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História For Lovers (Or Just Friends) - Três


Escrita por: iwsnt

Notas do Autor


Olá
último cap

Capítulo 3 - Três


Eu estava levemente desesperado por não saber bem o que fazer da vida, mas pelo menos agora eu estava formado. Já era finalmente sexta-feira e eu estava livre de ir a faculdade. Eu sentei em meu sofá quando voltei do trabalho pensando no que eu faria agora. Meu telefone tocou. Eu pensei em Brendon na hora. Eu não sabia se vê-lo era uma boa ideia. Eu realmente não sabia o que eu queria dele. Ele era incrível. Eu gostava dele. Eu gostava de ficar com ele. Mas era difícil perdoar o que ele tinha feito. Era difícil não pensar que aconteceria de novo, que ele me trocaria na primeira oportunidade que tivesse.

Eu pensei tanto que o telefone parou de tocar e eu não havia nem me mexido do sofá. Mas ele voltou a tocar em menos de um minuto. Suspirei e atendi. 

- Alô? - Eu disse.

- Alô, gostaria de falar com George Ryan Ross. 

Não era a voz de Brendon. Era uma voz feminina. 

- Sou eu.

Eu ouvi o que a moça tinha a dizer sem mudar minha expressão. Eu não sabia como reagir. Como eu poderia reagir? Meu pai estava morto. Fazia anos que eu não falava com ele. 

Ela disse algumas outras coisas. Eu não processei bem as informações. Desliguei o telefone sem dizer uma palavra a mais quando parecia que ela não tinha mais nada a contar.

Eu me levantei. O que eu estava sentindo? Era algo novo para mim. Não era tristeza exatamente. 

Fui até o meu quarto e tirei uma mala de dentro do meu guarda-roupa. Comecei a tirar minhas roupas de dentro dele sem nem mesmo olhar para o que eu estava fazendo. Automaticamente as coloquei dentro da mala. 

Eu demorei horas para juntar tudo que eu precisava. Eu tinha agora uma grande mala de rodas e uma mochila cheias para carregar. Minha campainha tocou. 

Parei tudo e andei até a porta. Abri-a e Brendon sorriu para mim. Eu o dei passagem. Ele me olhou confuso, mas entrou em minha casa mesmo assim, me assistindo fechar a porta e mal olhar para a cara dele no que eu andava até a sala para me sentar.

Brendon me seguiu e sentou ao meu lado no sofá.

- O... que aconteceu? - Ele me perguntou cuidadosamente. Eu sabia que ele estava com receio que eu o diria que não queria mais vê-lo, e o que eu tinha a dizer era ainda pior.

Eu não conseguia olhar Brendon no rosto. Eu apoiei os cotovelos em meus joelhos, apoiando o rosto nas mãos.

- Eu... Estou voltando pras Las Vegas.

- Q-quê? Por quê?

- Meu pai morreu.

Houve um momento de silêncio antes de Brendon proferir um "oh".

- Quando você vai? 

- Amanhã cedo.

Eu o ouvi suspirar.

- Ryan? - Ele tocou meu braço e eu o olhei. Ele parecia chateado. - Eu sinto muito.

- Eu sei.

Ele me abraçou. Eu correspondi. Pela primeira vez desde que eu tinha recebido a notícia, eu quis chorar. Mas não o fiz.

- Quando você volta? - Ele perguntou.

Eu me afastei um pouco para olhá-lo nos olhos.

- Eu... Não acho que eu vá voltar.

- Como assim?

- Meu pai... Deixou tudo para mim. A casa dele e um dinheiro. É pouca coisa. Eu vou viver melhor lá. Eu não precisarei pagar aluguel. Eu só vou precisar encontrar um emprego novo e... Eu já me formei mesmo. Está difícil viver aqui com o dinheiro que eu recebo. Pagar o aluguel e me sustentar. Lá eu sei que viverei melhor.

- Mas, Ryan... Sua vida está aqui agora.

- Eu não tenho mais nada aqui agora.

Brendon juntou as sobrancelhas e pareceu realmente chateado.

- Você... Tem a mim.

- É... Mas eu não tenho certeza sobre eu e você.

Brendon olhou para baixo. Uma lágrima escorreu de seu olho e eu fingi que não vi, olhando para outra direção. Se alguém deveria estar chorando aqui, deveria ser eu. 

- Sinto muito, Brendon. Talvez seja o melhor. Eu... Preciso ir, você entende, não é? Eu tenho que estar lá para o velório, para o enterro. Meu pai não tinha quase ninguém e eu preciso me responsabilizar por isso. E a casa... Ela está pronta, eu tenho tudo lá.

- Você pode vender. Você... Tem tudo aqui também. Com o dinheiro você pode comprar uma casa e se mudar. Vai dar na mesma. E você pode encontrar emprego aqui. É até mais fácil, e... - Brendon olhou em meus olhos. Ele pareceu esquecer o que dizia, ou o porquê dizia. - Você não precisa ir para sempre.

- Mas lá a casa é minha, se eu vender, não consigo comprar outra tão boa com o mesmo dinheiro. E talvez eu queira ir para lá. Quando eu vim para cá, eu tinha a sensação que era temporário. Eu tinha a sensação que eu voltaria. E agora eu acho que chegou a hora. Tudo que eu tenho está lá. Aqui, são só roupas e alguns móveis que eu posso facilmente vender. 

Tudo que eu disse a ele era verdade, mas também tinha a parte que Nova Iorque sempre seria o lugar onde perdi Brendon. Onde eu andaria pelas ruas correndo o risco de encontrá-lo. E talvez eu pudesse perdoá-lo e continuar minha vida aqui. Mas era muito difícil não ficar chateado e paranoico a respeito do que aconteceu. Eu não tinha garantia nenhuma que não aconteceria de novo. E eu não estava disposto a me apegar a Brendon novamente, me acostumar com sua presença em meu dia-a-dia, e depois perdê-lo outra vez. Não poderia passar por isso de novo.

- Você nunca vai me perdoar, não é? 

Eu olhei Brendon e ele não disfarçava mais. Lágrimas escorriam de seus dois olhos e, que merda, doía tanto vê-lo assim. 

- Eu perdoei você, Brendon. Antes mesmo de entender o que havia acontecido. Eu não quero viver minha vida carregando esse peso. Quando eu pensar em você, quero me lembrar das coisas boas que passamos em Las Vegas. Lá éramos outras pessoas. E é lá que eu quero ficar, lá que eu preciso ficar.

Eu limpei seus olhos com meus dedos, o que pareceu fazer ele chorar mais ainda.

- Brendon, pare com isso.

- É difícil pensar que eu não vou mais te ver.

- Você superou uma vez, vai superar outra.

Ele me fuzilou com os olhos.

- Você realmente não liga, não é?

Respirei fundo porque começar uma briga com Brendon um dia antes de viajar para cuidar dos arranjos do velório e enterro do meu pai não era o que eu precisava agora.

- Meu pai acabou de morrer, Brendon. Não vou discutir com você.

Brendon mudou de expressão na hora, voltando a parecer chateado, e se levantou. Limpou seus olhos rapidamente e me olhou nos olhos do centro da minha sala.

- Eu vou embora, então.

Eu apenas assenti.

Quando eu andei com Brendon até a porta eu percebi a bagunça que minha vida estava naquele momento. Meus olhos encheram, mas eu tentei me acalmar. Eu não derramava lágrimas assim tão fácil quanto Brendon. Eu sabia que eu tinha o direito, e eu tinha muitos motivos, mas eu não queria ser fraco.

Brendon me conhecia bem demais. Um breve olhar em meu rosto e ele já sabia. Ele me abraçou forte e eu correspondi. 

- Eu posso ir com você até o aeroporto amanhã, se você quiser. - Ele murmurou, com o rosto escondido em meu ombro.

- Não é necessário.

Ele se afastou de mim lentamente.

- Ok. - Sussurrou triste.

Seus olhos úmidos encaravam os meus com dor e pesar. Eu retribuía da mesma forma. Não seria fácil para mim ficar longe de Brendon. Mas no fundo eu estava quase certo de que era a melhor opção.

Ainda assim eu beijei seus lábios, porque eu não sabia se eu algum dia o veria de novo. Brendon deu um passo para trás, provavelmente em surpresa, mas não demorou para encostar seu corpo no meu e corresponder meu beijo.

Eu segurei seu rosto e aprofundei o beijo. Eu sentia lágrimas em meu rosto e eu não sabia se eram minhas ou dele. Talvez fossem de nós dois. Ele me segurava forte e era praticamente um gesto desesperado para que eu ficasse.

Nosso beijo calmo e intenso de repente tomou outras proporções. Era um beijo desesperado e cheio de desejo. Eu não queria pensar que deveria estar sofrendo de luto pelo meu pai. Eu não queria pensar em como ainda estava magoado com Brendon e receoso demais para estar perto dele. Eu certamente não pensava em como eu precisava viajar no dia seguinte para talvez nunca mais voltar.

Brendon não parecia ligar que eu não ligava mais. Nossos atos eram recíprocos. Ele me beijava os lábios e me puxava contra ele, mas sentia bem mais que isso, eu sentia Brendon impregnado em mim, como se ele tocasse e beijasse todas as partes do meu corpo ao mesmo tempo.

Eu caí deitado no sofá com Brendon em cima de mim depois de andarmos para a sala sem nos separar um do outro. Ele abriu todos os botões da minha camisa com certa agilidade e emendou com a minha calça, a abrindo também. Eu me sentei no sofá para que ele tirasse minha camisa e logo ele estava sentado em meu colo, com uma perna de cada lado do meu corpo.

Nós nos despimos desajeitadamente. De alguma forma eu consegui deixar Brendon apenas com sua boxer cinza. Eu a puxei e ele saiu de meu colo para removê-la, voltando em seguida para o mesmo local. Eu ainda tinha minha roupa íntima em mim, mas eu só conseguia pensar em Brendon nu em meu colo. Ele era maravilhoso, e eu só queria fazer tudo com ele naquele momento.

Eu voltei a beijar seus lábios, passando minha mão por suas nádegas provocativamente. Separei nossos lábios apenas para colocar um de meus dedos na boca de Brendon. Ele o chupou me olhando nos olhos. Mordi meus lábios para me concentrar em não perder completamente a cabeça ainda.

Levei o dedo molhado com a saliva de Brendon até sua entrada. Eu voltei a beijar seus lábios enquanto forçava meu dedo dentro dele. Ele soltava gemidos baixos e tímidos dentro de minha boca no que eu sentia em meus lábios o quanto já havíamos nos beijado. Puxei meu dedo quase para fora e empurrei para dentro de novo, o acertando em sua próstata e fazendo ele soltar um longo gemido e se mover contra meu dedo. Eu estimulei aquele ponto até que  Brendon separou nosso beijo. Ele me encarava nos olhos e, nos seus, eu podia ver tanta coisa. Seus lábios estavam inchados e vermelhos. Ele era ainda mais lindo assim. 

- Eu não preciso mais disso, eu quero você. - Ele sussurrou contra o meu rosto.

Eu tirei meu dedo e levantei, trazendo Brendon comigo. Nós andamos desajeitadamente até meu quarto, nos beijando pelo caminho. Em algum momento eu fiquei sem minha boxer e de alguma forma eu fui parar em cima de Brendon em minha cama.

Eu abri a gaveta no móvel ao lado e peguei uma camisinha e lubrificante. Vesti a camisinha e despejei o lubrificante, com pressa. Eu puxei as pernas de Brendon, as afastando e deixando em volta do meu quadril. Ele me olhava sério nos olhos, e eu só via desejo nele, e só o desejava.

Eu me forcei para dentro dele lentamente. Assisti seu rosto, porque suas expressões e os sons que ele emitia multiplicavam meu prazer. Ele cada vez mais abria os lábios e, quando eu entrei completamente, ele soltou um longo gemido.

Eu gemi também e fiquei parado uns instantes. Porque Brendon pediu, eu não havia o preparado muito bem, e eu não sabia se ele estava sentindo dor. Ele estava acostumado, eu sabia, mas eu não achava que podia me acostumar com meu pênis pulsando dentro dele, sendo praticamente estrangulado, e estranhamente me causando um prazer indescritível.

Eu encostei a testa na dele e respirei fundo antes de começar a me mover.

 

Quando eu voltei do banheiro, Brendon estava da mesma forma: deitado sem roupas na minha cama, de barriga para baixo com os olhos fechados. Pensei que ele pudesse ter dormido. Vesti minha boxer e deitei ao seu lado. Puxei a coberta em cima de nós sem saber se ele queria ou não.

- Você quer que eu vá embora? - Ele sussurrou e eu quase me assustei.

- Quê? Não, claro que não.

Ele abriu os olhos e me olhou.

- Eu pensei que...

- Que eu fosse transar com você e te mandar embora?

Brendon voltou a fechar os olhos e não respondeu mais. Eu fechei os olhos também e decidi tentar dormir. Afinal, eu precisava acordar cedo. 

- Eu te amo. 

Eu abri meus olhos quando ouvi Brendon dizer isso. Ele estava imóvel, ainda de olhos fechados. Eu não soube o que fazer. Fiquei o olhando, mas ele não teve reação. Eu fechei os olhos também e resolvi fingir que isso nunca havia acontecido.

 

Quando eu acordei com meu despertador naquela manhã,  Brendon não estava do meu lado. Eu vesti uma roupa qualquer e fui ao banheiro. Quando fui até a cozinha, ele estava colocando o café na cafeteira. Ele me viu, mas não demonstrou nada. Murmurou um "bom dia" e eu respondi igualmente. Eu sentei na mesa e ele logo se juntou a mim, me passando uma xícara. Nós tomamos café em silêncio, até que eu resolvi quebrá-lo.

- Por que levantou tão cedo? - Perguntei.

- Não consegui dormir muito bem.

Não respondi. Quando terminei meu café, me levantei e fiquei parado sem saber o que fazer.

- Você já tem que ir? - Perguntou.

- Sim.

- Ok.

Ele se levantou também.

- Então eu vou.

Eu assenti.

Andamos até a porta. Eu não seria fraco como no dia anterior. Precisava deixá-lo ir.

- Eu sinto muito pelo seu pai. E boa sorte em Las Vegas.

- Obrigado. Boa sorte em Nova Iorque.

Brendon sorriu fraco e era o sorriso mais falso que eu já tinha visto.

- Se algum dia você voltar... Não hesite em me procurar.

- Eu não acho que eu vá.

Brendon assentiu e seus olhos começavam a encher de novo. Ele beijou meu rosto rapidamente e me deu as costas como se não pudesse mais ficar ali. E essa foi a última vez que vi Brendon Urie em muito tempo.

 

Então Las Vegas era a mesma coisa. Eu arrumei a casa do jeito que eu quis. Eu voltei para Nova Iorque apenas para vender o que eu ainda tinha e trazer o que eu ainda queria. E eu fiz apenas isso. Arrumei um emprego e minha vida estava tranquila. Ou monótona, também era um termo que servia.

Eu não devia ainda estar deprimido depois de um ano que eu voltei. Eu vivia sozinho, mas eu saía frequentemente. Eu tinha alguns velhos amigos. Eu tinha um bom emprego. Eu tinha uma casa que era minha. Por que eu ainda pensava nele?

Com tudo aparentemente dando certo, eu me sentia injusto em odiar a minha vida. Era horrível lembrar de seu sorriso e sentir um aperto no peito. Pensar em como eu o deixei para viver sozinho em um lugar que eu nem gostava tanto assim fazia eu querer me matar. Eu detestava a pessoa que eu tinha me tornado.

Eu pensava nele o tempo todo e muitas vezes eu me sentia tão sozinho que eu chorava. Eu tinha muita curiosidade em saber como seria minha vida se eu nunca tivesse partido. Eu não sabia se conseguiria me aproximar dele novamente, se eu conseguiria fazer com que tivéssemos algo parecido com o que tínhamos antes de tudo isso acontecer, antes de nos mudarmos para Nova Iorque.

Pensava frequentemente se estava apaixonado por ele, se sempre estive apaixonado por ele e nunca percebi. Como eu saberia algo assim? Não tinha um manual ou uma receita. Como eu poderia saber?

Eu o deixei quando ele talvez estivesse apaixonado por mim, e  eu não podia evitar achar inútil refletir se eu o amava agora.

Eu estava cansado dos "e se". Eu nunca pensei que, escolhendo essa vida, eu ficaria tão cheio deles. 

E, quando eu pensava ao contrário, quando eu pensava na minha vida se eu tivesse ficado, eu não conseguia me imaginar infeliz, não conseguia me imaginar me perguntando se eu deveria ter partido. 

Então eu entrei de férias e eu nunca estive tão depressivo em toda a minha vida. Eu não fazia nada o dia inteiro. Eu não tinha vontade de comer ou tomar banho, ou levantar da cama no geral. Ou eu dormia muito pouco, ou eu dormia o dia inteiro. Minhas olheiras pareciam maiores cada vez que eu olhava o espelho, e eu evitava fazer tal coisa, porque parecia insuportável ter que encarar quem eu era.

Quem eu havia me tornado.

Então eu tomei uma decisão de uma hora para a outra. E, em meses, eu estava pela primeira vez motivado a fazer algo. Eu abri meu guarda-roupa e enchi uma mala de coisas. Eu fui até o aeroporto e comprei uma passagem.

Quando eu cheguei em Nova Iorque, procurei um hotel. Não ligava muito para isso, só precisava de um lugar para deixar minhas coisas e dormir.

Era muito mais fácil viver com a ausência dele quando eu achava que ele não queria mais me ver. Pensar que estávamos longe por culpa minha doía demais. E doía porque eu o queria, e eu poderia ter tido ele, mas eu fui embora.

Eu dormi o dia inteiro, pois ainda estava cedo. Quando acordei, tomei um banho e saí. No caminho, comi qualquer coisa - não me lembrava da última vez que havia tido uma refeição decente, ou realmente dado importância para comer - e andei até meu destino. 

Quando eu cheguei em sua casa, a examinei por alguns minutos. E se ele tivesse se mudado? Minhas mãos suavam e eu nunca estive tão ansioso. Eu não poderia desistir agora que eu já estava aqui. Toquei a campainha.

Esperei.

Parecia a maior espera da minha vida.

Eu não sabia quanto tempo havia passado, mas eu estava extremamente impaciente, e parecia uma eternidade então toquei a campainha de novo. E continuei esperando. E então, de dentro da casa, ouvi uma voz gritar "já vai". Estava tão nervoso que eu não consegui distinguir se era a voz dele ou não.

Meu coração disparou - ainda mais - quando eu percebi a porta se abrindo diante de mim. Quando ele me viu, congelou. Brendon tinha o cabelo bagunçado, um pouco maior do que a útlima vez que eu o vi. Ele estava usando uma camiseta preta e uma bermuda. Descalço. Segurando um telefone contra o ouvido. Ele sorria quando abriu a porta, mas quando me viu seu rosto ficou inexpressivo. 

Ele estava absolutamente lindo.

Meu coração parecia que sairia do meu peito se ele não fizesse algo. Ele me encarava nos olhos, segurando a porta, segurando o telefone contra o ouvido, e eu achei que ele nunca mais fosse se mexer. Eu achei que ele bateria a porta na minha cara.

De repente ele olhou para baixo.

- Eu... Te ligo depois. - Brendon disse ao telefone, em seguida o deixando em cima de algum lugar que eu não pude ver pois ainda estava do lado de fora de sua casa.

Então ele me encarou novamente. Dessa vez ele me examinou rapidamente, como se estivesse começando a ficar conformado.

- Ry-Ryan. - Ele falou, finalmente.

- Oi. - Eu disse e sorri de lado.

Ele encostou no batente da porta e riu nervosamente.

- O que você... Está fazendo aqui?

- Estou de férias. Viajando.

Brendon assentiu. Desviou o olhar, confuso, e eu também não sabia bem o que fazer agora. Havia ensaiado na minha cabeça o que faria quando o visse, mas de repente eu não tinha ideia do que dizer. Eu tinha pensado nesse momentos tantas, tantas vezes, e agora eu queria desaparecer.

- Você... Hm... Quer entrar? - Ele perguntou, me olhando novamente.

- Ok. - Respondi.

Ele me deu passagem e eu entrei em sua casa. Ele me acompanhou até a sala e gesticulou para que eu me sentasse no sofá.

- Você quer algo? - Perguntou.

- Não... Obrigado.

Ele se sentou no canto oposto de onde eu estava no sofá e encarava seus pés. Eu respirei fundo e tentei dizer algo, mas ele disse primeiro.

- Quando você chegou aqui?

- Hoje de manhã.

Ele assentiu levemente e ergueu o rosto depois de um tempo, olhando para mim.

- E como você está? 

- Eu... Estou bem. Trabalhando, morando sozinho. E você?

- É. Mesma coisa. - Ele respondeu.

- É bom te ver... Depois de tanto tempo.

Brendon deixar escapar uma pequena risada que eu tinha quase certeza que era sarcástica. 

- E então, por que você veio aqui? Para Nova Iorque?

Eu realmente não sabia responder tal pergunta. Eu vim por causa dele, mas talvez fosse demais contá-lo isso agora, mais de um ano depois de eu ter partido e nunca mais ter falado com ele.

- Eu... Não sei. - Ri seco.

- E por que você veio até a minha casa? Para jogar conversa fora? Apenas diga o que você veio fazer aqui.

Brendon me olhou nos olhos e eu soube que ele falava sério. Ele parecia nervoso e constrangido, mas agora ele não estava mais fingindo que essa situação era normal, e pelo menos um de nós estava tentando ser honesto. 

- Eu... Senti sua falta.

- E o que isso quer dizer? Você não mora em Las Vegas?

- Sim, eu... Moro.

- Então, o que você quer vindo até aqui, se depois você vai voltar?

- Não achei que você agiria dessa forma.

- Estou tentando entender o porquê de você ter me rejeitado quando eu estava apaixonado por você, e ter voltado mais de um ano depois para dizer que sente minha falta.

Eu encarei Brendon confuso.

- Você estava apaixonado por mim?

Brendon riu, dessa vez o sarcasmo era bastante evidente.

- E você não sabia?

Eu olhei para baixo, me sentindo péssimo comigo mesmo.

- Eu tive muitas dificuldades em entender meus sentimentos por você... Desde sempre. E talvez eu tenha me apaixonado por você, também.

Brendon suspirou e se levantou do sofá, andando para lá e para cá por sua sala.

- E você vem me dizer isso agora?

- Você arrumou uma namorada e desapareceu da minha vida sem dar explicações, como eu poderia ter te contado?

- Não jogue isso na minha cara, Ryan! Se você veio até aqui para jogar meus erros na minha cara, então você faça o favor de voltar para a sua casa! A gente conversou sobre isso, eu me desculpei várias vezes, e você foi embora! 

Eu me surpreendi com como Brendon havia ficado irritado facilmente e resolvi ficar calmo por nós dois.

- Desculpe. Eu não queria jogar nada na sua cara, eu só queria te dizer que eu sinto sua falta e... Queria que você me desse outra chance.

Brendon parou de andar nervosamente e me encarou do centro da sala, com a mão na cintura e uma expressão que era um misto de confusão e algo que eu não podia decifrar.

- Como assim?! Você ao menos mora aqui! O que você quer de mim?

- Eu... Me mudaria, por você. - Falei cautelosamente, com medo das palavras que saíam da minha boca.

- Você quer... Ficar comigo? Por quê, está apaixonado por mim por acaso?

Eu assenti. Brendon pareceu chocado. Depois de me encarar por alguns segundos, ele levou a mão na testa e a esfregou. Eu estava mais tenso do que nunca. Ele respirou fundo e se sentou de novo onde estava antes.

Ele se inclinou no sofá, olhando para o chão.

- Este ano eu me esqueci de seu aniversário. Desde que eu te conheço, eu nunca me esqueci de seu aniversário. Nenhuma vez. Quando eu me toquei, já havia passado uma semana. Isso me fez pensar que eu estava finalmente te esquecendo. Porque quando eu te deixei... Eu sofria pensando em você. Eu não sabia como as coisas teriam sido se eu não tivesse feito o que eu fiz. Mas, quando você me deixou, eu soube que eu não podia fazer nada. Você estava morando em outro lugar, e você não queria mais me ver. Era uma dor horrível, mas me consolava pensar que, dessa vez, eu não tinha culpa e eu não podia fazer mais nada. Quando eu esqueci seu aniversário, eu soube que era tarde demais. E que eu nunca teria você. E que nós nunca mais seríamos a mesma coisa. Ou algo melhor.

Brendon suspirou e continuou sem olhar para mim. O que isso significava? Eu não tinha mais importância nenhuma para ele?

- Não é tarde demais. Eu disse que eu voltaria e eu não estava brincando. Eu farei o que você quiser. - Eu disse, quase implorando, e Brendon me olhou parecendo chateado. - Eu posso te dar um tempo se você quiser, a gente pode ir devagar e... 

- Ryan, pare.

Eu calei a boca, mas o olhava levemente desesperado. Estava ansiando pelo que ele tinha a dizer, mas morria de medo do que seria.

- Você superou uma vez, vai superar outra. - Brendon disse e eu o olhei magoado, apesar de ter me lembrado que essas foram as palavras que eu havia dito a ele há mais de um ano atrás.

- Mas, Brendon...

- Eu estou com outra pessoa agora, Ryan.

Aquela frase foi um golpe de realidade e de repente eu vi meu mundo cair. Até agora eu pensava em não me desesperar, que eu arrumaria um jeito de reparar as coisas, eu arrumaria um jeito de ter Brendon de volta na minha vida. Mas agora eu apenas não tinha como mais me manter calmo, estando tão perto de perdê-lo de uma vez por todas.

- Que?

- Eu... Estou namorando agora. E eu realmente estou apaixonado por ele.

Meus olhos encheram e eu desviei o olhar. Não conseguia mais olhar para Brendon. Tudo doía demais. Eu estraguei as coisas de verdade dessa vez. Brendon estava apaixonado. E não era mais por mim. 

- Você está apaixonado. - Eu disse, como se para confirmar se eu ouvi direito.

Não era uma pergunta, mas Brendon assentiu.

- É tarde demais agora. - Ele disse.

Era tarde demais.

Eu limpei meus olhos e me levantei do seu sofá, andando em direção a porta. Brendon não disse mais nada e nem mesmo me acompanhou no que eu deixei sua casa sem saber pra onde ir.


Notas Finais


Me digam o que acharam <3
Obrigada de verdade a vocês que leram/favoritaram, e principalmente a vocês que comentaram
Os reviews me deixam feliz <3

Bjs
Até a próxima, eu espero


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