História First Love (primeiro amor - jikook) - Capítulo 10: Ainda mais apaixonado

As aulas do ano novo já haviam começado. Não tínhamos muito tempo para aproveitar depois de todas as férias de dezembro e poucos dias em janeiro, já que os conteúdos na escola de Seoul são sempre extensos. Eu já estava no último ano da escola, no terceiro do ensino médio, juntamente com todos — ou quase todos — os antigos colegas e amigos do ano passado.

Haviam se passado apenas três dias desde o nosso último beijo. Conversamos poucas vezes, mas procurei deixá-lo na dele, pois ele realmente queria um tempo para pôr sua cabeça no lugar, pois diferente de mim, Jimin estava confuso e estranho.

Eu tinha quase — ou total certeza — de que Jimin era verdadeiramente o dono dos meus sentimentos amorosos, da minha falta de jeito perto e das batidas rápidas quando o via contra meu peito. Só poderia ser ele, pois ele é a única pessoa que já me causou tudo isso antes.

E de início, me preocupava pelo fato de Jimin ser um garoto, e não o estereótipo que todos “preferem”. Mas, agora, isso já não me importava mais. Graças à Namjoon, que também gosta de um garoto, Seokjin, que me ajudou com essa confusão toda.

De fato, Joonie é mais velho que eu, e com certeza teve outras experiências do tipo, que diferente de mim, já ficou com ambos os gêneros, enquanto eu não beijei nem a garota que eu gostava há anos atrás.

Ele havia me dito que para o amor, não há gênero. “Se o seu coração palpita por aquela pessoa, independente de gênero, então é dela que você gosta”. E foi assim que passei a me aceitar mais, e principalmente aceitar que eu realmente estava tendo sentimentos por um garoto. Então, ele falou: “O nosso coração não tem olhos, Jungkook. Apenas sentimentos, e por isso, nosso coração não se importa se é um menino ou menina. Ele escolhe a alma, escolhe a persona. E não o gênero”.

Foram palavras realmente bonitas e inteligentes. Joonie sempre foi uma pessoa inteligente, e se não fosse ele nessa fase da minha vida, eu com certeza iria ficar bagunçado em um emaranhado de sentimentos, sem saber o que fazer.

Havia contado para ele sobre nosso último beijo também, que fez meu coração palpitar ainda mais que o primeiro, e que só de lembrar, meu coração palpitava mais ainda. Foi assim que tive ainda mais certeza de que os lábios de Jimin eram os únicos que eu queria beijar por toda a vida.

E Namjoonie estava ali para também confirmar, eu estava completamente estregue à Jimin.

[...]

No primeiro dia de aula, nós fomos juntos para a escola. Mesmo que tivesse o visto há três dias atrás, meu coração se aquecia por vê-lo por perto.

Ele estava mais sorridente — assim como eu — e fomos conversando por todo o caminho. Eu já tinha mais intimidade com nossos amigos, então sempre passávamos a manhã rindo de bobagens.

No primeiro dia, normalmente não fazíamos muita coisa. Apenas conhecíamos os professores novos e colegas novos também, além de rir nas horas vagas com as graças de Taehyung, o mais bobo de todos nós.

Eu havia sentido muita falta deles, eles sempre melhoravam o meu dia. Eles se tornaram meus grandes amigos em pouco tempo, graças a Jimin. Apesar de Yoongi ser o mais próximo de Jimin ali — e isso me causar um pouco de ciúmes —, eu também havia sentido a falta dele. Senti falta de seus conselhos, das colas que ele pedia — quase sempre — para as provas e seu sorriso adorável sempre que Tae ou Jimin riam de algo engraçado.

Então, ao ter encontrado todos e ele ter sido o último a chegar, o abracei verdadeiramente — assim como fiz com os outros.

Dessa vez Yoongi sentava atrás de mim, Jimin à minha frente e Taehyung na frente dele. Assim era bem melhor, pois eu estava ainda mais perto de Jimin, era mais fácil de vê-lo sorrir e de conversar também.

Havia reparado que sempre que fazíamos contato, suas bochechas ficavam vermelhas e ele ficava tímido demais. Não que eu não ficasse, mas isso não era algo que acontecia antes.

Nosso beijo realmente havia mudado muita coisa...

O intervalo foi o mesmo de sempre, risadas e conversas duraram até o fim das aulas, e mais uma vez estava indo embora com Jimin.

Eu realmente senti falta dessa rotina...

— Senti falta disso... da escola, dos amigos... você também? — Ele puxou assunto, havíamos acabado de sair do portão azul.

— Sim, Ji... os dias de férias foram meio chatos...

Ele concordou com um aceno e continuamos andando até chegarmos em nossas casas, onde sempre nos despedíamos antes de entrar.

— Você pode me ver hoje? Comprei alguns jogos novos... — Quase optei por não perguntar por não querer ouvir uma negação, mas ainda assim o fiz, meio receoso.

— Posso, Jun... eu quero ficar um tempo fora de casa mesmo... — Forçou um riso pequeno, mas eu sabia que havia algo de errado. Sua expressão estava diferente, assim como sua voz suavemente embargada.

— Depois do almoço, então?

— Ok...

Então, antes de irmos, seus olhos intensos encararam os meus, mas um tempo depois, logo os deixou.

[...]

Por volta das três da tarde, Jimin estava batendo em minha porta. O acolhi em minha casa todo feliz, pois depois de um tempo sem vê-lo na mesma, vê-lo novamente me deixava eufórico.

Fomos para o meu quarto, onde jogo videogame. À princípio escolhemos o seu jogo favorito — o que ele sempre gostava de jogar quando ia para minha casa.

Depois de algumas partidas, — ficamos muito tempo jogando — nossas mãos já estavam formigando. Entretanto, continuamos sentados no tapete, de frente para o vídeo game. Ele estava escorado em mim, sua cabeça em meu ombro, enquanto mexia suas mãos.

Ele estava meio inquieto durante o jogo, e eu já havia percebido que algo estava estranho.

Eu sempre sinto quando ele está mal.

— Jungkookie... queria te falar...

— Hum?

— Meu pai ainda não falou comigo... desde o último natal. — Percebi sua voz mais baixa, um tanto embargada. Eu estava sentindo que ele precisava desabafar. — Minha mãe está tão... nervosa ultimamente. Por conta disso.

Então me movi até ficar em sua frente, observando seus olhos brilhantes pelas recentes lágrimas.

— Estou cansado de ficar em casa e ter que viver tudo isso. Ficar aqui... com você... é bem melhor.

— Ei... você sabe que pode vir aqui sempre que quiser, não é? — Segurei suas mãos, encarando seu rosto melancólico. — Eu já te falei para tentar esquecer, Ji. Continuar com isso não irá te ajudar...

— Mas como, Jungkook? Como esquecer, enquanto vejo minha mãe chorando, ou preocupada com os gastos por não ter dinheiro suficiente?

De fato as lágrimas já desciam pelas bochechas, e eu não sabia o que lhe dizer. Nunca fui bom em ajudar. Mas, se tratando de sua última fala, o que mais eu poderia falar? Eu queria poder ajudar. Minhas palavras não iriam ajudá-lo dessa forma.

— Ficar aqui me deixa alheio ao que estamos passando. Fico feliz, pois você me faz rir... mas em casa, fico triste. Não entendo por quê... logo meu pai... — Segurou o rosto com as mãos, abaixando-o.

E eu só queria poder beijá-lo, pois sei que isso poderia reanima-lo.

Mas não. Não iria invadir sua privacidade.

— Ei... Jimin, te ver assim me deixa tão mal... — Ditei com sinceridade, pois se eu pudesse tirar toda a tristeza de seu coração, eu o faria.

Meu peito estava apertado, meu coração batia rápido a cada fungada de seu recente choro. E sei que ele não pode desabar com qualquer pessoa, então não importava o quanto eu me incomodasse por vê-lo assim, eu sempre o ouviria.

Jimin não merecia nada daquilo. E eu só queria poder protegê-lo.

— Desculpe. Eu... acho melhor eu ir.

Ainda mais rápido do que ele, levantei e o abracei. Meu peito contra suas costas, meus braços o imobilizando por inteiro, até que ouvi um suspiro seu, junto a um fungado.

— Jun... me deixe ir. Eu não quero fazer você ficar mal...

— Mas eu vou ficar ainda mais mal se você for. Fique aqui. Eu cuido de você um pouco, certo? Ainda sou seu amigo...

Então, percebi que ele havia desistido de insistir. Ele logo cedeu ao meu abraço e acabou ficando mais calmo.

Apesar de ele ter parado de chorar, ele ainda estava um tanto triste. Pensei em algo que me animaria se eu estivesse daquela forma, então pensei em comida.

Quem não ficaria feliz ao comer algo delicioso?

Por isso, pedi para que ele ficasse assistindo algo em meu quarto e preparei um delicioso macarrão com alguns acompanhamentos, algo parecido com o nosso último almoço juntos.

Mas claro, fui bem mais rápido.

— Fiz 'pra você. Quero que coma tudo, uh? — Deixei a bandeja em seu colo, enquanto observava sua expressão surpresa.

Ele logo sorriu, e como parecia estar cheio de fome, logo abocanhou a comida com toda vontade.

É impossível resistir àquele garoto comendo. Como ele consegue ser tão lindo até mesmo comendo?

Sem controlar minhas ações, — já que estava vidrado nas suas — depositei um beijo em sua bochecha, pois estávamos bem próximos.

— Você é lindo. Nunca vou me cansar de dizer isso... — Acariciei seus fios ruivos em sua nuca, pois meu braço estava em seus ombros.

[...]

Um tempo depois de comermos, decidimos nos deitar. Estava quase anoitecendo, e Jimin parecia estar tão cansado quanto seu rosto já expressava.

Ainda que ele quisesse ir para casa, pedi para que ele ficasse mais um pouco. Eu queria ficar mais tempo com ele, e queria poder cuidar dele também.

Então, vendo-o tão vulnerável, o abracei e ele apoiou sua cabeça em meu peito, aconchegou-se parecendo um bebê.

Sabendo que ele gostava de carinho ao dormir, logo comecei a acariciar seu rosto e seus fios ruivos. O tempo todo o olhava. Observava todos os seus detalhes, o quanto ele ficava lindo daquela maneira — aliás, de qualquer maneira. Mas seus olhinhos estavam fechados, sua boca estava entreaberta... daquela forma, ele parecia ainda mais bonito do que já é naturalmente.

Eu definitivamente estava com aquela cara de bobo apaixonado, mas eu era muito mais que apenas um bobo apaixonado.

E já reconhecendo isso, eu só esperava que Jimin sentisse o mesmo por mim, queria ser retribuído da mesma forma, pois eu já estava ansiando por respostas suas.

[Continua...]