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História Físico-Química - Capítulo 4


Escrita por: Tetekah18

Notas do Autor


Olha só quem voltou! Pois é, mais um capítulo para vocês. Ele teria ficado pronto antes, mas meu computador deu problema como Word e fiquei morrendo de medo de perder meus arquivos. Além do fato de ficar quase uma semana sem internet por estarem mudando os fios pra fibra óptica. Pelo menos um bom motivo. Então curtam um pouco.

Capítulo 5 - Capítulo 4


Subindo o elevador, encostada em uma das paredes metálicas, penso nos ocorridos de hoje. Mais um dia de aula concluído e a ansiedade me consome. Não sei se pelo fato das aulas do mestrado começar amanhã ou do meu vizinho ir me encontrar em uma lanchonete perto de casa - um lugar tranquilo onde era vendido de café a hambúrgueres - deve servir.

As portas se abrem no meu andar. Enquanto destranco a fechadura, olho para trás, a porta de Dimitri fechada. Será que ele já teria chegado? Ainda me pergunto como isso foi acontecer. Com tantos malditos prédios nessa cidade, tinha que ser justo no meu? Suspiro e entro sem conseguir tirar aquele russo da cabeça.

[...]

Entro na lanchonete um pouco nervosa com a situação. Avisto Dimitri sentado em uma das mesas lendo. Respiro fundo e me aproximo. Sento em frente a ele e consigo ver a capa do livro. Nem me dou ao trabalho de ler o título. Pela imagem, com certeza velho oeste.

-Boa tarde!- murmuro um cumprimento.

-Boa tarde.- diz voltando seus olhos para mim através do óculos de armação fina e fechando o livro. Nem vou comentar esse mau gosto, estragou tudo que tinha de bom quanto a ouvir rock. Um revirar de olhos internamente, por favor?

-Podemos começar logo?- pergunto.

Quanto antes isso terminar melhor.

Ele começa a tirar um material de sua pasta e aproveito para pedir uma limonada. Ele começou a me explicar o conteúdo. Em algumas partes, fiquei sem ouvir por conta do sino da porta que me tirava à atenção, além do nervosismo. Ele certamente não vai com minha cara, sempre sério o sisudo. 

Acho que peguei pesado com ele logo no primeiro dia que o vi. Será que soou muito rude e arrogante? Pode até realmente ser mão-de-obra estrangeira, mas não posso negar que é muito gostoso. Na minha cabeça era inconcebível um cara desses morar em um país que a primeira coisa que vinha à cabeça era puramente neve- nem mesmo uma mínima extensão de gramíneas. Quem sabe ele poderia morar em um iglu, brincar com uns ursos polares e quem sabe nadar com uma foca?

Espera, eu tenho certeza que eu vi na internet algo sobre militares russos treinarem focas para levar armamentos.

Chega desse pensamento ridículo, agora estou dependendo dele para terminar meu mestrado. Sinto-me ridícula e burra por essa situação. Nunca liguei muito para as opiniões alheias e sempre tive meus amigos por perto, mas por que estou me importando tanto com o que ele pensa de mim?

Dimitri me passou uma atividade com certo nível de dificuldade para fazer. Estava no início da resolução, institivamente olho na direção do barulho que se fez presente no recinto. Uma garçonete cai juntamente à bandeja fazendo um estardalhaço. Retorno minha atenção para a atividade e tenho que refazer passo a passo mentalmente.

-Chega! É melhor parar.- me assusto quando Dimitri diz sério.

-Hã? O que? Como assim?- questiono confusa deixando a questão que estava resolvendo de lado. Senti meu coração acelerar, ele estava desistindo da ideia de me ajudar?

-Você não pode estudar em locais movimentados. Mesmo que por segundos tirando sua atenção para tudo que faz barulho, seu raciocínio é comprometido.- ele tira o óculos e aperta os olhos antes de continuar. -Você não está se concentrando e seu rendimento será fraco.- responde olhando nos olhos, sem nenhuma barreira invisível.

Seu olhar pareceu -na minha visão deturpada numa situação decisiva para mim- intenso. Além de ser incrível como consegue ficar com o rosto sem expressão e mesmo assim ficar tão charmoso. Solto um suspiro cansado antes de dizer algo.

-Então o que sugere?- questiono acomodando as costas na cadeira e cruzando os braços.

-Vamos ter que marcar outro dia em um lugar mais calmo.- meus olhos se abrem um pouco mais. Eu não quero ficar sozinha com ele. Não mesmo.

-Onde sugere?- pergunto receosa e logo engulo seco.

-Se não tiver onde, pode ser no meu apartamento ou no seu. Ficaria até mais fácil já que moramos no mesmo prédio.- como ele pode falar isso com tanta naturalidade? Mas o pior de tudo, onde eu fui me meter?

-Desculpe a demora, infelizmente seu pedido estava entre os que caíram no incidente.- diz uma das garçonetes deixando um copo próximo ao material de estudo. Só então tiro meus rosto chocado da direção dele para murmurar um agradecimento para a mulher.

-E então?- ele me incentiva quando ficamos sozinhos e beberico a limonada.

-Isso é realmente necessário?- devolvo soando quase exasperada e em resposta ele levanta uma das sobrancelhas. Apenas uma em um arqueamento elegante e sexy de dar inveja. Penso nas minhas opções. No apartamento dele ou no meu? -Então no meu apartamento.

Óbvio que no meu! Se já estou fodida, que pelo menos eu me sinta mais a vontade do que no apartamento dele. Talvez eu começasse a observar todos os cantos. E, como sou curiosa, ficaria tentada ao extremo a andar por cada cômodo. Certo, quartos seriam áreas restritas. Talvez eu não passasse da porta.

-Quando?- ele insiste.

-Quando você puder. Claro, tirando os sábados pela manhã.- em um segundo me dei conta, pareceu soar como uma preguiçosa. -Eu tenho o mestrado.- a ridícula vontade de me explicar foi mais forte. Que droga é essa? Parei de ficar dando explicações pro meu pai quando saí de casa. Sempre fui mais independente por conta do colégio interno.

-E eu doutorado, seria fora de questão. Entretanto, pela tarde eu poderia ajudá-la.

-Tudo bem. E você não me disse quanto vai custar essas aulas.

-Acertamos depois.- murmura o mesmo de antes como se não fosse nada.

-Dimitri!- propositalmente, faço minha voz soar com advertência. Conclusão: ele arqueia as sobrancelhas como se repetisse o que disse há pouco. Exasperada, termino a minha bebida.

[...]

Acordei mais cedo. Ansiosa pelo primeiro dia do mestrado. Me arrumei e conferi pelo menos duas vezes a minha bolsa de alça grande lateral enquanto comia alguma coisa. Ok, tudo certo. Ainda com o celular na mão, começo a trancar a porta do meu apartamento. O leve ranger de dobraduras chama minha atenção. Olho por cima do ombro para Dimitri.

-Bom dia!- tento fazer minha voz soar consistente, mas ainda sai falhada como em todas as manhãs. Em geral, demora pelo menos uma hora para que ela saia normalmente.

-Bom dia!- responde enquanto aperto o botão para chamar o elevador. Quando a caixa de metal se apresenta abrindo as portas com um tilintar, posso imaginar ser uma “saudação”, entramos em silêncio. Um cheiro extremamente agradável e viciante é exalado por ele. Isso é um perfume ou loção pós-barba?

-MSUB¹ ou Rock Mountain?- questiono sobre seu destino tentando puxar assunto. É óbvio que estávamos indo para nossos respectivos cursos, mas essa cidade tinha duas universidades. Uma estadual e outra da iniciativa privada.

-Montana State University Billings.- me responde e apoio meu ombro na superfície vertical ao meu lado.

Hum... Garoto esperto.

É óbvio que ele era, olha o curso que ele fez. Entretanto, parar para pensar que ele conseguiu uma bolsa em uma universidade mantida pelo governo sendo um estrangeiro e disputando as poucas vagas oferecidas? Bem, isso é impressionante.

-E você?- questiona depois de um tempo em silêncio. Não que estivesse desagradável, mas eu tinha tantas perguntas que preferia ficar quieta.

-Também.- falo com um sorriso de lado.

Mais um tempo em silêncio. Pego as chaves do carro na bolsa.

-Aceita carona?- pergunta pouco antes das portas abrirem na garagem.

Olho para ele um tanto confusa. Seria falta de educação recusar ou cedo demais para aceitar?

-Vamos para o mesmo lugar,- ele continua. -é no mínimo, desnecessário ir em carros separados.

 Ele sai do elevador e fica parado olhando para mim. Fico olhando para ele, seu rosto serio do mesmo jeito de antes. Está me esperando decidir. As portas do elevador começam a se fechar, ele põe os braços para interceptar a ação. Ele levanta uma das sobrancelhas com a cabeça pendendo levemente. Não há mais tempo de inventar que esqueci algo no meu apartamento e dizer para ele ir, nem mesmo inventar um compromisso para depois, quando na verdade, ele realmente seria com ele que eu iria encontrar mais tarde. E só de ver essa imagem, não consigo recusar. Por que eu não consigo recusar?

-Tudo bem.- guardo a chave do carro e sigo-o pelas vagas.

Ele para em frente a um Camaro preto. Bem, é um bom carro. Não é difícil achar outro no mesmo modelo pelas ruas, mas para o nível que meu pai me criou, seria aceitável. Meu Jeep não era essas coisas todas, mas o fato de ser um importado brasileiro contou para ele. Off-road 4x4. Acho que isso o convenceu de que sua filha poderia dirigir um.

Seguimos para a universidade sem conversas. Eu não estava nervosa e sim inquieta. Se tratava em algo na presença dele que me deixava assim. Agitada.

Assim que chegamos a entrada da MSUB, percebo Dimitri um pouco agitado. Sairia despercebido se eu não estivesse prestando atenção a ele. Será que é a primeira vez que ele pisa os pés aqui?

-Pegar os horários?- tento ser solícita.

-Sim.- ele dá um leve sorriso de canto como pra demonstrar, vergonha? Não sei, às vezes não sou a melhor em me expressar.

-Eu também vou.- falo inclinando a cabeça para o corredor. -Já virou rotina todo início de ano.

[...]

-O que achou das aulas da universidade?- pergunto na volta para o nosso prédio.

Estávamos há um tempo quietos. Tínhamos combinado de nos encontrar em frente ao seu carro quando terminássemos a aula. Eu me sentia como uma garota no ensino médio esperando uma carona para voltar para casa, tirando que eu nunca precisei fazer isso no ensino médio. Um mal das escolas internas.

-Boa.

O assunto parece morrer. Olho através da janela. O transito mediano de Billings.

-Você costuma ouvir música no carro?- tento puxar assunto.

-Sim, você quer ouvir algo?- olha pra mim de relance.

-É uma boa.

Ele para o carro em um semáforo vermelho, e sem sinal prévio, abre o porta-luvas do carro encostando o braço na minha perna. Mesmo coberta pela calça jeans, sinto a pressão de seu corpo. O cheiro dele fica mais evidente. Engulo seco tentando respirar.

-Pode escolher.- fala voltando a se sentar ereto. Me debruço um pouco para ver os CDs, torcendo infinitamente para que eu não esteja vermelha como as minhas bochechas quentes parecem indicar.

-Cds?- pergunto surpresa quando ele volta a pôr o carro em movimento.

-Algum problema?

-Isso parece antiquado... Por que apenas não conecta o seu celular?- vasculho os CDs, cantores antigos, blues...

Sério isso? Blues raiz?

-Sei, mas ainda prefiro algo mais a moda antiga.

Assim que acho um com a capa do Metallica, não perco tempo. E acho que ficou óbvio que ele é um careta nesse aspecto. Acho legal e respeito fazer coleção deles, até mesmo de discos. Mas onde está a praticidade nisso tudo?

Ao chegar no andar de casa, agradeço a carona e depois de me despedi, tenho uma “brilhante” ideia que verbalizo sem nem mesmo pensar duas vezes:

-O que acha de almoçar comigo? Eu vou pedir um delivery.- paro abruptamente. Isso está estranho. -Poderíamos começar a estudar em seguida.

E bem, ele acabou aceitando. Acabamos pedindo comida do Tao New Asian. Eu já não sabia diferenciar tanto se os pratos que escolhemos eram chineses, japoneses ou tailandeses. O que contou aquela tarde foram as horas de estudo e as poucas conversas superficiais. Aparentemente, Dimitri não me odiava. Mesmo que eu duvidasse nas horas que ele me regulava pela minha cabeça me levava a outros lugares.

Bem, esse me parece um começo melhor. Pelo menos eu não falei coisas idiotas como naquele dia, mas ainda me sentia inquieta.

 

 

 

 

1-Montana State University Billings

 


Notas Finais


Cliquem no favorito e comentem o que acharam. Lembrando que não tenho data para o próximo capítulo. Esperem as surpresas do roteiro que programei!
Beijos da raposa! :3


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