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Fogo - Capítulo Único


Escrita por: ClaireCorna

Capítulo 1 - Capítulo Único


Chris Redfield acordou antes do sol naquela segunda-feira e logo saiu da cama, jamais daria lugar a preguiça que poderia tentar mantê-lo na cama com suas garras tentadoras, ele tinha responsabilidades a cumprir. 

Tomou um banho gelado para “acordar o corpo” enquanto fazia sua barba, o cabelo já havia sido devidamente cortado aquele fim de semana, precisava estar em perfeitamente apresentável para o padrão militar sempre tão rigoroso. 

O soldado estava ansioso, mas de uma maneira boa, era seu primeiro dia no treinamento para Força Aérea, seu sonho desde menino, viveu os últimos vinte anos de sua vida por esse dia, mesmo sendo tão jovem, sua carreira militar era promissora, o garoto era focado, e extremamente habilidoso, mesmo tendo um temperamento difícil de lidar e estivesse constantemente batendo de frente com seus superiores, ele era tão bom no que fazia que aquilo estava o segurando. 

Tomou um café amargo com torradas e saiu dirigindo com seu shake de proteína em mãos, dando um gole e outro. 

Chegou seis minutos antes do horário combinado, estava preparando para estacionar quando um outro carro chegou de repente e realizando uma manobra impressionante — por mais que Christopher jamais admitiria — roubou sua vaga. 

O outro homem saiu de dentro do carro batendo a porta despreocupadamente. 

— Ei, essa vaga era minha! 

— E por que meu carro está nela?  

— Você viu que eu estava perto e... 

— Não é minha culpa se sou um motorista melhor que você. 

— Ei, seu... 

Redfield interrompeu sua fala ao ver o Capitão Wesker chegando, e sabia que na sua lista de pontos com ele deveria estar em –15 então se conteve, porque se o superior o pegasse “arrumando confusão” poderia colocar tudo a perder, e aquele “babaca ladrão de vagas” não merecia isso. 

Entrou em seu carro, deu uma volta no quarteirão e estacionou onde encontrou. 

Após a parte burocrática da coisa o aquecimento começou entre gritos, xingamentos, flexões e muitos outros desafios que faziam com que Chris se sentisse vivo, ele definitivamente adorava uma “zona de guerra” 

O “ladrão de vagas” também estava lá, mas Redfield evitava olhar pra ele, o foco era não se permitir partir aquela cara arrogante e acabar destruindo tudo pelo qual lutou todos esses anos. 

Após o almoço de dez minutos, foram alinhados novamente para o próximo desafio que foi comandado pelo pesadelo loiro de topete de Chris. 

— Okay, seus merdinhas, estão cansados? 

— Não, senhor! 

— Bem, agora começaremos o treinamento de luta corporal, primeiramente quero uma demonstração da habilidade geral de vocês — o Capitão olhou sua prancheta com os nomes — Redfield e Nivans se posicionem. 

Christopher mal podia acreditar que o homem com o qual lutaria era o “ladrão de vagas” estava radiante, meter a porrada na cara dele sem poder ir preso era seu presente de natal adiantado que o Papai Noel fez questão de mandar porque já havia sido “bom menino” o bastante pelo ano todo. 

Ele estava evitando de sorrir para não arrumar confusão, mas por dentro era outra história. 

— Prontos? — Wesker perguntou e os dois afirmaram com a cabeça — vamos ver o que tem pra mim. 

Os dois pares de olhos verdes se encararam com o famoso “sangue nos olhos” quem via de fora poderia jurar que haviam faíscas entre eles. 

Nivans tentou dar um soco em seu oponente, mas ele desviou, entrou com uma rasteira, que o levou de costas no tatame, Piers — Chris conseguiu ler o primeiro nome dele no uniforme — tentou soca-lo, mas Redfield girou para o lado, derrubou o outro e conseguiu imobilizar. 

Ele falou no ouvido do rival: 

— Você vai me pagar por aquela vaga, desgraçado. 

Piers tentou se livrar e revidar, mas não teve jeito, Christopher era um lutador muito mais habilidoso que ele, e quando Wesker interrompeu a luta, era claro para todos que Nivans havia sido feito de “pano de chão”. 

A próxima etapa do dia era tiro, Capitão Wesker decidiu que queria ver as habilidades de sniper dos candidatos a futuros pilotos. 

Redfield comemorou internamente, ele era excelente atirando, seu troféu na prateleira de casa servia como prova, aquilo ali já estava no papo. 

Alguns candidatos foram primeiro, alguns muito bons, conseguiram 73 pontos, 86 e outro chegou nos 90, eram bons, mas não páreos para Chris, quando chegou a sua vez, o soldado respirou fundo, juntando toda sua concentração, preparou-se mentalmente, concentrou-se o máximo possível e disparou, conseguindo impressionantes 96 pontos, todos aplaudiram, embora ele não tenha ficado totalmente satisfeito, pois seu recorde era 98, portanto havia ficado abaixo da média e era muito crítico e competitivo, até — e principalmente — consigo mesmo, nem conseguiu comemorar com todos que o admiravam. 

Chegou a vez de Nivans e Redfield estava tranquilo, quais eram as chances daquele “fracote” conseguir fazer acima de 96 pontos? 

Embora Christopher notou o quanto segurava bem aquele rifle, seus braços definidos demonstravam muita técnica e precisão, ele se preparou e não demorou muito a disparar, os olhos de todos ao redor ficaram estáticos por um tempo, parecia impossível o que havia acabado de acontecer, olhavam para as expressões faciais um do outro como se quisessem confirmar que realmente era real, aquele soldado — um dos mais novos ali — havia conseguido a quase impossível marca de 100 pontos, fechando com perfeição. 

Após os segundos de choque e negação dos candidatos e equipe ali presentes, todos começaram a vibrar como final de campeonato, Piers Nivans era o jogador que fez um touchdown nos últimos segundos de jogo e levou a equipe a vencer o Superbowl, todos gritavam e davam tapinhas nas costas do vencedor — não era uma competição, mas no fundo era como se sentiam — enquanto Chris permanecia a distância, em um completo silêncio, ainda absorvendo que seu recorde não é de fato um recorde quando se tratava daquele cara, que ódio. 

No fim do dia, todos foram para os vestiários tomarem banho e se trocarem, Redfield ainda revirava os olhos mentalmente — e as vezes fisicamente — cada vez que alguém ia “babar ovo” do “Sniper americano” ficou o observando de costas enquanto ele secava o tórax para vestir a camiseta, inevitavelmente reparou nas costas malhadas dele, se viu um pouco preso naquela imagem. 

— Ei, é Redfield, né?  

A voz ao seu lado quebrou os devaneios.  

— É, Chris. 

Os homens apertaram as mãos. 

— Eu sou o Josh, olha o pessoal tá combinando de ir em um bar que fica a umas cinco quadras daqui. 

— Ah, obrigado pelo convite, mas acho que vou pra casa. 

— Que isso, cara, o dia hoje foi puxado, precisamos nos entrosar, além do mais, você foi excelente, tem muito o que comemorar. 

Ele ponderou um pouco. 

— Eu vou ver. 

Josh deu de ombros 

— Okay, espero que vá. 

Os dois saíram do vestiário, quando Chris chegou do lado de fora, viu todos entrando em seus carros e seguindo o mesmo rumo, felizmente o carro do “ladrão de vagas” não estava mais lá, então decidiu seguir a galera para o bar. 

 

O ambiente era agradável, bem decorado com várias referências militares e tropicais, muitas fotos de praias e um estilo musical que Chris que era muito ligado em música, já havia ouvido algumas vezes e lembrava-se de ser samba, se surpreendeu pela escolha musical do bar, uma vez que esse estilo não era muito difundido em seu país, porém entendeu tudo quando viu uma parede decorada com uma bandeira do Brasil, então os donos deveriam ser de lá. 

Pediu uma cerveja e foi jogar sinuca com o pessoal que havia conhecido naquele dia, tudo estava correndo bem, estava se divertindo e tirando o estresse acumulado enquanto atiravam dardos em uma foto de Wesker. 

Decidiu ir até o balcão pedir mais uma bebida. 

— Um chopp bem gelado, por favor — o bartender se virou revelando ser Piers com o olho outrora acertado por ele, começando a escurecer — não acredito que veio, acho que é minha hora de ir. 

— Que ironia seria eu estar no bar da minha família. 

Quando Redfield olhou ao redor, pôde ver uma foto dele com outro cara e os dois segurando rifles, uma memória desbloqueou. 

— Você é parente de Richard Nivans? 

— Meu pai. 

Christopher não contava com essa, o cara era uma lenda no ramo militar. 

— Hm — O homem não quis demonstrar o quanto estava impressionado — acho que eu já vou. 

— Você que sabe. 

Quando Redfield passou pela porta foi coberto com confetes e funcionários surgiram de todos os cantos aplaudindo. 

— Que merda é essa? 

— Boa noite, eu sou Merah, o senhor é? 

— Chris. 

— Parabéns, Chris, você é o nosso “cliente premiado” 

— O que eu ganhei? 

Dois garçons apareceram carregando um hambúrguer enorme. 

— Essa refeição. 

— Ótimo. 

— Mas, tem um porém, um desafio. 

O soldado deu de ombros. 

— Eu vivo por desafios. 

— Você tem que comê-lo em quinze minutos. 

— Vamos lá. 

Ele começou se sentou a uma mesa. 

— Mas, se você não conseguir terminá-lo, terá que ficar pra limpar o bar hoje, você pode desistir e... 

— Posso começar? 

Todos se amontoaram perto dele para olhar se ele ia conseguir, o clima de tensão no ar. 

— Preparado? 

 A garçonete perguntou com um cronômetro em mãos. 

— Nasci pronto, baby. 

— Vai! 

Um som de torcida ecoou por todo local, uns torcendo, a favor, uns torcendo contra e todos fazendo suas apostas, o homem se esforçava o máximo, contudo ele havia se empanturrado de amendoim e cerveja desde que chegou naquele local, seu estômago estava pedindo socorro e ele se recusava a vomitar na frente de todas aquelas pessoas, especialmente o “ladrão de vagas” que deveria estar torcendo pra isso. 

— Dez segundos — Com o anúncio, Redfield já viu a derrota, não conseguiria concluir a missão, e aquele hamburguer delicioso estava começando a amargar a boca com o sabor de fracasso. Merda — Um, sinto muito por você, senhor Redfield, mas, eu, Merah estarei saindo mais cedo, já que tenho alguém pra limpar no meu lugar. 

Todos que apostaram contra comemoraram, e Chris foi se esconder no banheiro, lavou o rosto e se sentou no chão, ansiou por aquele dia há tanto tempo, e não estava sendo nem um pouco como idealizou. 

E pra piorar, viu o tal “sniper” entrando e indo até o mictório. 

Ele se levantou para lavar as mãos e sair, Piers foi lavar as dele também e Redfield se pegou olhando o homem pelo espelho, na verdade percebeu-se admirando-o, estranhou aquele sentimento, era similar ao que ele sentia quando via uma mulher bonita, mas quem estava ao lado dele era um homem, o que será que estava acontecendo?  

— O que foi? 

— Na-nada. 

Christopher deixou o banheiro um tanto encabulado e foi sentar-se nos fundos do bar aguardar a sua “penitência” 

Quando todos foram embora ele se levantou para ir arás do balcão. 

— Você não vai, Nivans? 

— Alguém tem que ficar pra fechar o bar, não dá pra deixar na mão de um desconhecido. 

Chris revirou os olhos e começou a limpar o chão, enquanto o outro permanecia sentado mexendo no celular com os pés sob a mesa. 

Terminou essa tarefa e começou a limpar as mesas, chegando na que o “soldadinho” estava sentado. 

— Com licença?  

— Ah, claro. 

O homem se levantou passando por ele encostando seu braço que estava desnudo por conta da regata no braço dele, Redfield sentiu algo aquecer dentro de si, uma chama diferente, precisava terminar aquela limpeza e se retirar imediatamente. 

Nivans estava atrás do balcão e ele foi pra lá lavar os copos, acendeu um cigarro para fazer aquele trabalho silencioso ficar mais fácil e também para aliviar a tensão que estava sentindo. 

— Ei, apaga isso. 

— O quê?  

— É proibido fumar aqui dentro. 

Ele apontou para a placa. 

— Só tem nós dois aqui dentro, dá um tempo. 

— Apaga esse negócio. 

— Não. 

Piers se levantou e tentou pegar, Chris colocou o cigarro pra cima se aproveitando de ser pelo menos uns dez centímetros mais alto. 

Nivans segurou no braço dele para tentar abaixar, e Redfield enfim notou o quanto o outro estava perto, o tocando, estava sendo capaz de sentir até o cheiro de seu perfume, ele conseguiu alcançar o cigarro, mas Chris, não querendo se dar por vencido puxou de uma vez e acabou lançando longe, caiu em um pouco de cachaça que estava derramada sobre o balcão começando um pequeno fogo que os dois correram pra apagar. 

— Você é sempre babaca assim, poderia ter começado um incêndio no bar da minha família! 

— Relaxa, não foi nada. 

O outro, irritado passou as mãos na cabeça e se distanciou um pouco evitando ainda mais confusão, o que levou Redfield a começar a se sentir mal, ele se aproximou. 

— Olha, desculpa, fui um babaca mesmo, deveria ter apagado. 

— É, deveria. 

— O dia hoje foi estressante, eu sou competitivo, exigente... 

— Eu também. 

— Olha, me desculpe, podemos recomeçar? 

— Tudo bem, e aliás, desculpe pela vaga, eu fui um babaca também. 

— Tá, vamos deixar pra lá. 

Eles sorriram um para o outro selando a paz, e notando o quanto o rosto um do outro ficava bonito em uma expressão mais amena e aconchegante. 

— Aqui — Nivans quebrou o silêncio e foi até as bebidas, deixando uma garrafa de cerveja no balcão e pegando outra — pra ficar tudo bem de vez. 

Christopher deu a volta no balcão. 

— Ótimo. 

Eles começaram a beber e conversar, o primeiro tópico de conversa foi a  vida militar, depois comentaram da família, esportes e um assunto foi levando a outro, alguns flertes discretos... enquanto já estavam sentados no chão se deram conta, já era três da manhã. 

— Caramba, está tarde. 

— E eu nem terminei de lavar os copos. 

O homem se colocou em pé. 

— Deixa, eu lavo... 

— Imagina, foi o combinado. 

Os dois se dirigiram para pegar o mesmo copo ao mesmo tempo, levando suas mãos se tocarem, porém, nenhum dos dois recuou, permaneceram se tocando, impulsivamente, Chris começou a acariciar a mão do outro, como que tentando ver até onde poderia ir, ele realmente não esperava ser retribuído. 

Nivans se virou de frente para o outro homem e estavam próximos demais, se encarando intensamente com seus olhos verdes, sentindo um calor quase insuportável ali, Christopher cogitou se deveria falar alguma coisa, mas as palavras sumiram de sua cabeça, porém, em um acordo silencioso feito através daquele olhar, eles pareciam estar em perfeito acordo. 

Então, ao mesmo tempo, foram para os lábios um do outro e se beijaram ardentemente, era uma coisa nova, quente, avassaladora, incontrolável, que poderia complicar tudo ou melhorar, eles não sabiam, e nem queriam se preocupar naquele momento, pois, sentir os braços um do outro ao redor do corpo, e as línguas que dançavam juntas naquele incêndio era muito mais interessante, o depois... ficaria pra depois. 



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