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História Florescer - Jealousy, jealousy



Notas do Autor


bunnylitz: oi oi oi, tudo bom? espero que sim!!
AAAAAAAA VOLTAMOS COM MAIS UM CAP DESSA HISTÓRIA 😩😩😩
ai, gnt, sério. eu amo ela demais, não tem como 😭
fiquei tão feliz de saber que vocês gostaram da história (mesmo odiando o Katsuki, pq neah, convenhamos, até a gnt xinga ele 🙂)
quero agradecer profundamente os comentários e os mais de 100 fav, sério, vocês são demais!!!!!
bom, não quero prolongar muito aqui, porém, quero pedir que não matem a gente pelo final 😀
enfim, sem mais delongas...
boa leitura! sz
ps: nos vemos nas notas finais 💚

Hiyamizu: Como sempre, eu não tenho muita a falar, eu sou péssimo com notas como vocês sabem KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Só queria dizer que: COMO NINGUÉM AINDA DISSE QUE O SHOTO ERA O MELHOR PERSONAGEM?? chateado ein
É isso, boa leitura e obrigado por todos os comentários, vocês são incríveis demais ❤️

Música do título/capítulo:
https://youtu.be/ueNrAWwdCDk

Capítulo 2 - Jealousy, jealousy


All your friends are so cool, you go out every night

Todos os seus amigos são tão legais, vocês saem todas as noites

In your daddy's nice car, yeah, you're livin' the life

No carro legal do seu pai, sim, você está vivendo a vida

Got a pretty face, a pretty boyfriend, too

Tem um rosto tão bonito, um namorado bonito também

I wanna be you so bad and I don't even know you

Eu quero tanto ser você e eu nem te conheço

Izuku não precisou fazer esforço nenhum para acordar aquela amanhã. Não havia dormido praticamente nada naquela noite, então, quando o barulho estridente — e irritante, vale ressaltar —, do despertador começou a tocar, ele simplesmente o desligou no mesmo instante, querendo poupar uma provável — e bem possível dor de cabeça. Sempre que suas noites eram péssimas, sua cabeça o castigava, quase como se falasse: é culpa sua por ser um idiota e não conseguir dormir. 

Quando se sentou na cama, ele olhou diretamente para a janela aberta, observando os fios de luz solar invadir seu quarto através das cortinas de tons claros, definitivamente precisava trocá-las, odiava acordar com a luz do sol em seu rosto. Midoriya achava que cortinas pretas seriam sua salvação, realmente precisava falar com sua mãe sobre isso. 

Sua roupa, como todos os dias, estava no mesmo lugar de sempre. Sua mãe realmente nunca o escutava, contudo, naquele dia em específico, ele agradecia profundamente o feito de sua mãe. Sua mente estava em um perfeito colapso, pensando na merda que havia feito na noite passada. Por que diabos ele havia mandando mensagem para aquele idiota? 

O negócio era que, o pior de tudo, nem foi ter mandado mensagem para aquele ridículo.

Ele havia mentido. Puta que pariu, ele tinha falado de uma maldita lista de mangás, Izuku não tinha uma lista de mangás para dar ao garoto de madeixas claras, porque ela nunca sequer existiu. Ou seja, Midoriya tinha pouco tempo para criar algo elaborado, que realmente parecesse convincente para entregar para ele, sem parecer que havia passado a noite toda pensando sobre isso. Isso seria possível? Tinha certeza que a sua cara de defunto iria o entregar. 

Izuku simplesmente não sabia que havia como piorar o seu rosto, porém, aparentemente, ele estava fodidamente enganado. Se levantou de supetão, tentando controlar toda a sua maldita ansiedade, mesmo sabendo que isso seria impossível, pelo menos em um momento como aquele. 

Precisava de um banho e definitivamente, de um copo cheio de café.

Pegou sua mochila e caminhou até a sua escrivaninha onde alguns de seus livros didáticos ainda se encontravam, pois havia feito alguns deveres na noite passada. Além deles, alguns de seus mangás também estavam por ali, junto de uns livros infantis — os que havia escolhido para ler no hospital naquele fim de semana. Sentou-se na cadeira estofada e debruçou-se sobre a mesa de madeira escura, pegando uma folha de seu caderno e uma caneta de seu estojo logo em seguida. 

Quais mangás ele poderia recomendar para aquele garoto? Sabia que ele havia se interessado por K-On!, todavia, Katsuki Bakugou tinha cara de otaku — vale ressaltar, hétero —, punheteiro que lia hentai na madrugada. 

Segurou a caneta com força entre seus dedos, tentando pensar com um pouco mais de afinco, então alguns nomes passaram a vir em sua cabeça e ele só começou a escrever, sem se importar se eram mangás antigos ou não. Junto com os títulos, Izuku se fez o favor de colocar os volumes ao lado porque sabia que ele seria burro o suficiente para pular a ordem e ainda acabar lendo na ordem cronológica errada. Sua cabeça doía só de imaginar que provavelmente ele que deveria explicar tudo isso para Katsuki. Porém — nunca admitiria isso para ninguém, claro —, achava fofo a maneira como ele parecia mesmo determinado em aprender aquilo, mesmo que isso, definitivamente, não combinasse com ele de forma alguma. 

O que realmente chegava a ser cômico. 

Ao terminar de escrever, ele guardou a lista de mangás recém-feita em sua mochila para não esquecer, guardou também todos os livros didáticos e cadernos que seriam necessários naquele dia de inferno, vulgo, escolar. 

Caminhou até o banheiro, já com uma toalha em mãos. Entrar no banheiro e ver sua aparência logo em seguida não havia sido uma coisa muito agradável para si, seus olhos estavam inchados como nunca antes, suas olheiras estavam fortes e muito, muito visíveis, além de sua cara, claro. Sua face realmente aparentava estar muito cansada — bem mais do que o normal. Só conseguia pensar em como sua "beleza" estava decaindo cada vez mais, como grãos de areia se esvaindo de suas mãos, até não sobrar absolutamente nada. Não conseguiu encarar o próprio reflexo por muito mais tempo, apenas saiu logo da frente do espelho e se despiu rapidamente, para não correr o risco de ver seu corpo naquele pedaço infernal de vidro. Sua cabeça já estava cheia demais para isso, ele não precisava aumentar ainda mais o seu nervosismo com uma crise de autoestima — algo que ele sequer tinha. 

Ligou o chuveiro quente e tomou um banho rápido, não se importando muito com o processo. Conforme ele se ensaboava, sentia seu estômago roncando e a fome já começava a dominar todos os seus sentidos. Apressou-se ainda mais no banho para que pudesse pelo menos ter uma boa alimentação naquela manhã. Já não bastava a aparência horrível e a ansiedade latente em seu peito, ele pelo menos deveria estar satisfeito com alguma coisa, e se esse alguma coisa fosse comida, ele realmente ficaria grato. Secou-se rapidamente e andou de volta para quarto, pegando sua cueca e vestindo seu uniforme em instantes, deu uma última ajeitada na mochila, conferindo se realmente estava tudo ali e, por fim, saiu do quarto, rapidamente em direção a cozinha. Ao passar pelo corredor, ele olhou de soslaio para aquele mesmo quadro de ontem, sentindo dessa vez, algo esquisito o preencher por dentro. Era quase como se seu corpo esquentasse de uma maneira esquisita, muito esquisita. Ainda estava com a maldita palpitação e odiava isso. 

— Será que além de começo de infarto, eu tô com queimação também? Credo — ignorou totalmente seus batimentos acelerados e voltou a focar no seu estômago roncando.

Descer as escadas naquele dia havia sido diferente porque, pela primeira vez, Izuku estava apressado para comer alguma coisa logo — algo que não acontecia há um tempo. O cheiro de torrada quentinha estava impregnado por toda a cozinha, fazendo o seu estômago pedir ainda mais por comida. Conseguia visualizar certinho uma torradinha com manteiga por cima, seu paladar até mesmo palpitou. Seguiu até o balcão da cozinha onde sua mãe estava sentada, sabia que não deveria a atrapalhar, pois por estar de óculos, sabia que a mais velha estava fazendo contas, mas, mesmo assim, não pode evitar de não chegar perto para dar um beijo de bom dia nela.

— Bom dia, mãe. — Sorriu, vendo o pequeno susto que a mais velha havia levado.

— Não faça essas coisas, Izuku — ela riu, retirando os óculos. — Dormiu bem, meu amor? — Inko perguntou, observando com atenção a aparência do único filho. — Ficou até tarde vendo aqueles desenhos de novo, Izuku? Quantas vezes eu já falei para não fazer isso durante a sema-

— Não foi isso! — ele falou, sentindo seu coração acelerar um pouco. De repente, ele se sentiu tímido. 

— E porque ficou acordado até tarde? Você tem prova ou algo assim? Por que não me chamou para ajudá-lo a estudar? — Ok, sua mãe estava realmente preocupada.

— Não foi isso também — deu um risinho nervoso — eu fiquei até tarde conversando com ele. — Não foi exatamente uma conversa, mas sua mãe não precisava saber que havia ficado acordado até tarde esperando o idiota lhe responder.

— Sério?! — ela perguntou atônita, se levantando rapidamente. — Vamos tomar um bom café da manhã, sim? E você me conta tudo! — Izuku corou, sorrindo envergonhado.

Sério, tinha que procurar um médico urgentemente.

— Não pense que foi grande coisa, realmente não foi nada demais — ele respondeu, meio constrangido. Era acostumado a contar exatamente tudo para a sua mãe, por isso havia uma confiança mútua entre eles, todavia, ainda sentia-se um pouco acanhado sobre isso, afinal, era sobre Katsuki que estavam falando. — Pare de me encarar assim! — Sentiu as bochechas ficarem ainda mais vermelhas.

Inko riu da reação do filho, achando fofo a maneira que ele ainda se sentia constrangido com isso. Conhecia muito bem o filho e, por isso, talvez pudesse estar sendo precipitada sobre o assunto, contudo, tinha quase certeza de que seu filho estava com vergonha de se reaproximar do vizinho. 

Afinal, Izuku sempre foi assim.

— Não estou te encarando de maneira nenhuma — ela disfarçou, fazendo ele estreitar os olhos. Ela riu mais uma vez, arrancando dele um sorriso, mesmo que ainda fosse tímido. 

Izuku pegou três torradas e colocou em um prato que estava na mesa, pegando uma faca de mesa pequena logo em seguida. Começou a passar delicadamente a manteiga sobre elas, pois não queria que as torradas quebrassem. Ver a manteiga derretendo sob a quentura do pão o fez lamber os lábios, estava realmente com fome e sua boca cheia de água, queria comer logo, porém, ignorou tudo isso e pegou uma xícara de porcelana branca, grande o suficiente para o satisfazer. A encheu até o topo, suspirando desejoso ao sentir o cheiro de café recém feito.

— Beber tanto café assim ainda fará com que você passe mal algum dia, Izu. Você realmente deveria diminuir um pouco dessa enorme quantidade que você ingere, meu bem — aconselhou sua mãe, como sempre, preocupada com seu bem estar — E, então, sobre o que vocês conversaram? 

Sua mãe estava mesmo disposta a saber de tudo?

— Não foi nada demais, sério. Eu apenas fiquei pensando sobre o que você disse para mim, sabe? Eu meio que me senti mal pela maneira que eu tratei ele mais cedo — explicou, mordendo um pedaço da primeira torrada que estava em seu prato. — Ele entrou no meu clube de mangá, sabia? E eu o tratei com muita desconfiança e bastante, tipo, bastante arrogância.

— Isso é normal — Inko explicou para o filho, dando um gole em sua própria xícara — Foi repentino, eu entendo. Mas sabe, é como eu disse, o perdão é necessário. — Izuku suspirou — Não se cobre tanto, por mais que seja necessário, ele não vem do nada, ok? Do mesmo jeito que você precisa se esforçar para dar uma segunda chance a ele, Katsuki precisa se esforçar para merecer o seu perdão. Então não se esforce tanto assim, ok?

— Eu sei. — Deu mais uma mordida em sua torrada, dando um gole generoso em seu café logo depois. — Ele tinha me pedido uma lista de mangás e eu recusei. Também quis me dar uma carona naquela moto velha dele, mas eu recusei, claro. Eu nunca aceitaria algo do tipo vindo dele.

— E por isso você chamou ele? — Inko estava, estranhamente, interessada demais nos assuntos do filho. — O que você disse? Se sentiu culpado sobre o que aconteceu no colégio?

O que diria para sua mãe? Diria que inventou uma mentira e uma desculpa horrorosa apenas para conversar com ele? Que sentiu uma sensação esquisita no peito apenas por conversar com ele por alguns minutos? De como era um otário por ter ficado acordado quase a noite toda apenas para ter uma resposta? Sentia-se mais burro que Katsuki.

— Eu só falei que tinha uma lista velha aqui em casa sobre uns mangás que eu li e que daria ela para ele hoje. Como eu disse, nada demais — respondeu, não mentindo completamente, porém, omitir alguns fatos era a solução agora. — Realmente não tem motivo nenhum para tanta euforia assim.

Então por que ele estava com tanta ansiedade dentro de si? 

— Você sabe que agora irá conviver com ele praticamente todos os dias, não é? — Inko parecia feliz com isso. Izuku fez uma careta, terminando a torrada. — Não faça essa cara. Mitsuki está tão ansiosa com essa reconciliação quanto eu! — Sorriu orgulhosa. 

— Espera, o quê? — Izuku controlou-se para não gritar. — Você disse algo para ela sobre isso? — Estava ainda mais constrangido. A tia Mitsuki não diria nada para Katsuki, certo?

— Pouca coisa, até porque você não me contou muito. — Levou a caneca até a boca. 

Izuku queria oficialmente morrer. 

— Meu Deus! — Foi tudo o que conseguiu dizer naquele momento. 

— Foque em terminar o seu café da manhã, sim? Não fique pensando muito sobre isso. Vou me preparar para ir ao trabalho. Eu não sei o horário que meu turno vai acabar hoje, então não se preocupe, ok? Não precisa me esperar para o jantar — ela avisou, dando um beijo na testa se seu filho, indo em direção às escadas. 

Izuku apenas concordou com a cabeça antes da mãe dar as costas e sair. Agora que estava em silêncio, enquanto comia ele pensava em como abordar o garoto para entregar a lista. A tão famigerada lista que estava retirando toda a sua paz naquela manhã e na madrugada passada. 

Terminou seu café, colocando as louças que sujou na pia. Saiu da cozinha logo depois, retornando para o seu quarto, pegou seus óculos e os colocou no rosto para, então, pegar a sua mochila. A colocou nas costas rapidamente, afinal, não queria se atrasar, então se apressou em calçar seus tênis para, enfim, andar até as escadas, descendo-as rapidamente e seguindo em direção a porta principal da casa, onde sairia como de costume. Ao sair da residência, ele notou que o sol não estava tão forte como no dia passado e que o céu não estava tão limpo, resolveu checar em seu celular. Olhando a previsão do tempo, ele estranhou, pois embora o céu estivesse meio cinzento e nublado, não havia previsão alguma de chuva para aquele dia. Pensou um pouco, porém, resolveu não entrar e pegar um guarda-chuva, confiando totalmente no clima que seu celular mostrava.

— Você demorou. — A voz dele fez com que Izuku se assustasse e desse um pulo. Katsuki o encarou com um sorriso travesso, dando uma risada gostosa logo em seguida. — Pensei que havia desistido de ir para o colégio por minha causa, Deku — provocou. 

— Deixa de ser insuportável — Midoriya reclamou, tentando disfarçar o seu nervosismo. Será que Katsuki conseguia ouvir os seus batimentos cardíacos? — Você nunca será um motivo para que eu deixe de fazer minhas coisas, idiota. — Se aproximou lentamente. 

— Tem certeza? — O garoto lambeu os lábios rosados de uma maneira seduzente. Izuku desviou o olhar, um pouco constrangido. — Você nem está conseguindo me encarar. 

— Só cala a boca, seu babaca — disse irritado, não querendo que ele realmente percebesse o quão mexido havia ficado. Pegando a mochila e a abrindo rapidamente, ele retirou de lá a maldita lista que havia o pertubado a noite toda. — Aí está a sua lista, agora você pode me deixar em paz! — exclamou. 

Katsuki fez questão de encostar na mão de Izuku, fazendo um movimento com o dedo em sua palma, antes de finalmente pegar o papel das mãos do garoto de olhos verdes. 

— Ah, qual é, princesa! Você pode me levar pra comprar esses quadrinhos, não é? Nós podemos aproveitar e tomar um sorvete, por minha conta, é claro. — Deu um uma piscadela para ele. 

— Para de me chamar assim — reclamou, sentindo-se desconfortável com isso. — Eu não sou aquelas idiotas que ficam atrás de você, nem muito menos te dei essas ousadias! — murmurou, ainda constrangido.

— Você pode me dar outra coisa — Katsuki sussurrou com voz rouca, quase aproximando-se do ouvido do menor. — O que acha? Você pode entrar, sabe disso. Se lembra do meu quarto ainda? Eu não mudei muita coisa nele. 

O rosto de Izuku tornou-se vermelho demais e tudo o que ele fez foi afastar-se do loiro. Era bom para todos manter uma boa distância.

— O que foi? É uma brincadeira. — Deu um sorriso travesso. — Ou não, fica a seu critério, princesa. 

— Me erra, urubu. Eu vou me atrasar se continuar aqui ouvindo suas asneiras e eu não quero isso, tchau! — Ele mudou de assunto rapidamente, querendo se livrar logo daquela situação constrangedora. Katsuki estava achando que ele era o quê? Que merda!

— Você acha mesmo que eu fiquei esperando só por esse papel, princesa? Eu vou te levar para o colégio hoje. — Sorriu. — Você consegue montar em mim, digo, na minha moto, não é? — O sorriso de Bakugou aumentou bastante, seus olhos também pareceram ficar mais intensos, deixando Izuku encurralado. — Você não vai me dar um fora de novo, vai? 

Estava receoso, tinha que pensar bem naquela proposta. Izuku já tinha medo de motos, o que já não ajudava muito e, para piorar, a moto seria pilotada por Katsuki, e nossa, Midoriya definitivamente não confiava no ex-melhor amigo para isso.

— Eu não confio em você para isso, pelo menos não ainda. — Deixou a última palavra escapar de seus lábios, arrependendo-se logo depois com o olhar dele. 

Ainda? — E, então, aquele sorrisinho torto apareceu novamente. — Então eu tenho chances, não é? — falou, sua voz saindo um pouco mais galanteadora do que o planejado.

— Olha, eu… 

— Kat, por que você não me acordou? — Izuku estava quase cedendo ao convite do mais velho, quando uma terceira voz se fez presente, uma voz feminina, o fazendo parar de falar no mesmo instante. 

Katsuki revirou os olhos, irritado. Ótima hora para que aquele demônio aparecesse. 

— Não deu vontade, caralho. — Seu humor mudou completamente. — Eu não sou sua mãe, já parou para pensar nisso? — perguntou com voz amarga. 

Izuku reconhecia aquela garota. Era a mesma que havia aparecido duas vezes seguidas no Instagram dele. Cabelos loiros, lisos e brilhantes; peitos fartos e cintura fina. Quadril generoso e uma bunda empinada. A boca carnuda com gloss provavelmente chamaria a atenção de vários garotos.

Garotos como Katsuki

Por um momento, Izuku sentiu-se… mal. 

— Poxa, por que você está me tratando assim? Ontem foi tão bom para mim, não foi bom para você também? — Ela deu um sorriso malicioso para ele. Só então Izuku notou marcas no pescoço da garota. 

Ele não estava dormindo naquela hora, ele estava transando com ela

— Camie, tem gente aqui, caralho — irritou-se, quão estúpida aquela garota era?

Os olhos deles encontraram-se com a terceira pessoa ali. A loira rapidamente fez uma careta, não disfarçando o nojo de ver Katsuki conversando com alguém como ele. 

— Você vai querer a carona? — Katsuki perguntou novamente para o de madeixas verdes, esperando que dali uma resposta positiva saísse.

— Ah, não — respondeu Izuku sem graça, mudando o tom de voz. — Você já tem a sua companhia perfeita! — E, então, saiu andando. Não podia perder mais o seu tempo ali, ele não queria mais perder seu tempo ali.

Izuku caminhou com pressa para não ter o risco daquele garoto irritante o perseguir novamente, como havia feito na noite passada. Isso é, se ele se desse ao trabalho de fazê-lo. Midoriya era mesmo um idiota de pensar coisas desse tipo. Era mais do que óbvio que ele não o faria, afinal, ele tinha uma bela garota para dar atenção agora. Mas por que isso estava o irritando tanto? Era por causa da mentira que ele havia falado por mensagem na noite anterior? Odiava mentiras, mas odiava mais o fato de que não podia culpá-lo. Bakugou não devia satisfação de sua vida para ele, além de que ele também havia mentido para o garoto de olhos carmesins. 

Ele não tinha o direito de exigir nada.

Ainda com medo de que o outro poderia o seguir, ele resolveu ir por um caminho diferente. Era um caminho mais demorado, contudo, Izuku se sentiria mais confortável assim. Mil vezes andar mais do que ver ele e aquela garota na moto ridiculamente velha dele. Chutou uma lata que estava em sua frente, ouvindo o barulho dela se chocando com a caçamba de lixo, sussurrando um "droga" logo em seguida, odiando o barulho estridente que ele mesmo havia causado. 

Ela nem era tão bonita assim e provavelmente ela era mais burra que ele. Com certeza, pelo menos nisso, Izuku era melhor.

— Se ia levar a sua namorada, por que ficou me falando aquelas merdas? — disse para si mesmo. Algumas pessoas o encaravam de maneira estranha, deveria mesmo estar parecendo um louco falando sozinho. Mais louco que isso, só a comparação que havia feito entre os dois. — Porra, eu real preciso marcar meu psicólogo.

Tentou ficar sem pensar sobre eles durante todo o caminho, mesmo que isso fosse deveras impossível, pois a maneira que ela agarrou o braço dele continuava a vir em sua mente.

Afinal, o que eles tinham? Ela era tão importante assim para ele?

Katsuki não gostava de toques, mesmo quando era uma criança. Ela nunca havia sido de muito contato físico, mas, aparentemente, com ela era diferente. Que porra, por que estava se sentindo assim? Onde tinha mais uma lata para ele chutar?

Andou um pouco mais rápido, querendo chegar logo no inferno, já estava atrasado e se continuasse assim, acabaria perdendo o primeiro horário de aula, consequentemente, mancharia seu histórico de presença.

Quando aproximou-se do colégio, ouviu um barulho alto e irritante de moto se aproximando e já ficou assustado, segurando firmemente seu celular no bolso, e, então, a moto apareceu do nada na sua frente, com um loiro estacionando-a com raiva logo depois. 

— Você quer me atropelar, caralho? — Izuku xingou, sentindo seu coração disparar rapidamente com o susto. — Deveriam proibir você de andar nessa porra! Ganhou sua carteira de motorista em uma caixinha de cereal, cacete?

— Fica quieto, caralho. Eu procurei por você o caminho todo — Katsuki rosnou, puto demais com o garoto de madeixas escuras. Izuku deu um passo para trás inevitavelmente quando ele se aproximou de supetão. — Onde você estava, cacete? 

— Eu não te devo satisfações, quantas vezes vou ter que te falar isso?! — exclamou, tentando responder com o mesmo tom de voz. 

Izuku então olhou ao redor. Onde estava a garota que havia saído da casa dele? 

— Onde está a sua namorada? — perguntou, não pensando bem no motivo de perguntar aquilo. Katsuki o encarou por uns segundos e depois riu. 

— Ela não é minha namorada — Katsuki disse, sua voz tornando-se rouca de novo. — Estava com ciúmes dela, princesa? Não precisa ter ciúmes, eu não sou comprometido com ninguém. Pelo menos, ainda não. — Deu uma piscadela para o menor.

E mais uma vez, Izuku estava constrangido. 

— Não — respondeu de maneira fria. — Não quero me atrasar para a aula, tô indo. — Começou a andar. 

A mão grande de Bakugou segurou o braço de Izuku rapidamente, impedindo-o de continuar a andar. 

— Pelo menos o sorvete você vai tomar comigo, não é? — Os olhos de Katsuki o encararam diretamente, mesmo que fosse difícil vê-lo com aqueles óculos grossos.

— Eu vou pensar, não é como se eu fosse um desocupado que nem você — suspirou pesadamente, ficando quieto por alguns segundos, ainda encarando os olhos alheios. 

— Quando vou ter uma resposta? — Arqueou uma sobrancelha, desconfiado. — Você não vai me dar um bolo, não é? — brincou. 

— No clube — ele respondeu, sem desviar os olhos da face dele. — Você pode me soltar agora? — pediu, desviando o olhar finalmente. 

Katsuki concordou com a cabeça, soltando-o no mesmo instante. 

— Obrigado, Katsuki.

Apressou os passos, para ir logo para a sala de aula. Havia gasto todo o seu tempo "livre" conversando com aquele jogador de basquete estúpido. Sinceramente, arrependia-se um pouco por ter ficado tanto tempo com ele, contudo, parte de si também se arrependia de não ter aceitado logo aquela droga de carona. Além de tudo isso, sua mente ainda pensava em qual desculpa iria dar para os seus amigos, afinal, Izuku nunca foi de se atrasar. Tenya e Shoto provavelmente perguntariam o motivo de toda essa demora e ele simplesmente não sabia o que dizer para eles. 

Havia "voltando a conversar" com Katsuki há apenas um dia e já estava mentindo para todos aqueles que amava. Aquele garoto problemático era ótimo em causar problemas para os outros, principalmente em sua mente extremamente confusa e desorganizada. Onde tinha ido se meter?

[...]

Enquanto andava pelos corredores praticamente vazios do colégio, Katsuki pensava em como Izuku Midoriya conseguia ser tão idiota assim. Estava sendo tão fácil brincar com ele, nunca havia imaginado que teria tanta facilidade em fazer aquele garoto se aproximar dele novamente. Não havia nem mesmo um dia em que ele foi atrás com as suas investidas de flertes — que sim, ele admitia serem bem cafonas —, e o garoto de madeixas verdes já estava daquela maneira. Uma risada debochada escapou de seus lábios por um segundo. A cena em sua mente era engraçada demais, ele realmente não conseguia parar de pensar em como tudo isso estava tornando-se tão divertido. Pelo andar da carruagem, em menos de um mês ele já teria conquistado o coração daquele nerd e ganhado a aposta com Kirishima. Já estava ansioso pelo carro novo estacionado na sua porta. 

Passou a mão pelos cabelos rebeldes, antes de sair do colégio pela porta traseira. Geralmente, ele e os amigos iam para aquele lugar quando não queriam frequentar as aulas, então, não foi surpresa encontrar com Eijirou e Denki sentados em uma das várias cadeiras que havia naquele local. Como sempre, Eijirou estava sentado com Kaminari em seu colo, eles se beijavam intensamente e os movimentos dos quadris do menor não passaram despercebidos por Katsuki. 

— Vão para um motel, filhos da puta — gritou Katsuki, chamando a atenção de ambos. 

Kaminari suspirou pesadamente. 

— Chegou o empata foda do caralho. — Kaminari revirou os olhos, sentindo-se frustrado. — Tanto lugar para você ir, você tem mesmo que vir aqui? Justamente agora?

— Poxa, brô, eu 'tava ficando animado — disse o falso ruivo, um pouco chateado com a interrupção do amigo. 

— Vão se foder, seus cretinos. Isso aqui é um lugar público, não a porra da casa de vocês — resmungou, seguindo até uma das cadeiras.

Katsuki se sentou um pouco mais longe dos dois amigos, cruzando os braços logo em seguida.

— Você tem muita moral para falar, não é? — o outro garoto loiro disse com deboche, o encarando com uma careta — Como se ninguém soubesse que você fode as líderes de torcida no banheiro. — Revirou os olhos. 

— Cala a boca, babaca — disse Katsuki. — Não estrague o meu bom humor. 

— E desde quando você tem bom humor, cara? — Eijirou disse rindo. O mundo poderia acabar e, mesmo assim, Katsuki não iria ter ao menos cinco minutos de bom humor. Algumas coisas eram impossíveis. — O que rolou pro seu "bom humor", aparecer? — perguntou fazendo aspas com os dedos. 

— Digamos que — fez uma pausa e deu um sorriso travesso — logo logo você vai perder o seu carro. — O encarou de maneira ameaçadora. 

Kirishima engoliu em seco. 

— Como você pode ter tanta certeza assim? ‘Tá confiante demais — Denki se intrometeu em defesa do namorado. — Nem mesmo aquele nerd estúpido deve ser tão idiota assim. Não depois de você ter simplesmente abandonado ele pra ser o que é hoje. 

— Não fala as coisas que você não sabe, caralho — Katsuki rosnou, perdendo uma boa parte do seu bom humor. 

— Como se ninguém soubesse que você se afastou do seu melhor amigo pra não ter a imagem manchada. Como você dizia mesmo? — o de madeixas vermelhas de um sorrisinho travesso. — "Não quero que as pessoas pensem que eu sou tão esquisito quanto ele". — Eijirou sorriu maldoso, vendo que Katsuki realmente se incomodava com aquilo. — Não tente fazer o papel de bom moço, brô, porque você pode ser tudo, menos isso. 

— É Katsuki, parece que eu sei sim. Você se afastou do nerd, porque não queria parecer um perdedor como ele, você não queria ser como ele — Denki disparou, o tom venenoso saindo de sua boca sem culpa, mesmo sabendo que havia tocado no ponto fraco do outro loiro. 

— Você 'tá querendo apanhar, desgraçado? — Ele levantou no mesmo instante, fechando o punho com força, aproximando-se lentamente. — Porque se você continuar com esse caralho, eu juro que arrebento a porra dessa tua cara feia!

— Ei, calma aí, cara — Eijirou disse, se colocando na frente do namorado. — Só estamos zoando com a sua cara, não precisa levar tão a sério assim. — Sorriu amigável, tentando controlar o amigo.

Katsuki sorriu, passando a língua nos lábios.

— Oh, claro. Vamos brincar. — Voltou a se sentar, apoiando os cotovelos das coxas malhadas. — Você já o perdoou totalmente? — Bakugou indagou, chamando a atenção dos dois. — Me diz, Denki. Você já o perdoou totalmente? — Se recostou na cadeira, cruzando os braços logo em seguida.

— Claro que eu perdoei! — Denki se exaltou. — Eu entendi os motivos dele, sei que ele se arrependeu verdadeiramente — resmungou.

— Ah, claro. Ele deve ter tido muitos motivos para foder várias e várias vezes com o Shindo, né? — deu uma risadinha — diz aí, Eiji, quais foram os seus motivos? — Virou um pouco a cabeça, dando uma de desentendido. — Será que era porque o Denki não era o suficiente pra você?

— Katsuki, você 'tá passando dos limites — Kirishima falou, apertando os punhos.

— Ué, eu pensei que estávamos brincando. — Sorriu, se levantando logo em seguida. — Podem continuar a pornografia de vocês aí, eu só vim falar isso mesmo — colocou as mãos no bolso da jaqueta que usava — Cuide bem do meu carro, por favor. — Dando uma piscadinha, Bakugou saiu de lá, deixando ambos os amigos em um clima tenso.

— Você já me perdoou, não é? — Kirishima perguntou, abraçando a cintura do – ainda – namorado.

— Eu sou o suficiente pra você, Eijirou? — Denki perguntou, as palavras de Katsuki ressoando em seu ouvido.

Kirishima suspirou, precisava consertar isso.

— Claro que você é! Você é mais do que o suficiente para mim, você é o meu tudo, Den. — Abraçou o namorado. — Vamos esquecer isso, sim? Eu amo você — murmurou contra o ouvido dele, deixando alguns beijos castos no pescoço do outro.

— Eu também amo você.

[...]

Katsuki caminhava em passos lentos até a lanchonete, estava morrendo de fome e o período de aula havia sido realmente uma merda. A única coisa divertida que havia feito naquela manhã, tinha sido algumas brincadeiras com Izuku durante as aulas de física. Era realmente engraçado ver a maneira que o de madeixas escuras ficava constrangido na frente de seus amigos. Também havia interagido bastante com aqueles dois amigos estranhos do garoto, não achando eles tão ruins assim — mesmo que ele não admitisse isso nem para a sua própria sombra. Eles eram legais, diferentes, mas legais. Tinham um ótimo humor e as brincadeiras realmente se tornavam ainda melhores quando os dois também entravam na onda, causando ainda mais constrangimento para o menor.

Ao chegar na lanchonete, ele passou na frente de diversas pessoas, não fazendo muita questão de esperar por sua vez. Katsuki chegou até mesmo a empurrar algumas pessoas, afinal, ninguém seria maluco de arrumar briga na hora do almoço, ainda mais com alguém como ele. Pediu um hambúrguer grande e uma porção grande de fritas como acompanhamento. Enquanto esperava, ele se perguntou se aquele único hambúrguer seria o suficiente para ele, afinal, como capitão do time de basquete, ele precisava de muita energia, e nada melhor do que ingerir um lanche bem gostoso para isso.

Pegou seu hambúrguer junto da bandeja, não esquecendo das batatas fritas, aproveitou para pegar uma garrafinha de suco de laranja — seu favorito —, também. Pagou o valor rapidamente, não fazendo questão de pegar o troco, olhou ao seu redor, encarando como aquele lugar parecia um campo de guerra no horário do almoço. Todas as mesas eram separadas em base na maldita hierarquia social imposta naquele colégio. Dali mesmo ele conseguia ver a sua mesa com alguns dos seus colegas já presentes, era a melhor mesa, ao lado do grande janelão de vidro, digno do grupinho mais popular do colégio. Um pouco mais à frente, ele foi capaz de ver o garoto de cabelos verdes e óculos redondos sentado junto de seus amigos do clube — inclusive as duas novas garotas. Deu um sorriso de lado, indo naquela direção. 

— Ei, tá indo 'pra onde? — Katsuki parou, assim que escutou a voz do maconheiro ao seu lado. Encarou o moreno com uma careta. 

— Desde quando eu devo satisfações pra você, porra? — indagou, mantendo a sua cara feia, enquanto se distanciava. 

— Não me diga que você vai se sentar ali. Cara, isso é demais, até pra você — resmungou Sero, passando a mão pelos longos fios pretos, colocando a touca novamente logo depois.

— Sabe do que eu tenho saudade? De quando você parecia um cadáver de tanto fumar maconha, pelo menos assim você me deixava em paz, caralho — rosnou afastando-se ainda mais do moreno, indo, enfim, para o seu destino.

— Tanto faz — Hanta disse, dando de ombros, indo em direção a sua mesa. 

Os olhos de Izuku encontraram-se com os de Katsuki no mesmo instante em que percebeu a nova presença na ali, seu sorriso morreu.

Ele não ia sentar ali, ia?

— Tem lugar pra mim aí? — Katsuki perguntou, sem ao menos esperar uma resposta, afastando o bicolor de Izuku e sentando-se ao lado dele, ainda com um sorriso no rosto.

— De nada, foi um prazer guardar o seu lugar — murmurou Shoto, de maneira baixa, mas ainda o suficiente para que os outros escutassem. 

— O que você está fazendo aqui? — indagou Midoriya, estranhando o feito do de madeixas claras. Por que diabos ele não estava com aquele grupo cheio de gente ridícula?

— O que foi? Não posso mais me sentar ao lado da minha princesa, hm? — sussurrou no ouvido dele, mordendo o lóbulo de sua orelha. Izuku tornou-se um tomate no mesmo instante. 

— Vocês dois estão namorando ou algo assim? — Mei perguntou, os olhos âmbares brilhando em expectativa.

— NÃO! — gritou Izuku, atraindo alguns olhares curiosos em sua direção.

Ainda não — corrigiu Katsuki, com um sorriso ladino.

— E nunca vamos, credo. — Bebeu um gole de seu suco de maçã, dando uma risadinha nervosa logo depois. — Tá doida, menina? Acha mesmo que eu ia me relacionar com um cavalo como esse? — perguntou.

— Cavalo mesmo, meu pau é enorme do mesmo jeito — Katsuki se gabou, dando uma risadinha ao ver a face de Izuku se tornar ainda mais vermelha.

— Ele quis dizer que você é ignorante — Shoto falou, levando uma garfada de macarrão até a boca.

— Ele sabe, Shoto. O Katsuki só quis fazer graça mesmo — Midoriya falou, tentando controlar o fervor que ainda sentia em suas bochechas.

— Mas não teve graça — o de madeixas desiguais falou, sem entender muito bem o que estava acontecendo.

— Shoto, come o seu macarrão — Tenya falou, não queria que Izuku chamasse o amigo de burro.

— Se eu soubesse que o clube de mangá era bom assim, eu tinha me inscrito antes — Kendo falou, pegando uma batatinha do prato de Mei.

— Ei, não roube minhas batatinhas — ela choramingou, escondendo as outras batatinhas.

— Poxa, eu já ia pegar uma também — Izuku brincou.

— Quer batatinha frita, princesa? Pode pegar todas as minhas se você quiser — Katsuki falou, aproveitando a brecha para jogar mais um de seus flertes.

— Que porra o Katsuki tá fazendo lá? — Momo perguntou, olhando de longe a cena que se desenrolava a seguir.

— Sai do meu pé, chulé. Eu não quero nada que venha de você não — Izuku negou, passando a comer sua própria comida. 

— Qual é, princesa! Se você quiser, te dou até na tua boquinha. — Bakugou pegou uma das batatas fritas e passou a levar na boca do menor.

— Ele não vai fazer aquilo mesmo, vai? — Mina falou, bebendo um pouco do seu refrigerante.

— Katsuki, eu não quero — Izuku negou de novo, afastando-se um pouco do outro.

— Se você não pegar pelo menos uma das minhas batatinhas, eu vou colocar a força na tua boca — sorriu — você é dos que curte um pouco mais de violência? — Passou a língua nos lábios.

— Isso não seria considerado agressão? — Shoto perguntou.

— Hm, não seria agressão se minha princesa gostasse, não é? — Olhou para Izuku. — Você gosta?

— Fofo — Mei falou, de olho no desenrolar da cena a sua frente.

— Gosto sim — Izuku falou. — Gosto da distância que tinha entre a gente antes. — Se levantando, o de madeixas verdes suspirou logo depois. — Perdi a fome, vejo vocês no clube depois. — Sem esperar por respostas, o menor saiu andando em direção a saída do refeitório.

— Ele realmente negou minhas batatinhas — Katsuki falou. — Chateado, hein. — Fez drama, se levantando logo depois. — Vejo vocês no clube, tenho algumas coisas para resolver — se despediu, indo em direção a mesa que seus amigos estavam.

— Ele é estranho — Shoto falou, terminando seu macarrão.

— Olha quem fala — Tenya comentou, rindo.

— Não entendi. — Todoroki arqueou uma de suas sobrancelhas.

— Claro que não, você é burro — Kendo riu.

— Vocês são insuportáveis.

— Sentiram minha falta? — Bakugou perguntou, sentando-se na cadeira, deixando a bandeja sobre a mesa.

Eijirou e Denki pareceram ficar tensos quando ele chegou à mesa. 

— Não. — Momo foi direta, colocando mais uma garfada da sua salada de alface em sua boca. — Aliás, você nem mesmo deveria voltar para cá depois daquele show de horrores — ela disparou, enojada. 

— Agora que está sem a namoradinha, está mostrando a cobra que é de verdade não é? — Ele deu um sorriso falso para ela. — Você acha que é quem pra mandar em mim, hein? 

— Por que você não trouxe ele para cá ao invés de ir para lá? — Mina indagou, antes que se iniciasse uma possível – bem possível –, discussão entre aqueles dois. 

— Você está louca? — Denki fez uma careta de nojo, olhando agora, o grupinho de Izuku rindo de uma das meninas. 

— Isso iria, definitivamente, destruir a nossa imagem, Mina. Se o Katsuki quer ser tachado como lixo, ele que o faça sozinho. — Momo parecia tão ofendida quanto Kaminari. 

— Destruir nossa imagem? — ela riu — Vocês já estão todos fodidos, querem destruir mais o que? — Mina foi sincera, bebendo seu refrigerante mais uma vez. — Vocês ligam muito pra essa merda de hierarquia social, mas adivinhe, vocês não são melhores que ninguém aqui.

— Status social é tudo aqui, você sabe disso — Eijirou comentou, não parecendo muito interessado na conversa. 

— Vocês poderiam ir tomar no olho do cu de vocês, seus filhos puta? — Katsuki os xingou, perdendo todo o seu bom humor. O clima entre a mesa do clube e aquela era completamente diferente. — Isso é só uma aposta — ele os lembrou.

— Tem certeza? — Sero comentou, falando pela primeira vez desde que o loiro chegou. — Você tem certeza mesmo que isso é só uma aposta? Você é diferente quando está com eles — apontou para a mesa onde estava sentado anteriormente.

De repente, os olhos de todos os amigos estavam sob ele. 

— 'Tá louco? — Katsuki fechou a cara — Eu só quero o carro desse fodido, nada mais — apontou para Kirishima. — Aquele nerd não significa nada pra mim, tá ouvindo? Nada.

— Então por que vocês não fazem outra aposta? — Momo quis tirar a prova, encarando-o intensamente. 

— As coisas não funcionam assim — desconversou. — Essa foi a nossa aposta.

— Eu não teria problemas em trocar a aposta. — Eijirou olhou para ele, no mesmo instante. 

— Você só está querendo mudar porque sabe que vai perder o carro — Katsuki disse, achando que isso era óbvio demais. 

— Ou você realmente se importa com o perdedor e está mentindo pra si mesmo — Denki comentou, levando uma batata frita até a sua boca, mordendo-a com vontade. — Uma vez perdedor, sempre perdedor — sussurrou, achando que estava baixo o suficiente para que o de madeixas claras não pudesse ouvir.

Katsuki socou a mesa com força, assustando todos os que estavam sentados ali e, também, chamando a atenção dos outros alunos ao seu redor.

— Eu já não falei pra você parar com essa porra, caralho?! — se descontrolou, vendo a feição de Denki mudar no mesmo instante. — Parabéns, você me fez perder a fome, seu merdinha do cacete!

Katsuki se levantou no mesmo instante, saindo do local com passos rápidos e pesados, deixando os amigos para trás sem entender essa reação exagerada dele, mas ele não ligava. Katsuki só queria se afastar o máximo daqueles fodidos insuportáveis.

Olhou para o relógio em seu pulso, vendo que estava quase na hora do clube de mangá ser aberto. Caminhou mais rápido em direção às escadas que leva à ala dos clubes. Enquanto andava até lá, ficava pensando no motivo de ter ficado daquele jeito. Talvez, Denki chamando o Izuku de perdedor e o comparando a ele estava o deixando puto demais, afinal, eles não tinham nada a ver um com o outro. Bakugou não era um perdedor.

Essa deveria ser a única explicação. Era a única explicação. Ele não queria ser ofendido, apenas isso, nada mais. 

Andou um pouco mais rápido, chegando rapidamente a porta do clube de mangá, tamanha foi a sua surpresa ao encontrar Izuku lá.

Seu coração acelerou.

— Já está aqui? É cedo ainda, pode voltar para as suas atividades — Midoriya murmurou, assim que notou a presença do mais velho.

Katsuki suspirou, precisava se acalmar. Ele se sentou no chão, ao lado do menor, e deu uma risadinha.

— Eu fiquei ansioso, sabe? Me prometeram uma resposta aqui — ele falou, atraindo o olhar de Midoriya para si.

O de madeixas verdes suspirou.

— Sério, Katsuki. O que você realmente quer de mim? — Izuku perguntou. — Fazia quantos anos que não nos falávamos? Aposto que você nem sa-

— Cinco anos, quase seis, pra ser mais exato. — Bakugou falou no automático, surpreendendo-se por saber aquilo.

Izuku deu um sorriso triste.

— Sim, exatamente — suspirou. — Você parou de falar comigo anos atrás e agora… agora você entra de uma vez na minha vida de novo e vira ela de cabeça para baixo — continuou falando, sem dar espaço para que o outro retrucasse. — Eu não consigo entender, eu realmente não consigo. — Olhou no fundo dos olhos de Katsuki. — O que você quer comigo?

Bakugou parou por uns instantes, sentindo seu coração acelerar novamente.

— Eu quero sua amizade de volta — falou, sem parar para pensar muito. — Eu sei que errei, mas estou tentando me redimir. Será que você consegue me dar uma nova chance? Eu quero mostrar que mudei. — Parecia que estava se humilhando, mas Katsuki não parecia se importar realmente com isso.

Izuku deu uma risadinha.

— Minha mãe também me diz para te dar uma segunda chance, mas eu não sei — suspirou — tente me mostrar que você merece e eu farei o meu melhor para acreditar em você. 

Katsuki sorriu, sentindo seu peito estranhamente feliz com aquilo.

— Farei o meu melhor também. — Sorriu.

Izuku desviou o olhar, sentindo suas bochechas queimarem. Até mesmo uma pessoa como ele conseguia sorrir daquele jeito.

— Mas, e, então? O que acha de sairmos para tomar um sorvete hoje? — Após uns minutinhos em silêncio, Katsuki se pronunciou novamente.

— Não posso, não hoje — negou, brincando com os dedos, tímido demais para olhá-lo naquele momento.

— E porque não? Tem compromisso? — perguntou, sentindo um sentimento estranho tomar conta de si.

Seria mesmo trocado tão fácil pelo nerd?

— Não exatamente — deu uma risadinha — minha mãe pega o plantão noturno hoje, então eu preciso preparar a janta, arrumar a casa, essas coisas, sabe? — Olhou para ele. — Mas… podemos ir outro dia. Tudo bem para você?

Katsuki poderia facilmente esperar, porém, ele realmente queria um tempo a mais com o ex-melhor amigo.

— Porque não janta lá em casa? — ele disse, atraindo a atenção de Izuku rapidamente.

— Como? — riu, não entendendo a brincadeira.

— Eu tô falando sério, Deku. — Se desencostou da parede. — Por que não janta lá em casa? Tenho certeza que minha mãe vai ficar radiante de saber que você irá lá. — Tentou convencê-lo, usando o maior golpe baixo que conhecia.

Sua mãe.

— Não sei, Katsuki. — Deixou uma risadinha nervosa escapar por seus lábios. — Faz tempo que eu não vou lá, a tia Mitsuki nem deve lembrar mais de mim — falou, mesmo que soubesse que aquilo fosse impossível.

— Ah, claro, como se isso fosse sequer possível — suspirou — a velha fala de você todo dia — Bakugou falou.

— Você ainda a chama assim? Meu Deus, Katsuki! — riu.

Por um momento, um breve e pequeno momento, Katsuki sorriu verdadeiramente. Fazia quanto tempo que não ouvia aquele riso? Izuku continuava rindo como uma criança.

— É… eu ainda chamo — sorriu pequeno. — Viu? Não foi absolutamente tudo que mudou.

Midoriya levantou a cabeça, olhando-o no fundo dos olhos dele.

— É, talvez não tenha sido absolutamente tudo mesmo. — Sorriu. 

Eles ficaram em silêncio por alguns instantes, cada um com um pensamento diferente circulando em suas mentes. Era estranho estar daquele jeito depois de anos, porém, ainda era confortável. Eles ainda eram os mesmos — mesmo com Katsuki tendo se tornado uma pessoa completamente diferente. 

— Eu aceito — Izuku disse, atraindo a atenção do de madeixas claras.

— Sair comigo? Eu já sabia que você iria ceder mais cedo ou mais tarde — comentou risonho, fazendo Midoriya rir também.

— Não falo disso, besta. — Ajeitou a coluna, se desencostando da parede. — Eu aceito ir jantar na sua casa.

— Também esperava por isso — riu — ninguém resiste a comida da dona Mitsuki Bakugou.

— Sim, a tia Mitsuki é uma deusa cozinhando! — Midoriya comentou, um pouco mais animado que o normal.

— Tenho que admitir, a velha manda bem demais — concordou, se deixando levar pela empolgação do menor.

Bakugou ainda ia falar mais alguma coisa, quando um barulho alto se fez presente na escada.

— Ai, cacete! — A voz era conhecida, bem conhecida por Izuku.

— Shoto? — Midoriya falou, se levantando rapidamente com Katsuki. 

Eles andaram até a escada e encontraram o de madeixas desiguais sentado no chão, apoiando o pé na coxa de Iida.

— O que aconteceu?! — Izuku perguntou atônito, descendo as escadas rapidamente.

— Eles pediram pra eu ouvir o que vocês estavam falando, aí quando eu fui descer pra contar, meu tênis derrapou e eu caí — choramingou. — Izuku, está doendo tanto. — A voz embargada fez os outros membros se sentirem um pouco culpados.

— Eu só não vou falar que foi bem feito, porque você é burrinho ao ponto de ser manipulado por eles — sentou-se ao lado de Todoroki — dói muito?

— O que você acha? Eu caí cara, tipo, eu rolei a escada — choramingou novamente. — Dói real e minhas costas estão me matando também. — Olhou para Iida, que olhava tudo imparcial. — É tudo tua culpa, Tenya! 

— Eu só falei para alguém ir, você foi porque quis — o de madeixas azul-marinho falou.

— Se acalme, sim? Eu vou cuidar de você — Izuku falou, fazendo um singelo carinho no braço do amigo. — Vocês podem ir indo, eu vou ficar aqui com ele mais um pouco. Ten, você está com a chave da sala?

— Sim, ficou comigo ontem. — Midoriya assentiu.

— Vão indo, chegamos lá em um minuto!

Os membros concordaram, seguindo Iida até o clube.

Bakugou observou por mais alguns instantes o jeito carinhoso que Izuku cuidava do amigo e isso fez um estranho aperto surgir em seu coração.

Será que se fosse Katsuki ali Izuku teria o mesmo cuidado? Não queria saber a resposta, tinha medo que ela não o agradasse.

Não tinha nem um dia direito que haviam "reatado" a amizade, e Katsuki já estava se tornando um estranho também, afinal, aqueles sentimentos não poderiam ser normais.

[…] 

Pouco depois, Izuku já estava na sala, entrando com Shoto apoiado em seu ombro — mesmo que fosse baixinho, ele conseguia ter servido de apoio para o amigo. Os olhos do esverdeado percorreram toda a sala, observando cada um sentado em um lugar distinto, lendo seus respectivos mangás. Seus olhos pararam sob Katsuki, sentado no mesmo lugar do outro dia, ele estava com uma barrinha de chocolate na destra e o volume 2 de K-On! aberto na outra. Deu um sorrisinho satisfeito ao ver que, dessa vez, ele estava lendo pelo lado certo, contudo, temia que algum dos outros membros tivesse ensinado a ele como ler, novamente. Mesmo assim, não pôde deixar de sentir seu coração quentinho, parecia mesmo que o ex-melhor amigo havia gostado do mangá. 

Izuku estava ansioso para saber o que ele havia achado do primeiro volume.

— Você está melhor? — a voz de Iida se fez presente, atraindo a atenção dos outros membros. 

Shoto apenas concordou com a cabeça, se sentando no sofá com a ajuda de Izuku.

Os olhos de Katsuki se ergueram no mesmo instante, percebendo que ambos estavam de volta ao clube. Estranhamente, ele queria saber o motivo do nerd ter demorado tanto com o outro. Em outras palavras, Bakugou queria saber o que eles estavam fazendo, mesmo que não fosse da sua conta. 

— Você já terminou o primeiro volume? — Izuku perguntou, assim que se sentou ao lado do loiro. 

— Com essa demora de vocês, eu poderia ter lido até o segundo se eu quisesse.

— Está com ciúmes? — dessa vez, Mei se pronunciou, prestando um pouco mais de atenção no casal a sua frente.

— Sim — respondeu encarando a garota de madeixas róseas. — É normal ter ciúmes, afinal, ele é a minha princesa — murmurou.

Os olhos de Mei brilharam.

— Vocês são fofos — ela riu — olha lá, o Izuku até corou!

— Vai se foder, Katsuki. Eu já falei pra você parar com isso! — exclamou. — E você, Mei. Para de ser assim, não vai rolar — afirmou, encarando o sorriso cínico da rosada.

— Claro, e eu sou rica — brincou.

— Você é pobre — Shoto entrou na conversa, arrancando risos dos amigos.

— Odiei — ela falou, voltando a se concentrar no volume 2 de Given.

Quando ia falar mais alguma coisa, seu celular começou a tocar. Assustado, Izuku atendeu a ligação rapidamente.

— Oi, mãe — ele falou, se afastando um pouco mais de seus amigos.

Oi, meu amor, tô ligando só pra confirmar que eu não vou jantar em casa, tudo bem? — ela falou, sua voz beirava o cansaço. — Desculpe por não conseguir preparar nada para você jantar, mamãe teve que passar o dia todo no hospital — suspirou. — Se não quiser preparar algo, tem dinheiro em cima da mesa da cozinha, pode pegar para pedir algo, ok?

— Então, é que… — cortando completamente sua resposta, Katsuki surgiu do nada, pegando – vulgo, roubando —, seu celular de si.

— Fala, tia Inko! — ele disse com um sorriso, fazendo questão de pedir para Izuku fazer silêncio. — Como a senhora tá? Senti saudades. — Não era mentira, Bakugou realmente sentia falta da sua tia preferida, porém, ele havia falado com um pouco mais de empolgação do que o previsto.

Kat?! Meu Deus, Kat! — ela falou animada, parando de anotar algumas coisas na prancheta no balcão a sua frente. — Eu estou bem, querido. Como você está? Faz tanto tempo desde a última vez que nos falamos! — Ele ouviu um riso fofo do outro lado da linha. 

— Eu estou bem, obrigado por perguntar — Ele podia ser o que fosse; mal educado, boca suja e os caralho a quatro. Porém, ele nunca seria assim com aquela mulher maravilhosa. — E aí, o Izuku te contou que ele vai jantar lá em casa hoje? — perguntou, segurando a risada ao ver o baixinho arregalar os olhos.

— Katsuki!! — Tentou agarrar o celular de volta, falhando miseravelmente.

Oh, sério?! — perguntou, não conseguindo acreditar naquilo — Fico mais aliviada com isso, sabe? Saí muito cedo e não deixei nada para ele, fora que eu realmente não gosto quando ele come essas porcarias na rua. — Um novo riso foi ouvido. — Lembra de como ele era gordinho, não é? Não quero que ele fique daquele jeito novamente, ele sofreu demais.

Claro que Katsuki lembrava de como ele era, afinal, foi nessa época que eles se afastaram. Sabia que ser mais cheinho mexia muito com a autoestima do garoto, porém, Bakugou achava fofo o jeito que ele era bochechudo.

— Sim, eu me lembro perfeitamente de como ele era — olhou para o garoto aflito na sua frente — mas não se preocupe, tia Inko. Irei levá-lo pra casa logo após o jantar, ok? 

Confio em você, querido. Você é o meu orgulho, depois do meu menino, claro — ela riu e Katsuki não pôde evitar de sorrir eles continuavam o mesmo. — Tchau, querido, preciso ir, ok? Dê um beijo no meu menino por mim! — E assim, a chamada foi encerrada.

— Você é muito sem graça, Katsuki. Que ódio! — reclamou. — Eu odeio, eu real odeio quem pega nas minhas coisas! — esbravejou.

— Se falar mais, eu não vou falar o que sua mãe disse pra mim. — Se encostou na parede, observando o menor suspirar.

— O que ela disse? — perguntou, curioso.

— Que era para eu cuidar de você e que eu era o orgulho dela — se gabou. 

Izuku apenas revirou os olhos, era a cara de sua mãe falar isso.

— Só isso?

— Não. — Katsuki levou as mãos até a cintura dele, o puxando mais para si. Izuku corou, o fazendo sorrir. — Ela me pediu para fazer um negócio — sussurrou, aproximando mais o seu rosto do dele.

— O quê? — sussurrou de volta, tímido por estar tão perto do loiro.

Katsuki sorriu, aproximando ambos os rostos ainda mais. 

Izuku gelou. 

Ele não o beijaria, beijaria?

Conforme a boca de Katsuki se aproximava mais ainda da sua, o coração de Midoriya acelerava cada vez mais, o medo do de madeixas verdes era que o outro pudesse ouvir a loucura que estava seu coração.

— Ela me pediu para te dar um beijo por ela. — E, assim, um singelo beijo foi deixado nas bochechas rosadas de Izuku.

Ok, ele queria morrer. Como ele pôde achar que Katsuki o beijaria? Ele era sem graça alguma; não era bonito, não era divertido e só o tratava mal, e pior ainda: eles eram dois garotos.

Se afastou rapidamente, não querendo que o outro percebesse a leve decepção que sentiu ao ter os lábios dele colados em suas bochechas e não em sua boca.

Mas porra, por que sequer Izuku havia pensado aquilo?

— Certeza que vocês não são um casal? — A voz de Mei surgiu do nada, logo atrás de Izuku. — Me parece mentira, hein — ela falou, observando o clima que havia se instalado aqui.

— Não somos um casal, para de encher o saco, cacete. — Izuku respondeu, voltando rapidamente para o sofá.

Katsuki nada falou, ele ainda estava processando o que havia acontecido. Parte de si se perguntava o porquê dele ter chegado tão perto de Izuku, porém, outra parte de si queria ter chegado ainda mais perto dele. Era confuso demais e isso já estava o deixando puto.

O que caralho era aquele turbilhão de sentimentos que estava surgindo dentro de si? Que sensações eram aquelas?

Katsuki realmente estava se sentindo estranho.

— Tá olhando o que, porra? — perguntou, sem fazer questão de esconder o tom rude.

— Vocês são fofos juntos — Mei falou, ainda parada ali. — Você gosta dele? — ela perguntou, direta como sempre.

— Me erra, eu gosto de mulher — ele respondeu, virando o rosto.

Ele sentiu suas bochechas queimarem e, de repente, Katsuki ficou tímido.

— Claro, de mulher — respondeu ela, abrindo novamente o mangá que lia — o Uenoyama também era hétero. — Mostrou um quadrinho em que havia dois garotos sentados em uma escada. Aquilo foi estranhamente familiar para Katsuki. — O Mafuyu mudou a vida dele — ela disse. — Você deveria ler esse aqui, a história é incrível. — Após falar isso, Mei deu as costas e saiu, deixando um Katsuki pensativo para trás.

[...] 

Quando chegaram na residência dos Bakugou, entraram rapidamente, afinal, uma chuva forte havia começado lá fora. Por sorte, eles não haviam se molhado, a chuva começou exatamente quando eles chegaram na residência do loiro, para alívio dos dois, já que nenhum deles estava a fim de pegar um resfriado daqueles. Izuku observou o interior da casa com um sorriso, vendo que praticamente nada lá tinha mudado, mesmo depois de todo o tempo em que ele e Katsuki pararam de se falar. 

Os móveis ainda eram os mesmos, a cor das paredes haviam mudado um pouco, porém, os quadros bonitos e familiares ainda continuavam os mesmos.

O cheiro vindo da cozinha denunciava que Mitsuki Bakugou já estava no preparo do jantar, assim, quando o filho finalmente chegasse, a comida ainda estaria quente. Por um momento, Izuku sentiu-se tímido. Embora a amizade entre sua mãe e tia Mitsuki nunca tivesse de fato terminado, era estranho estar de volta naquela casa, e se isso já era estranho, imagine estar de volta naquela casa junto dele

— Cheguei, velha — ele gritou para a mãe, deixando a mochila em cima do sofá, fazendo o favor de pegar a bolsa do garoto de madeixas verdes também.

— Velha é a sua mãe, seu moleque — Mitsuki gritou de volta com a voz irritada, assemelhando-se ao humor de Katsuki. A genética era poderosa, e eles eram quase iguais. — Você me respeite! — completou. 

— Nós temos visita, caralho, seja educada — reclamou Katsuki, caminhando em direção a cozinha. 

— Olha a boca, porra — ela xingou de volta. 

Izuku olhava tudo aquilo um pouco constrangido, tinha realmente se desacostumado com aquele furacão que era a família Bakugou.

— Já disse que temos visitas, cacete! — Katsuki falou novamente, esperando impaciente que a mulher saísse da cozinha de uma vez. 

Demorou alguns segundos para que ela saísse da cozinha, porém, ao aparecer no outro cômodo e colocar os olhos no garoto baixinho e de adoráveis madeixas verdes, seus olhos vermelhos-carmesins — iguais aos de seu filho — brilharam de uma maneira intensa. 

— Eu só não digo que morri e estou no paraíso porque o diabo está aqui do meu lado — ela disse, referindo-se ao filho, enquanto praticamente corria até o garoto.

— Morre, velha fedorenta. — Cruzou os braços, observando a euforia de sua mãe.

— Que saudade eu senti de você, meu menino — ela dizia, afagando os cabelos dele enquanto o abraçava, ignorando completamente o filho. 

— Eu também senti muita saudade da senhora, tia Mitsuki. — Abraçou-a também, sentindo um sentimento bom começar a preencher o seu peito, o mesmo sentimento que sentia quando sua mãe o abraçava.

O sentimento materno.

— Você finalmente criou vergonha na cara e trouxe gente de verdade pra dentro dessa casa, seu moleque — ela reclamou, dando um peteleco na testa do filho. 

— Ai, meu Deus! — Ele revirou os olhos. — E eu trago gente de verdade, meus amigos vêm aqui sempre — falou, passando a mão na testa.

— Não gosto de nenhum — Mitsuki falou. — Minto, eu gosto muito da Mina, é a minha preferida. O resto é tudo um bando de adolescentes irritantes — ela falou, sorrindo ao ver Izuku rir. — Não conte a ninguém, mas você sempre foi o meu favorito — ela sussurrou no ouvido do baixinho, o fazendo sorrir largo.

— A senhora sempre vai ser a minha favorita também — ele sussurrou de volta, entrando na brincadeira da mais velha.

Katsuki revirou os olhos.

— Podem parar de me excluir da conversa? Obrigado — reclamou, sentindo-se levemente confortável com aquele clima familiar, porém, não queria deixar tão na cara assim, por isso havia feito a reclamação.

— Não, vai tomar seu banho — ela resmungou, tampando o nariz logo em seguida. — Você fede! 

— Eu não quero mais ser seu filho — Katsuki reclamou, olhando-a com uma careta azeda. 

— Quer tomar um banho, querido? O Katsuki pode te emprestar uma roupa depois — ela falou, observando o garoto à sua frente. — Não precisa ficar tímido, certo? Você está em casa. — Abraçou ele mais uma vez. — Cuida dele, Katsuki. — Aproximou-se do filho, deixando o beijo casto nas madeixas rebeldes. — Vou terminar o jantar — se despediu dos meninos, entrando na cozinha logo depois.

— Eu posso tomar banho quando chegar em casa, não precisa se preocupar — Izuku disse, encarando o loiro. 

— Não — ele negou no mesmo instante, puxando o pulso dele para que pudessem subir as escadas, onde ficava o quarto do maior. — Vai estar tarde e mais frio ainda quando você for embora. Você vai ficar gripado, eu sei que sua imunidade é uma bosta — ralhou, ignorando os protestos no menor.

— Não precisa, é sério — negou novamente. — Eu não quero dar mais trabalho ainda — falou, tímido demais por estar realmente a caminho do quarto dele.

— Se continuar de graça, você vai tomar banho comigo. — Katsuki o encarou, lambendo o lábio logo em seguida. — Você que escolhe, princesa. — Abriu a porta do quarto, acendendo a luz logo depois. — O banho vai ser comigo ou não? — perguntou, arrancando um adorável rubor nas bochechas do outro.

— Me dá uma toalha, idiota — respondeu no mesmo instante, enquanto entrava no quarto do maior. 

Katsuki riu, vendo como ele mudava de ideia rápido. 

— Pega essa blusa. — Pegou uma blusa grande de mangas compridas, um moletom preto foi tirado do seu guarda roupa também e entregue para ele logo em seguida, junto de uma toalha. — Tira esses óculos, cacete. Tá me dando agonia já — resmungou, olhando para o rosto do menor.

Izuku lhe deu o dedo do meio, fazendo com que Katsuki fizesse um círculo com os seus, fazendo um movimento e incitando uma penetração.

— Eu odeio você, sério — resmungou, ajeitando as peças no braço. 

Izuku retirou os óculos não encarando Katsuki imediatamente após isso. Ele os colocou em cima da escrivaninha, deixando-os à sua vista para que não os esquecesse. Midoriya passou a tirar seus tênis também, o deixando separado perto da cama. 

— Ei — Katsuki chamou a atenção do outro, fazendo com que ele o encarasse. 

Por um momento, Katsuki ficou quieto. Tinha se esquecido como os olhos de Midoriya eram tão intensos e brilhantes daquele jeito. A cor verde realmente caía bem sob ele. 

— O que foi? — perguntou, depois de um longo tempo. 

— Nada. Você pode tomar banho no meu banheiro, eu vou usar o banheiro de baixo — mudou de assunto, apontando para a porta ali perto. 

Izuku levantou-se e caminhou até lá, trancando a porta apenas para ter certeza que o idiota do loiro não tentaria fazer alguma brincadeira sem graça. Enquanto se despia lentamente, ele escutou o barulho da porta sendo forçada. 

— Poxa. — A voz abafada de Bakugou parecia chateada. — Pensei que era hoje que eu ia ver essa sua bundinha bonita, chateado — riu. 

— Vai se foder, seu pervertido. — Mesmo que o outro não estivesse o vendo, ele sentiu as bochechas ficarem vermelhas. 

Tirou o que restava de suas roupas e andou até o box, ligando a água quente no mesmo instante. Sentia-se um pouco mais relaxado, porém, enquanto a água caia sobre seu corpo, sua mente fazia a seguinte pergunta: quantas vezes aquela garota havia tomado banho ali? Quantas vezes ela havia dormido na cama dele? Será que a tia Mitsuki gostava dela também? Será que ele gostava dela?

Sentiu aquele sentimento estranho tomar conta de si mais uma vez e odiou-se por ficar pensando em coisas daquele tipo. Katsuki não o devia satisfação de nada, afinal, eles não eram nada. Mas, mesmo assim, pensar que, enquanto ele estava acordado ansioso por uma resposta, Katsuki estava nesse quarto, transando com ela… o deixava sentimental demais.

Desligou a água após algum tempo, saindo do box e secando-se com rapidez, evitando olhar muito para as marcas de sua cintura. Ele não precisava achar meios para se sentir ainda pior. Vestiu-se rapidamente, sentindo o cheiro de Bakugou começar a ficar impregnado em sua pele. Deu uma leve fungada na blusa, realmente estava com o cheiro dele, e Izuku tinha que admitir, era um cheiro muito bom.

Destrancou a porta logo depois, não querendo demorar muito mais que o necessário. Abrindo a porta, ele se deparou com Katsuki sem camisa, procurando alguma roupa para si mesmo dentro do armário. 

Puta que pariu.

Suas bochechas adotaram um tom extremo de vermelho assim que seus olhos captaram aquele ser à sua frente.

Os cabelos ainda molhados não estavam tão rebeldes como sempre, haviam pequenas gotículas de água por todo o corpo desnudo e nossa, aquela toalha justa em sua cintura não estava o ajudando.

As costas de Katsuki eram largas, o tronco fino e definido era um resultado de anos de treinamento para entrar no time de basquete. O peitoral bem malhado e os braços relativamente fortes fizeram o coração de Izuku acelerar. 

Katsuki poderia realmente ser considerado uma obra de arte.

— Oh, você acabou — Bakugou disse, notando agora, a presença do menor.

Izuku não conseguiu responder, suas bochechas pegaram fogo e sua visão só sabia olhar uma coisa quando o loiro se virou de frente. Ele era grande.

— E-eu não sabia que você ia tomar banho também — Midoriya murmurou, tentando, inutilmente, desviar o olhar dele. 

— Você demorou — ele respondeu, dando de ombros. — Eu já teria me vestido, mas estou só com uma mão. A não ser que você não se importe se eu… 

— PARA — gritou, quando o outro fez menção de derrubar a toalha. 

Katsuki riu, achando engraçada a reação exagerada do outro. 

O loiro virou-se novamente para o guarda-roupa, voltando a procurar alguma roupa. Os olhos de Izuku agora observavam inteiramente as costas largas dele, mas, diferente de antes, Midoriya focou nos arranhões fortes que havia ali. 

Eram marcas recentes, ou seja, haviam sido feitas na noite passada.

Por ela

— Katsuki, tem alguns machucados nas suas costas, você deveria tratar isso. — Sua voz saiu baixa, um pouco mais alta que um murmúrio. Não querendo ficar ali, ele saiu rapidamente do quarto, preferia evitar brincadeiras idiotas vindas da parte do loiro.

Bakugou tentou formular alguma desculpa em sua mente para que pudesse negar exatamente o que Izuku estava pensando, mas não tinha nenhuma, afinal, sabia que o nerd não era tão burro assim. Quando virou-se para pelo menos olhá-lo, Izuku já não encontrava-se mais ali. 

— Porra — irritou-se pegando a primeira peça de roupa que viu, querendo se vestir logo.

Sentou-se na cama, suspirando logo em seguida. Se continuasse assim, provavelmente o prêmio daquela aposta não valeria o esforço, mas, mesmo assim, Katsuki realmente queria continuar com aquilo, só não sabia se era pela diversão ou pelo prazer de sempre ganhar.

Deu uma risadinha sem graça, Izuku realmente era uma boa pessoa, não havia nada nele que não fosse ingênuo e inocente. Lembrou-se, então, da reação exagerada do menor. Parece que, quando se tratava de contato físico, Midoriya se tornava ainda mais tímido, era fofo, Katsuki tinha que admitir.

As bochechas rosadas dele destacavam ainda mais aquelas pintinhas bonitinhas que sempre estavam escondidas por aqueles óculos horrendos.

— Aliás… — Katsuki levantou, indo até a sua escrivaninha. — O idiota esqueceu de pegar essa coisa feia. — Fez cara de nojo, pegando os óculos para, enfim, sair do quarto.

[…] 

Izuku desceu rapidamente as escadas, querendo ficar o mais longe possível de Katsuki naquele momento. Ele foi em direção à cozinha, sabia que Mitsuki estava lá, então ele não ficaria sozinho. Chegou no cômodo encontrando a matriarca da família Bakugou desligando o fogo, aparentemente ela havia terminado o jantar.

Mitsuki estava enxugando as mãos quando notou a presença do menor. 

— Oh, você fica bem com blusas grandes — ela elogiou, vendo ele dar um sorriso fraco para ela. — O que foi, querido? — Se aproximou dele. — Você está bem? — perguntou, verdadeiramente preocupada.

— Estou sim, tia Mit. Não se preocupe, não é nada demais — ele mentiu, dando um sorriso amarelo para ela. 

— Se você não estiver confortável, eu não vou perguntar novamente, pois não quero invadir o seu espaço. Mas você pode falar comigo quando quiser, tudo bem? Eu estou aqui pra você — ela falou, vendo o outro concordar com a cabeça. 

— Quer ajuda para pôr a mesa? Eu posso ajudar se a senhora quiser — perguntou educadamente, vendo ela concordar. 

— Ah, como eu queria que Katsuki fosse como você! — ela desabafou, arrancando uma risada baixinha dele.

Katsuki não queria ser como ele, tinha certeza absoluta disso.

— Onde estão os pratos, tia? — perguntou, vendo-a apontar para uma parte superior do armário. 

Andou até lá, abrindo o armário e retirando de lá quatro pratos de porcelana.

— São só três, querido. Masaru não vem jantar conosco, ele está em uma reunião de negócios, na Flórida — ela falou, a voz orgulhosa deixando Izuku um pouco mais sorridente.

Ele guardou um dos pratos no lugar e pegou os outros três. Andou até a mesa média e os arrumou, junto dos talheres e copos que já estavam ali. Enquanto isso, Mitsuki arrumava as travessas de vidros — onde estava a comida na mesa —, sorrindo ao ver como a arrumação tinha ficado bonita e bem organizada. A mais velha caminhou até a geladeira, trazendo consigo, uma jarra bonita com suco de uva.

Quando Katsuki apareceu — com uma calça moletom cinza e a regata preta —, a mesa já estava devidamente arrumada, com as louças bonitas e travessas cheias, sabia que havia sido o menor a arrumá-las, pois tinha ciência do TOC de organização dele.

Ele olhou para Izuku de relance, tentando ver se era bom uma aproximação ou não. Decidiu que não, manteria uma certa distância por agora.

— Você esqueceu isso. — Estendeu os óculos redondos para o outro, que automaticamente levou a mão até o rosto, vendo que ele realmente havia o esquecido. 

— Ah, obrigado. — Foi tudo o que conseguiu dizer, colocando-o na face logo em seguida. 

— Por que você usa esses óculos, meu bem? Seus olhos são tão lindos, ele ofusca demais o brilho do seu olhar — Mitsuki comentou, enquanto pegava o prato de Izuku, começando a colocar um pouco de arroz, seguido de uma concha de strogonoff.

— É uma longa história — disse com um sorriso meio constrangido, não querendo se aprofundar no assunto.

Katsuki olhou para ele em seguida, mas permaneceu calado, deixando a curiosidade para outro dia.

— Entendo. — Ela colocou o prato na frente do mesmo, sorrindo ao vê-lo agradecer.

Izuku realmente era um encanto de rapaz.

— Você come strogonoff, não é? Fiz justamente por não saber se você comia carne — comentou, recebendo um aceno positivo do menor.

— Eu como de tudo, tia Mit. — Ela sorriu, colocando um pouco de suco em seu corpo, passando a montar seu próprio prato. 

— Eu não recebo comida, não? — Katsuki encarou a mãe com uma careta incrédula. — Injusto isso, eu sou seu filho — resmungou.

— Você já é de casa, o Izuku que é visita — falou, ignorando o olhar de seu filho para si. — Se vai comer frio, põe na geladeira pra esfriar mais rápido — zombou, fazendo Izuku dar uma risadinha.

— Velha nojenta. — Levantou-se, passando a montar o próprio prato.

O jantar passou rapidamente, cheio de conversas e risadas por parte de Izuku e Mitsuki. Katsuki, embora também tenha participado do bate-papo, preferiu ficar mais calado, apenas observando o desenrolar do assunto.

— Muito obrigado pelo jantar, tia. Estava uma delícia! — agradeceu, dando mais um abraço na loira, recebendo alguns afagos em seu cabelo.

— Volte mais vezes, por favor. Eu sinto saudades também! — ela mais implorava do que pedia, realmente sentia falta do menor.

— Vou subir pra pegar uma jaqueta, já volto para te levar em casa — Katsuki avisou, finalmente se pronunciando após um tempo. 

— Não precisa, é literalmente três casas depois — Midoriya disse, vendo que Katsuki já estava subindo as escadas. O loiro o olhou desconfiado, parecendo não querer aceitar a sua desculpa.

— Eu vou te levar, Deku. Não teima comigo. — Fez questão de dar ênfase no vou, deixando claro que o menor não mudaria sua decisão tão facilmente.

Izuku apenas concordou com a cabeça, vendo o outro começar a subir novamente as escadas, em direção ao seu quarto. Mitsuki também se despediu do garoto, dizendo que estava cansada e que iria dormir, pois no outro dia ela teria um julgamento. Enquanto esperava pelo loiro, seus olhos percorriam sobre os detalhes da decoração da casa. Havia um quadro exatamente igual ao do corredor de sua casa ali, perto da TV. 

Na fotografia, ele e Katsuki não deveriam ter nem cinco anos. Eles estavam no colo de suas mães, enquanto chupavam um picolé de morango. Izuku sorriu, o quadro era realmente bonito e, além do mais, Bakugou estava fofo todo melequento de sorvete.

— Vamos. — A voz rouca do outro chamou sua atenção novamente, fazendo com que sua atenção fosse tirada do quadro.

Izuku concordou com a cabeça, indo em direção à porta. Katsuki foi logo atrás, encostando a porta devagar, não querendo fazer muito barulho. O garoto de madeixas verdes não sabia o que dizer para ele, estava simplesmente travado. 

Katsuki parecia não saber o que falar também, por isso, durante todo o caminho até a casa do mais novo, o silêncio se fez presente entre eles.

— Eu te devolvo a camisa amanhã — Midoriya disse, olhando para o tecido macio. 

— Você pode ficar com ela, se quiser. — Deu um sorriso de lado pra ele. Izuku corou. — Você vai ficar bem, mesmo dormindo sozinho? Não quer companhia? — Por mais que a frase parecesse ter um duplo sentido, Katsuki estava falando realmente sério.

— Está tudo bem, não é como se fosse a primeira vez — ele o tranquilizou, dando um sorriso mínimo. 

Ficaram se encarando por um tempo, mesmo sem saber o motivo daquilo. 

— E, então, você vai me ajudar a comprar os mangás daquela lista? — Katsuki indagou, ainda persistindo na mesma tecla. — Se você quiser, podemos ir tomar o sorvete de lá, o que acha?

— Me parece um bom plano — concordou. — Você está livre no fim de semana? Ou tem algum compromisso, sei lá. 

— Mesmo que eu tivesse milhares deles, eu desmarcaria todos eles apenas para ficar mais tempo com a minha princesa. — Sorriu, encarando os olhos do outro por um tempo. 

— Para de me chamar assim, que saco. — Revirou os olhos, irritando-se com ele. — Boa noite, idiota. 

— Espera, vamos no sábado ou no domingo? — ele perguntou, ouvindo um "sábado" de longe. — E cadê o meu beijo, Deku? Como posso ter uma boa noite sem ele? — riu, vendo como o menor parecia chocado pela última fala. 

— Ridículo! — Foi tudo que ele ouviu, antes de Midoriya fechar a porta.

[...]

O final daquela semana havia chegado rápido demais. Katsuki e Izuku pareciam estar ficando mais próximos a cada dia que passava, mesmo que ainda trocassem alguns xingamentos entre si. Katsuki estava cada dia mais interessado em passar mais tempo com os outros membros do clube de mangá, além, claro, de ler algumas das obras que eles indicavam. A amizade entre Katsuki, Eijirou e Denki também não estava em seu melhor momento, por isso, sempre que podia, ele estava com a turma de Midoriya, pois era bem melhor e mais divertido do que aguentar aqueles dois.

Aos poucos, Izuku parecia se sentir mais à vontade com o loiro, embora, às vezes, ficasse desconfortável quando algum dos seus amigos populares chegavam até ele quando estavam juntos — o que parecia sempre acontecer em horários que Katsuki o deixava com vergonha. Além do mais, a sensação estranha em seu peito sempre surgia novamente quando ele encontrava com aquela garota — Camie —, pelos corredores. Chegou até mesmo a ouvir algumas fofocas sobre ela ser a ficante mais duradoura de Katsuki e isso, de certo modo, o deixava com inveja.

Izuku ainda não entendia o porquê de sentir inveja de uma garota, ainda mais, de uma ficante de Bakugou, porém, ele nunca conseguia evitar o sentimento negativo que tomava conta de seu peito quando via alguma interação entre eles dois — mesmo que fossem mínimas.

Katsuki, por outro lado, havia passado a prestar mais atenção na relação entre Midoriya e Todoroki. Por mais que tivesse gostado da "amizade" criada entre eles, Katsuki simplesmente não conseguia ignorar o jeito que Izuku o tratava. Ele sempre era mais carinhoso com ele do que os outros, fora que Shoto parecia confiar mais em olhos verdes do que em qualquer outro. Por mais que sua mente dissesse que isso era somente uma preocupação com o risco de perder a aposta, seu coração parecia dizer que Shoto era quase uma concorrência, mesmo que ele realmente não entendesse o motivo certo disso. 

Concorrência, de quê? Eles nem tinham nada.

Katsuki odiava sentir aqueles sentimentos intrigantes dentro de si, era quase como se eles fossem codificados e o loiro tivesse que descobrir cada um deles.

E assim, em um passe de mágica, o tão temido — por Izuku —, e ansiado — por Katsuki —, fim de semana chegou. 

Quando o relógio bateu exatos quatro horas da tarde, Izuku suspirou, havia chegado a hora que tinham combinado na sexta-feira. Calçou o tênis e, como já estava pronto, não demorou muito mais do que cinco minutos para que estivesse saindo de casa. 

Sua mãe havia ficado bem empolgada e bastante feliz com a notícia de que sairiam naquele fim de semana, por isso, havia lhe dado dinheiro extra para que pudesse comprar algo para si. 

Andando distraído enquanto teclava uma mensagem para sua mãe, avisando que estava de saída e que havia feito tudo que ela tinha lhe pedido. Sorriu ao ver a figurinha de gatinho que ela havia mandado, sua mãe era fofa.

— Vai ficar sorrindo para o celular até quando? Quero atenção também. — A voz grossa e rouca do outro se fez presente, o fazendo levar um leve sustinho.

— Sério, você tem que parar de aparecer assim do nada! — reclamou, guardando o celular no bolso. — Desde que horas você está aqui? Pensei que havíamos marcado para as quatro — falou, colocando as mãos dentro do moletom preto que usava.

— Eu cheguei às quatro em ponto — respondeu, sem tirar os olhos dele. — Não gosto de atrasos, então faço o possível para evitar de me atrasar também. — Izuku assentiu, sentindo-se um pouco envergonhado por Katsuki não ter parado de olhá-lo ainda. — Cadê seus óculos? — o loiro perguntou.

— Ah, os óculos, — Deu um sorriso tímido. — Resolvi não colocá-los hoje.

— Por quê? — questionou, verdadeiramente curioso. — Seu cabelo está diferente também — percebeu, vendo como o rosto do menor ficava mais visível sem as madeixas esverdeadas ali.

Izuku corou, não achava que ele notaria.

— Eu tô testando algumas coisas novas — respondeu, brincando com os próprios dedos por dentro do bolso do moletom.

— Deveria usar mais vezes — Katsuki disse, montando na moto, — Você fica bonito assim — Jogou o capacete para ele. — Seus olhos são lindos demais para ficar escondidos atrás daquela coisa feia. — Deu uma risadinha, vendo que, agora, dava para ver melhor as bochechas sardentas e coradas dele. — Você é fofo. — Sorriu.

— Para de falar besteiras e vamos logo, daqui a pouco a lojinha do senhor Torino deve estar cheia. — Não era totalmente verdade, porém, ele realmente queria sair daquela situação constrangedora, suas bochechas chegavam a queimar de tanta vergonha.

— Sobe aí, princesa. — Mesmo não querendo testar a paciência do menor, chamá-lo assim já havia se tornado um hábito seu e, porra, ele realmente estava gostando.

O caminho até a lojinha de mangá do senhor Torino era um pouco longe, mas Izuku não se importava, afinal, o caminho até lá era repleto de paisagens e prédios bonitos. Midoriya olhava tudo deslumbrado, o céu rosa com as últimas cores do sol se pondo deixava aquilo tudo ainda mais lindo aos seus olhos. Katsuki também curtiu bastante o caminho, era uma parte da cidade que ele pouco conhecia, mas que havia realmente o surpreendido. Além de algumas quadras de vôlei espalhadas por diversas praças públicas, haviam também algumas cestas aleatórias de basquete postas em umas paredes mais afastadas, dando liberdade para que qualquer pessoa pudesse jogar.

Ele achou aquilo incrível.

Quando chegaram na famigerada lojinha, Izuku ficou levemente decepcionado ao ver o tamanho da fila que estava para entrar no estabelecimento. Sabia que Katsuki odiava esperar e, provavelmente, ele ficaria puto com aquela fila. Mas para o loiro não era assim, ele havia descoberto recentemente que tudo, absolutamente tudo, ficava divertido quando se tratava de Izuku Midoriya.

Até mesmo uma fila com mais de vinte minutos de espera.

Quando conseguiram entrar, o baixinho já foi pegando uma das várias cestinhas coloridas de compras que havia ali para adiantar um pouco do processo. Como Izuku havia separado os nomes em ordem alfabética e cronológica, não foi tão difícil eles acharem tudo que estava escrito na listinha. 

Primeiro eles foram até os mangás shounens — depois de uma breve explicação do que era isso, claro —, para esse, Izuku sugeriu dois clássicos: Naruto e Bleach.

Seguindo a lista, vinham os que Midoriya mais gostava: Fairy tail, Tokyo revengers e One punch man. 

Fora claro, os seus favoritos:

Jujutsu Kaisen, Kimetsu no Yaiba e Attack on Titan.

— Estes últimos são incríveis, tem bastante luta e muita, muita história — Izuku falava animado, enquanto separava o que era seu e o que era de Katsuki, para que pudessem passar no caixa, afinal, ele não seria idiota de ir embora sem pegar algo para si mesmo.

— As capas são bem legais e diferentes, eu gostei da arte — Katsuki comentou, animado com as novas aquisições.

Izuku riu.

— Acha lindo agora, quero ver quando todo mundo morrer. — Calou-se repentinamente, vendo que havia dito algo que não devia. — Ignora o spoiler e lê assim mesmo — desconversou. — É muito bom, eu juro. — Deu uma risadinha sem graça, passando suas coisas pelo caixa.

— Vou ignorar, não quero me estressar — brincou, esperando a moça do caixa passar suas coisas também. 

Izuku sorriu, entrando na brincadeira.

— Como se você não vivesse assim — riu.

— Assim, como?

— Na base do ódio, como mais seria? — Katsuki estava gostando demais de conhecer aquele Izuku Midoriya. Um garoto mais leve, desenrolado e risonho, bem diferente daquele Izuku, o nerdão que a escola costuma zoar.

Que ele costumava zoar.

Algo pareceu pesar em seu peito ao se dar conta que ele estava fazendo aquilo exatamente agora, pois nada daquilo era real. 

Tudo não passava de uma aposta.

— Katsuki, você vem? — A voz dele o fez voltar a realidade, só, então, ele percebeu que eles ainda estavam parados no caixa.

— Claro, já estou indo. — Pegou a sacola que foi estendida para si, pagando a moça e saindo dali rapidamente. 

— Aonde nós vamos agora? — Izuku perguntou, esperando que o maior se aproximasse mais de si.

— Eu conheço uma sorveteria bem gostosa, mas é um pouco longe daqui — olhou para o relógio, onde marcavam seis e meia da noite — quer ir? Não deve ter tanto trânsito assim — falou, olhando as notificações que chegavam em seu celular.

— Pode ser, eu não tenho mais nada para fazer mesmo — concordou, acabando de responder sua mãe. — Minha mãe disse que vai chegar um pouco mais cedo do plantão, então temos bastante tempo. — Sorriu. — Quem sabe vocês não se encontrem hoje, hm? Tenho certeza que ela amaria — disse animado, já vendo como a mãe ficaria feliz.

Katsuki sorriu.

— Claro que vai, eu sou o xodó dela — se gabou, montando na moto.

— Se manca, Katsuki. Minha mãe te suporta em consideração a tia Mitsuki — colocou o capacete, montando na moto, agarrando a cintura do loiro logo depois — não conta o que eu disse, mas na verdade, ela nem gosta de você — riu, vendo Katsuki o olhar incrédulo.

— Vai se foder, tampinha de garrafa pet — brincou, sendo agraciado pelo riso gostoso do menor.

— Só vamos logo, eu quero que você me pague um sorvete logo.

— Como quiser, princesa. Seu pedido é uma ordem pra mim. — Sorriu, sentindo um beliscão em sua cintura. 

— Só põe essa moto velha pra andar, vai — Izuku falou, rindo novamente.

[...]

A sorveteria não era tão longe quanto o outro havia falado, além de que Katsuki quis mostrar que sua moto não era velha, correndo e ultrapassando carros com rapidez, fazendo-os chegarem rapidamente. Enquanto o maior estacionava a moto, o de madeixas verdes resolveu entrar, pois além de estar com um pouco de frio, esperar ali fora não era uma boa ideia. Entrou pela porta dupla de vidro, encarando o estabelecimento por alguns instantes. 

Não era um lugar muito grande, embora tivessem bastante mesas e cadeiras. As paredes tinham um tom bonito de rosa pastel, além de algumas decorações e enfeites, como algumas cerejas grandes coladas nas paredes e alguns quadros bregas de sorvete — contudo, deixando um ambiente agradável e confortável —, além de um lustre no meio da sorveteria. 

As mesas brancas e pretas deixavam um contraste bonito com a parede rosa, deixando o lugar mais aconchegante. Aproximou-se do balcão de mármore cinza, onde encontrava-se o atendente do estabelecimento, com um crachá no peito e um boné deveras estranho. 

Midoriya estava meio receoso sobre qual sorvete ele pediria para Katsuki, afinal, ele havia mudado bastante e provavelmente seu sabor de sorvete favorito também poderia, consequentemente, ter mudado junto. Resolveu arriscar, pedindo um sorvete de limão para ele, além do seu favorito: leite condensado. Sua mãe sempre dizia que esse sorvete era doce demais, porém, era exatamente por isso que ele gostava, embora soubesse que não poderia comer com tanta frequência como gostaria. 

— Você já fez os pedidos? — Katsuki entrou no estabelecimento, sentando-se na mesa que Izuku havia escolhido.

— Sim, achei que seria mais rápido — falou, entregando sorvete a ele.

— Já está pensando em como vai se livrar de mim, princesa? Quem disse que eu vou deixar você ir tão facilmente assim? — brincou, pegando o potinho. 

— Eu não sabia o que pedir para você, então arrisquei no de limão — comentou, provando um pouco do seu sorvete, — Uau, é maravilhoso! 

— Eu disse que era. — Sorriu, um pouco sem graça. — Você ainda lembra do meu sorvete preferido? — perguntou, seu coração palpitando ansioso.

— Eu conhecia bem demais o velho Katsuki. — Sorriu. — E como você diz que não mudou tanto, eu resolvi confiar.

— Sabe, eu ainda amo sorvete de limão, é o meu sabor favorito — comentou, sendo agraciado pelo sorriso dele.

Agora, parando para observar, Izuku realmente era bonito. Sempre achou que sua mãe falasse aquilo tudo da boca para fora, porém, agora com ele arrumado, Katsuki conseguia ver.

Ele era lindo.

As madeixas bagunçadas, os olhos verdes e bem delimitados pelos cílios grandes, as sardas, a boca incrivelmente rosada e atraente… como não havia percebido tudo aquilo antes?

— Tem alguma coisa na minha cara? — Izuku perguntou, tentando entender o porquê do mais velho estar olhando tanto para si.

— Oh, não. — Sorriu sem graça. — Apenas tava observando como você cresceu e mudou — inventou uma desculpa, não querendo aprofundar muito naquilo.

Antes que pudesse responder, Izuku sentiu seu celular vibrar.

— Desculpe, pode ser algo importante. — Deixou o sorvete em cima da mesinha, pegando rapidamente o telefone em seu bolso. Sorriu ao ver que era o contato de sua mãe. — Oi, mãe. A senhora já está em casa? — perguntou, tomando mais uma colherada do seu sorvete.

Desculpe, é com Izuku Midoriya que eu falo? — Não era a voz de sua mãe, na realidade, era uma voz totalmente desconhecida para si.

— Sim, ele mesmo — franziu o cenho — com quem eu falo? Este número é da minha mãe, quem é o senhor? — A fala atraiu o olhar de Katsuki que parou de tomar seu sorvete também.

Meu nome é Tensei Iida, você é amigo do meu irmão, não é?  Izuku não entendia, o que aquilo tinha a ver com a ligação de outra pessoa no celular de sua mãe?

— Sim, eu sou. Mas o que isso tem a ver? Cadê a minha mãe? — Se levantou, sentindo algo ruim tomar conta de si.

— O que aconteceu? — Bakugou perguntou, ficando aflito também.

Estou ligando para informar que sua mãe sofreu um grave acidente quando estava voltando para casa. Não queria falar por telefone, mas acho que é o mais rápido. Ela precisa de cirurgia imediatamente, mas os bancos de sangue não estão com estoque para o tipo sanguíneo dela. — Izuku sentou na cadeira, sentindo a vontade de chorar o consumir.

— Deku, que porra tá acontecendo? — Abaixou-se do lado do menor, temendo que o pior tivesse acontecido.

— Ela… E-ela vai ficar bem, não vai? — fungou, sentindo lágrimas gordas escorreram por seus olhos. — Vocês precisam, não, vocês devem salvar ela! — esbravejou, sentindo cada vez mais lágrimas escorrendo por seu rosto.

— Cacete, que merda tá acontecendo? — Aflito e sem conseguir esperar mais, Katsuki pegou o celular da mão do outro. — Alô, quem fala? Que porra tá acontecendo? 

Você é conhecido de Izuku? — o homem perguntou.

— Sim, caralho. Que merda tá rolando aqui? Por que ele está nesse estado? — Sem paciência alguma, Bakugou rosnou.

Dona Inko Midoriya sofreu um acidente grave, precisamos do filho dela aqui, pois não temos o tipo sanguíneo dela no estoque. Você pode trazê-lo até aqui?


Com-comparison is killin' me slowly

Com-comparação está me matando devagar

I think I think too much

E acho que eu penso demais

'Bout kids who don't know me

Sobre garotos que não me conhecem

And I'm so sick of myself

Eu estou tão cansada de mim mesma

Rather be, rather be (oh, oh)

Eu preferia ser, preferia ser (oh, oh)

Anyone, anyone else (anybody else)

Qualquer pessoa, qualquer outra pessoa (qualquer outra pessoa)

Jealousy, jealousy

Inveja, inveja


Notas Finais


bunnylitz: e, então, o que vocês acharam?
ai, gnt... fazer a evolução do Katsuki foi muito gostosinho, sério (digo isso pq a história já está toda escrita 😭)
ele é um personagem muito frustrado, acho que deu p vocês perceberem, não é?
bom, o que vocês acharam do casal kirikami? amo eles, porém, tô c ranço nessa história KKKKKKKKKKKKKK
ok, nos deixem saber oq vcs acharam!!!!
só queria dizer uma coisa aqui: SHOTO MELHOR PERSONAGEM!!!!!!
já seguiram o projeto @plusdynadeku hoje? AS INSCRIÇÕES PARA STAFF ESTÃO ABERTAS!!!
gostam da minha escrita junto do @Hiyamizu? no meu perfil tem outra história em conjunto disponível! 🧡
antes de finalizar minhas notas, quero agradecer profundamente a @parkemmoya, sério, vocês não tem ideia do anjo que ela é! obrigada pela betagem incrível amiga, amamos você! 😩
bom, por hoje é só gatinhxs.
até a próxima atualização!
(estaremos atualizando a cada 15 dias, pois os caps são grandes e a nossa beta precisa de tempo 🥰)
fiquem bem, ok?
com amor, naju.
xoxo sz


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