei para as provas que chegam e me lembrei de que Caleb deveria estar fazendo isso enquanto viajava para visitar sua tia doente. Não queria que ele fosse mal de jeito nenhum e mandava mensagens perguntando se ele estava fazendo isso, mas elas nem mesmo eram visualizadas. Eu tinha recebido uma ligação de Adam no dia em que ele viajou, mas estava péssima e não consegui ouvir sua voz direito. Estava sendo difícil ficar sem os dois. Eu tinha apenas tio Jack, Kali (que na verdade só queria carinho), Nate (que parecia ter se afastado nos últimos dias) e Steve que vivia falando comigo sobre sua banda no trabalho e de como estavam ansiosos para seu próximo show, para o qual fui convidado. Caleb voltaria amanhã, no sábado, mas Adam voltaria na tarde de hoje e isso me animava.
Eu não sabia onde Adam me levaria para jantar, mas conhecendo seu tipo, e com isso eu quero dizer: financeiramente bem, acho que seria em algum lugar... bem frequentado. Penso no tipo de roupa que eu usaria para o jantar enquanto tomo café da manhã e não reparo na hora. Me troco rapidamente logo estou na rua com a nova bicicleta. Foi um ótimo presente.

A escola e o trabalho foram diferentes hoje. Na escola eu conversei muito com Dinah sobre técnicas de pintura que gostaríamos de aprender e sobre um garoto da escola que ela gostava. Infelizmente ela gostava de Joe Baker, o garoto que soltava piadinhas quando passava por mim. Dinah disse que conhecia ele da igreja e disse que ele era um garoto totalmente diferente do que mostrava na escola. Ela achava que ele fazia essas coisas apenas para impressionar seus amigos. Ela poderia estar certa, ele tinha muitos amigos no time de futebol, e mesmo que o goleiro (Kyle Rogers, namorado do filho de Jodie) fosse gay, alguns do time eram idiotas o bastante para continuarem com seu preconceito idiota e isso talvez afetasse Joe Baker. Ela me perguntava dicas de como conseguir sua atenção e eu apenas dizia que não sabia. Minha vida amorosa estava complicada o bastante para que eu ajudasse a de alguém.
No trabalho o dia foi pouco movimentado. Fiquei sabendo que logo um autor um pouco famoso lançaria seu livro em nossa loja e uma noite de autógrafos se aproximava. Peter é quem sabia dessas coisas e nos avisava. Ele substituía Adam dentro da loja e tentava ser mais mandão do que o normal, mas nunca conseguia porque nunca o levávamos a sério. Como o movimento foi pouco, acabei ficando no fundo do segundo andar, lendo sobre pintura em um livro novo que acabara de chegar à loja.
Na hora de ir embora, me despeço de todos com um grande sorriso. Estava tão ansioso para meu encontro com Adam e precisava chegar em casa para decidir a roupa que eu usaria.
A bicicleta havia me ajudado a chegar mais cedo e agradeci novamente pelo presente. Adam havia me mandado uma mensagem dizendo que havia chegado na cidade e que estava ansioso para o jantar.
Eu havia dito para Jack que passaria a noite com Dinah, testando cores de tinta em sua casa e ele havia dito que tudo bem. Passei uma hora procurando minha roupa e mais meia dando um jeito em meu cabelo, que acabei decidindo deixar como sempre. Em certo momento eu pensei em ligar para Adam e perguntar para onde ele me levaria, mas achei que talvez ele pensasse que eu estaria interessado mais no lugar do que no encontro. Enquanto olhava para o teto de meu quarto e acariciava a cabeça de Kali, decidi que usaria algo não tão formal (até porque eu não tinha) e não tão despojado. A solução que encontrei foi um suéter vinho e minha calça preta recém lavada para tirar a tinta dourada derramada sobre ela que usei em meu quadro na terça feira. Meu tênis estava muito sujo e velho, o que me lembrava que eu precisava comprar um novo, então acabei pegando um par de sapatos marrom escuro de Jack que ele quase nunca usava e era um dos poucos que eu achava bonito. Gostei do resultado quando me olhei no espelho. Gostei tanto que ao examinar detalhes não reparei na hora. Adam havia me mandado uma mensagem dizendo que estava em frente à minha casa. Meu coração acelera e só penso em vê-lo novamente. Respondo dizendo que estou indo e desço as escadas para o primeiro andar, mas estão me lembro que não estou usando perfume e volto para o meu quarto. Não uso muito perfume, não quero nada forte e que o incomode. Desço novamente para o primeiro andar e quando estou pronto para abrir a porta, Kali mia atrás de mim, me lembrando de que preciso alimentá-la. Eu precisava me acalmar.
Depois de ter absoluta certeza que não esqueci nada, respiro fundo e abro a porta de casa.
Adam está lá. Parado com suas mãos no bolso da calça e me olhando com um grande sorriso em seu rosto. Seus olhos verdes parecem se conectar com os meus e me controlo para não acabar boquiaberto. É, eu teria um encontro com Adam. Adam que é meu chefe, pai e 14 anos mais velho do que eu. Mesmo com isso tudo continuava sendo Adam, o outro cara que parecia esmagar meu coração apenas com um sorriso.

- Sentiu minha falta? – Ele pergunta.

Apenas sorrio. É claro que senti sua falta e ele sabe muito bem disso, mas como sempre, fazia algum tipo de jogo e queria que eu jogasse. Mas é claro que eu acabaria jogando, afinal de contas, hoje seria nosso encontro.


Notas Finais


E então? Aconteceu algo um pouco triste para Adam que será mais abordado no próximo cap, assim como várias outras coisas. Caleb2 foi super fofo e Adam também foi, tanto que deu um presente. O nome da história ficou um pouco explícito no quadro de Caleb, não sei se repararam (Fire N Gold) uashuahsuh
Referências à minha outra história também foram feitas, não pude resistir.
O próximo Cap, como eu disse, traz outras coisinhas e explicações e talvez algo "!!!". Pretendo postar mais um capítulo antes do natal, mas não prometo nada.
Espero que tenham gostado, mesmo. Me digam o que acharam ou qualquer outra coisa que acham da história ♡ Até o próximo cap.
XOXO


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