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História Fobia Social (Mitake) - "Forte".


Escrita por: IchigoSwan e ichigokkj

Notas do Autor


OIOIOI!!! Antes de mais nada, não, eu não voltei ainda. Estou postando esse capítulo por ter visto o comentário de um leitor. Primeiramente, quero agradecer a todos que me desejaram melhoras, de verdade, e quero perguntar algo: preferem que eu poste quando puder ou que escreva tudo e vá postando semanalmente, mas com possíveis pausas bem frequentes? Preciso muito da resposta para isso!

Segundamente, o capítulo de hoje será diferente do normal. Enquanto pensava no que escrever, pensei assim "e que tal escrever uma capítulo focado na visão do Mikey?". Pois bem, eu fiz exatamente isso. Esse capítulo será em primeira pessoa e no pov do Mikey! Não se acostumem, pois n farei muitos capítulos assim, só achei importante por querer retratar exatamente o que o Mikey sentiu quando o Takemichi tomou o tiro.

BOA LEITURA!!!!!!!!!

Capítulo 23 - "Forte".


Fanfic / Fanfiction Fobia Social (Mitake) - "Forte".

Mikey

 

Um lema que sempre levei e sempre levarei para minha vida é: fracos não prestam. Pessoas fracas não merecem estar ao meu lado, nunca.

 

Eu não sei quando comecei a pensar assim, de verdade, mas sei que nunca irei deixar de seguir minha conduta. 

 

Quando eu era mais novo, um garoto da minha rua se achava o mais forte. Isso era bem engraçado, ele realmente se achava o maioral. Um dia, quando estava voltando para casa, encontrei ele e seu grupo de amigos falando coisas idiotas. Entre essas coisas idiotas, ele disse ser o mais forte de todo o terceiro ano de Shibuya. Neste momento, não aguentei e deu um chute no rosto dele. 

 

Quem ele pensava que era? O mais forte sou eu, afinal. Ninguém, repito, ninguém fraco tem direito de ficar ao meu lado. 

 

 

– Como foi seu dia hoje, Manjiro? 

 

Olho sorridente para o rosto de minha mãe. Neste momento, estou no hospital com ela. Ela me olhava com um rosto cansado, mas um sorriso gentil.

 

– Não teve nada demais… – me balanço na cadeira e continuo sorrindo. – Hoje eu encontrei um garoto do terceiro na rua e acabei com ele! – levanto meus braços em empolgação.

 

Ela aumenta seu sorriso.

 

– Oh, você é muito forte, Manjiro. – dá uma breve risada. – Igual o seu pai.

 

Ao ouvir isso, eu dou um sorriso maior ainda.

 

Minha mãe sempre fala que pareço bastante com meu pai. Eu não sei muito sobre ele, apenas o que minha mãe me conta. Quando eu tinha uns 2 anos, ele morreu em um acidente de carro misterioso. Eu só tenho uma memória dele, mas ela é bastante turva e confusa, então não posso explicar muito bem.

 

Voltando a falar da minha mãe, eu espero ansioso para vê-la uma vez na semana, ao menos. Eu não sei muito bem qual a doença que ela tem, mas quero poder ajudar ela a se animar o máximo que eu puder, pois assim ela irá melhorar logo!

 

– Ah! – me lembro de algo. – Quando eu bati naquele garoto, seus amigos me olharam feio e começaram a chorar. Por que todos os fracos começam a chorar assim que perdem? – pergunto em confusão. 

 

Ela coloca o dedo indicador no queixo e faz uma cara pensativa.

 

– Eu não sei. – ela dá um sorriso gentil. – Crianças podem chorar tão facilmente, né?

 

– Meu pai também chorava facilmente? – pergunto. 

 

– Hmmm... – fica pensativa novamente. – Acho que nunca vi ele chorar em público…

 

Nunca parei para pensar nisso, mas minha mãe só fala de meu pai quando estamos conversando. 

 

– Ele não tinha jeito... – ela olha para baixo e dá um sorriso... diferente. 

 

Sempre que falamos dele, ela sorri assim. Dou um sorriso animado e falo:

 

– Você amava muito o papai, né, mamãe?

 

O rosto dela fica um pouco vermelho e ela sorri envergonhada. 

 

– Hehe, você acha? – me pergunta e eu balanço a cabeça em afirmação. 

 

– Bem, então eu serei igual ao papai! 

 

– Se você está bem com isso, então eu fico feliz! – bagunça meus cabelos com sua mão esquerda.

 

– Mamãe, será que um dia eu vou encontrar alguém que eu ame tanto quanto você ama o papai? – coloco meus braços na parte de trás da minha cabeça. 

 

– Claro que sim, filho! – ela levanta o punho determinada. – Mas tem que ser alguém que te ame de volta também, certo?

 

– Uhum, uhum. – balanço a cabeça duas vezes em afirmação. – Eu não acredito tanto em destinos e coisas do tipo, mas... – dou um sorriso alegre. – Acho que existe alguém por aí que está reservado pra mim!

 

– Oh... – ela parece surpresa, mas logo volta ao seu típico sorriso. – Então, quando você encontrar essa pessoa, me apresente, ok? Quero saber se ela é digna de ter o amor do meu filhinho! 

 

Mas isso não aconteceu. 

 

Algum tempo depois, o Shinichiro-nii chegou em casa gritando que a mamãe havia piorado e, sinceramente, acho que nunca entrei em um desespero tão grande quanto naquele dia.

 

Nós fomos rapidamente para o hospital e o médico disse que aquela seria a última vez na qual com ela. Então, enquanto todos estavam conversando com ele, eu corri na direção da sala da minha mãe, tentando chegar o mais rápido que podia ali. Quando cheguei, ela estava deitada na cama, olhando para a janela e vendo a neve caindo do lado de fora; ela parecia cansada, os fios do seu cabelo estavam colados em sua testa, demonstrando que ela suava um pouco.

 

– Mamãe. – digo e ela se vira lentamente para mim. Ela parece se alegrar um pouco, então eu dou um sorriso. – Hoje eu também venci uma luta.

 

– Oh, que bom! – ela sorri. – E eles choraram de novo?

 

– Claro! Os fracos sempre choram bem rápido!! – ouço ela dar uma risada um pouco contida e colocar suas mãos sobre seu colo, uma sobre a outra. – Eu nunca vou chorar. Por isso, mamãe, eu vou te proteger assim que voltar para casa.

 

– Manjiro… – ela sussurra e sorri sem mostrar os dentes. – Você não é forte só por não chorar. E também… – ela ri e eu fico confuso. – Quando você era pequeno, você chorava bastante. Um completo bebê chorão. – arregalo os olhos. – Ficava lá, chorando com a cara amarrada e com seu cobertorzinho na mão. – vira o rosto para cima, fecha seus olhos e algumas lágrimas caem. – Meu anjinho…

 

– Do que você tá falando, mamãe?! – grito e sinto meu rosto esquentar. – Não fala de quanto eu era bebê!! Isso já faz muito tempo!!

 

Três dias depois disso, minha mãe morreu. O vovô, o Shinichiro-nii, a Emma e eu ficamos devastados, afinal tínhamos esperança que ela melhorasse, mas… isso não aconteceu. O enterro dela foi alguns dias depois, todos choraram, gritaram e deixaram toda a dor sair dos seus corações. Mas, eu não chorei. Chorar é algo que pessoas fracas fazem. Eu não sou fraco. Eu prometi para a mamãe que não seria fraco.

 

Porém, eu quebrei mais uma promessa pra ela. 

 

Me afastei de todos e chorei, mesmo tentando segurar.

 

– Não chore, seu idiota… – sussurro para mim mesmo, mas é impossível segurar minhas lágrimas. – Seja forte, não chore…

 

Depois disso, algum tempo se passou e comecei a me sentir… estranho. Quando lutava com alguém que me irritava muito e machucava meus amigos, eu o socava até quase o matar. Algo dentro de mim falava que eu precisava parar, então nunca cheguei a matar alguém de fato. 

 

Quando meus 7 anos chegaram, Shinichiro-nii, Emma e meu avô resolveram fazer uma viagem para Los Angeles, me levando juntamente com eles. Eu me sentia entediado, afinal não tinha o Baji ou qualquer outro amigo para brincar comigo, mas… algo interessante apareceu. Na verdade, alguém. Um menino moreno, com uma capa de herói e o rosto todo esmurrado. Ele estava em uma posição de luta contra 3 garotos  do colegial.

 

– Sai da frente, merdinha! – gritou um dos garotos, dando outro soco no garoto com roupa de super herói, este que continuava firme protegendo a garota. – Você está atrapalhando a nossa diversão!

 

– Isso mesmo, seu lixo! – gritou o outro garoto, dando um chute na barriga do menino.

 

Enquanto observava curioso, eu peguei um pirulito do meu bolso e comecei a chupa-lo. Eu não entendi o motivo dele estar protegendo aquela garota. Será que ela é namorada ou amiga dele? É a única explicação plausível. Eu coloquei minha mão no bolso e continuei observando aquela cena intrigante. 

 

– V-vocês não v-v-vão encostar n-n-nela! – ele falou bem baixinho, mas eu consegui ouvir. – E-eu vou p-proteger ela, mesmo que isso c-c-c-custe minha v-v-v-vida!

 

Após ouvir isso, eu arregalo meus olhos. De repente, uma lembrança vem à minha mente; meu pai. Quando eu era pequeno, estava brincando no meu quarto com um pequeno boneco. Ele era bem sem graça, sinceramente. Mas o papai chegou com um brinquedo de super herói e me deu de presente. Não sei o motivo, mas aquele brinquedo foi bem especial para mim.

 

Esse garoto parecia um herói. Então, sem mais nem menos, eu dou um sorriso de lado e começo a correr na sua direção, já chegando na voadora no rosto de um deles. Eu quero proteger esse garoto, ele é alguém legal. Mesmo que estivesse chorando, ele era forte. Mesmo que estivesse todo esmurrado, ele era alguém forte. 

 

– Quem é você, nanico?! – gritou um dos garotos, assustado.

 

– Você não precisa saber quem sou. – tiro o pirulito da boca e dou o sorriso mais debochado que tenho. – Mas se você continuar atormentando esse garoto, eu vou te quebrar, otário.

 

Eles tremeram e correram, deixando seu líder idiota para trás. Eu olho para o garoto de antes e vou na sua direção. Dou uma risada ao ver a situação dele.

 

– Vai com cuidado ai, cara.

 

– A garota... – começa, dando um gemido de dor. – Ela está bem?

 

Mesmo todo ferrado assim, ele ainda se preocupa primeiro com ela. Tiro o pirulito da boca e dou um sorriso, ele é bem fofo.

 

– Ela tá melhor que você. – dou uma risada e o ajudo a se levantar. – Vou levar vocês dois para o hospital mais próximo.

 

Eu os levei até o hospital. Quando cheguei lá, até já conheciam o garoto, ele se chamava Hanagaki Takemichi. Um nome bem peculiar para alguém de Los Angeles, mas eu ignoro esse fator. Quando ele acordou, nós conversamos um pouco. Como eu disse antes: ele é fofo. Ele corava bastante enquanto conversava comigo. Quando eu ia embora, ele me chamou e fui para perto dele. Assim que cheguei lá, ele se curvou um pouco e me deu um beijo na bochecha. Eu fiquei chocado, ninguém além da Emma e minha mãe havia me beijado assim.

 

Sinto meu rosto esquentar.

 

– Mas o que? – falo, confuso e me sentindo estranho.

 

– Obrigado. – ele disse e deu um sorriso radiante. Era como se eu estivesse olhando para o próprio sol.

 

Sabe quando dizem que sua pupila se dilata quando vê algo que gosta? Pois bem, eu sinto que estou nessa exata situação.

 

Meu coração dá uma falha.

 

Eu quero ser amigo desse garoto. Eu quero ele ao meu lado.

 

Eu dou um sorriso e levanto meu punho. 

 

– Se nos encontrarmos novamente, vamos ser amigos, tá bom? – perguntei e ele pareceu surpreso, mas fez a mesma coisa que eu e nós batemos os punhos.

 

– Claro!

 

Muitos anos depois, quando já havia conhecido muitas outras pessoas, criado a Tokyo Manji Gang, o Kenchin mencionou que estavam usando o nome da gangue de forma suja, então resolvi averiguar a situação. Assim que cheguei lá, eu vi… aquele garoto novamente. Ele, como antes, estava esmurrado e chorava, mas parecia tão forte quanto da primeira vez que o vi.

 

Eu e o Kenchin nos aproximamos. Ele não deveria lembrar de mim, então resolvi fingir que não o conhecia, não queria assustar ele. Eu cheguei bem perto dele, com o rosto mais neutro que conseguia fazer e, assim, nos ‘conhecemos’ novamente.

 

– Hanagaki Takemicchi, ein…? – eu disse após pegar a identidade dele que caiu no chão. – Certo.

 

Eu cheguei bem perto dele e me abaixei, agarrei sua cabeça, a aproximei de mim e o encarei nos olhos.

 

– Você é mesmo um estudante do colegial? – perguntei, dando o sorriso mais alegre que eu consegui. – A partir de hoje, você será minha putinha, certo, Takemicchi?

 

Dessa vez, eu vou ser amigo dele. Eu vou me aproximar e o conhecer melhor.

 

Eu vou proteger ele com tudo que tenho.

 

 

Entretanto, eu quebrei mais uma promessa de novo. 

 

Neste momento, estou vendo o Takemicchi em minha frente, com a perna e a barriga perfurados por balas. 

 

Meu corpo trava.

 

Sinto meu sangue gelar e os membros do meu corpo ficarem fracos.

 

Não, de novo, não. Eu não estou perdendo mais alguém que amo… estou?

 

Ouço a voz do Kenchin e do Mitsuya me chamando, mas sinto como se estivesse me afogando, perdido em meus próprios pensamentos. De repente, as lembranças da guerra contra a Moebius me vem à mente. Logo após isso, me lembro dele me salvando de uma facada vinda do Osanai. Ele sempre me protege, por qual motivo não consigo fazer o mesmo? Que droga!

 

– Hahahahahaha! – ouço uma risada e saio dos meus pensamentos, já olhando para o local de onde ela vinha. – Acertei em cheio. Tudo conforme o plano. 

 

Era Kisaki. De novo, esse merda. O Takemicchi já havia me avisado dele, por que caralhos eu não dei ouvidos? Sinto meu sangue ferver e aperto meus punhos.

 

– KISAKI! – grito com todo meu ódio.

 

Mais uma vez, sinto aquela sensação de algo me cercando, algum tipo de… impulso me falando para matar o Kisaki. Eu prometi para o Micchi que não faria mais nada, porém… eu vou matar o Kisaki. Eu já quebrei promessas demais, uma a mais não irá fazer diferença. Eu preciso fazer isso, não importa como. 

 

Sem nem esperar, eu me viro na direção de Kisaki e o vejo parar de rir. Ele coloca a arma na cintura e se vira para correr. Usando toda a força que restava em minhas pernas, eu dei um passo e depois outro, acelerando a cada instante e correndo atrás de Kisaki.

 

Eu ainda estou um pouco zonzo pela pancada que leve do Kazutora, contudo… acho que quando se trata do Micchi, meu corpo vai até o limite.

 

– Mikey! – ouço o Kenchin gritar, mas ignoro.

 

O Kisaki tentou jogar um pedaço de metal em mim, mas eu desviei e tentei aumentar a velocidade. Ele se abaixou rapidamente e jogou um pedaço de ferro, porém desvio novamente. Não adianta, mesmo que ele me derrube, eu irei me levantar para matar ele de porrada. 

 

Eu preciso matar ele. 

 

Eu preciso vingar o Takemicchi. 

 

Ouço a voz do Kenchin, do Mitsuya e do Hanma lá atrás. Possivelmente, o Kenchin está o segurando para não interferir, então não preciso me preocupar em matar mais um. 

 

Logo ele atravessa a saída do ferro-velho e vira na esquina. Eu faço o mesmo e, assim que faço isso, paro e sinto meu corpo tremer. 

 

Não, não era possível que ele ainda estivesse vivo. 

 

Não era possível que ele e o Kisaki estivessem juntos. 

 

Não, não, NÃO!!

 

– IZANA! – grito e o vejo sorrir de lado.

 

Ele estava em cima de uma moto, com um óculos de piloto em seus olhos, um capacete em sua cabeça e um em seu braço.

 

– E aí, Mikey? – ele tira o óculos e o coloca sobre o capacete. – Quantos anos que a gente não se vê, hein. – dá uma risada. – Bem, por mim, poderia ser para sempre.

 

Kisaki chega perto dele e o Izana joga o capacete para ele. Os dois me olham sorrindo e sinto meu sangue ferver novamente.

 

– Parece que o tal Takemichi foi de vala mesmo, né? – ele dá uma risada alta. – Pois fique atento, esse é só o começo. – Kisaki sobe na moto. – Ryuuguji Ken, Mitsuya Takashi, Kawata Nahoya, Kawata Souya, Haruki Hayashida… eu sei o nome de todos importantes para você, Mikey. Quando você menos esperar, cada um deles estará morto!

 

Arregalo meus olhos e sinto meu ódio crescer ainda mais. Ele parece perceber isso, então sorri mais ainda e dá partida na moto, já começando a andar com ela. 

 

Eu preciso matar esses dois.

 

Eu vou correndo atrás dos dois, no entanto minhas pernas já estavam fracas. 

 

Eu achava que ainda dava, mas eu perdi sangue demais. Minha vista vai se embasando, meu corpo cansado e, de repente, sinto meu corpo caindo no chão.

 

– Que droga… – falo com dificuldade.

 

Por que o Izana quer tanto infernizar minha vida? Por que ele quer envolver pessoas inocentes nessa briga idiota? Por que ele se envolveu com o Kisaki? Como ele sobreviveu? As perguntas que tenho são infinitas e, mesmo que eu tente chegar em uma resposta, não faz sentido algum. 

 

Barulhos de passos começam a se aproximar de mim. Então alguém viu essa minha situação patética? Que piada que eu sou, hein…

 

– Já chega, Mikey. – ouço a voz do Kenchin e olho para trás. – Vamos só cuidar do Takemicchi agora, ele vai ficar bem, eu prometo.

 

Ele se ajoelha ao meu lado e passa meu braço por cima do seu ombro. Ele tremia. Mesmo que estivesse tentando demonstrar que estava sendo forte, ele tremia.

 

– Kenchin…

 

– Fica quieto. Poupe suas energias para ver o Takemicchi bem, ok? – ele dá um sorriso para mim.

 

Tenho certeza que esse sorriso é falso.

 

– Certo…

 

Nós começamos a andar juntos até o local onde estavam nossas motos. Quando olho para dentro do ferro-velho, todos os outros já haviam ido embora, restando apenas o Baji e o… Kazutora?

 

– O Kazutora disse que vai ficar com o Baji ali. – Kenchin diz sem tirar os olhos da frente. – Ele disse que é culpa dele e quer assumir a responsabilidade. – ele sorriu. – Como você não estava lá, não deu para ele te falar, mas ele pediu para que eu dissesse isso: “Não quero pedir perdão ao Mikey. Vou viver toda a minha vida com as mortes do Shinichiro-kun e do Keisuke nos meus ombros”. Depois de dizer isso, ele se curvou e foi para perto do Baji.

 

– … – fico em silêncio.

 

Sinceramente, eu não sei muito bem o que pensar, e nem quero pensar nisso agora. Apenas quero pensar na sobrevivência do Takemicchi.

 

– Acho que… – o Kenchin começa a falar de novo. – Se isso tudo não tivesse acontecido, o Kazutora e o Baji ficariam juntos… de alguma forma. – dá um sorriso triste, aparentemente. – O Baji amava ele demais, só o burro do Kazutora não percebia. – olha de soslaio para mim. – Mas imagino que ele tenha percebido agora. 

 

– Sabe, Kenchin… não sei se já te disse isso, mas quando eu conheci o Takemicchi e voltei para Tokyo, eu achava que era apenas uma obsessão ou paixão passageira. – dou um sorriso triste. – Eu realmente… amo esse garoto. Eu quero passar o resto da minha vida com ele.

 

O Kenchin me olha um pouco surpreso e abre um sorriso enorme.

 

– Fico feliz em ouvir isso. – ele ri. – Ele vai ficar bem, pode ter certeza. O Takemicchi é forte, ele vai conseguir sobreviver.

 

– Forte, hein… – sussurro bem baixo. – Acho que essa palavra realmente define ele bem. 

 

 

Não sei a quanto tempo estamos esperando aqui, recepção do hospital. O local está bastante silencioso, se eu ignorar o barulho dos passos dos médicos e das enfermeiras. Todos aqui estão nervosos, eu consigo sentir isso. Eu não posso falar que estou diferente, pois, mesmo com uma expressão neutra, meu coração está para sair pela boca. 

 

Nós viemos o mais rápido possível para cá. Fizemos os primeiros socorros no caminho, mas não sei exatamente quanto sangue o Takemicchi perdeu. Só consegui me sentir um pouco mais seguro quando colocaram o Takemicchi na minha moto, mas sentir seu corpo frio fez meu coração se quebrar. 

 

Eu quero poder voltar a andar de moto com ele; tenho saudades das noites em claro assistindo algo; de ficar ouvindo suas risadas quando fazia cócegas nele; de cabular aula e ir buscá-lo na escola para passarmos um tempo juntos; de dormir pensando o quão sortudo eu sou te namorar ele; de lhe dar beijinhos depois dos treinos com o Kenchin e o Mitsuya. 

 

Céus, Takemicchi, melhore logo, por favor. Eu realmente não sei o que vou fazer se você não estiver comigo aqui.

 

– Por que estão com essas caras? – olho para cima e vejo Chifuyu na frente de todos. – Não acham que o Takemicchi ficaria triste se visse todos vocês assim?

 

– Chifuyu… – ouço Mitsuya dizer, enquanto morde seu lábio inferior e aperta um pouco suas mãos. 

 

– Se ele lhes visse assim, ia falar algo como: “Não sejam idiotas de se preocuparem comigo assim!” – ele dá um sorriso, mesmo tremendo enquanto fala isso. – Por isso, não vamos nos preocupar com ele, ele vai melhorar. 

 

Arregalo um pouco meus olhos e dou um sorriso ladino. Solto um suspiro e me levanto da cadeira, vejo todos me olhando surpresos, porém apenas ignoro. Fico ao lado de Chifuyu e dou o melhor sorriso que tenho. Óbvio que isso que ele disse não foi capaz de me tranquilizar completamente, isso não é possível, mas… 

 

– Ele tem razão. – digo. – O Micchi não iria ficar nem um pouco feliz de ver essa nossa cara de bunda. – faz um biquinho. – E quando ele acordar… – dou um sorriso sincero. Ele merece isso. – Vou transformá-lo no capitão de uma das divisões.

 

Todos arregalaram seus olhos, surpresos.

 

– Tem certeza? – Kenchin me pergunta.

 

– Claro! – digo, com toda a certeza do mundo. – Se eu pudesse, até o transformaria no vice-comandante. – dou de ombros. – Afinal, você tem outras coisas pra se preocupar agora… – olho diretamente para Mitsuya.

 

Os dois abrem bem os olhos e coram simultaneamente. Mitsuya abre a boca para falar algo, mas nada sai. O Kenchin se levanta rapidamente e me pega pela gola da camisa, com um rosto envergonhado e irritado.

 

– Cala a boca, Mikey! – levanta seu punho para me bater.

 

– Estamos num hospital, Kenchin! – dou um sorriso debochado. – Se não quiser ser expulso daqui, é melhor me largar.

 

– Ora, seu…

 

Enquanto discutíamos, ouço passos e o Kenchin me larga. Olhamos para trás e vemos o médico que estava encarregado do Takemicchi. Todos se levantam rapidamente e nós ficamos de frente para ele, nervosos com a notícia que viria.

 

– Vocês todos são os acompanhantes de Hanagaki Takemichi, certo? – ele pergunta e todos nós assentimos. – Ótimo. A cirurgia foi um sucesso. Tiramos as balas alojadas em seu abdômen e sua perna. Ainda bem que vieram rápido, se não ele poderia ter ido a óbito. – ele dá um sorriso.

 

Sinto como se um peso tivesse saído das minhas costas. Meu corpo sente um alívio gigante, eu até poderia cair de joelhos de tanto que sinto minhas pernas moles, todavia eu me seguro.

 

– Porém… – a notícia ruim sempre vem. – o Hanagaki Takemichi perdeu bastante sangue. Havia um corte não muito fundo na lateral de sua barriga e ele tomou uma pancada na cabeça. Ele bateu a cabeça quando caiu ou algo do tipo? 

 

– S-sim… – diz Chifuyu, um pouco hesitante. 

 

– Pois bem, ele teve um traumatismo craniano. – se curva em nossa direção. – Sinto muito, mas ele ficará em coma. Não sei por quanto tempo. Podem ser dias, semanas, meses ou até anos. Sinto muito, de verdade.

 

Meu coração dói no mesmo instante. Entretanto, não posso ficar triste. Ele está vivo. Isso é o suficiente. Não importa quanto tempo demore, eu vou estar aqui, esperando pelo tempo que for. Engulo em seco e dou um passo à frente.

 

– Doutor, eu posso ver ele? – pergunto.

 

O médico levanta sua cabeça e me olha nos olhos.

 

– Apenas familiares podem visitar agora. Me desculpe.

 

Aperto meu punho com certa forma. Desculpa, Micchi. Não sei se você queria que mais alguém soubesse disso por agora, mas eu preciso te ver, nem que seja um pouco.

 

– Eu sou namorado dele. – falo convicto. – Por favor, me deixe ver ele.

 

Todos ao meu redor ficam em silêncio, eles pareciam surpresos com a revelação, menos o Kenchin e o Mitsuya, que já sabiam. Francamente, não sei o motivo dessa reação, pois já era extremamente óbvio. E se tiver algum preconceituoso aqui, eu expulso da gangue na mesma hora.

 

– Claro. – o médico diz. – Venha comigo. 

 

 

Eu e o doutor chegamos na frente do quarto do Micchi. No mesmo instante, diversas coisas passam pela minha cabeça, lembranças de momentos com ele. Vai ser difícil. Não importa o quanto eu tente ser forte, ficar sem o sorriso dele vai ser difícil. Mas eu consigo, eu sei que consigo.

 

Então, entramos na sala – que estava um pouco escura. – e eu passo meu olho por todos os lugares dali. Era melancólico. A última vez que vim para um hospital, foi justamente por causa do Takemicchi. Respiro fundo e direciono meu olhar até a cama dele, o vendo deitado com faixas pela cabeça, barriga e perna.

 

Seu rosto estava sereno.

 

Ele parecia que estava confortável naquela cama.

 

– Por favor, tome cuidado com ele. – diz o médico, já saindo da sala e fechando a porta. – Você tem 5 minutos.

 

– Certo. 

 

Então, ele sai da sala.

 

Ali estava um pouco frio. Será que o Micchi sentia isso?

 

Tendo isso em mente, eu olho pela sala e vejo um armário. Vou até ele e o abro, dou um sorriso ao ver que ali havia um cobertor. Eu o pego, fecho o armário com o pé e o levo até o Takemicchi. Eu o desdobro e o coloco por cima do Micchi, o ajeitando do jeito que consigo.

 

Me sento na poltrona ao lado da sua cama e fico lhe observando.

 

Eu sei que ele não gosta que eu me culpe pelas situações que ele se coloca, mas é impossível. Todas as noites eu penso que, se eu não tivesse o trazido para esse mundo idiota de delinquentes, a vida dele seria melhor.

 

Se eu não tivesse o ajudado naquele dia, em Los Angeles, como o rumo da vida dele teria seguido? Ele teria arrumado uma namorada bonita e legal? Viajaria por todos os lugares do mundo?

 

Eu não o conheço tão bem quanto pensava.

 

Não conheço a tia dele, não sei direito sobre a história dos seus pais, que, aparentemente, haviam morrido em um acidente estranho. O nome dele é japonês, sendo que ele é de Los Angeles. Sua história é a coisa mais misteriosa que tem.

 

Será que seria bom eu perguntar para ele quando ele voltasse? Não, ele não deve saber, por conta da maldita amnésia.

 

Ele me contou que a tia dele queria conversar comigo em chamada de vídeo. Acho que seria bom que eu lhe perguntasse.

 

– Que droga… – sussurro e aperto os fios da minha cabeça. – É tanta pergunta na minha cabeça, eu tô enlouquecendo já…

 

Me levanto e vou para bem perto do Micchi. Novamente, o observo com calma. Ele é lindo. A pessoa mais bela que já vi na vida – depois da minha mãe, óbvio. Eu seguro sua mão e aperto um pouco ao senti-la gelada.

 

– Vou te esperar o tempo que for, Micchi…

 

Sinto uma lágrima escorrer pelo meu olho. Droga, de novo estou sendo fraco. Não chore, Mikey. Você prometeu que não choraria, prometeu que seria forte.

 

Eu abaixo um pouco minha cabeça e dou um beijo na testa do Takemicchi. Não me afasto muito e fecho os olhos, deixando as lágrimas rolarem pelo meu rosto, possivelmente caindo no rosto do Micchi.

 

– Eu sou tão fraco… – sussurro para mim mesmo, apertando mais ainda a mão que eu segurava. 

 


Notas Finais


Esse capitulo foi triste, fofo e engraçado, sinceramente. eu amei escrever ele.

O IZANA VEIIII!! O QUE SERÁ Q ELE TA APRONTANDO COM O KISAKI, HUM?

venho perguntar dnv: preferem que eu poste quando puder ou que escreva tudo e vá postando semanalmente, mas com possíveis pausas bem frequentes? se for quando eu puder, sinto que a história ficará melhor, pois terei mais liberdade e não terei que ficar forçando tanto minha mente.

espero que tenham gostado do capitulo e aguardo a resposta de vcs <3


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