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História Fix You - Capítulo 51


Escrita por: hxrricanne

Notas do Autor


olááááááá, meus nenês <33 boa noite!!! como estão?
com muita demora e ansiedade, eu cheguei!!!
como anda a vida de vcs? novidades? sabendo lidar com as bombas de cada capítulo?
pois bem, lá vem mais:

Capítulo 51 - Capítulo 51


O ar fugiu dos meus pulmões enquanto eu encarava a tela do celular e senti meu coração falhar uma batida.

A imagem era muito pior do que eu pensava. Nela, Lauren estava encolhida no chão sujo de um espaço apertado, desacordada, com o corpo marcado por hematomas e sangue seco. A cena era tão chocante que por alguns instantes me perguntei se estava tendo um pesadelo. Mas não; era mais real do que eu gostaria que fosse.

Se antes meu coração parecia ter parado, agora ele batia tão acelerado que eu podia senti-lo pulsando nos meus ouvidos. Minha pele queimava em fúria e eu sentia minha respiração ofegante. Então era verdade. Lauren não estava em um resort do Caribe ou algo do tipo. Ela corria perigo, em proporções maiores do que eu podia sequer imaginar. Quem seria sádico o suficiente para fazer aquela merda?

Desnorteado, larguei meu celular na cama e comecei a andar em círculos, segurando meu cabelo entre os dedos. Ter a confirmação de que meus receios eram reais foi muito mais assustador do que eu imaginei. Eu sentia um medo desesperado; um tipo de medo que eu nunca experimentara antes. Agora que toda a história que eu me forçara a aceitar estava arruinada, o que eu devia fazer? Por onde começar? Como encontrá-la? Onde encontrá-la?

Me senti um merda por, mesmo que uma fração de segundo, ter acreditado que Lauren seria capaz de fugir. Quem ela pensaria que eu era se soubesse disso? Me senti pior ainda após perceber que continuava ali, parado, sem fazer porra nenhuma enquanto o tempo dela se esgotava. Faça alguma coisa, Zayn! Faça alguma porra de coisa!, eu gritava mentalmente, puxando meus fios com força e soltando grunhidos de irritação.

Em meio à minha insanidade e pavor, apenas um nome vinha à minha cabeça. Só conhecia uma pessoa doente o suficiente para fazer uma coisa daquelas. E não pensei duas vezes antes de agir.

 

Toquei a campainha seguidas vezes, impaciente, batendo na porta para ser atendido de uma vez. Eu me lembrava vagamente de uma vez onde Lauren me dissera a rua onde ele morava, e bastaram algumas pesquisas para que eu descobrisse precisamente o prédio e o número do apartamento. 
Após minutos de espera, não recebi nenhuma resposta, então continuei a apertar o botão da campainha repetidamente. 

— Já estou indo! — ouvi uma voz masculina gritar do outro lado da porta. Logo, ela foi aberta e revelou um homem acabado e com olheiras profundas. Depois de me reconhecer — o que levou alguns segundos, já que ele coçava os olhos e demonstrava uma expressão de desinteresse —, arqueou uma das sobrancelhas e franziu o cenho. — Você por aqui? Veio pedir um segundo round da surra?

Segurei Jason pela gola da camisa e, sem me preocupar se fui convidado para entrar ou não, saí adentrando seu apartamento e empurrei seu corpo suspenso até se encontrar com uma parede. Ele parecia um pouco surpreso, mas logo ficou irritado com meu ato e tentou protestar, mas não dei tempo para que ele pudesse dizer ou fazer nada.

— Qual é o seu envolvimento no caso da Lauren? — gritei, intimidador, aproximando meu rosto do dele com as sobrancelhas unidas. 

— O quê? Seu cretino, me solt...

— Eu não estou para palhaçada! — Sacudi seu corpo pela gola da camisa, pressionando um pouco mais seu pescoço, fazendo com que sua cabeça batesse na parede. Seu hálito de álcool vinha certeiramente ao meu rosto. — Vou perguntar só mais uma vez: qual é o seu envolvimento na porra do caso da Lauren?

Ele parecia confuso, e, ao mesmo tempo, sem conseguir respirar muito bem. Meu sangue ainda fervia e meus punhos coçavam para espancarem o rosto dele.

— Do que você está falando? Ficou maluco? — Sua voz saiu falhada. Seu rosto já estava vermelho. — Me solta, porra.

Relutante, atendi ao seu pedido, mas o mantive encurralado, pressionando minhas duas mãos contra a parede.

— Abre a boca de uma vez antes que eu precise terminar o que comecei aquele dia. — falei, áspero.

Jason não se intimidou; manteve a prepotência e cruzou os braços, arqueando uma das sobrancelhas. 

— Eu não faço a mínima ideia do que você está falando.

— Você está se fazendo de sonso ou viveu no mundo da Lua durante os últimos dias? — perguntei, os dentes cerrados, mas Jason continuou com a expressão debochada que me fazia querer porrar a cara dele até deformar. — A Lauren desapareceu faz um dia. 

Ele franziu o cenho; em partes assustado, em partes confuso.

— Como assim?

— Você ouviu.

— A Lauren... desapareceu? Como? Onde? — ele parecia preocupando. Deus, me segure.

— Você é burro ou se faz? Ela estava ali e, puff, não estava mais. — Eu já estava impaciente. — Aconteceu no casamento da Mia. Ela saiu para dar uma volta e não voltou desde então.

Jason encarou o chão. Seus lábios estavam partidos e seu cenho constantemente franzido. Diante do seu silêncio, perguntei:

— Vai me responder ou não? — O empurrei de volta a parede.

— Eu não sabia de nada. — O olhar dele estava perdido, o que deu certa credibilidade a sua fala. — Isso não pode ser possível... Minha pequena... — ele murmurou. 
Minha pequena? Que porra era aquela?

Dei um soco no estômago dele, o fazendo se curvar sob meu punho. Ia deixar o rostinho pro final.

— Você não tem o direito de chamar ela assim, seu filho da puta. — eu disse, entredentes.

Olhei ao redor no seu apartamento. Havia muitas garrafas de bebida espalhadas pela sala e cozinha — o que explicava seu bafo de bebum —, assim como muitas bagagens e sacolas. Jason também estava diferente. Mais magro, e, quem sabe, desleixado. Profundas olheiras marcavam seu rosto chupado, e seu cabelo, que sempre esteve ridiculamente arrumado como o de um playboy dos anos 80, estava grande e bagunçado. Deveria estar saindo da cidade.

Ele abriu um sorriso debochado, me olhando de baixo enquanto abraçava sua barriga.

— Eu não sei o que é pior: se é ser traído pela namorada e nem desconfiar ou ser corno manso como você. Será que é tão covarde assim pra não querer aceitar que a Lauren está gemendo em cima de outro homem e rindo de como você é frouxo?

Meu punho se moveu antes de eu sequer pensar, e agradeci por meus reflexos serem tão bons quanto eu precisava.

Os nós dos meus dedos afundaram no rosto de Jason, me causando um prazer inexplicável. Ele não reagiu; apenas recebeu todos os socos que eu quis enquanto eu o prendia no chão e deixava que toda a minha ira fosse extravasada. Jogado no carpete, Jason ria alto, como se não temesse nada, com seus dentes vermelhos pelo sangue que escorria do seu nariz em direção à boca.

Arranquei o celular do meu bolso e abri a foto que tinha recebido um pouco antes. Segurando o pescoço de Jason, aproximei a imagem do rosto dele e gritei com toda força:

— Está vendo isso aqui, seu babaca? Essa é a Lauren de quem estou falando. Não sei o que se passou pela minha cabeça quando pensei que um covarde como você seria capaz de fazer uma coisa horrível dessas. — soltei uma risada alta e sarcástica. — Não tem caráter suficiente para ser fiel a uma mulher e nem força para reagir a uma surra. Tente de novo da próxima vez.

 

Tomei um gole da cerveja da cerveja e deixei a garrafa sobre a bancada, encarando seu rótulo enquanto sentia a tensão sobre meus ombros. Harry ainda parecia chocado e continuava a encarar a tela do meu celular.

— Isso não pode ser real. — ele balbuciou.

— Eu preferia que não fosse. 

— Quando você recebeu a foto? 

— Ontem a noite. Eu não parei de olhá-la desde então.

Ele me devolveu o celular e direcionou seu olhar à sua própria garrafa de cerveja, parecendo pensar no que iria dizer. Encarei a foto uma última vez antes de bloquear a tela do aparelho.

— Você já mostrou isso à polícia? — Harry perguntou.

— Não. E nem vou mostrar.

— Por quê? — Ele pareceu indignado. — Olha, Zayn, se você continuar com essa palhaçada de achar que pode dar conta de tudo sozin...

— A polícia praticamente descartou o caso da Lauren. Não duvido nada que continuem a ignorar mesmo se eu apresentar todas as provas do mundo. — falei com certa irritação. Precisava confessar que aquela não era a única razão. Depois do desacato da polícia, meu orgulho falava alto demais e eu queria provar que não precisava de porra de ajuda oficial nenhuma. — Mas essa foto... Essa foto muda tudo. — suspirei. — Eu tinha certeza que o sumiço não era culpa dela, e uma parte de mim considerava a possibilidade de que Lauren pudesse ter sido sequestrada. Eu quase me convenci do contrário. Mas então recebi essa mensagem... E agora não sei o que fazer. Passei a noite em claro. A ideia de que ela já esteja morta é o meu maior pesadelo.

— Você precisa se acalmar, Malik — Harry mostrou seu lado sensato, mesmo que eu visse que ele estava assustado com a coisa toda. — Se mandaram essa foto para você, é porque não tem planos de matar a Lauren. Pelo menos por enquanto. Quem quer que esteja por trás disso, se realmente planeja cometer um assassinato, não precisaria fotografar para te alertar disso. Se ele mandou a foto, então, é porque quer algo de você.

— Quer algo de mim? Quer o que de mim?

— Atenção. Obviamente ele fez isso para chamar atenção. Talvez peça resgate ou algo do tipo e usou a foto para te assustar. O número só enviou aquelas mensagens?

Novamente, encarei a garrafa de cerveja, de repente perdendo toda a vontade de beber. O ambiente do bar já me parecia enjoativo e percebi que fora uma péssima escolha conversar sobre isso num lugar como aquele.

— Isso não foi um sequestro para ganhar dinheiro. Lauren recebia mensagens do mesmo remetente há meses.

Harry franziu o cenho.

— Como assim?

W. É a assinatura das mensagens. A mesma assinatura que perseguia a Lauren praticamente desde que nos conhecemos. No começo eu achei que fosse bobagem, como se alguém estivesse querendo passar um trote nela. Mas, algumas semanas atrás, quando minha casa foi invadida... — Passei o polegar pela boca da garrafa. — Não foi um evento repentino, como contamos à vocês. O que foi deixado para trás foi uma mensagem, uma ameaça, mais precisamente, e a partir dali eu percebi que algo realmente sério podia estar acontecendo. Eu não sei como não liguei os fatos antes... Talvez eu apenas não quisesse admitir. Mas agora tudo parece fazer sentido.

— Espere — Harry parecia confuso com a revelação. — Você está dizendo que isso não é de agora? — Tomei um gole da cerveja e assenti. Harry passou a mão pelos cachos e me encarou. — Caralho, Zayn... O que você vai fazer, então? Essa merda é muito séria. A polícia saberia como agir.

Era essa a questão. Eu simplesmente não sabia o que fazer. Só sabia que precisava chegar até Lauren, mas como? Eu não tinha nenhuma pista além das mensagens. Nada que pudesse dar uma mera dica de quem fosse o responsável ou sua localização. A sensação de inutilidade era desesperadora.

— Eu não tenho muitas alternativas. Não tenho pistas. Tudo o que sei é que ela está na mão de gente que não tem medo de arrancar uma vida. O que eu vou fazer é tentar usar o que eu já tenho.

— Como usar umas poucas mensagens e uma foto ao seu favor?

— Eu ainda não sei bem — confessei. — Preciso de alguns suspeitos. Vou ver se consigo descobrir algo mais.

Harry assentiu e ficou em silêncio, encarando um ponto cego. Uma ideia parecia maquinar na sua cabeça, e eu temia que fosse a mesma que eu tentava reprimir.

— Você acha que... Isso pode ter a ver com seu passado? Digo, a gangue. — ele perguntou, fazendo meus receios se confirmarem.

Me remexi desconfortavelmente no banco, engolindo em seco. Precisar retomar aquele assunto sempre me incomodava, ainda mais sabendo que Harry podia ter total razão.

— Eu já pensei sobre isso. Sempre tive medo de que eles voltassem e tentassem prejudicar a minha família ou amigos. 

— Quando foi seu último contato com eles?

— Depois da morte de Brian. Desde então, mais nada. 

— Isso já faz anos... Se for um deles, por que agora?

— Eu não sei. — cocei a barba. — Também acho que faria mais sentido se fosse no início.

— Não é uma possibilidade a ser descartada — Harry alertou. — Mesmo que não faça sentido, nunca se sabe o que se passa pela cabeça de gente desse tipo.

— Eu sei. Não vou descartar.

Tomei um gole da cerveja. Quando apoiei novamente a garrafa na bancada, Harry encarou minha mão e direcionou seu olhar até mim

— Que merda é essa? — ele perguntou, se referindo aos machucados nos nós dos meus dedos. — Você andou se metendo em brigas?

— Eu estive na casa do Jason mais cedo.

Harry arqueou uma das sobrancelhas.

— Você acha mesmo que porrar ele vai resolver alguma coisa?

— Na hora que eu recebi a foto eu fiquei louco. A primeira pessoa que poderia ser o responsável por aquilo que meio à cabeça foi ele. E, convenhamos... Não é uma possibilidade tão absurda assim. Ele é um obcecado pela Lauren. Não sei do que ele seria capaz de fazer.

— Como você se sente sabendo que espancou alguém sem ter nenhuma prova?

— Na hora foi bom, eu confesso... Mas agora estou me sentindo meio mal por isso. Jason tá um caco. O cara tá tão fraco que nem revidou. — Me lembrei do seu estado. Senti uma pontada de culpa e logo balancei a cabeça. — O que tá acontecendo comigo? Nunca senti remorso por nada desse tipo.

— Convivência — Harry soltou, bebendo cerveja. Abri um sorriso triste e tenso. Sentia falta dela.

Enquanto terminava a minha bebida, um movimento me chamou a atenção pelo canto do olho. Era uma noite de segunda feira, então o bar não tinha tanta gente quanto o de costume, mesmo que muitas pessoas ainda marcassem presença no local. 

Um ligeiro incômodo me dava a sensação de estar sendo observado. Olhei em volta, tentando buscar algum comportamento estranho, mas nada encontrei. Mesmo que fosse apenas uma paranóia me assombrando graças aos últimos acontecimentos, o que era até justificável, foi o suficiente para me fazer querer ir embora.

— Styles... — encarei a tela desbloqueada do meu celular, checando as horas. — Tá ficando tarde. Vou indo. Você fica?

Harry, que balançava sua garrafa pela metade na bancada, conferiu o horário no seu relógio de pulso e se levantou.

— Eu te deixo em casa.

— Por quê? Eu vim de moto.

— Você bebeu mais do que o recomendável para um motociclista.

Arqueei uma das sobrancelhas.

— Agradeço a preocupação, mas eu sei me virar sozinho. Minha casa não fica muito longe daqui e você também bebeu.

— Nem cheguei a terminar a garrafa. Larga de ser teimoso e vamos logo.

Bufei, cedendo. Harry sabia ser um porre quando queria.

Depois de pagarmos, acompanhei minha babá até seu carro e dei um adeus a minha moto antes de sentar no banco do passageiro. Amanhã eu viria buscá-la. Enquanto afivelava o cinto, olhei de relance para a janela do carro, fitando no último momento alguém entrar em um dos becos. Nossos olhares se encontraram e a sensação de estar sendo observando voltou.

Balancei a cabeça. Não podia deixar minha sanidade escapulir.

Enquanto Harry dirigia, mantivemos uma conversa normal sobre assuntos aleatórios. O papo a respeito de Lauren tinha sumido, o que significava que Harry tentava distrair minha cabeça, sendo algo muito útil. Nem mesmo um pouco de álcool conseguiu fazê-lo.

Em determinado ponto, quando o silêncio predominou, foquei os olhos na rua que corria pelo para-brisas e um flash se passou pela minha cabeça. Olhando para o lado, com minha visão borrada, tive o claro vislumbre de Amy, sentada no banco do passageiro enquanto discutia comigo a todo som. A sensação de álcool me entorpecendo era a mesma. A angústia era a mesma. O medo, no entanto, era novo.

Pisquei algumas vezes para me obrigar a acordar. Não podia deixar isso acontecer outra vez, não depois de tantas outras. A imagem se transformou.

De repente, não era mais Amy, com seus cabelos avermelhados e olhos claros. Era Lauren, com seu cabelo castanho e olhos azuis, gritando comigo tão verdadeiramente que senti como se a miragem fosse real. Olhando para frente, senti o volante sobre minhas palmas novamente. Eu queria frear, eu queria pelo menos desviar a rota, mas tudo aconteceu como da primeira vez: perdi o controle do carro e quem eu amava acabou pagando por isso.

— Malik? Malik! — Minha visão novamente se tornou um borrão de cores e eu me sentia a ponto de vomitar, zonzo e enjoado. Aos poucos, recobrei meus sentidos, e a voz distante que me chamava se tornou cada vez mais nítida. A imagem de Harry estapeando meu rosto se clareou aos poucos, antes mesmo que eu pudesse sentir a dor das palmadas na minha bochecha. — Zayn?

Tentei balbuciar uma resposta, mas tudo o que saiu foi um grunhido. 

— Você tá acordado? 

Respirando fundo e um pouco mais recuperado — mas tão confuso quanto antes —, afastei as mãos de Harry e cocei meus olhos. Ele parecia preocupado, mas não surpreso. Suspirei.

— Aconteceu de novo? — perguntei. Ele assentiu devagar.

— Se você quiser, eu posso passar a noite aí. Zoe ficou o final de semana com os pais e só volta amanh...

— Estou bem. - Vi através do vidro que Harry estava estacionado no meio fio da calçada da minha casa. — Vou ficar bem.

Ele me olhou, duvidando um pouco do que eu dizia. Por fim, acabou concordando, um pouco contrariado. 

— Te vejo em breve, Malik.

Fizemos nosso cumprimento próprio. Abri um sorriso agradecido.

— Cuidado com o bafômetro, Styles.

Ele abriu um sorriso de canto.

 

Não eram nem oito horas quando saí de casa na manhã seguinte. Depois de tomar tantos tranquilizantes — o que não era recomendável para alguém que tinha acabado de sair de um bar —, achei que fosse conseguir dormir em paz, mas rolei muito na cama antes de apagar e meu sono foi interrompido logo cedo quando aquela episódio vislumbrado no carro de Harry voltou como forma de sonho, muito mais intenso e aterrorizante. Vendo que não iria conseguir voltar a dormir, resolvi que precisava colocar a mão na massa, e as horas em claro na cama me fizeram ter uma ideia.

Eu prometera a mim mesmo que esse assunto tinha ficado no passado. A partir do momento que resolvi começar uma vida nova, o principal objetivo era esquecer tudo que me destruíra até então, o que consistia basicamente na gangue. Mas, a partir do momento em que meus antigos colegas de trabalho se tornaram suspeitos, qualquer pacto que eu tivesse feito comigo mesmo estava rompido.

Eu precisava confessar que era um pouco incômodo voltar a essa questão. Desde o acidente, não tivera nenhuma notícia por escolha e obrigação minha. Nunca sequer me permiti pensar sobre como estariam as coisas atualmente, e agora que eu podia fazê-lo, uma certa preocupação me fazia engolir em seco sempre que o assunto minha vinha a cabeça. 

Mesmo cortando toda e qualquer relação com a gangue, uma pessoa me marcou após minha saída. Além de Brian, a única pessoa que eu confiava lá era o Kenan. Ele era um queniano de quase dois metros de altura que tinha o coração do mesmo tamanho. Um dos nossos melhores especialistas em armas e um dos caras mais inteligentes que conheci. Se existia uma alguém que poderia me passar informações, essa pessoa era ele. 

Não sabia exatamente como chegar a Kenan. Conversas por telefone eram muito arriscadas — e nem tinha mais seu número na minha lista de contatos — e já fazia anos desde a última vez que o vira pessoalmente. Mas me lembrava de que ele e sua esposa tinham uma loja de artigos religiosos no centro de Bradford, e, caso a sorte estivesse ao meu lado, seria lá que eu iria encontrá-lo.

Estacionei a moto — a qual eu acabara de buscar no bar — rente ao meio fio da calçada. Encarei o estabelecimento a minha frente e respirei fundo antes de empurrar a porta de vidro com uma grande bandeira do Quênia. Um sininho tocou para avisar minha chegada e logo meus pulmões foram invadidos pelo cheiro de incenso que cobria todo o lugar — além do odor de peroba vindo dos móveis e prateleiras de madeira maciça.

Pisando em tábuas que rangiam, caminhei até o balcão, sentindo minhas palmas estupidamente suarem e as secando na minha calça jeans. De trás de cortinas coloridas feitas de miçanga, uma mulher de dreadlocks no cabelo saiu e eu a cumprimentei com um sorriso ao reconhecê-la como Shaira, a esposa de Kenan. Sua expressão simpática de quem está prestes a cumprimentar um cliente com bom humor se desfez no segundo em que ela me fitou e seu rosto perdeu a cor. Ela começou a balbuciar algumas palavras na sua língua nativa e fiquei sem entender.

— Shaira? Não está me reconhecendo? Sou eu, o Zayn. Queria saber se o Kena...

— O que você está fazendo aqui? Você não estava morto? — Shaira parecia assustada. 

Franzi o cenho.

— Morto?

— Você precisa fugir daqui, Zayn. — O olhar dela clamava desespero e preocupação. — Eles irão atrás de você também.

— Do que você tá falando?

— Eles mataram o Kenan e logo vão fazer o mesmo com você. 

Arfei em choque e senti um calafrio.

— Kenan está morto? Quem fez isso?

As sobrancelhas de Shaira estavam permanentemente unidas acima de um olhar sério. Os lábios dela tremiam. 

— Você sabe quem. O líder fez isso. Se você não voltar de onde saiu, você será o próximo.

— O líder... da gangue? O que Kenan fez para ser morto?

Shaira bateu com as mãos espalmadas no balcão e saiu de trás dele, vindo na minha direção e me empurrando à porta.

— Já falei demais. Se eles souberem que você esteve aqui, vão matar a mim e ao meu filho também. 

Antes que ela pudesse me empurrar na calçada, prendi meus pés no chão e virei de frente para Shaira.

— Eu não posso ir embora assim. Minha namorada foi sequestrada e eu tenho quase certeza que tem algo a ver com eles. Preciso de alguma informação.

— Sinto muito, Zayn, mas eu não posso dizer nada. 

— Você deve saber como é doloroso perder alguém importante. Continua se negando a me ajudar?

Shaira me fitou com seus olhos negros cobertos de tristeza. Ela sabia do que eu estava falando. Ao mesmo tempo em que parecia magoada, algo insinuava pena. A mulher se afastou e, depois de sumir atrás de algumas prateleiras, retornou e passou um cordão pelo meu pescoço. O pingente era uma máscara africana e a fitei em busca de explicações. Ela fechou os olhos e tornou a murmurar em um dialeto desconhecido, algo como uma oração.

— Isso vai te proteger. Tenho certeza que irá encontrar sua namorada.

Suspirei e assenti. Nada sairia da boca de Shaira e eu já devia desconfiar disso.

— Agora, me prometa que irá se esconder. Meu marido morreu pelo o que está contra você. Não cometa as mesmas loucuras que ele. Honre a minha perda.


Notas Finais


quem estava esperando ansiosamente pelo segundo round da briga zayn x jason???? eu
como lidar com o zayn sofrendo dessa forma? tadinho do meu filho
nhaaaaaa, espero que tenham gostado do capítulo e que eu apenas tenha aumentado a curisosidade e o senso de detetive de vcs!!!
não estou com criatividade pra comentários bons hoje :/ mas amo vcs da mesma forma sz
venham interagir comigo no twitter!!!! https://twitter.com/foolforbaek
beijãoooo e até a próxima <33


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