Os dias passaram rapidamente para a felicidade de todos e em um piscar de olhos dezembro deu as caras.
Mia não poderia estar mais feliz por mais um ano concluído na escola e por sua apresentação de fim de ano no qual ensaiou com Hoseok e os demais colegas estar chegando. Estava animada para mostrar a coreografia que aprendera para seu pai e sua família que tagarelava sem parar sobre o dia em que finalmente dançaria para todos.
Jeongguk também estava animado para contemplar a apresentação de sua filha afinal, era impossível não se contagiar com a alegria da garotinha. Também estava animado para a festa de Natal tradicional na casa de seu irmão. Não era muito fã de datas comemorativas pois sentia falta de seus pais biológicos mas, amava Seokjin e sua família como se fossem seus próprios pais ali, então sempre se esforçava o máximo para estar perto deles e não tinha um dia sequer que o moreno não agradecesse por ter sido acolhido por pessoas tão especiais. E amava as festas por isso, por poder estar com seus familiares do coração.
O ano havia sido complicado para si, seu relacionamento com Taehyung estava cada vez mais quebrado, distante e frio -já que ambos mal se falavam- e isso o deixava completamente despedaçado por dentro. Tinha plena ciência de que o bombeiro estava passando por maus momentos sendo explorado significativamente em seu trabalho mas sabia também que isso logo acabaria e então poderia colocar um fim definitivo nisso.Seja em seu relacionamento ou no sofrimento.
A verdade é que Jeongguk rezava para que o bombeiro voltasse logo já que estava mais amadurecido nos quesitos necessários. Amava Taehyung assim como Taehyung o amava e estarem longe um do outro era como matar vários leões por dia.
A distância machucava e o fato do relacionamento estar incerto machucava mais ainda. Amar é complicado e doloroso na maior parte do tempo.
Infelizmente.
Hoseok quase não tinha mais notícias do irmão e isso o preocupava muito. Quando eram feitas chamadas de vídeo, Taehyung aparentava uma magreza deveras assustadora, além de olheiras terríveis. Era nítido que o bombeiro não estava bem e o pior disso tudo era Hoseok não poder ir vê-lo devida a toda loucura de seu trabalho. Por mais que o Kim dissesse que só estava cansado, o ruivo sabia que tinha algo a mais por trás disso.
Yoongi por sua vez preocupava-se cada vez mais com tudo e todos. Hoseok demonstrava preocupações diárias com o irmão assim como Jeongguk e havia o fato de que Seokjin poderia não estar agradável fisicamente quando fossem vê-lo no natal. Namjoon havia ligado para o esverdeado e contado que a fragilidade do marido estava mais evidente agora com a quimioterapia frequente e que Seokjin já havia perdido grande parte de seus cabelos. Yoongi sabia que Jeongguk ficaria desolado quando o visse e temia que seu mundo desmoronasse de vez. Pelo menos, logo ele, Jeon e Mia estariam ali pertinho para ajudá-los no que fosse necessário e isso era de certa forma reconfortante.
Taehyung estava cada vez mais exausto da sua vida em Nova York. Entrava cedo na central e saia tarde praticamente todos os dias. Não trabalhava aos finais de semana mas de repente passou a trabalhar também aos sábados. Tentou questionar com seu supervisor sobre as mudanças mas tudo o que obteve como resposta foi “considere-se sortudo por não ter sido expulso”. Era frustrante fazer um trabalho chato e exaustivo e mais frustrante ainda era não conseguir ao menos tempo para conversar com as pessoas que amava. O máximo que conseguia era mandar -de vez em quando- alguma mensagem para Hoseok ou Jeongguk dizendo que estava bem e que sentia saudades. Seu único dia livre era o domingo no qual o bombeiro dormia praticamente o dia inteiro e as vezes por insistencia de Hoseok fazia video conferência. O que lhe confortava era que em poucos dias finalmente estaria livre da punição e de volta para a sua verdadeira vida.
Jennie tinha não somente um dedo mas a mão inteira sobre as mudanças trabalhistas de Taehyung. De tanto encher a paciência de seu pai conseguiu convencê-lo a “puni-lo” mais severamente. Segundo ela, o funcionário precisava aprender que não deveria infringir mais as regras e quanto mais duro fosse, melhor seria. O senhor Kim com concordou obviamente cedendo aos seus pedidos deixando-a em êxtase para seguir com seus planos.
Suho achava tudo um tremendo absurdo e cada vez mais sentia nojo dela. Ambos vivem praticamente juntos e era triste pra si ver o quanto a mulher era doentia e obcecada por tudo o que almejava. Claro que tinha uma enorme parcela em tudo isso, pois sempre cedeu aos pedidos dela. Mas nunca havia se dado conta de que chegaria em um momento em que machucaria pessoas e as destruiriam. Ter machucado Taehyung e destruído seu relacionamento com Jeongguk era algo que o atormentava diariamente. A culpa corroía cada osso de seu corpo e sua única saída era contar toda a verdade. Mas como?
Como contar para os pais de Jennie suas atrocidades?
Como contar para Taehyung que ele fora usado?
Como explicar que não tinha a intenção de ferir alguém?
Suho tinha todas as perguntas e respostas do mundo mas lhe faltava o principal para agir.
Coragem.
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- Eu nem acredito que em poucos dias estaremos em Daegu. Caramba já estamos no dia 15! – Yoongi comentou embalando algumas caixas.
- Nem eu. – Jeongguk ditou simples enquanto desmontava a estante.
- O que foi Gguk?- o esverdeado perguntou notando a expressão do amigo.
- Nada. – Yoongi continuou o olhando. – É que, Aish! Vou sentir saudade daqui e de morarmos juntos. – confessou.
Min riu e foi até o moreno puxando-o para um abraço desajeitado. – Ah droga, não chora. – afagou-lhe as costas. – Eu também sentirei saudades daqui e sabe que podemos morar juntos ainda se quiser. Não é porque o banco nos deu duas casas que não podemos dividir o mesmo teto.
- Não hyung. – Jeongguk secou os olhos com o dorso das mãos. – Você precisa ter sua privacidade e estaremos um do lado do outro praticamente. Eu só me acostumei a não ser mais sozinho. Quer dizer tem a Mia e.
- Eu entendi Ggukie. – Yoongi o interrompeu. – Não importa o que aconteça você nunca estará sozinho. Eu sei que você está com medo, logo o Taehyung estará de volta e isso está te deixando fragilizado.
- Eu odeio me sentir assim. Mas não vou mentir, eu estou com medo.
- Eu sei que está mas acredite em mim, tudo dará certo entre você e ele. Você amadureceu tanto que nem parece o Jeongguk de meses atrás e eu sei que ele ficará feliz com isso. – o moreno riu fungando.
- Obrigado hyung. Sem você aqui eu não sei o que teria sido de mim. Você me ajudou em tudo, fez do seu lar o meu e da Mia e eu nunca conseguirei agradecer por tudo o que você e os hyungs já fizeram e fazem por mim. – ditou sincero deixando o esverdeado deveras emocionado. – Desculpa te fazer chorar. – Yoongi nada disse, apenas puxou o amigo para mais um abraço, dessa vez bem apertado.
•●•
Taehyung tentava engolir a comida que a cada dia parecia mais indigesta. Qualquer um poderia dizer que o rapaz estava praticamente definhando. Só queria ir embora dali o mais rápido possível e retomar sua vida antiga de volta. A pulso mastigava um pedaço de carne qualquer tentando engolir o bolo na garganta até que Suho sentou-se a sua frente. O Kim sentiu vontade de vomitar só por olhar para a cara do ex amigo e antes que pudesse se levantar da mesa teve o pulso segurado com determinada força pelo rapaz.
– Tae por favor, não fuja mais. – pediu. – Só me ouça, é o que eu te peço. – seus olhos brilhantes se encontraram com os apáticos do bombeiro. Taehyung não poderia mais fugir, precisava engolir tudo inclusive o seu orgulho e ouvir o que precisava ser dito. Com um aceno de cabeça positivo de sua parte Suho sorriu aliviado e soltou-lhe. – Vamos em outro lugar, aqui não dá para conversarmos. – ambos levantaram-se em silêncio deixando o refeitório da central.
•●•
- Filha eu não estou entendendo o porquê você quer tanto a transferência do Kim. Vocês brigaram? Porque não tem sentido isso. Não me diga que ele não quis nada com você e por vingança você quer mantê-lo aqui.- o mais velho questionou.
- Não papai, eu estava interessada sim mas não deu certo. – mentiu. – É que ele trabalha tão bem aqui que eu pensei que promove-lo seria bom.
- Eu não posso fazer isso minha filha. E ele pode recusar também e o supervisor de Seoul já me ligou pedindo para que ele retorne antes mesmo do período terminar. A equipe está desfalcada, precisam dele.
- Mas. – Jennie indagou.
- Mas nada. Ele é um bombeiro ativo e não administrativo. A punição dele terminará no final da semana.
- Papai!
- Arrume outra paquera minha filha, está bem claro que ele não quer ficar aqui. Agora eu preciso ir. – o homem selou-lhe a testa deixando a irritada para trás.
- Droga! – ralhou assim que a figura de seu pai saiu porta afora. – Terei que adiantar o meu plano.
•●•
- Park Jimin. – o loiro foi chamado, finalmente faria sua apresentação final concluindo o seu curso de dança. – Pode começar, boa sorte.
O Park respirou fundo se posicionando no centro do estúdio. Ao seu redor estavam seus professores e avaliadores junto de Rick que o olhava com atenção e carinho. Mesmo depois de tudo, o rapaz não havia deixado Jimin de lado. A música deu início e o loiro iniciou seus movimentos perfeitamente harmoniosos. Park realmente tinha o dom da dança e era nítida a sua entrega e paixão em cada milímetro em que seu corpo se movia. Os professores e avaliadores o olhavam com atenção e anseio já que o rapaz estava se saindo extremamente bem.
[...]
Assim que música cessou Jimin finalizou a sua coreografia sendo aclamado por todos da sala. Suspirou aliviado quando um dos avaliadores chamou por si com um sorriso no rosto. Havia passado e ganhado uma oportunidade de entrar para a melhor academia de dança do país. Teria tempo para decidir se aceitaria ou não e embora já tivesse decidido que voltaria para a Coréia, pensaria na possibilidade, talvez.
Curvou-se perante a todos e agradeceu diversas vezes feliz. Todo o seu esforço havia válido a pena, agora era graduado em dança.
Assim que deixou o estúdio foi abraçado por Rick que o elevou ao ar girando-o. Ambos se olharam por alguns segundos e quando o rapaz fez menção de beija-lo, Park recusou empurrando-o delicadamente.
- Me desculpe. – Rick ditou assustado com sua ação involuntária.
- Está tudo bem. – Jimin sorriu. – Eu passei! E tudo graças a você. – acariciou o rosto alheio. – Obrigado por tudo Rick. – o rapaz sorriu minimamente.
- Parabéns Mine. Estou orgulhoso. – ditou lhe dando mais um abraço apertado. – Sentirei sua falta.
- Eu também...
•●•
Taehyung observava tudo ao seu redor enquanto Suho reunia forças para iniciar o seu discurso. Pretendia contar aos poucos toda a verdade, não queria machuca-lo tanto de uma vez, ou melhor, mais uma vez. – Bom. – pigarreou chamando a atenção do bombeiro. – Tae antes de tudo eu quero dizer que eu sinto muito mesmo por tudo. – o bombeiro o olhou sem dizer uma palavra sequer. – Eu não queria ter me apaixonado por você mas a verdade é que eu não consegui evitar. Desde o começo eu sabia que você amava o.
- Amo. – Taehyung o corrigiu.
- Ama o Jeongguk. E eu sempre respeitei isso ou pelo menos achava que havia respeitado. Você é um ser humano tão bonito, encantador e amoroso que eu não consegui evitar me apaixonar. – seus olhos marejaram. – Eu sei que parece estranho mas eu também fui usado nessa confusão toda e fui induzido a beber naquela noite. – o bombeiro franziu o cenho não entendendo muito bem o que o rapaz dizia. – Eu não tinha a intenção de ir até a sua casa e te agarrar ou te atrapalhar mas quando eu vi você feliz por Jeongguk estar ali eu senti raiva e inveja. – confessou. – Eu queria estar ali com você, te beijando, te abraçando e dizendo o quanto eu te amo. – Suho soluçou baixo. – Mas eu nunca serei esse alguém nem pra você e nem para ninguém. Eu sou um monstro Tae!
O bombeiro sentiu a sinceridade nas palavras do rapaz, Suho parecia de fato verdadeiro e principalmente arrependido. – Você não é um monstro Suho.
- Eu sou sim! – o rapaz ditou com lágrimas nos olhos. – Eu ainda não te contei toda a verdade e quando você souber você irá me odiar pra sempre. Eu só, droga! – exclamou limpando as lágrimas que o deixava com a visão turva. – Eu me arrependo de tudo, eu juro que me arrependo mas você precisa saber a verdade.
- Que verdade? – o acastanhado perguntou.
- Suho! – uma voz feminina se fez presente no local.
- Agora não! – ralhou. – Vai embora!
- O que pensa que está fazendo? – Jennie puxou-o pelo braço. – Vem comigo agora. – ordenou baixinho.
- Me solta!
- Se não vier comigo eu juro que mando o Paul vir te buscar do jeitinho dele. Eu não sei até quanto você abriu a sua boca mas saiba que iremos conversar sobre isso mais tarde.
- Mas o que está acontecendo? Quem é você? – Taehyung perguntou confuso. Jennie o olhou com desprezo e passou a puxar Suho consigo.
- Me desculpe. – o rapaz balbuciou antes de deixar o bombeiro ali sozinho cheio de dúvidas.
[...]
Taehyung não sabia o que pensar referente a cena que havia presenciado. Quem era aquela mulher que parecia familiar para si? Por que Suho foi embora com ela?
Que verdade ele precisava tanto saber?
Discou o número de Suho e frustrou-se por cair direto na caixa de mensagens.
Que diabos estava acontecendo?
Respirou fundo e antes que pudesse pirar mais um pouco, avistou um envelope em sua mesa.
Com cuidado abriu o documento passando a ler o conteúdo ali escrito.
“Prezado Kim Taehyung:
Informamos que o seu dever com a central de Nova York foi cumprido com êxito. Assim como em seu país de origem, vossa senhoria honrou com seu compromisso de maneira exemplar. Portanto, a partir do dia 18/12 suas funções estarão suspensas.
Agradecemoss a colaboração e os serviços prestados e lembre-se sempre dos mandamentos dos bombeiros.
Para salvarmos, precisamos estar a salvo.
Tenha um bom retorno ao seu país e boas festas.
Atenciosamente, CCBNY.”
Taehyung sorriu deixando algumas lágrimas escaparem. Esqueceu-se de tudo e até mesmo de Suho, só queria retornar para sua casa e teria isso em três dias. Não quis contar para Hoseok ou Jeongguk sobre a sua “alforria” pretendendo fazer uma surpresa para todos. Finalmente estaria livre e de volta ao seu devido lugar.
Guardou o envelope em sua mochila com todo o carinho e cuidado já que ali havia uma passagem para a Coréia.
E com o coração cheio de esperança e um pouco aliviado retornou ao trabalho sentindo -se mais feliz.
•●•
- QUAL É A PORRA DO TEU PROBLEMA SUHO? – Jennie gritava enquanto desferia tapas no rapaz que estava amarrado em uma cadeira. Ambos estavam em um porão sujo de uma casa abandonada. – RESPONDE! – mais um tapa foi dado em seu rosto. – VOCÊ CITOU O MEU NOME PRA ELE? – Suho negou. – Ótimo. – pegou um pedaço de pano qualquer e o amordaçou. – Por sua causa eu terei que ir mais cedo pra Seoul, se você soubesse o quanto eu estou com ódio de você e do meu pai. – ditou entredentes. – Com ele eu não posso fazer nada mas com você eu posso. – abaixou-se na altura do rapaz. – Você ficará aqui até quando eu quiser te manter vivo, seu imprestável, judas! Você não estragará os meus planos. – levantou-se. – Surrem ele! – ordenou. – E fiquem atentos aos meus comandos.
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