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História Fogueira-DRARRY - O perdão que me faltava


Escrita por: FlahMalfoy

Capítulo 20 - O perdão que me faltava


Fanfic / Fanfiction Fogueira-DRARRY - O perdão que me faltava

Por Draco Malfoy

Não foi fácil acordar no dia seguinte.

Minha cabeça rodava sem parar e um gosto amargo estava impregnado em minha garganta.

Eu não devia ter bebido.

Não devia ter tentado preencher o buraco da minha dor com álcool. Na verdade eu não devia tentar preencher aquele buraco com nada. Simplesmente porque a ausência de Harry Potter não tinha solução. Nada ocuparia o lugar dele. Nunca.

Eu tinha a sensação de que jamais seria feliz de novo. Pelo menos não no amor. Eu havia perdido a minha chance. Havia perdido a minha vez. Havia perdido o meu tempo.

Eu havia perdido Harry, e com isso, eu havia perdido tudo.

Pansy disse que eu acabaria encontrando outra pessoa. Mas será que isso era mesmo verdade? Porque eu duvidava muito.

Eu conseguiria encontrar alguém que me entendesse tão bem como Harry me entendia? Alguém que me faria delirar apenas usando palavras? Alguém que me amaria por inteiro, até mesmo os meus defeitos? Alguém que faria de tudo por mim?

Eu encontraria alguém que fizesse meu coração bater tão acelerado como um dia ele bateu? Alguém que me faria arrepiar dos pés a cabeça com o mais sutil dos toques? Alguém que me fizesse feliz?

Será que só existia um amor verdadeiro para cada pessoa? Ou existiam vários ao longo da nossa jornada? Será que todos os amores tinham a mesma intensidade?

Será que algum dia eu amaria um outro alguém do mesmo jeito que eu amei Harry?

Tantas perguntas. Nenhuma resposta.

Mas aquilo já não tinha tanta importância. Não adiantava nada pensar sobre um amor que não existia mais. Um amor que havia chegado ao fim. Um amor que havia acabado.

Porque a verdade era essa. Durante todo aquele tempo em que eu e Harry estivemos juntos, durante todo aquele tempo em que nos amamos....

Eu amei sozinho.

Blaise e Pansy ainda estavam dormindo, então saí de fininho pela porta sem fazer nenhum barulho.

O dia estava lindo. Um sol forte brilhava no céu e as pessoas andavam sorrindo pelas ruas.

Aquilo parecia tão injusto. Ver as pessoas felizes enquanto o meu coração estava em pedaços. Ver o dia brilhando enquanto no meu mundo só havia escuridão. Ver a vida lá fora enquanto eu me sentia morto por dentro.

Caminhei por um tempo sem rumo e sem direção. Deixei meus pés me guiarem no automático durante todo o trajeto. Só percebi onde estava quando ouvi risadas altas perto de mim.

Olhei para a frente e enxerguei o parque mágico. Minha mente se encheu de lambranças na mesma hora. A risada de Harry. A sensação elétrica da sua mão entrelaçada na minha. A cor dos seus olhos. O gosto da sua pele. Todos os minutos do relógio que eu passei ao lado dele.

Chega. Eu precisava botar um ponto final nessa história. Precisava deixar essa dor sair de dentro de mim de uma vez por todas. Eu precisava de um último ato de amor para poder seguir em frente, e em paz.

De repente uma sensação diferente foi tomando conta do meu ser. Uma sensação boa. Uma inspiração.

Haviam pessoas que transformavam a dor em arte. Outras em poesia. Algumas até em culinária.

Mas eu não.

Eu iria transformar a dor em música.

Uma música para Harry Potter.

E então, só então, eu poderia deixar tudo aquilo no passado.

A mágoa, a dor, o ressentimento.

A saudade, a paixão, o amor.

Nós.

Ele.

***

- A noitada foi boa? - minha mãe perguntou assim que eu cheguei em casa.

- Foi um fiasco total. - dei risada. - Muita bebedeira e choradeira, sabe como é. - dei de ombros.

- E como você está se sentindo hoje meu amor? - ela falou comigo de um jeito carinhoso, querendo me confortar.

Suspirei.

- Eu estou bem mãe. - menti. - Nunca estive melhor.

- Sei. - ela revirou os olhos. - Ignorar os seus sentimentos não vai te fazer bem meu filho. Você sabe disso.

- Eu sei. - fui em direção ao meu quarto. - E é exatamente por isso que eu vou colocar eles para fora.

Peguei meu violão e me sentei em cima da cama. Posicionei meus dedos nas cordas certas e as dedilhei devagar. Respirei fundo e deixei a dor que eu sentia me conduzir.

- Essa eu fiz pra nós dois bêbados cantando no boliche, cheio de gente na platéia. Essa eu fiz pra fantasia de abóbora que eu criei, porque cê disse que gostava. - o violão já estava afinado e a melodia já tomava vida própria. - Essa eu fiz pra Hermione só porque ela é tão linda e sempre sabe o que dizer. Essa eu fiz pra suas bochechas avermelhadas, tua risada alta, essa eu fiz pra você. Eu já tinha desistido de mim, minha vida é sempre assim. Eu tenho a minha fama de sofredor então não conta pra ninguém, mas essa eu fiz pro nosso amor ô ô ô.

Respirei fundo. Aquilo até que estava funcionando. Eu já estava começando a me sentir muito mais leve. Já estava começando a me sentir muito melhor.

- Essa eu fiz pra cada vôo nosso, cada dia lindo da nossa história. E sendo essa sobre o nosso amor há também de ser do dia em que você foi embora. Sobre minha fantasia desbotada. Sobre Hermione muda quando eu ligava. Sobre eu cantando sem você do meu lado. Sobre eu chorando quando vejo o parque mágico.  - finalizei a música e deixei o violão de lado.

Ri comigo mesmo. Eu era um péssimo compositor. Aquilo havia ficado horrível. Mas pelo menos serviu para eu pôr os meus sentimentos para fora um pouco. Porque isso é necessário. A gente precisa deixar tudo o que a gente sente sair de dentro de nós.

A alegria deve sair para fora, com o intuito de colorir o mundo.

A raiva deve ser sair para fora, nos deixando livre de todo aquele sentimento ruim que nos consome.

O amor deve sair para fora e a dor também.

Assim como nós sempre devemos dizer as pessoas que amamos o quanto nós a amamos, também devemos dizer a elas quando não dá mais.

Dizer que acabou.

Encerramentos são necessários.

Porque tudo aquilo que começa....

Em algum momento também termina.

***

Não foi fácil me arrumar naquela noite. Não foi fácil me preparar para voltar ao Longbottom House. Não depois de tudo o que havia acontecido.

Foi difícil pedir demissão. Foi difícil inventar uma desculpa esfarrapada como por exemplo não ter me adaptado ao trabalho que me foi dado. Foi uma das piores coisas que eu já tive que fazer.

Foi uma desistência, uma derrota, uma oportunidade perdida.

Mas acima de tudo foi uma escolha.

Eu escolhi ir embora.

Não iria continuar trabalhando ali, encontrando Harry todos os dias e fingindo que nada aconteceu. Fingindo que estava tudo bem. Fingindo que nada havia mudado entre nós.

Porque a verdade é que tudo mudou.

A forma como eu via ele, a forma como até eu mesmo me via, a forma como eu via o nosso amor. Tudo mudou.

Agora tudo era diferente.

E eu não poderia continuar ali, não mesmo. Eu apenas me sentiria ainda pior do que eu já estava.

Então eu respirei fundo e pedi demissão. Aquela era a coisa certa a se fazer. Por mais que doesse, por mais que eu estivesse odiando tudo aquilo, era a decisão certa a se tomar.

Era apenas a vida cumprindo com o seu destino.

Aquele lugar não foi feito para mim. Harry não foi feito para mim.

Aquela vida....... não foi feita para mim.

Havia chegado a hora de acordar de um lindo sonho e voltar para a realidade.

A minha realidade.

Então eu saí de casa e caminhei rumo ao meu destino.

***

Por Harry Potter

Eu estava nervoso.

Ou melhor, eu estava muito nervoso.

Não é fácil ir atrás do perdão de alguém.

Principalmente quando esse alguém é o amor da sua vida. O amor que você deixou ir. O amor que você perdeu.

Mas eu não tinha escolha. Ou eu tentava ir atrás dele ou desistia de vez. E isso com certeza estava fora de cogitação.

Naquele dia depois de descobrir que Draco havia pedido demissão acabei ficando por lá mesmo para distrair um pouco a cabeça. Assim que terminou o expediente eu já sabia o que tinha que fazer.

Nem passei em casa, fui direto para o Longbottom House. Eu iria pedir perdão a Draco. Iria implorar de joelhos se isso fosse necessário mas eu teria ele de volta. Nós não iríamos ficar separados. Nossa história não iria acabar desse jeito. Não mesmo.

Foi estanho voltar ali. Foi como voltar dez casas em um jogo de tabuleiro. Foi um atraso. Um retrocesso.

E foi doloroso.

Quando eu entrei naquela já conhecida recepção iluminada por um tom sensual de vermelho senti uma mistura de sensações. Parecia que o tempo havia passado voando e ao mesmo tempo parecia que não havia se passado nem um segundo desde a última vez em que eu estive ali, pronto para levar Draco embora comigo.

Fui até o balcão e encontrei Ariadna.

- Por favor, me diz que Draco tem pelo menos um horário livre essa noite. - disse a ela, meio desesperado.

- Ele tem sim. - foi só o que ela disse, e naquele momento eu senti falta da simpatia rotineira com que ela costumava me tratar.

- Reserve um para mim, por favor. - pedi.

Ela suspirou.

- Eu sinto muito Harry Potter, mas isso não vai ser possível. - ela me encarou com o semblante sério.

- Mas você acabou de dizer que ele tem horários livres. - fiquei sem entender.

- Ele tem mesmo. Mas não para você. - então ela finalmente me dirigiu um sorriso solidário.

- Como assim não para mim? O que está acontecendo? - perguntei confuso.

- Draco deixou bem claro assim que voltou aqui que não quer mais atender o senhor. - ela finalmente me explicou. - Ele não é obrigado a atender ninguém que não queira. Eu sinto muito.

- Foi ele quem decidiu isso? Você tem certeza? - eu não podia acreditar.

- Sim, eu tenho certeza senhor Potter. Por favor peço ao senhor que não cause problemas. - ela me pediu, educada.

- Eu não vou. Pode deixar. - me afastei do balcão. - Mas eu vou esperar ele aqui. Até o horário dele acabar.

Fui até os sofás de espera, peguei uma revista assim como da outra vez em que tive que esperar por Draco e me sentei. Ariadna nem protestou, apenas voltou a trabalhar e me deixou em paz.

Não posso negar que fiquei um pouco chateado com a decisão que Draco havia tomado, sobre não querer me atender mais. Ele era esperto e me conhecia muito bem, provavelmente sabia que eu iria aparecer por ali procurando por ele.

Mas não havia problema. Eu poderia esperar. Na verdade eu esperaria uma vida inteira por ele.

O tempo demorou a passar. Dei uma boa olhada em todas as revistas que haviam na mesinha de centro sobre moda bruxa, arquitetura bruxa e culinária bruxa. Puxei assunto com algumas pessoas que também estavam esperando por alguém e fui ignorado por todas elas. Tive uma leve crise de ciúmes a cada vez que alguém dizia que tinha um horário marcado com Dragon Green e quase dormi sentado porque aquela luz me dava sono.

Finalmente Draco surgiu na recepção segurando uma chave na mão quando já estava começando a amanhecer. Ele ainda não havia me visto quando foi falar com Ariadna.

- Muito movimento hoje? - ela perguntou a ele, toda simpática.

- Muito. Estou bem cansado. - ele suspirou.

- Tem uma pessoa querendo muito falar com você. Está aqui desde o começo da noite. - ela comunicou a ele e apontou com a cabeça em minha direção.

Draco se virou lentamente e finalmente os seus olhos encontraram os meus. E foi como se o tempo não tivesse mesmo passado. Foi como se o mundo tivesse parado. Foi como se eu sempre tivesse o amado.

Ele estava tão lindo. Seus cabelos loiros estavam meio bagunçados, seus lábios estavam inchados e a camiseta laranja que ele usava me trazia incontáveis memórias. Boas memórias.

Por Merlin como eu havia sentido falta daquele homem.

- Harry? - havia um tom de surpresa em sua voz.

- Draco. - me levantei repentinamente. -Oi.

- Oi. - foi só o que ele respondeu.

- Você está bem? - perguntei enquanto me sentia estranhamente envergonhado.

- Não. - ele olhou para os próprios pés. -E você?

- Eu também não estou bem. - confessei a ele.

Draco apenas assentiu e nesse momento ouvi vozes conhecidas vindo pelo corredor.

- Vamos Draco, preciso dormir. - Blaise surgiu com Pansy enganchada em seu braço. - Eu estava pensando sobre.....

E então ele me viu.

- O que é que esse cara está fazendo aqui? - sua voz era rispída.

- Blaise, calma. - Pansy se intrometeu.

- Calma? Como você quer que eu tenha calma? - ele retrucou.

- Eu só vim falar com Draco. Não vou machucá-lo. - fui grosso com Blaise também.

- E nem pode. Já o machucou bastante. - aquilo doeu.

- Blaise, está tudo bem. - Draco o acalmou. - Me esperem lá fora, vocês dois. Eu posso lidar com isso sozinho.

- Você tem certeza? - Blaise perguntou preocupado.

Draco assentiu e então ele e Pansy nos deixaram sozinhos. Ariadna também saiu de fininho da recepção. Nós estávamos finalmente a sós.

- Obrigado. - foi o que eu consegui dizer.

Ele suspirou.

- Harry eu estou cansado e preciso dormir. O que é que você quer? - ele foi direto ao assunto.

Está bem. Vamos lá Harry. Você consegue.

Respirei fundo e encarei Draco.

- Eu vim aqui para te pedir desculpas. - confessei. - Eu fui horrível com você. Eu sei disso. Eu falei coisas que não são verdade e machuquei você. Acho que machuquei você de uma forma que eu nem consigo descrever.

- É, você machucou mesmo. - ele riu sem humor algum.

- Eu sei. Eu fiquei nervoso Draco. Eu não sou bom em lidar com relacionamentos amorosos, nunca fui. Quando eu percebi que você estava magoado comigo e com razão, eu me desesperei. Entrei na defensiva. Fechei os olhos para o que eu havia feito e coloquei toda a culpa em você. Eu errei e eu errei feio. Você não merecia ouvir aquelas barbaridades. Você não merecia nada daquilo.

- Eu confiava em você Harry. - ele falou com um tom de voz triste. - Eu confiava muito em você. De olhos fechados.

- É, eu imagino que sim. E também imagino que eu quebrei essa confiança. - Draco assentiu. - Eu peço desculpas. De verdade mesmo. Se arrependimento matasse eu já não estaria mais aqui.

- Não diga isso Harry. - ele pediu.

- Mas é a verdade. - suspirei. - Draco, eu quero que você saiba que eu não tenho vergonha de você. Assim como eu não tenho vergonha de Rony e nem de Hermione. O que as pessoas fazem para ganhar a vida não define quem elas são. Acredite, eu aprendi isso da pior forma possível.

Ele assentiu.

- E você não deve nunca ter vergonha do seu passado. Eu é que devo ter vergonha do tipo de pensamento que eu tinha. Você foi forte Draco, você foi forte durante a sua vida inteira. Você fez tudo o que podia para conseguir sobreviver. E isso é algo do qual você deve se orgulhar. Algo que eu, como seu namorado, também devia me orgulhar. Eu fui um idiota. Um imbecil. Um verdadeiro filho de Umbridge. - coloquei tudo o que eu estava sentindo para fora.

- Harry, também não precisa exagerar. - Draco finalmente sorriu desde o momento em que nos encontramos. - Você não é um filho de Umbridge. Esse posto é o de Luke.

- E o de Gabe. - tentei brincar.

- Também. - Draco concordou. - Mas não é o seu.

- Draco, eu sou uma pessoa horrível. - me lamentei.

- Você não é uma pessoa horrível Harry. Você é uma pessoa boa que fez algo horrível. Apenas isso. - ele deu de ombros.

- Me desculpa. Por favor, me desculpa. - pedi mais uma vez.

Draco se aproximou de mim e pegou minha mão.

- Harry, se é de perdão que você precisa, considere-se perdoado. - ele disse e abriu um pequeno sorriso.

Aquilo era sério mesmo? Ele não estava apenas brincando comigo? Ele me perdoava?

- Draco você está falando sério? - perguntei sem acreditar.

- Eu estou Harry. Eu perdoo você. Acho que todas as pessoas já fizeram algo que se arrependeram depois. Todas as pessoas já disseram coisas que na verdade não queriam dizer. Inclusive eu. - ele sorriu de novo. - E todas essas pessoas merecem o perdão. Todas essas pessoas merecem uma segunda chance. Inclusive você.

Eu não podia acreditar no que eu estava ouvindo.

- Sabe Harry, uma vez um homem muito importante para mim, um homem que eu amava muito, publicou um texto em um jornal sobre isso. Ele disse que nós não somos o nosso passado e muito menos o nosso futuro. Ele disse que nós somos o nosso presente. E se nesse exato momento você diz que está arrependido, eu acredito em você.

- Obrigado por isso. - agradeci. - Sabe, você ainda pode ter o seu emprego de volta. No ministério. Comigo.

- Não Harry. Não vai ser necessário. Eu estou bem, aqui no meu trabalho. - ele disse, quebrando um pouco as minhas expectativas.

- Mas Draco, você acabou de dizer que me perdoava. - eu disse, a confusão tomando conta do meu ser.

- E é verdade. Eu perdoo. Mas é só isso. Eu não vou sair daqui. - ele afirmou.

- Mas.... Eu não estou entendendo. - o encarei ansioso. - Como é que você vai continuar aqui? E.... E eu e você?

- Harry, não existe mais eu e você. Agora você vai seguir com a sua vida. E eu vou seguir com a minha. - ele me explicou.

- Mas..... - deixei a frase morrer.

- Harry, acabou. Você precisa entender. Nós tentamos e não deu certo. Nós somos de mundos muito diferentes.

- Não diga isso Draco. - pedi.

- Mas é a verdade Harry. Eu não me arrependo de nada que eu vivi ao seu lado. Eu não me arrependo de ter saído desse lugar. Eu não me arrependo de ter tentado. Muito pelo contrário. Eu viveria tudo isso de novo se fosse preciso. Mas eu não quero me machucar mais uma vez. Eu não quero arriscar. Eu não iria aguentar. Vai ser melhor assim. Para nós dois. - seu olhar não era de ressentimento ou de rancor. Era um olhar carinhoso.

- Não faz isso comigo Draco. - implorei. - Não me deixe ficar sem você.

- Harry isso vai ser difícil para nós dois. Não dificulte ainda mais as coisas. Por favor. - ele pediu.

- É isso mesmo o que você quer? Terminar? - perguntei bem sério, mas uma lágrima teimosa acabou por escorrer pelo meu rosto.

- Não é o que eu quero. Mas é o que eu preciso fazer. Tanto por mim quanto por você. Nós precisamos de um tempo para pensar. Um tempo para esquecer. - ele deu de ombros.

- Eu não vou desistir de você Draco. Não vou mesmo. - contei a ele. - Eu vou continuar tentando.

- Não gaste o seu tempo comigo Harry. Vá viver a vida brilhante que você tem que viver. Vá ser feliz. Aproveite. - Draco soltou minha mão e eu senti um buraco se abrir dentro do meu peito.

- Eu amo você Draco. - falei sem pensar, com a voz já embargada.

- Eu sei Harry. E eu também te amo. Mas só o amor não é o suficiente e você sabe disso. - ele foi se afastando em direção a porta de entrada. - Vem, vamos embora. Você virou a noite acordado, deve estar cansado.

- Espera Draco. - pedi. - Tudo bem. Se você não quer ficar comigo eu não vou insistir. Eu vou te respeitar e respeitar o seu tempo. Mas eu quero saber só mais uma coisa.

- E o que seria?

- Você acha que em algum outro momento, em um outro dia, nós podemos, quem sabe, tentar de novo? - perguntei incerto.

Ele sorriu para mim e aquilo só me desmanchou ainda mais.

- Talvez. - ele deu de ombros. - Quem sabe um dia a gente acerte o timing. Deixe o tempo dizer.

Assenti e o segui até a porta sem dizer mais nada.

Olhei para Draco mais uma vez, para aquela imensidão azul que me envolvia e senti uma vontade incontrolável de chorar. Draco de repente me puxou para si e me envolveu em um abraço apertado. O último. E ao me dar conta disso deixei um soluço escapar de mim.

- Essa é a última vez que eu te faço chorar. - ele sussurrou baixinho em em meu ouvido e então me soltou.

Draco queria um tempo. Mais do que querer, ele precisava. E eu entendia isso. Não é fácil voltar para alguém que nos machucou. É um processo. As palavras que foram ditas não são apagadas assim, apenas com um simples pedido de desculpas. É preciso mais do que isso.

É preciso mudar de verdade.

E mudanças levam tempo.

Encontramos Pansy e Blaise lá fora, impacientes.

- Blaise, acompanhe Harry até a casa dele. Eu acompanho Pansy. É perigoso andar sozinho por aí quando ainda está escuro. - Draco mandou e Blaise fez uma careta.

- Não precisa. Eu sei me virar. - disse a eles. - Obrigado por me ouvir Draco. Até mais.

Segui o meu caminho mas Blaise me alcançou e logo já estava andando ao meu lado.

- Eu ainda estou com raiva de você Harry Potter. - ele começou. - Você disse coisas horríveis para Draco e eu só não acabo com você porque ele não deixa.

Aquilo era tão Draco. Mesmo magoado não queria que ninguém me ferisse.

- Eu sei o que eu fiz Blaise. E pode acreditar que eu também estou péssimo com isso. Mas Draco quer um tempo para ele e eu não vou insistir. Se o melhor para ele é ficar longe de mim, então que assim seja. - admiti.

- Eu odeio dizer isso mas você está errado. O melhor para ele é você Harry. - Blaise disse. - Eu sou amigo dele há anos e nunca o vi tão feliz nessa vida como quando ele estava com você.

- Eu não faço mais ele feliz. - dei de ombros.

- Mas você pode fazer. - ele retrucou. - Eu sei que Draco ainda ama você. Mas ele está com medo, inseguro. Não quer se machucar de novo. E ele demora para confiar nas pessoas.

- E o que você sugere que eu faça? Eu já pedi desculpas, já implorei. Não sei mais o que fazer. - e eu não sabia mesmo.

- O que Draco precisa é de um gesto. Um gesto de arrependimento. Um gesto de amor. Uma prova. - Blaise me esclareceu. - Uma demonstração.

- Você acha que isso pode dar certo? - e naquele momento um fio de esperança se acendeu dentro de mim.

- Eu não acho. Eu tenho certeza. - Blaise me lançou um sorriso cúmplice e eu comecei a bolar mil planos em minha mente.

Eu devia ter pensado nisso antes.

Palavras não são nada além de letras embaralhadas.

Mas as ações, as ações são verdadeiras.

Nunca acreditem nas coisas que as pessoas te dizem. Acreditem nas coisas que as pessoas te mostram.

Porque as ações valem muito mais do que as palavras.

Observem sempre as ações.

São nelas que moram a verdade.

E a verdade......

A verdade muda tudo.












Notas Finais


Um beijo em vcs ♥️


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