Minha ficha ainda não caiu, estar aqui parece um crime.
Olhar pra ele e o ver sem vida é angustiante, Fede está ao meu lado e chora baixinho junto com Ludmila e todos nossos amigos, Diego é o mais abalado e ele está do meu outro lado segurando minha mão e me dando apoio.
Eu encarava o nada perdida e me perguntava porque isso teve que acontecer.
Por que ele teve que partir? Por que?
Minhas lágrimas desceram sem permissão e quando eu vi, tive que ser amparada por Fede e por Diego.
O desespero tomou conta do meu corpo e eu não conseguia acreditar que ele estava morto.
- Garoto Idiota! Você prometeu que não ia ir embora - Digo atraindo olhares tristes - Você me prometeu
Lara se aproximou e me abraçou, nós duas chorávamos desesperadas.
Ela sussurra que ia ficar tudo bem, pedia pra mim me acalmar, mas não adiantava, a dor tomou conta de mim.
Seu pai me olhou arrependido e se aproximou.
- Posso te abraçar? - Assenti e ele me acolheu em seus braços.
Ele passou a chorar e eu soluçava sem parar
- Me perdoa, por tudo - Disse baixo - Me perdoa.
Me afastei dele e sorri mostrando que estava tudo bem.
- Não se preocupe, está tudo bem - Ele abaixou a cabeça.
- Meu filho te amava muito - Respirou fundo - Ele estava feliz com você e eu não quis aceitar, se ele está nesse caixão, a culpa é totalmente.
- Foi uma fatalidade - Digo baixo.
- Não Violetta, ele saiu da empresa com muita raiva, nós discutimos novamente e tudo porque eu não o apoiei, ele ia te pedir em casamento.
Arregalei os olhos e senti meu corpo vacilar, Fede me segurou e eu coloquei a mão na boca incrédula.
- Eu fui um babaca com você e com ele e espero que um dia me perdoe - Saiu e eu olhei Fede.
- Você sabia disso? - Digo em choque.
Ele respirou fundo e tirou do bolso uma caixinha de veludo vermelha.
Abriu e lá tinha duas alianças com um pequeno girassol.
Peguei a caixinha trêmula e o encarei.
- Ele deixou comigo antes de ir conversar com o pai dele e - Respirou fundo - Disse pra mim cuidar bem dela, assim como eu cuido de você, ele me olhou como se fosse a última vez que me visse e me abraçou fortemente, parecia que ele sentia que algo ia acontecer e por isso quando entrou no carro, ele me olhou e disse "Italiano, sei que vai conseguir cuidar dela" e agora eu entendi que não era da aliança que ele falava e sim de você - Soluçou - Eu não vou te deixar minha irmãzinha.
Solucei e ele me abraçou beijando minha testa.
Peguei a aliança pequena e a coloquei em meu dedo.
Olhei pro seu corpo sem vida e suspirei derrotada.
A vida não é um mar de rosas.
***
Encarei o girassol na minha mão e olhei pro seu túmulo.
Tinha exatamente três meses que ele faleceu e eu ainda podia sentir o calor do seu corpo junto ao meu, era como se ele estivesse ao meu lado e me apoiasse em tudo.
O vento bateu em meu rosto e eu fechei meus olhos.
- Como eu daria tudo pra escutar sua voz novamente - Digo abrindo um sorriso triste - Você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, girassol.
O vento novamente bateu em meu rosto e eu sorri.
- Eu nunca vou te esquecer, não sei se consigo seguir em frente - Uma lágrima escorreu por meu rosto - Eu ainda consigo sentir o cheiro do seu perfume, o calor do seu toque - Solucei - Eu daria de tudo pra ver o seu sorriso e a sua covinha que eu tanto amava tocar.
Olhei a aliança que estava em meu dedo e suspirei.
- Era pra estarmos fazendo vários planos agora, eu amei a aliança e sei que já te disse antes, a sua está guardada na minha gaveta junto com seus bilhetes.
Encarei o girassol novamente e suspirei.
- Foi a quarta flor que você me deu e foi a mais especial pra mim, você disse que eu te fazia feliz e eu sem mesmo saber disse o mesmo a você e hoje eu lembro da sua reação e dou risada, você ficou totalmente chocado e - Ri - Sei que quis me matar por eu não perceber que foi você, sempre foi você e sempre será você o dono do meu coração.
- Vilu - O encarei - Temos que ir.
- Fede, pode me dar mais alguns minutos? - Ele suspirou e assentiu.
- Mexicano - Deixou uma rosa no túmulo e sorriu - Quem recebe flores agora é você né? - Riu sem humor - Eu nunca disse antes, mas eu te amo cara, você foi o melhor amigo que alguém poderia ter - Limpou uma lágrima e me olhou - Tá difícil sem você, mas eu sei que está em um lugar melhor que esse mundo cruel - Ele sorriu - Te espero no carro - Assenti e ele beijou minha testa.
Esperei ele se distanciar e voltei meu olhar pro túmulo.
Suspirei e fiquei em silêncio sentindo o vento bater em meu rosto
- Licença - Abri meus olhos assustada e o encarei - Me perdoe não queria assusta-la
- T-tudo bem - Digo sorrindo.
- A senhorita está bem? - Perguntou preocupado e olhou o girassol em minhas mãos sorrindo logo em seguida - É uma flor linda.
- Sim, ela tem um valor especial pra mim.
- Você gosta de girassóis? Tem um colar de girassol.
- Eu passei a gostar, na realidade, eu amo girassóis - O encarei - Um em especial - Ele sorriu e eu voltei meu olhar pro túmulo.
- Quem ele era? - Perguntou também olhando pro túmulo.
- Alguém que mudou minha vida depois de uma singela flor deixada com um bilhete no meu armário - Senti ele sorrir - Ele era o meu namorado, faleceu tem três meses em um acidente de carro.
- Eu sinto muito - Disse baixinho.
- Obrigada - Ficamos em silêncio
Era extremamente confortável estar com aquele desconhecido e eu não entendia o porquê.
- Sabe, eu também perdi uma garota muito especial pra mim - Ele me olhou de solaio e abaixou a cabeça - Ela foi a garota que eu mais amei em toda a minha vida e eu quero vê-la feliz e não triste.
O encarei e senti uma sensação familiar.
- Quem é a garota? - Ele riu e olhou pra cima.
- Na hora certa eu te falo - Me deu um sorriso divertido e eu gelei.
Aquela fala, aquele sorriso e aquela bendita covinha.
- Eu queria mostrar pra ela que está tudo bem e que ela tem que viver, afinal é nova e tem um longo caminho pela frente - Focou seu olhar no meu e eu senti meu coração disparar - Assim como ela, você tem que seguir em frente, eu tenho certeza que o seu namorado não ia gostar de te ver assim, tô errado?
- Não, ele provavelmente ia fazer de tudo pra me animar - Digo rindo.
- Ele devia ser um cara bem bonitão e divertido, não é? - Ri e abaixei minha cabeça envergonhada.
- Ele era sim, mas eu não dizia muito pra não aumentar seu ego - Suspirei - Eu deveria ter dito, mesmo que ele me provocasse depois.
- Eu tenho certeza que ele sabia disso - Ficou em silencio - eu posso te abraçar?
Mesmo sem entender eu assenti.
Ele me envolveu em seus braços e eu me senti totalmente segura, não sei porque, aquele abraço era familiar, tão famíliar que eu comecei a chorar e ele afagou meus cabelos.
- Vai ficar tudo bem, eu tô aqui - Sussurrou e eu senti meu coração falhar - Calma, calma.
Era ele, eu tenho a total certeza disso
Me afastei e olhei no fundo de seus olhos.
- É você, não é? - Ele sorriu.
- Eu? Eu sou eu eu, pelo o que sei - Riu e suspirou - Eu tenho que ir.
- Espera! - Ele me olhou - Posso te abraçar, uma última vez?
Ele sorriu e assentiu, me joguei em seus braços e escutei seu riso quando me aconcheguei a ele.
- Obrigada - Digo baixo e ele acariciou minha bochecha.
- Disponha, moreninha - Sorri e vi ele se distanciar.
Encarei o túmulo e levei o girassol até meus lábios dando um singelo beijo no mesmo.
- Você sempre será o meu girassol - Digo deixando o girassol em seu túmulo.
Andei em direção ao carro me sentindo leve e totalmente bem.
Entrei no carro e Fede me encarou preocupado.
- Tudo bem? - Assenti - Você abraçou um desconhecido, tá tudo bem mesmo?
- Você viu?
- Algo disse pra mim voltar e eu vi você conversando com ele e o abraçou, não sei porque, mas quando eu vi a cena eu me senti bem e voltei pro carro, era como se eu conhecesse o cara - Disse dando partida
- Fede, você vai me achar maluca se eu te disser que era o León?
Ele me encarou e sorriu ternamente, pegou minha mão e a acariciou.
- Não - Disse simples - Eu acredito em você.
- Por que?
- Porque quando ele se afastou de você ele me viu, acenou pra mim e eu retribui o aceno, mesmo sem entender porquê me senti confortável - Suspirou sorriu - Agora eu entendo, ele sempre me surpreende.
- Eu te amo Fede - Ele sorriu
- Eu também te amo maninha.
Encostei minha cabeça na janela e olhei a aliança em meu dedo, sorri e fechei meus olhos.
- Eu te girassol - Sussurrei.
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