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História Folklore - Illicit affairs


Escrita por: Dralrs e amaspotter

Notas do Autor


Gabi:
Oi, oi gente! Tudo bem com vocês?
O capítulo de hoje tem algumas mensagens subliminares( obviamente não iriamos perder essa oportunidade 😂), será que vocês conseguem identificar todas elas?
Enfim, Illicit affairs chegou com todos os seus segredos para deixar todos instigados e agora vocês vão conhecer a história de um caso ilícito que virou a vida de uma jovem de 18 anos de cabeça para baixo. Esperamos que gostem 🥰
Ps:  Estejam avisados que qualquer semelhança entre a personagem principal de Illicit affairs com outra pessoa já apresentada em capítulos anteriores não é mera conhecidencia.
Luma:
Oi meus amores!
Gabi mandou ver nesse capítulo e o resultado não poderia ter me deixado mais feliz!!
A primeira vez que ouvi folklore a música que mais me chamou a atenção foi illicit affairs, depois outras foram assumindo o posto de preferidas, mas ainda é uma música que mexe muito comigo. É incrível a capacidade que a Taylor tem de contar histórias que não são dela.
Eu realmente espero que apreciem o capítulo. E tem recado para vocês nas notas finais.
Até 😊

Capítulo 10 - Illicit affairs


Illicit affairs

Los Angeles, California.

Agosto de 2021.

A cena do final de uma tarde de verão acontecia no estacionamento de um movimentado shopping center, onde várias pessoas se movimentavam alheias a realidade, andando em direção a construção moderna que praticamente  exalava felicidade das pessoas que andavam por seus corredores.

Eram cinco horas da tarde, o horário perfeito para um passeio em família, ou até mesmo para um encontro romântico. Um grupo de adolescente correu para atravessar a rua quando um carro se aproximou, fazendo o motorista bufar e negar com a cabeça, resmungando algo como esses jovens de hoje em dia não tem a mínima noção ao notar a faixa de pedestre a alguns metros de distância de os adolescentes atravessaram.

“ Esses jovens de hoje em dia não tem a mínima noção.” Era o que o segurança da filha do senador pensava ao carregar as inúmeras sacolas de compras até o carro, imaginando que provavelmente a adolescente havia torrado dinheiro o suficiente para pagar o salário de todos os seus funcionários pelo resto da vida.   

Uma pequena família estacionou no último lugar disponível, fazendo com que as três crianças saíssem animadas do veículo e saltitassem em direção a entrada do shopping. O casal que ocupava o carro ao lado observou a cena por alguns segundos, antes de voltarem suas atenções para o que estavam fazendo.

O homem aparentava ter em torno de trinta anos, mesmo com uma aparência bem conservada era evidente a diferença de idade entre ele e a jovem ao seu lado, o que poderia chamar a atenção de algumas pessoas se eles não fossem discretos em seus encontros.

A jovem encarou o homem com um olhar frio, como se naquele momento qualquer relação que existisse entre eles estivesse prestes a acabar. Ele esperava ansiosamente por uma reação dela, falando algumas palavras sem sentido, como se tentasse se explicar, ato que fez a jovem sair do veículo sem ao menos dizer uma palavra.

-Baby! O homem a seguiu em passos apresados, segurando seu pulso e a impedindo de seguir em frente.

-Não me chame assim!- A jovem falou, encarando a pessoa a sua frente com tristeza e decepção explícitos no seu olhar.

-Você ainda é jovem...-Ele disse, fazendo com que a pessoa a sua frente estremecesse.

-Não me chame de criança! – Ela exclamou, elevando o tom da voz e chamando a atenção das pessoas a sua volta.- Não me chame de criança, não me chame de baby! Olhe para esse maldito desastre em que você me transformou! Você me mostrou cores que você sabe que não posso ver com mais ninguém! - A jovem continuou, sabendo que milhares de olhares estavam sobre ela e não dando a mínima para isso.- Olhe para essa patética imbecil em que você me transformou! Você me ensinou uma linguagem secreta que não consigo conversar com mais ninguém! Você me arruinou! Me destruiu um milhão de vezes!

-Anne...-O homem disse, tentando fazer com que ela se acalmasse.

-Não, não comece a pedir desculpas, se disser que sente muito e eu saberei que você estará mentindo, exatamente como você fez outras milhões de vezes!- Ela exclamou se soltando dele. -Apenas saia da minha vida, vá para o inferno e fique lá para sempre.

*

Julho de 2020.

Anne analisou seu reflexo no espelho, havia esperado ansiosamente pelo seu aniversário de dezoito anos e agora acreditava que estava vivendo um sonho. Ela estava realmente realizando uma grande conquista, já que nos próximos dias iria começar a trabalhar em uma das principais empresas de tecnologia do país, um estágio que era a porta de entrada para a faculdade dos seus sonhos, tudo estava caminhando perfeitamente bem e a jovem tinha certeza de que uma nova fase da sua vida estava prestes a começar.

-Por favor, me diga que está pronta. -Emma resmungou se aproximando da amiga.- Todos já estão lá, só falta a gente!- A loira reclamou.

-Estou pronta.- Anne disse fazendo a amiga suspirar aliviada antes de a puxar para fora da residência, dando tempo apenas para Anne acenar para os pais antes de entrar no taxi que já estava esperando.

-Ivy vai nos encontrar lá, aparentemente ela se enrolou por causa de um cara que escreveu uma música para ela. -Emma disse olhando o celular.

-Você disse que todos já estavam lá!-Anne exclamou indignada.

-Queria que eu deixasse que você chegasse atrasada na sua própria festa?-Emma indagou.

-Não é uma festa! Vamos nos encontrar em um bar com cinco pessoas, nada muito grandioso.-Anne disse.

-Bom, você convidou cinco pessoas.- Emma deu os ombros, fazendo a amiga arregalar os olhos.

-Emma Louise Johson, o que você fez?- Anne suspirou pesadamente enquanto milhões de possibilidades passavam por sua cabeça, nenhuma delas muito boa.

-Algo que com certeza vai fazer você me agradecer.-Emma disse, fazendo a amiga revirar os olhos.

-Quantas pessoas você convidou?-Anne bufou.

-Não muitas.- Emma disse -Apenas umas quinze.

-Emma!-Anne exclamou -Por Deus, você sabe que eu odeio esse tipo de coisa!

-É o seu aniversário de dezoito anos!- Emma se defendeu-Eu como sua melhor amiga tenho o dever de fazer com que ele seja inesquecível.

-Para onde estamos indo?-Anne perguntou, percebendo que estavam fazendo um caminho totalmente diferente.- Emma! Para onde estamos indo?

-Bom, você também não escolheu um lugar muito bom.- A loira disse calmamente, como se estivesse dizendo que estavam indo fazer compras.

-O que tem de errado com o The Swan? Nós sempre vamos lá!-Anne perguntou.

- Não vamos comemorar seu aniversário de dezoito anos em um bar tão simples.- Emma bufou, revirando os olhos com o comentário da amiga.- Você está começando uma nova fase da sua vida, merece o melhor do melhor.

-Ok, preciso avisar meus pais que estamos indo para outro lado da cidade, se eu desaparecer pelo menos eles sabem onde eu estava.- Anne falou, vasculhando a bolsa de mão a procura do seu celular, ela tinha certeza que havia colocado o aparelho ali mais cedo.

-Procurando por isso?-Emma disse, mostrando o objeto em suas mãos que claramente havia surripiado da bolsa da amiga sem ela perceber.- Regra número um da maior idade. Se você for ficar bêbada não deixe seu celular por perto.

-Bom, eu não vou ficar bêbada, então pode ir devolvendo meu celular.-Anne bufou, fazendo Emma se esquivar dela, guardando o aparelho em sua bolsa.

-Querida, acredite em mim, é o seu aniversário de dezoito anos, você vai ficar tão bêbada que não vai se lembrar de nada amanhã.- A loira revirou os olhos.

-Amanhã eu começo meu estágio na Zoomer!-Anne exclamou se lembrando do evento tão importante e ficando desesperada.

-Você vai estar inteira, isso eu posso garantir.- Emma assegurou.- E a filha do seu chefe vai estar lá, ela pode te ajudar na hora de livrar a sua pele se isso for necessário.

-Que os anjos me protejam.- Anne suspirou quando o taxi parou em frente a uma boate lotada.

-Você deve a sua vida a mim.- Emma disse puxando Anne até a entrada vip, indicando que ela havia conseguido ingressos especiais para as duas.

O lugar estava completamente caótico, na opinião de Anne aquelas pessoas estavam acabando com as suas dignidades, rapidamente a jovem reconheceu as pessoas mais populares que haviam frequentado a mesma escola em que ela havia se formado algumas semanas antes.

-Ivy! - Emma acenou para uma menina mais a frente. -Meu santo Deus! Como você conseguiu fazer com que um homem comesse tanto na sua mão ao ponto dele te escrever uma música? Precisa me ensinar isso!

-Amiga, nem te conto! -Ivy exclamou. -Aliás, feliz aniversário Anne!

-Obrigada Ivy! -Anne sorriu, tentando ignorar o fato de que praticamente havia sido sequestrada pela sua melhor amiga.

Rapidamente Emma e Ivy começaram a conversar animadamente sobre um maluco completamente apaixonado pela Robbins ao ponto de escrever uma música completamente dramática depois dela ter dado um fora nele.

-Você é pior que uma hera venenosa!- Emma exclamou ao ouvir a reação de Ivy ao acontecimento.

-Eu sou é uma sortuda por conseguir me livrar daquele embuste!- Ivy disse. – Graças a Deus meu pai não estava por perto, o desgraçado deve a coragem de ir me procurar na Zommer, acredita?

Anne fingiu que estava interessada na conversa enquanto suas melhores amigas pareciam muito entretidas ao falar sobre seus casos de amor, se é que aquele tipo de relacionamento poderia ser considerado como amor.

-Você não está se divertindo!- Emma disse revirando os olhos ao perceber a postura de Anne.

-Ela está sem o celular, certo?- Ivy perguntou.

-Claro que sim, que tipo de amiga acha que eu sou?- Emma disse, fingindo estar indignada.

-Bom, nesse caso.- Ivy disse entregando um copo para a mais nova, fazendo Anne se perguntar de onde aquela bebida havia surgido. -Segunda regra da maior idade, se você quer se divertir sempre tenha um copo na mão.

-E essa regra inclui beber o conteúdo que está no copo.- Emma falou observando o receio da amiga ao analisar o objeto em suas mãos.

Anne suspirou pesadamente e bebeu aquela bebida mais amarga do que qualquer coisa que ela havia visto na vida. A loira pulou de susto quando uma de suas amigas arregalou os olhos, olhando fixamente para a entrada da boate.

Ivy ainda parecia não ser capaz de formular uma frase quando Anne e Emma se viraram para trás, bem a tempo de ser um homem que parecia ter uns trinta anos não muito longe de onde elas estavam.

-Ivy, aquele não é....-Emma tentou falar, mas naquele momento ela também estava em completo estado de choque.

-O sócio do meu pai? – Ivy completou piscando os olhos rapidamente como se estivesse tentando acordar de um sonho.

Anne suspirou pesadamente, aquela não era uma situação muito favorável para conhecer seu chefe, na verdade tudo poderia se tornar um completo desastre em questão de segundos.

Ela só precisava agir naturalmente e rezar para que ele não tivesse visto Ivy naquela boate, era o que Anne falava para si mesma na manhã seguinte quando estava a caminho da Zoomer para seu primeiro dia de estágio.

Tudo o que Anne sabia sobre o sócio do pai de uma das suas melhores amigas era que ele tinha cerca de trinta anos, parecia ser uma pessoa séria que gostava com que as coisas fossem feitas da maneira correta.

A jovem suspirou pesadamente,  empurrando a porta da vidro que dava acesso a escritório minimalista e sofisticado,  se encaminhando até o balcão para receber o seu crachá.

-O Sr Brown gostaria de conhecê-la pessoalmente.- A secretária disse, fazendo o coração de Anne errar uma batida.- É comum que ele se apresente formalmente para os funcionários novos, ele faz isso com todo mundo.-A mulher tranquilizou diante ao olhar assustado da jovem, dando a volta no balcão e guiando Anne até onde supostamente seria o escritório do Sr Brown.

Sam Brown era um grande executivo, um dos sócios da melhor empresa de tecnologia do país, mas ao contrário do que Anne pensava ele não era nada convencional, totalmente fora dos padrões de uma pessoa que ocupava aquele tipo de cargo.

-Senhorita Miller! É um prazer conhecê-la pessoalmente. -Ele disse de uma forma tão casual que deixou  Anne mais confusa ainda. Porém a jovem rapidamente se recompôs e retribuiu o cumprimento.

-O prazer é todo meu Senhor Brown.-Anne respondeu educadamente.

-Pode me chamar apenas de Sam, não nos importamos com tanto formalidade por aqui.- Sam disse.-Hellen irá te mostrar a sua sala, não costumamos deixar os estagiários terem um espaço privado logo no primeiro dia, mas a sua entrevista realmente nos surpreendeu,  consigo ver muito potencial em você.

-Obrigada. -Anne disse antes de seguir Hellen até onde seria seu local de trabalho pelas próximas semanas.

“Consigo ver muito potencial em você “ a frase martelava na cabeça da jovem a todo  momento, o que Sam Brown havia visto nela de tão especial assim?

*

Setembro de 2020.

Anne não poderia pedir por um emprego melhor, trabalhar em uma das melhores empresas de tecnologia do país realmente era um passo muito grande em direção a um futuro promissor e seu chefe parecia estar muito satisfeito com o seu desempenho.

Sam Brown não era nada como Anne havia imaginado, ele era o tipo de pessoa que parecia ter saído de um livro de romance. Por mais que estivessem trabalhando juntos a algumas semanas Anne ainda era tímida e tinha que se segurar para não corar toda vez que Sam ia conversar com ela.

A jovem percebeu que seus sentimentos pelo seu chefe eram mais do que a relação que eles poderiam manter no ambiente de trabalho algumas semanas depois de conhecê-lo.  Para Anne aquilo era assustador, afinal Sam era um homem comprometido, muito bem casado como diziam as mulheres da empresa, sempre com um tom de inveja. Mas era inevitável não ter pelo menos uma atração por ele.

Anne suspirou pesadamente ao perceber que o relógio na parede marcava oito horas da noite, era seu último dia na Zoomer e o seu turno deveria ter terminado a muito tempo, porém um problema na parte administrativa da empresa fez com que a maioria dos funcionários fossem obrigados a continuar trabalhando. E para piorar a sua situação justamente naquele dia ela teve que acompanhar seu chefe pela maior parte do expediente.

A jovem balançou a cabeça, tentando se concentrar em seu trabalho, porém uma pessoa que caminhava em sua direção fez todo o seu foco mudar.

Sam Brown era um homem alto,  que sempre andava de cabeça erguida e a postura ereta, o que sempre fazia Anne amaldiçoar os céus e a terra por ele ser seu chefe e um homem comprometido.

-Você deveria ir para casa.-O homem disse .-É seu último dia aqui, não é justo que fique trabalhando até tarde.

-Ainda sou uma funcionária,  não é mesmo?-Anne indagou.

Sam reprimiu um sorriso e se afastou um pouco, para que pudesse se dirigir às outras pessoas que estavam ali.

-Todos estão dispensados.  Vão para casa. – Anne piscou os olhos , totalmente atordoada com a cena que acabará de presenciar. Ouvindo os suspiros de alívio dos outros funcionários a jovem rapidamente juntos as suas coisas,  saindo do prédio alguns minutos depois.

Anne andava pela calçada,  a caminho da estação de metrô quando um carro parou ao seu lado, reconhecendo o motorista a jovem estreitou os olhos em sinal de curiosidade e indagação.

-Eu te fiz trabalhar até tarde,  é muito perigoso usar o metrô a essa hora da noite, ainda mais sozinha.-Sam disse-Vamos eu te levo para casa.

*

Dezembro de 2020.

Anne observou o perfume masculino que estava no criado mudo. A jovem sorriu quando viu alguém se aproximando pelo reflexo do espelho.

-Você tem noção do quanto fica bonita assim?- Sam perguntou se encostando no batente da porta.

-Eu tenho que sair daqui a pouco. -Anne disse vendo ele se aproximar mais dela.

Primeira regra dos casos ilícitos: sempre tenha certeza de que ninguém está por perto quando for sair de algum lugar.

Anne olhou para os lados antes de sair sorrateiramente do luxuoso quarto de motel, jogando o capuz do moletom sobre a cabeça e mantendo seu olhar no chão.  A jovem havia saído da casa dos pais a algumas semanas e se mudado para um apartamento no centro da cidade, morando junto com as melhores amigas. 

“Eu saí para correr “ Anne já imaginava as palavras que iriam sair da sua boca quando Emma e Ivy perguntassem porque ela estava com as bochechas vermelhas a aquela hora da manhã.

Caminhando por uma rua não tão movimentada, com o intuito de evitar chamar muita atenção,  a jovem tentava não deixar nenhum rastro para trás. Suspirando aliviada quando finalmente chegou em casa, andando na ponta dos pés em direção ao banheiro e entrando no chuveiro.

-Você saiu cedo.-Emma disse quando a amiga entrou na cozinha.

-Eu saí para correr. -Anne falou, se servindo com uma boa quantidade de café.

-Nós nem vimos você chegar ontem a noite.- Ivy disse estreitando os olhos.

-Eu fiquei até tarde estudando na biblioteca comunitária, o segurança quase me expulsou de lá.  E depois eu sai em busca de algum lugar para comprar meu jantar e acabei encontrando uma amiga da minha mãe, ela ficou horas conversando comigo,  cheguei e vocês já estavam dormindo.-Anne falou dando uma desculpa qualquer e saindo da cozinha.

-Ela está estranha ultimamente,  não é?- A jovem pode ouvir Emma indagar. Suspirando pesadamente e pensando no objeto que ainda estava no bolso do seu casaco. A chave de um apartamento recém alugado por Sam para que os dois pudessem passar mais tempo juntos sem se preocuparem em serem descobertos.

*

Maio de 2021.

Segunda regra dos casos ilícitos: Diga a si mesmo que sempre pode colocar um fim.

Um declínio mercurial decrescente, essa era a sensação que habitava o corpo de Anne naquele momento. A jovem suspirou pesadamente ao ler a mensagem do amado, Sam estava cancelando os planos que eles haviam feito novamente, dessa vez por causa de uma situação com a sua esposa, ou pelo menos era o que ele havia dito.

Anne se perguntava se algum dia aquilo iria mudar, se Sam iria parar de dizer coisas que claramente eram mentirosas, como uma desculpa esfarrapada. A jovem sabia que não dependia dele para sobreviver, mas seus sentimentos dificultavam que ela tomasse a decisão de se afastar e realmente fizesse isso.

Até quando aquilo iria durar? Até que ponto seu amor por Sam a deixaria em situações tão caóticas? Anne sabia que muitas vezes o amor não era o suficiente, entretanto ela tinha que lutar até o final, a questão era se Sam estava disposto a fazer o mesmo.

*

Agosto de 2021.

-Eu quero te pedir desculpas, por não conseguir te encontrar ontem. - Sam suspirou pesadamente, se referindo ao encontro que era para acontecer no dia anterior e ele havia desmarcado de última hora, como já havia feito um milhão de vezes nos últimos meses.

Anne suspirou pesadamente, pensando no que dizer. A jovem observou a cena que acontecia do lado de fora do carro, onde uma família saia de um carro recém estacionado e andava em direção ao shopping center.

Anne sabia onde aquela conversa iria terminar, ela sabia que Sam iria repetir as mesmas desculpas de sempre e tinha a completa noção de que a verdade, por mais dura que fosse, precisava ser encarada.

A realidade estava bem ali na sua frente desde o começo, Anne apenas não queria enxerga-la porque no fundo sabia que teria que se afastar de Sam.

Então a jovem olhou para a pessoa ao seu lado, Sam falava palavras desconexas, como se tentasse se explicar. Anne sabia que ele queria fazer com que ela pensasse que ele não era o culpado, que era apenas uma vítima no meio de todo aquele caos. Mas a ela estava cansada de ouvir tantas mentiras, então em um momento de súbita coragem Anne saiu do carro.

-Baby! -Sam  a seguiu em passos apresados, segurando seu pulso e a impedindo de seguir em frente.

-Não me chame assim!- A jovem falou, encarando a pessoa a sua frente com tristeza e decepção explícitos no seu olhar.

-Você ainda é jovem...-Ele disse, fazendo com que a pessoa a sua frente estremecesse.

-Não me chame de criança! – Ela exclamou, elevando o tom da voz e chamando a atenção das pessoas a sua volta.- Não me chame de criança, não me chame de baby! Olhe para esse maldito desastre em que você me transformou! Você me mostrou cores que você sabe que não posso ver com mais ninguém! – A jovem continuou, sabendo que milhares de olhares estavam sobre ela e não dando a mínima para isso.- Olhe para essa patética imbecil em que você me transformou! Você me ensinou uma linguagem secreta que não consigo conversar com mais ninguém! Você me arruinou! Me destruiu um milhão de vezes!

-Anne...-O homem disse, tentando fazer com que ela se acalmasse.

-Não, não comece a pedir desculpas, se disser que sente muito e eu saberei que você estará mentindo, exatamente como você fez outras milhões de vezes!- Ela exclamou se soltando dele. -Apenas saia da minha vida, vá para o inferno e fique lá para sempre.

Anne se preparou para dar as costas para o passado e começar a seguir em frente, mas Sam encarava um ponto atrás dela que a fez se virar para trás. Um casal discutia em um carro que estava estacionado não muito longe dali. O jovem que parecia ter a idade de Anne saiu do carro, fazendo a pessoa ao seu lado o seguir.

- Você não entendeu ainda?-Ele exclamou se virando para a mulher.-Eu quero você longe de mim! Estou cansado das suas mentiras!

-Liam.-Ela deu um passo para frente, tentando alcançá-lo.  Porém parou subitamente ao notar a presença de outras pessoas ali.

- Katherine?-Sam perguntou, fazendo Anne entrar em completo estado de choque.

-Sam?-A mulher perguntou,  ainda olhando fixamente para o esposo.

As quatro pessoas ficaram paralisadas, como se não tivessem condições de se mexer naquele momento, muito menos de formular uma frase.

Anne respirou fundo e suspirou pesadamente, repetindo para si mesma que qualquer relação que ela ainda mantivesse com Sam teria que acabar imediatamente.

Talvez naquele momento tudo parece estar indo de mal a pior,  mas ela não conseguiria resolver nada se continuasse cometendo os mesmos erros ao acreditar que um caso ilícito iria a deixar feliz para sempre. Não, aquele tipo de “amor” era como uma droga, só funcionava por um curto período de tempo e transformava a sua vida em uma situação catastrófica.

A jovem reuniu toda a sua coragem, juntamente com o pouco de dignidade e sanidade que ainda lhe restavam,  e se afastou daquelas pessoas sem dizer uma palavra.

Anne andou tranquilamente até o ponto de ônibus mais próximo,  sabia que Sam não tinha caráter o suficiente para segui-la, não enquanto Katherine Brown,  sua esposa, estivesse por perto.

-E é isso que acontece nos casos ilícitos, não é mesmo?-Uma pessoa disse ao seu lado, fazendo Anne notar a sua presença e reconhecer rapidamente o jovem que estava discutindo com Katherine -Reuniões clandestinas e olhares roubados. Eles se revelam uma única vez, mas mentem um milhão de pequenas vezes.

*

Alguns dias depois.

 

Anne suspirou pesadamente, pensando em como sua vida havia virado de ponta cabeça em questão de tão pouco tempo. Bastou ela ter colocado um fim no seu caso com Sam Brown em um lugar público,  algo que ela se arrependia de ter feito na frente de tantas pessoas.

Obviamente gravações sobre a confusão no estacionamento de um shopping center já circulavam pela Internet algumas horas depois do acontecimento. O que fez Anne querer se trancar em seu quarto pelo resto do século,  quando ela imaginava que todos já tivessem se esquecido quem era a amante de Sam Brown.

Emma tentou ligar para a amiga diversas vezes, Ivy chegou até a ir na casa de Anne para tentar convencê-la a pelo menos sair do quarto. Depois de dias trancada no mesmo cômodo a ajuda veio de um lugar inesperado, agora a jovem estava ali, de frente para uma das melhores amigas da sua mãe enquanto elas estavam em um jatinho particular a caminho de um lugar que Anne não tinha a mínima ideia de onde era.

-Para onde estamos indo mesmo?- Ela se pronunciou pela primeira vez, fazendo a mulher olhar em sua direção e suspirar pesadamente.

-Sabe, provavelmente quando sua mãe me chamou para ser a sua madrinha ela não imaginava que a convivência comigo teria tanta influência no seu futuro.- A mais velha disse, encarando o objeto que estava em suas mãos.

Anne reconheceu o livro “Cicatrizes e estrelas”, o best-seller que havia feito sucesso nos últimos meses, se perguntando a razão pela qual sua tia estava olhando tão fixamente para ele.

A jovem já sabia sobre o que o livro se tratava, afinal era uma leitora voraz e todas as meninas da sua idade o haviam lido. Por pura obra do destino a trama acompanhava três amigos, onde dois deles são um casal e menino trai a namorada com uma das suas melhores amigas. Mas a questão era, porque uma mulher adulta parecia se importar tanto com aquele livro em específico?

-Enfim, eu sou a sua madrinha,  e você é como uma filha para mim.- A mulher continuou. – Então acredito que seja o meu dever te ajudar a passar por esse momento. -Ela disse estendendo o livro em direção a Anne, que pegou o objeto intrigada.

-Eu li esse livro a alguns meses atrás. – A jovem comentou.

-Claro que leu, você sempre foi uma devoradora de romances adolescentes.- A mais velha falou.- Você deveria observar essa versão,  acredito que tenha um pequeno detalhe que possa lhe ajudar a entender porque estamos indo para o outro lado do país.

-Estamos indo para o outro lado do país?-Anne arregalou os olhos, fazendo a sua madrinha bufar.

-Por Deus, abra o livro e você irá entender.- A mulher disse.

Anne abriu o livro receosa, com medo do que poderia encontrar ali. Mas o que ela se deparou logo na primeira página fez ela olhar intrigada para a pessoa ao seu lado.

-“Espero que não se importe, mas uma das personagens é inspirada em você~B“- A jovem leu as palavras em voz alta de uma forma curiosa. A outra esperou paciente que a afilhada compreendesse o que ela estava tentando dizer.

Os olhos de Anne se arregalaram novamente quando ela entendeu o que aquilo significava, por esse motivo ela havia ouvido a tia dizer que  eram muito parecidas  e visto a mais velha ficar mais calada do que o normal.

-Para onde estamos indo?- A jovem repetiu a pergunta, torcendo para receber uma resposta concreta dessa vez.

-Você precisa apreender uma das lições mais difíceis da vida, você precisa perdoar Sam e a si mesma para que consiga seguir em frente. -A mulher explicou.- Eu posso não ser muito boa nisso, nunca fui um bom exemplo e muito menos uma pessoa favorável para te aconselhar nesse momento. -Ela suspirou pesadamente. – Mas eu já passei por isso e preciso concluir o processo  demonstrando para uma pessoa que eu a perdoei. E você precisa de algo que te incentive a perdoar quem te decepcionou. Então vamos unir o útil ao agradável.

Anne piscou rapidamente,  atordoada com o que havia acabado de ouvir.

-Aliás,  caso não tenha percebido ainda, estamos indo para Cohasset. -A mais velha disse. – Por incrível que pareça Inez Pretew nunca saiu daquela cidade. Betty e James vão nos encontrar lá.

-Betty e James?-Anne indagou.

-Betty é quem escreveu o livro.-Augustine  apontou para o objeto que ainda estava nas mãos da afilhada. -E James...bom, você vai entender quem ele é.


Notas Finais


Gabi: Primeiramente: Alguém avisa pra August e pra Anne  que são elas!
Enfim, quase que eu matei a Luma do coração com essa última cena,  acho que a bichinha está em completo estado de choque até agora 😂.
Eu sempre achei que Illicit affairs e August tinham uma semelhança tremenda, inclusive cheguei a pesquisar sobre isso e vi que vários fcs fizeram teorias que ligavam as duas faixas. Depois dessa eu tive que dar um jeitinho de colocar a August em Illicit affairs.
Enfim, espero que tenham gostado e nos vemos na semana que vem 🥰
Luma: Então... Eu gritei um pouco com o final desse capítulo. Gabi não me contou os planos dela para illicit affairs, então eu morri quando acabei de ler. E não posso esperar para ver a continuação disso em um certo capítulo aí pra frente.
E semana que vem... Bem, semana que vem vou dar a vocês uma overdose de fofura e deixar todos vomitando arco-íris. Sério... Invisible string foi uma das melhores coisas de escrever... Enfim, espero vocês, até lá!


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