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História Fogo Lento - Capítulo 8


Escrita por: LetyMalfoy

Notas do Autor


Olá! Eu tô viva e sim, lamento por ter demorado tanto, mas estava me faltando coragem pra fechar essa fic como planejado. Agora já foi, boa leitura para os que ainda estão por aqui.

Capítulo 9 - Capítulo 8


Andrômeda sorriu ao ver Harry entrar no restaurante usando seu uniforme de Auror. Ele finalmente tinha se graduado na Academia, e agora tinha mais tempo para ver Teddy regularmente. Ela achava imensamente divertido ver como ele e seu sobrinho tinham passado o último ano se bicando e competindo para ver a quem o menino amava mais, claramente, o ganhador da disputa sem sentido era Teddy, que conseguia o dobro de atenção e mimos. Quem diria? Malfoy e Potter competindo pela atenção de seu pequeno metamorfo.

- Andy, olá! Onde está Teddy?

- Na cozinha com Draco. – Ela informou, vendo aquele homem feito fazer beicinho.

- Comprá-lo com biscoitos é trapaça. – O moreno reclamou.

- Harry, querido, não pode esperar que um slytherin jogue limpo. - Ela sorriu, sabendo que seu sobrinho provavelmente estava alimentando Teddy com alguma versão saborosa e saudável de biscoitos, conviver com Draco tinha transformado seu neto em uma criança muito snob para comer. Por exemplo, ele agora não aceitava os biscoitos ou bolachas comprados prontos em mercados, sempre queria os caseiros e de preferência fabricados por seu primo.

Harry suspirou.

- Hum... ah, Percy está por ai? - O auror perguntou, num tom de voz mais baixo.

- No escritório, vá até lá... mas, Harry? - Ela chamou.

Ele se virou.

- Da última vez que Arthur e ele se encontraram no Ministério e ele voltou triste, Draco e seus pais não ficaram satisfeitos, os Weasley estão andando em gelo fino aqui. - Ela disse. - Ele e Draco já estão juntos há mais de um ano, ele vai entrar para a família Malfoy oficialmente em questão de meses. Narcissa já está providenciando esboços para a cerimônia de casamento, e quando isso acontecer, bem... Malfoys não são conhecidos por deixar coisas assim acontecerem com membros da família.

Harry suspirou.

- Eu vim para pedir que ele vá ao meu casamento, levando Malfoy, claro. – Harry disse. – Arthur e Molly podem não ficar divulgando, mas eles também estão chateados com o afastamento dele.

            Andrômeda ergueu uma sobrancelha.

- Jeito engraçado de mostrar. – Ela disse.

Harry coçou o cabelo, sem graça.

- Molly está tentando, Andy. Ela e Percy fazem compras  juntos e tomam chá toda semana. – Ele disse, defendendo a sogra. – E ela nunca mais tocou no tema do namorado dele, mesmo que sinta que ele vai se machucar, e não sem motivos. Às vezes parece que todo mundo esquece tudo os que os Malfoy fizeram para eles, sabe?  

            Andrômeda assentiu, ela entendia de relações familiares estranhas. Ela agora podia dizer que apreciava imensamente o sobrinho, confiava nele para cuidar de Teddy a qualquer momento, mas, não podia trocar mais de meia dúzia de frases com Lucius Malfoy num almoço familiar ali no restaurante, e ela e Narcissa nunca falavam de coisas que pudessem remeter a sua separação da família, e jamais falavam sobre coisas sérias. A incomodava que Percy estivesse numa situação similar a sua, tantos anos depois, e pior, depois de lutarem numa guerra onde queriam liberdade para serem quem quisessem sem recriminação.

- Ainda sim, é vergonhoso que ele tenha que encontrar a mãe fora de casa e como se fossem estranhos. Ele nem podia comentar como Draco o pediu em casamento, pelo amor de Salazar. – Foi doloroso vê-lo tirando o anel de noivado no restaurante antes de sair para seu chá com a mãe, que aparentemente estava feliz em ignorar tudo a respeito da vida do filho que não aprovasse.

- Eles são minha família também, e se tem uma coisa que aprendi sobre os Weasley é que eles são  tão teimosos quanto podem ser. Ginny quer Percy no casamento, então, ela engoliu que vai ter que olhar Malfoy nos olhos, isso não muda o fato de que ela não o suporta.

Andrômeda assentiu, ela reconhecia que os Weasley não tiraram a antipatia pelos Malfoy do nada, todos teriam que aprender a conviver com isso.

- Por que ela não veio com você? – Andrômeda perguntou, curiosa.

- Ainda está viajando com o time, elas estão na semi-final da Eurocopa. – Harry disse, orgulhoso. – Estou providenciando tudo com a ajuda da Hermione, viu como os convites ficaram bonitos?

            Ela concordou, Harry estava radiante com seu casamento, e Ginny também, a julgar pelo quanto estava feliz nas fotos que saíam no Profeta.

- Sim, colocar aquela foto dos dois foi um detalhe muito bonito e totalmente piegas. – Ela disse, sorrindo afetuosamente.

- Ideia da Mione. – Ele disse, sorrindo e pegando um envelope do bolso da túnica. – Vou entregar o do Percy e do Mal… Draco.

            Ela sorriu, se Harry pudesse aguentar Draco Malfoy pelo bem da família, os Weasley viriam logo atrás. George e Arthur eram os piores, mas, ela acreditava que só precisavam de mais tempo, o gêmeo restante não escondia sua aversão a família do noivo do irmão, e vocalizava abertamente o quão desgostava disso, mas também, como o resto da família, não permitiria que ninguém além deles ferisse o irmão. Arthur ainda pensava que Percy veria a luz no fim do túnel desse relacionamento, estava esperançoso que Draco terminasse com o filho, ou nunca propusesse, quando viu o anúncio no jornal e encontrou Percy no Ministério depois, não conseguiu esconder a tristeza do filho, que chegou igualmente arrasado com a conversa desajeitada e dolorosa que tiveram. Ela sentia falta da simplicidade de sua vida familiar com Ted e Dora, tudo mais simples que as ramificações dos Weasley, Malfoys e Blacks.

 

X~x~X

 

            Draco suspirou, triste, ao se olhar no espelho em uma túnica de gala.

- O que foi? – Percy perguntou, já totalmente pronto, atrás dele.

- Vou ter que me comportar no meio de um ambiente cheio de leões hostis. – Ele disse, fazendo drama. – Nem vou poder azarar o Testa-Rachada porque ele é o noivo e sua irmã acabaria com a minha raça.

            Percy sorriu.

- Gosto que saiba que ela é mais perigosa que ele. – Elogiou seu noivo.

- Só um idiota acharia que sua irmã não é perigosa. Entre ela e Granger, não sei se aqueles idiotas podem sobreviver se as desagradarem. – Draco disse, acariciando o queixo. – Granger tem um soco matador, seu irmão é louco de se casar com ela, pode ser abusiva.

            O ruivo riu, chegando perto de Draco para ajudá-lo com as abotoaduras.

- Obrigado por ir comigo, e você mereceu o soco, ela nunca faria algo assim para Ron. – Ele disse. – Nada de soltar gracinhas maldosas na festa, pelo amor de Merlin.

- Potter me convidou pessoalmente e sorrindo. – Draco disse, ao se lembrar de como o grifinório parecia realmente estar se esforçando para ser cordial e educado. – Quero só ver como ele se desfaz em gentilezas pra mim na frente dos convidados.

- Não seja muito malvado. – Percy instruiu novamente, beijando-o. – Prometo que farei algo muito especial se tudo der certo.

            Draco sorriu maliciosamente.

- Eu vou estar mais ansioso pelo fim da festa que os noivos. – Ele disse, descarado.

                        Percy revirou os olhos, virando-se para a cama e encolhendo as caixas de presente para colocá-las no bolso da túnica.

- Realmente não acha que o presente é suntuoso demais?

            Draco revirou os olhos.

- Você é irmão mais velho da noiva, acho é que foi barato demais. – O loiro ralhou. Ele e Percy tinham ido juntos a Paris comprar um lindo conjunto de prataria para os noivos junto com um conjunto enorme de copos e taças de cristais,  grandes o suficiente para a família Weasley e Draco ainda queria completar com os pratos de porcelana chinesa, mas o ruivo o tinha parado, horrorizado com o preço.

- Ninguém na minha família pode comprar algo assim, idiota. – Ele disse.

- Tenho notícias para você, querido, aquela loja de travessuras dá mais lucro que meu restaurante. – Draco disse, fazendo uma careta. Era uma realidade dura de encarar.

- Mas eles precisam pagar aluguel e viver do que ganham, não são como um herdeiro que conheço, que pode se dar ao luxo de esperar até que seu negócio se estabilize. – Percy disse, ele já tinha se oferecido a Ron para ajudar com a contabilidade e a parte burocrática do negócio, que ele sabia era onde seus irmãos menos se davam bem, o caçula estava lutando para convencer George. Draco tinha razão, eles estavam indo muito bem, e logo precisariam de assessoria especializada.

            Draco sorriu.

- Não pode me culpar por ser rico, amor, além disso, quando nos casarmos, será oficialmente sua fortuna também e não poderá mais fazer piadas sobre eu ser um herdeiro preguiçoso.

- Ainda acho que devíamos fazer aquele acordo pré nupcial. – Percy disse, sério.

            O loiro revirou os olhos ao ouvir sobre o tema novamente.

- Não, obrigado. Malfoys não se divorciam, e você não está comigo pelo dinheiro. – O tema tinha desatado uma discussão séria entre eles quando noivaram.

- Ainda é uma coisa idiota a se fazer. – Percy argumentou, mas era difícil fazer aqueles loiros entrarem em razão quando até os advogados dos Malfoy pareciam achar ofensivo a ideia de um contrato pré-nupcial. Todos torceram o nariz chamando isso de moda trouxa, o que ele podia esperar de um bando de puros sangue? Lucius tinha feito um discurso extenso sobre como casamentos eram como adoções, que ao entrar para a família ele não poderia deixar de ser parte da vida deles, e que não tinha criado um troll que se divorcia, pelo amor de Merlin.

- Eu sou um idiota, mas só por você. – Draco disse, fazendo-o sorrir.

- Tão piegas como um lufano. – Provocou.

- Um lufano não faria Teddy sair loiro platinado em todas as fotos de casamento do padrinho dele. – Draco disse, sorrindo maliciosamente.

- O comprou com biscoitos, não é?

- Não conto meus métodos de negociação, querido. – Draco disse, orgulhoso.

 

X~x~X

 

            Harry notou que Malfoy estava decidido a ser encantador com quem pudesse conquistar na festa. Fleur e Gabrielle estavam derretidas por ele, conversando animadamente em francês, enquanto o loiro desgraçado estava com Teddy tão platinado quanto ele sentado em seu colo e comendo o bolo de Molly.

- É revoltante, não é? – Ron murmurou a seu lado. – Por que elas estão sorrindo assim pra ele? Ele é totalmente horrível.

            Harry riu, Ron estava levemente bêbado e não estava mais falando do noivo do irmão com raiva, era mais uma aceitação resignada.

- Totalmente, ele é um cara horrível, teve a audácia de dançar com a Victorie. – Harry concordou, e nem ficou parecendo ridículo ao rodopiar com uma menininha cheia de babados rosas pelo salão.

- E a tia Muriel? Você viu como ela ficou quieta depois que ele disse alguma coisa? – Todos tinham ficado chocados quando o loiro se inclinou para a tia insuportável e disse algo, tudo sem perder o sorriso encantador no rosto.

- Foi um feitiço, tenho certeza. – Ron disse, convencido. – George quer oferecer dinheiro para saber o que foi, quer usar no natal também.

            Harry riu, todos tinham ficado com medo de como ela ia reagir a presença de Percy com Draco, já que antes dos dois chegarem na cerimônia já estava destilando veneno suficiente para fazer Ginny querer descer antes da hora para calar a boca da velha antes que estragasse seu casamento. Aparentemente tias rudes de sangue puro era algo que Malfoy podia lidar, Percy tinha dito algo sobre o lado francês da família dele, e a ida desse cunhado em específico ao casamento tinha dado muito mais certo do que todos tinham imaginado. Quando ele e Hermione fizeram uma reunião familiar para avisar que todos deveriam se comportar, George tinha dado de ombros e dito que o casamento era deles, que podiam convidar até um troll e que não seria problema de ninguém mais, terminando por adicionar que se Malfoy se comportasse, ele também faria, e esse tinha sido o fim do problema. Basicamente, todos concordaram que se o loiro não saísse xingando todos de pobretões ou sendo maldoso a torto e a direito, poderiam engoli-lo para ter Percy no casamento. Ele estava muito feliz que tudo tinha dado certo, e quando escapou com Ginny deixou uma casa cheia de risadas e música, então, tinha dado certo.

 

X~x~X

 

            Molly não esperava encontrar um Malfoy em sua cozinha, nunca, nem em seus mais loucos pesadelos, a guerra tinha desarranjado tudo no cotidiano do mundo mágico e de sua família principalmente. Lá estava o jovem loiro que era o par romântico de seu filho mais comportado e o que ela achava ser o mais previsível. Nunca conte com as crianças para fazer o que ela esperava, ela devia saber que em algum ponto Percy seria tão atabalhoado e impetuoso quanto seus irmãos.

- Sra. Weasley. – O rapaz disse, encostado em sua pia com um prato na mão, onde ela via que restava só mais uma mordida do bolo que fez para o casamento de sua filha.

- Acho que pode me chamar de Molly, não é? – Ela disse, ainda que com uma cereta de desgosto.

- Molly seu bolo é o melhor que já comi. – Ele disse, colocando o último pedaço na boca e mastigando com apreciação. – Não posso identificar todas as especiarias na massa… um pouco de caramelo com certeza, mas o resto é deliciosamente indecífravel.

- Está falando sério? – Ela questionou, chocada.

- Sim, eu gosto de boa comida. Percy sempre fala muito bem da sua, principalmente para me dizer que se recusa a comer meus pratos pretensiosos e pomposos. – Draco disse, sorrindo.

- Somos uma família simples. – Ela espetou, mas suspirou, derrotada. Afinal, adiantava hostilizar alguém que seria seu genro? – Inclusive, teríamos apreciado sermos convidados para o noivado de nosso filho em vez de saber pelos jornais.

            Draco curvou a cabeça, aceitando a reprimenda. Essa era uma situação delicada, e ele não ia dizer que tentou convencer Percy a convidá-los, mas que ele preferiu não fazê-lo do que ouvir uma negativa e ficar mais triste ainda num dia especial para eles. Claro, como ele previu, os Weasley tomaram isso como uma ofensa. O problema com brigas familiares é que elas acumulam ressentimentos e viram um emaranhado de temas que não podem ser falados a menos que as partes estejam dispostas a aguentar a briga que vem depois.

- Eu peço desculpas pela indelicadeza, podemos fazer um jantar aqui para oficializar para os Weasley. Eu sei que ele gostaria de receber as bençãos aqui também. – Ele disse, referindo-se ao ritual na lua cheia que fizeram em Malfoy Manor, onde seus pais os abençoaram e seus acentrais reconheceram Percy como uma pessoa a ser incorporada a família, as luzes mágicas do ritual tinham encantado seu noivo, que nunca tinha participado de um, e os convidados também.

            Molly Weasley abriu a boca, chocada.

- Oh, Merlin… foram pelo caminho tradicional, não é? Nenhum dos meus outros filhos fez assim. – Ela disse, pensativa. – Ele gostou, não é?

- Sim. – Draco disse, expondo a verdade. Toda a pompa e tradição do ritual era algo que tinha combinado com Percy, o significado da aceitação na família para a qual entrava, as proteções da mansão reconhecendo-o como membro oficial dos moradores, tudo foi muito importante para ele.

- Então, suponho que devamos organizar tudo para que na próxima lua eu e meu marido reconheçamos o noivado aqui na Toca, não é?

- Eu apreciaria muito, e tenho certeza que Percy também. – Draco disse, polido, mas limpou a garganta antes de dizer com cuidado. – Desde que todos estejamos na mesma página e ele não acabe exposto a ouvir coisas desagradáveis.

            Ela olhou-o com perspicácia.

- Oh, eu sinto um “mas” por ai. – Ela disse, soando levemente divertida, mas ele não poderia afirmar com certeza, já que não a conhecia.

            Molly quase sorriu ao ver o rapaz inquieto sob seu olhar, ele a temia, isso era bom.

- Eu respeito suas decisões, e Merlin sabe que pode dar cabo de mim se quiser… não sou um alvo tão difícil quanto a tia Bella. – Ele brincou, tenso. – Mas, se não puderem lidar com o casamento e com ele sendo parte dos Malfoy tanto quanto dos Weasley, preferiria ouvir agora. Posso prepará-lo se for o caso, podemos nos mudar para a França e em alguns anos ele não ficará tão triste por estar afastado de vocês e então poderemos voltar.

            Era uma ameaça, claro. Uma ameaça velada em forma de aviso, mas uma ameaça bastante real, ela não respondeu, digerindo a situação.

- Porque agora mesmo ele fica muito triste sempre que brigam ou tem um problema, e isso me deixa bastante preocupado, mas, como deve saber, tempo costuma embotar os sentimentos e ser a melhor cura para a dor. Em uns anos ele não vai mais fcar afetado por não vê-los frequentemente ou por não estarem nas celebrações porque vai ter se acostumado a isso. Percy é um sobrevivente, ele vai se adaptar e curar, mas, seria uma vergonha obrigá-lo a enterrar a família que ainda vive.

- Eu entendi. – Ela disse. – Mas, desculpe-me criança, mas eu sei de enterrar família, não estou disposta a deixar um filho partir… é só… todos temos que nos acostumar. – Ela disse. – Não vai me convencer que Lucius Malfoy está louco para nos receber em Malfoy Manor.

- Ele vai odiar, mas vai estar sorrindo polidamente e sendo gentil. – Draco afirmou. – A menos que prefiram que ele não esteja lá quando visitarem, é uma possibilidade, sabe? Quando tivermos filhos e forem lá conhecer seus netos.

- Você é uma serpente manipuladora, não é? – Ela perguntou, sabendo que a alusão aos futuros netos era algo feito para acertar-lhe um nervo. Ela não queria ter crianças Weasley por ai que não pudesse conhecer por teimosia dos adultos.

- Totalmente. – Ele disse. – Funcionou?

- Bastante. – Ela disse. – Presumo que tenha que me encontrar com a sua mãe para ajudar nos preparativos do casamento?

- Ela vai adorar. – Ela ia odiar, mas, Narcissa Malfoy era uma excelente atriz. – E, adoraria que fizesse nosso bolo também.

- Isso é óbvio.

- Vou saber a receita quando entrar oficialmente para a família? – Draco perguntou, com seu sorriso mais encantador.

- Pode ir sonhando. – Ela respondeu, sorrindo também.

 

X~x~X

 

            Percy não podia acreditar que naquele dia teria um almoço com sua mãe, Narcissa e Draco para decidirem o menu da festa de casamento deles. Depois do casamento de Ginny e Harry, sua mãe o tinha chamado para uma conversa onde pediu desculpas por ignorar o noivado e prometeu que se esforçaria para ser civilizada com os Malfoy se isso o fizesse feliz, ela até comentou que ameaçou Arthur para que ele fizesse o mesmo. E nada funciona melhor na família Weasley que ordens da matriarca, então, não demorou muito para seu pai só resmungar sobre Draco em vez de fazer discursos acalorados, e desde que não mencionassem Lucius Malfoy, ele ficava parcialmente suportável. George ainda era abertamente infeliz com o cunhado, mas, para ele era algo que não tinha motivo para afetar sua relação com Percy, ele podia azarar o cunhado e amar o irmão e os futuros sobrinhos sem sentir um pingo de culpa por isso.

- Draco, tem que deixar os meninos cuidando da cozinha, nossas mães já chegaram. – Ele ralhou, de braços cruzados. O restaurante era como uma zona neutra para as duas, mas, o problema era fazer seu noivo parar de se preocupar com o andamento de tudo.

- Eu já vou. – Draco disse, pegando uma colher para experimentar o molho que um dos ajudantes lhe oferecia e assentindo. – Perfeito.

- Se não mover sua bunda ossuda agora mesmo vou dizer a sua mãe que está negligenciando nosso casamento e ao seu pai que não está me tratando bem, então, vou chorar para minha família sobre como não me valoriza. – Percy enumerou, o que fez Draco tirar o dolmã rapidamente e estar a seu lado em menos de trinta segundos. – Bom rapaz.

- Eu realmente acho sexy quando fica todo ameaçador. – Draco disse, junto a seu ouvido, fazendo-o estremecer.

- Vamos nos encontrar com as nossas mães, se comporte. – Percy disse, baixinho, mas aceitando que o loiro passase o braço por sua cintura.

- Está se sentindo melhor? Não está tão pálido. – Draco comentou, olhando-o com atenção.

            Percy fez uma careta. Ele tinha tido uma noite estranha, com pesadelos e calafrios, só para acordar com uma sensação estranha de fraqueza que o fez ficar na cama.

- Sim, acho que vou ficar doente. – Ele disse, desanimado. – Será que peguei uma gripe?

            Draco deu de ombros.

- Pode ser, te disse que não deveria trabalhar aqui e na loja dos seus irmãos, está se cansando. – O loiro disse, andando com o noivo para a mesa reservada deles, onde Molly e Narcissa já estavam e acenaram animadas para eles.

- Eu sei, o pior é que fiquei faminto depois que você saiu e dormi de novo, mas acordei tão cansado… - Percy reclamou. – Meu corpo todo está doendo.

            Molly ouviu isso e se inclinou para colocar a mão na testa do filho.

- Você está febril. – Ela sentenciou. – Está doente, querido?

- Só me sentindo fraco, mas estou bem melhor do que ontem a noite. – Ele disse. – Acho que tive muita febre, tive uns pesadelos estranhos.

- Precisa ir ao medimago. – Molly e Narcissa disseram ao mesmo tempo, fazendo seus filhos sorrirem.

- Eu sei, eu sei. Prometo ir hoje assim que sair daqui. – Ele disse, com a sogra ele poderia escapar, mas sua mãe o caçaria como uma águia se ele enrolasse com sua saúde.

- Bom, estou te notando mais magro também. – Molly disse. – Não estão te alimentando direito?

            Draco franziu o cenho, olhando para o noivo com atenção.

- Mãe, está exagerando, eu não emagreci. – Percy disse, revirando os olhos.

- Na verdade, ela está certa. – Draco disse, passando um dedo por sua bochecha. – Isso é estranho, esteve comendo como Ronald ultimamente.

            Percy sorriu, Draco tinha começado a chamar seu irmão pelo nome completo quando notou que isso o irritava, já que Weasel estava fora de cogitação.

- Eu preciso de energia, planejar um casamento é exaustivo e nem todos podemos ter o corpo treinado para passar horas de pé sem piscar. – Ele provocou. – Eu vou procurar um medimago, tudo bem? Podemos falar da decoração agora? Eu gostaria muito de ter aqueles arranjos de rosas pelo jardim, Narcissa.

            Sua sogra assentiu e começou a falar sobre suas ideias. No fim, tiveram um excelente almoço, onde decidiram a decoração das flores e os musicistas para a cerimônia.

 

X~x~X

 

            Draco estava olhando Percy com atenção. Seu noivo tinha terminado o almoço e ido cochilar no escritório, alegando que estava com sono depois da refeição e das decisões do casamento. Todos concordaram que era uma boa ideia, já que após algumas garfadas do peixe, ele tinha feito uma careta, acariciando o estômago e reclamando que não achava que poderia continuar a comer. Agora, ele estava de pé, conversando com Andrômeda, que lhe mostrava uma garrafa de vinho que tinha chegado naquele dia, um dos mais caros da casa, diga-se de passagem. Distraidamente, ele ouviu como Teddy ria, correndo entre as mesas vazias tentando agarrar um pomo de treino dado por Potter.

- Edward, cuidado para não bater nas mesas. – Ele advertiu, suavemente. O pequeno tendia a ser inconsciente de seu redor e isso rendia cabelos brancos a sua avó e pequenos ataques cardíacos para seu primo.

- Sim, tio Draco. – O menino respondeu obedientemente, parando de correr para só pular no lugar. Uma pena que parou bem em frente as portas da cozinha, que se abriram com um ajudante com uma pilha de pratos flutuando, coisa que assustou o jovem mago, que soltou um gritinho junto com uma explosão de magia natural.

            Draco sacou sua varinha para lançar um escudo sobre o menino quando os pratos explodiram, viu pelo canto de olho que Percy fez o mesmo por ele e sua tia, todos bem, mas o menino já estava chorando pelo susto.

- Oh, vamos lá. – Draco disse, pegando-o. – Já passou, não foi nada.

- Eu quebrei os pratos. – Ele soluçou.

- Ah, foi sem querer, temos muitos deles. Não tem problema. – Draco consolou-o.

- Olhe, nem dá trabalho para limpar. – Dani, o ajudante disse, fazendo tudo sumir com um passe de varinha. – Viu só? Limpinho.

            Draco sorriu, agradecido.

- Draco, Percy não está bem! – Andrômeda disse, com voz calma, mas demandante.

            O loiro colocou Teddy no chão e correu para o noivo, que estava apoiado numa mesa parecendo tão branco quanto um fantasma.

- O que foi?

- Eu não estou bem. – Ele disse. – Acho melhor irmos ao hospital.

- Vamos lá. – Draco disse, já apoiando-o e indo em direção a lareira.

- Draco… eu estou sangrando. Por que estou sangrando? – Percy murmurou, chocado.

            O loiro sentiu um aperto no coração.

 

X~x~X

 

            Os dois estavam lado a lado quando a medimaga voltou ao quarto. Draco tinha se recusado terminantemente a sair do lado de Percy, e como seu noivo tinha dito que não se importava que ele ficasse durante o exame íntimo, ela tinha permitido.

- Sr. Weasley, eu confirmei minhas suspeitas. – Ela disse, segurando uma prancheta – Você teve um aborto espontâneo.

            Draco sentiu como o ruivo apertava sua mão com força.

- Eu não… nós não tentamos. Não houve poções, nem feitiços. Isso é possível? – Ele perguntou, chocado.

- É inusual. – A medimaga disse, olhando para seu paciente apesar da pergunta ter sido feita por Draco. – Às vezes, a magia entende que seus portadores são almas vinculadas, e se os dois tiveram realações pensando sobre ter crianças pode acontecer. Infelizmente, é raro que seja uma gestação viável. Nada do que tivesse feito poderia ter salvo essa vida, sr. Weasley.

- Tem certeza? – O ruivo perguntou, trêmulo. – Como eu não poderia saber?

- Porque mesmo para magos uma gestação masculina é algo grandioso que envolve muita preparação. – Ela disse, sem tirar os olhos dos dele. – Não havia útero mágico para acomodá-lo, nem o repasse de nutrientes adequado.

            Percy sentiu como as lágrimas caíam livremente por seu rosto.

- Nós precisamos fazer um procedimento para remover qualquer resíduo ou pode ter uma infecção muito severa. – Ela explicou. – Vou voltar em um tempo, se tiverem qualquer dúvida, podem me chamar.

            Ela se dirigiu a saída, e se voltou para eles, que se abraçavam chorando agora.

- Eu realmente lamento pela sua perda. – Ela disse, soando realmente triste.

 

X~x~X

 

            Quando Molly chegou com Arthur ao hospital, encontrou Narcissa Malfoy sentada numa cadeira desconfortável na sala de espera.

- O que houve? – Ela perguntou, soando preocupada.

- Sente-se, por favor. – A outra pediu.

- Estou bem de pé e…

- Só sente, acredite, eu queria que estivesse sentada quando soube. – A outra ralhou, ríspida e sem todo o tato que andava tendo ao tratar com os Weasley.

- Oh, Merlin. Ele está vivo? – Molly perguntou, já sentada ao lado dela.

- Sim, sim! Vivo. – Narcissa disse rapidamente. – Percy estava gestando.

            Molly sorriu até notar o uso do verbo no passado.

- Oh, não… não para ele. – Ela disse, entendendo.

- Mas, eles estavam tentando? – Arthur perguntou, soando triste e chocado ao mesmo tempo.

- É algo raro, mas pode acontecer naturalmente em vínculos muito fortes. – Lucius Malfoy disse, se aproximando com um elfo a reboque trazendo chá para sua esposa. – O bebê não podia se desenvolver sem suporte mágico adequado, era por isso que Percy estava se sentindo mal, era seu corpo e magia tentando suprir as necessidades do fe… bebê.

- Ele está arrasado, não é? – Molly perguntou, olhando para as mãos.

- Os dois. – Narcissa disse. – Tão quebrados que me doeu olhar.

            Molly e ela trocaram um olhar dolorido, Arthur e Lucius não se olhavam, mas eles sabiam. Não era a primeira vez que as duas famílias se encontravam nessa posição.

- Preciso pedir a medimaga que nos permita fazer os ritos fúnebres. – Lucius disse, soando oco.

- Ela sabe, ela é puro sangue. – Narcissa disse.

            Ele assentiu.

- Podemos vê-lo? – Arthur perguntou.

- Só se estiver em seu melhor comportamento. – Narcissa sisseou. – Se incomodá-lo, juro pela minha magia que te arranco os olhos.

- Cyssa! – Lucius repreendeu suavemente.

            Arthur dispensou a ajuda.

- Sei que fui um bastardo ultimamente, mas não pense que é a única que já perdeu filhos assim. – Ele disse, pegando a mão de Molly e indo para o quarto.

            Lucius se sentou ao lado da esposa, vendo como os dois ex-inimigos entravam no quarto de seu filho.

- Por que agora, Lucius?

- Porque é assim que o universo funciona às vezes. Eles são fortes, eles vão superar.

            Ela o olhou com descrença. Eles mesmos quase não tinham conseguido depois de dois abortos no início do casamento.

- Eles se amam, confie neles. – Lucius pediu e ela assentiu. Eles poderiam lidar com isso, eles iam.


Notas Finais


Agora só falta o final. Sério, só mais um e terminamos.
Obrigada por ler e esperar por mim.


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