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História For What It's Worth - Interativa - Twist and Shout


Escrita por: RockValentine

Notas do Autor


Salve, Natalina!

Capítulo 4 - Twist and Shout


Fanfic / Fanfiction For What It's Worth - Interativa - Twist and Shout

 

Apesar da confusão dos dias anteriores, a noite havia acabado sem mais nenhum evento caótico, para a felicidade de monitores como Saint.

O jovem afro-americano havia dormido mal novamente, com pensamentos rodando a sua mente a noite toda. Acordou para mais um dia de primavera, desta vez, mais frio que os outros, tendo de vestir sua capa para ter uma proteção extra contra o vento gelado das montanhas de Massachusetts. A capa era azul escuro, mas na parte de dentro era verde com desenhos dourados, cores de sua casa. 

 

No espelho do quarto que dividia com mais três colegas do mesmo ano ajeitou o seu cabelo crespo e perfeitamente aparado, passando um pouco de pomada capilar sem cheiro e uma escova macia. Em seguida, colocou o distintivo de monitor sobre a capa e a fechou com o broche de nó górdio.

Sentiu-se satisfeito com sua aparência, saindo do quarto e descendo as escadas, quase dando de cara com a garota do dia do trem, Lucia, da loja dos Taylor. 

Ela também o notou, mas dessa vez não fez nenhum cumprimento, continuando a andar com uma feição tranquila e um sorriso despreocupado no rosto.

Apesar de terem entrado juntos e cursarem o mesmo ano, na mesma casa, Saint nunca havia conversado com Lucy. O motivo era que ele nunca iniciava as conversas, geralmente as pessoas que se aproximavam dele por seu nome ou por sua simpatia, ou por ser goleiro da casa… Lucia, aparentemente, não se importava com nada disso.

 

Descendo para o refeitório, as pessoas já estavam a comentar sobre as notícias do jornal O Fantasma, Saint as leu despreocupado, enquanto comia seu café da manhã. Falavam dos desaparecimentos para variar. Saint não tinha lá muita fé nas especulações que as pessoas levantavam sobre esses casos – ora que eram pessoas sequestradas por bruxos ruins, ora que foram levados pela CIA americana ou outros órgãos não-mágicos...

Seu pai, que trabalhava na MACUSA, na seção de execução de leis, dizia que não haviam sequer provas que os desaparecimentos estavam conectados de alguma forma, cada um havia sido em uma data e local diferente, e todos tinham perfis e idades muito distantes. 

Talvez fosse apenas mais um delírio coletivo, mesmo. 

 

 

 

 

 

 

 

Louie estava num péssimo humor naquele dia. Não bastava os Pukwudgies estarem no seu pé por ter dito e pedido o óbvio, seu pai havia aparecido no jornal, e apenas para dizerem que não tinham ideia do que lhe havia acontecido. Puro sensacionalismo e falta de matéria, Louie teria certeza, escrevia o jornal da escola a mais de um ano.

Como o dia estava frio, não tinha se arriscado a entrar nos chuveiros gelados do horário dos Serpentários, e nem muito menos gastado muito de seu tempo se ajeitando no banheiro, sempre seguido das fofocas e cochichos incômodos das colegas.

Ao invés disso, gastou o tempo que tinha antes das aulas para colar os panfletos de novas vagas do Clube de Escrita, onde era vice-presidente. Muitos haviam saído do clube ultimamente, temerosos após o desaparecimento de um dos antigos membros – Lan Sang. A jovem bruxa vietnamita do jornal.

 

Ela passou pelo corredor próximo ao salão de refeições, onde geralmente o fantasma da Dama Branca passava, com seus olhos, cabelos e vestido totalmente brancos e sua expressão de melancolia. 

No entanto, quem estava no final do corredor não era uma figura flutuante e translúcida, mas um grupo de alunos de vestimentas verde-douradas, caminhando juntos.

Louie decidiu por colar mais um panfleto na parede, apesar de já haver um bem próximo, apenas para não ter que topar com mais um Pukwudgie naquele dia.

 

Infelizmente eles falavam alto e Louie acabou por ouvir uma das garotas comentar:

– Oras, por favor, está claro que o pai dela deu no pé. Eu também fugiria se minha filha fosse uma pentelha dessa classe.

 

Uma sensação estranha percorreu o corpo de Louie, ficando gelado por dentro, para em seguida ficar inteiramente quente, como se pegasse fogo. Ela se aproximou com passos pesados, e viu o momento em que uma das colegas avisava a outra sobre sua presença, parecendo bem assustada.

 

 

 

 

 

 

 

 

Ellie havia terminado sua refeição e agora tinha de se apressar para pegar seus livros no dormitório, antes de seguir para uma aula de Transfiguração no primeiro andar da Torre de sua casa. Ao seguir para a entrada do salão de refeições, encontrou com Saint, que também parecia estar de saída.

 

– Como vai a nova vida de monitor? – perguntou Ellie, se aproximando dele com um sorriso divertido, já sabendo a resposta.

 

Saint suspirou pesado, caminhando pelo corredor ao lado da amiga.

 

– É meu terceiro dia e já estou querendo me auto-estuporar apenas para ter alguma paz.

 

– Bem, os Pukwudgies são conhecidos por causarem problemas com suas pegadinhas. Não sei o que você esperava quando se inscreveu para ser a nova babá. 

 

Ellie estava certa, mas Saint pensou que pelo menos os primeiros dias em que se acostumava com o novo distintivo seriam pacíficos. Estava errado.

 

– Monitor! – um garoto da Pukwudgie, Dale Lerman, veio correndo pelo corredor adjacente, atravessando pelo corredor aberto próximo ao refeitório e parando frente aos dois, arfando. – É aquela garota Serpentária de novo!

 

Ellie arregalou os olhos, espantada. Não tinha se passado um dia e a tal Louie já havia arranjado outra briga? Olhando para Saint, a expressão que ele tinha era de desistência. Quis rir, mas se segurou, não era uma amiga tão malvada assim.

 

Antes de entrarem no corredor, já se escutava de longe os gritos, vindos de uma voz estridente, que logo identificaram ser a de Louie. 

Ela estava de frente a duas garotas Pukwudgie, no meio do corredor, enquanto dois garotos da mesma casa estavam mais distantes, esperando pelas duas garotas e provavelmente fugindo da discussão.

 

– Você não vai repetir o que estava dizendo antes?! – a voz alta de Louie começou a chamar atenção de muitas pessoas, e cada vez mais apareciam para observar a cena.

 

– Não vou! Você ouviu bem! Seu pai deve ter dado no pé, mesmo! Por não te suportar mais… – a voz da garota Pukwudgie, que Saint reconhecia como sendo do sexto ano, ficava cada vez mais baixa e acuada. 

 

– Você sequer conhecia meu pai! – vociferou Louie, alto. – Não deve ter dado um bom dia a ele em todos os anos que estudou aqui! Você e seus amigos puro sangues, que se acham melhores que todo mundo, mas só tem coragem de falar de alguém pelas costas!

 

Saint não via brecha para adentrar na discussão, e tinha de admitir que os gritos também deixavam-o sem reação. 

Ficou pior quando, em poucos segundos, o corredor se encheu de alunos, vindos principalmente do salão de jantar. Duvidava que os gritos tivessem chegado lá, mas as notícias? Certamente. Agora estava difícil de se aproximar fisicamente.

 

– Está me chamando de covarde?! – foi a vez da Pukwudgie levantar a voz, provavelmente machucando a garganta, que arranhou na fala.

 

– Existe outro adjetivo? Se eu lembrar de algum te direi – debochou Louie, parecendo uma duende próxima aos estudantes mais velhos.

 

– Você tem uma boca bem grande, não é? – a Pukwudgie sorriu com sarcasmo, olhando para a amiga. – Deve ser por isso que os dentes cresceram tortos assim. 

 

Algumas risadas foram ouvidas, mas não muitas, provavelmente mais alunos achavam isso dos dentes da adolescente e haviam comentado antes entre eles.

 

– Monitor! – uma das monitoras da Pumaruna se esgueirou pelos alunos até chegar em Saint. Era Debra Bobo, uma monitora-chefe do sétimo ano. – Por que ainda não interveio?

 

Saint gaguejou uma resposta, olhando da monitora para as garotas cujas poses estavam tão agressivas quanto as vozes.

 

– Você diz que nós nos achamos superiores, mas não era você quem estava dizendo por aí que os Pukwudgies não são merecedores da própria torre? – disse a outra garota, amiga da que gritava, num tom mais baixo, porém audível para a multidão. 

 

– É isso aí! – concordou outro aluno Pukwudgie na multidão.

 

– Damas fazendo uma cena dessas logo pela manhã… – Ellie sussurrou ao lado de Saint, balançando a cabeça em decepção.

 

– Tem um professor vindo! – anunciou um aluno do outro lado do corredor. Rapidamente, a multidão começou a se dispersar, afinal seria uma tragédia se todos ali levassem advertências ou perdessem pontos. 

 

Com mais espaço, Debra conseguiu chegar até os alunos que brigavam, tirando pontos e os levando para algum lugar, talvez a diretoria. 

Saint ficou apenas observando enquanto todos seguiam seus caminhos, sentindo-se um verdadeiro bobalhão.

 

 

 

 

 

 

 

 

Oliver havia terminado cedo seu café da manhã, como era de costume, e se preparado para a primeira aula de campo de Trato das Criaturas Mágicas. 

 

A aula acontecia do lado de fora do castelo, dentro do pequeno bosque onde habitavam a maior parte das criaturas do Monte.

A criatura que estudavam naquele dia era o lebrílope, um coelho com galhadas de antílope. O professor, Johnson Skinner, explicava como funcionava a reprodução dos lebrílopes, sem notar as risadinhas que os alunos do quinto ano faziam toda vez que ele falava "Coito!" alto.

 

Oliver tinha mais maturidade, e anotava com vigor as coisas importantes sobre a criatura, imensamente interessado.

Após a pequena palestra sobre o coito das lebres, o professor entregou para cada um a bebida favorita do lebrílope: uísque.

Oliver franziu o cenho quando lhe foi entregue o pequeno copo de bebida, olhando do professor para o copo, imaginando se aquilo era sequer permitido nas diretrizes de Ilvermorny.

 

– Alguém sem? Você tá sem? – o professor foi passando pelos alunos para ver quem faltava receber bebida, em seguida se lembrou de algo importante, apontando para todos de forma enfática: – E não bebam! 

 

Alguns alunos gargalharam, Oliver não foi um deles; Se aquilo fosse reportado, o professor estaria em problemas, e por mais que fosse um louco, Oliver gostava de suas aulas, e de sua excitação em falar sobre as criaturas. 

 

– Os lebrílopes que capturei estão próximos a esta área. Quero que vocês se aproximem deles e tentem uma interação, e em seguida escrevam nos relatórios que estão em suas mãos todas as informações. – Professor Skinner bateu as mãos. – Agora, vão! E afaste essa boca desse uísque, senhor McNamara! 

 

O Pukwudgie de sobrenome McNamara gargalhou, seguindo junto a um pequeno grupo para uma das áreas. 

Oliver, como sempre, foi sozinho, ajeitando as lentes dos óculos para poder enxergar melhor o caminho; se tropeçasse em um sem querer, provavelmente precisaria tomar poção para ossos quebrados na enfermaria.

 

Com um pouco de caminhada, achou seu primeiro lebrílope, afiando as galhadas no tronco de uma árvore; tinha o tamanho de uma lebre comum, e o pêlo na cor bege, uma das cores favoritas de Ollie. 

Oliver se aproximou de forma cautelosa, tentando não fazer barulho, com o copo de uísque em frente ao corpo. Conseguiu chegar perto o suficiente para que o lebrílope pudesse sentir o cheiro da bebida, mas ao invés de se aproximar, quando viu a Oliver, a lebre tomou impulso e saltou, com os chifres na frente do corpo.

 

O moreno saltou para trás, derramando um pouco do conteúdo em seu casaco azul escuro, e escapando de tomar uma chifrada. A lebre tomou outro impulso e deu um salto lateral deveras estranho, correndo rapidamente para longe dali.

 

Oliver olhou seu copo quase sem nada, em seguida seus papéis de relatório, que agora cheiravam a álcool, suspirando derrotado, e prosseguindo para encontrar mais um lebrílope.

 

 

 

 

 

 

 

 

Próximo dali, Lucy não estava tendo problema algum em interagir com o lebrílope que havia encontrado descansando em cima de uma pequena rocha. Deixou-o bebericar a bebida um pouco, em seguida a tirou dele, para que continuasse próximo dela, pedindo por mais.

 

Enquanto a criatura esperava por mais uísque, Lucy anotava as informações sobre ela, também adicionando notas sobre suas reações. Era uma fêmea, pois tinha galhadas menores, e parecia ser um pouco mais dócil. Além disso, tinha uma cicatriz próximo a uma das pernas, provavelmente de uma relação com um macho que não havia sido feita durante uma chuva de relâmpagos, o que deixava-os mais propensos a esse tipo de acidentes durante a tentativa de reprodução.

 

Estava distraída, então apenas notou a presença de um outro aluno quando ele já estava ao seu lado, encarando fascinado o lebrílope a sua frente.

 

– Posso ajudar? – Lucy ergueu uma sobrancelha, nada amistosa.

O Serpentário gaguejou em nervosismo.

 

– Eu não consegui atrair um. Se importa… se eu também usar este para meu relatório? – questionou. Lucy lembrava-se dele vagamente de outras aulas de Trato das Criaturas e também de Alquimia: era Oliver Moore, um mestiço que não conhecia seu parente bruxo, diziam por aí.

 

–… Claro – Lucy lhe ofereceu a folha, ainda um pouco irritada por ter sido atrapalhada em um momento de interação com um animal. – Você pode copiar minhas anotações.

 

Oliver balançou a cabeça em negação.

– Não, obrigado.

E se colocou a anotar as suas no próprio relatório.

 

Isso deixou Lucy um pouco desconcertada; geralmente as pessoas a procuravam justamente para copiar seu trabalho e conseguir pontos na matéria.

 

De repente, seus ouvidos ouviram uma movimentação, e a lebrílope frente a eles pulou para longe, assustada. Oliver lamentou, frustrado, e Lucy se levantou, apontando para a fonte do barulho: um lebrílope, bem maior que o anterior.

 

Os olhos de Oliver se arregalaram, e instintivamente, começou a se aproximar da criatura, mas foi puxado pelo casaco por Lucy, quem o parou.

 

– O que está fazendo?! Não se aproxima de uma criatura selvagem desse jeito, especialmente de uma territorialista como o lebrílope! – aquilo não era óbvio? Lucy achava que sim, mas o Oliver pareceu confuso, apesar de ter parado de avançar.

 

– Então… Como eu faço? 

 

Lucy demonstrou, mas sem se aproximar da criatura propriamente dita. Oliver decorou rapidamente todos os movimentos da colega, os repetindo em seguida, andando agachado e lentamente, com o copo de uísque abaixado, mas ainda frente ao corpo.

 

O lebrílope ficou parado em suas duas patas traseiras, sem reação, parecia estar atento aos movimentos de Oliver e os sons ao redor. 

 

– Pare – Lucy avisou, e Oliver acatou, parando há mais de um metro da criatura. – Espere. Ele precisa saber que você não é uma ameaça. Se ele quiser cheira-lo, deixe.

 

Demorou um pouco mais que um minuto para o lebrílope voltar a se mexer, se aproximando com um pulinho cauteloso para perto da mão de Oliver. 

Sentindo o cheiro da bebida, a criatura não hesitou, enfiou o focinho no copo, que começou a se mexer na mão de Oliver; a criatura bebia o uísque – de sua mão!

 

– Não o deixe beber tudo ou ele vai embora… – aconselhou Lucy, ainda parada atrás de Oliver. Ela se esticou um pouco para poder ver por trás de suas costas, e ficou surpresa ao vê-lo sorrir tão abertamente. 

 

– Ai faz cócegas… – riu Oliver, quando o lebrílope começou a lamber seu casaco, onde havia o cheiro de uísque. – Ei – ele virou o rosto para Lucy. – O que são essas esferas estranhas nele? Ele está doente?

 

– Isso – Lucy pressionou a boca, segurando uma risada. – São os testículos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Já tinha alguns dias que o assunto da escola não era outro além das brigas entre a serpentária Louisiana Lemming e os alunos da Pukwudgie. Robin tinha ouvido de uma colega que a garota havia até mesmo entrado com uma petição para que as torres fossem mudadas – uma loucura só. Isso, somado ao fato de ter se envolvido não em uma, mas duas brigas com os alunos da casa em questão, a faziam alvo de muitos comentários nocivos e rumores absurdos.

Alguns, tinha ouvido falar, eram verdadeiros, mas ela pouco se importava com esse tipo de fofoca. Vincent também não parecia se importar, e enquanto estudavam juntos naquela tarde em que as nuvens finalmente descobriram o sol, comentou sobre o assunto.

 

– E ela está errada? – disse ele, retoricamente, concentrado demais em seus estudos. – Se a maioria dos alunos daquela casa não se esforça, não merecem regalias. Os fracos são sempre esmagados pelos fortes, é assim que é.

 

Robin parou seus olhos sobre ele, parando de escrever. Em breve fariam um ano de namoro, mas a loira ainda achava estranho o quão pouco Vincent a permitia o conhecer, e em momentos como aquele, ficava surpresa com suas respostas.

 

De qualquer forma, o fato era que os rumores estavam afastando as pessoas ainda mais da garota, e, acima de tudo, do Clube em que Louie era vice-presidente. Uma dessas pessoas era Oliver, que estava receoso em entrar no clube, apesar de ser seu desejo desde o ano anterior, quando não havia vagas. 

Mas naquele dia ele reuniu coragem e marchou até o segundo andar da torre principal, onde ficavam as pontes móveis do castelo, do lado de fora. No entanto, não seguiu até elas, adentrando numa das únicas salas do corredor antes da biblioteca, com um cartaz em letras impressas:

 

 

Clube de Escrita

Vagas Abertas

 

O cheiro de tinta adentrou suas narinas assim que pisou dentro da sala. Era um pouco escura, mas havia uma parte bastante iluminada, e era nela onde estavam a maior parte dos participantes do clube, ao redor de uma máquina datilográfica. 

Entre eles, é claro, estava a loira baixinha mais mal falada do momento, Louie, digitando alguma coisa na máquina, enquanto os colegas pareciam dar palpites.

Oliver ergueu a mão com timidez, acenando para que notassem sua presença. Foi notado. Todos os quatro alunos levantaram o rosto, um após o outro, para encararem Oliver.

 

– Ainda estão com vagas abertas? – perguntou por educação. 

As faces se entreolharam, boquiabertas, não exatamente a forma como Oliver havia imaginado ser recepcionado. 

 

– Estamos com vagas, sim – respondeu Louie, com a expressão mais séria que já havia visto em uma terceiranista. 

 

Logo, ela e outro colega começaram a explicar como funcionava o jornal, suas etapas, os cargos e deveres de cada aluno, suas diretrizes, etc, etc. 

 

– Prazer – um garoto Trovo-Ave cumprimentou Oliver, tinha a pele escura e os olhos num tom claro de azul. – Sou Caleb Gilson. Sou eu quem cuida das fotografias e imagens do jornal, sou o Fotógrafo. 

 

Caleb parecia simpático, e apresentou o pequeno clube e seus membros a Oliver, um por um.

 

– Até o momento temos uma redatora, uma editora e um revisor. A Louie é nossa editora-chefe… e única editora, na verdade – Caleb se virou, após mostrar a sala escura onde revelavam as fotos, olhou para baixo, franzindo o cenho. – Nossa antiga editora… Bom, acho que você sabe o que aconteceu com ela – Ele devia estar falando de Pham Ly Lan Sang, a garota desaparecida, antiga membro do clube. 

 

Oliver não sabia dos detalhes, mas sabia que era um dos motivos de não ter quase ninguém – além dele – vindo se inscrever no clube naquele ano.

 

Caleb sorriu após o momento de tensão, olhando nos olhos de Oliver.

 

– E você? O que sabe fazer? 

 

Era uma boa pergunta, pensou Oliver, sem ideia de uma resposta.

 

 

 

 

 

 

 

 

Aproveitando a tarde ensolarada, Thomas se exercitava do lado de fora do castelo, na colina próxima ao lago, ao lado dos muros. Era permitido a todos os alunos do terceiro ano em diante ficarem ali fora, durante o dia, mesmo sem supervisão. Não era permitido, no entanto, adentrar o bosque ou áreas escondidas – por motivos óbvios.

 

Ele ainda estava se esticando, mas pretendia fazer uma caminhada pelo entorno do castelo e quem sabe ao redor do lago. Enquanto fazia seus alongamentos, vestindo uma blusa de algodão de mangas curtas, notou algumas das garotas que faziam um piquenique ali próximo o observando. 

Ignorou, continuando a alongar e estalar seus membros e articulações, mas logo começou a ouvir risadinhas, que, sinceramente, o desconcentraram. 

 

Começou a correr sem terminar os alongamentos. Seu ritmo não era rápido, mas era consistente, e em pouco mais de dez minutos conseguiu dar a volta no castelo, descansando dessa vez mais distante das garotas fuxiqueiras.

 

Sentou-se na grama e bebeu sua água, arfando pelo esforço, já estava desacostumado após tantos meses parado. Em meio a sua respiração alta, sequer notou que uma das garotas se aproximou dele, com uma folha em mãos.

 

– Você parece ter um físico bom, né? – comentou, junto a um sorriso malicioso, se abaixando e o oferecendo a folha. Thomas olhou da folha até a garota, desconfiado, mas por fim a agarrou. Era uma folha de jornal impresso, com o nome "Ilvermore" no título.

 

Ele levantou o olhar com uma sobrancelha arqueada para a jovem, que colocou uma das mechas do cabelo escuro atrás da orelha antes de responder:

– As vagas para os times de quadribol já estão abertas – ela deu as costas, mas não sem antes sugerir: – Devia se inscrever. 

 

E voltou para as amigas, que a esperavam de pé, e pareceram bem animadas quando ela retornou com novidades, dando risadinhas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As primeiras semanas passaram voando apesar dos problemas, e agora, Thomas estava jogando no time de sua casa, como apanhador não menos, antigo cargo que ocupava na Lufa-Lufa, quando ainda era um aluno de Hogwarts.

 

Naquela tarde de sexta-feira eles teriam treino, então tratou de se alimentar bem. Ignacio conversava com ele sobre algum músico que gostava, enquanto as corujas e os jornais chegavam. A atmosfera no salão estava calma e agradável, com o som baixo dos garfos e das conversas paralelas – até um grito estridente irromper pelo salão.

Thomas e Ignacio, assim como a grande maioria, levantaram seus rostos, assustados, procurando a fonte daquele desespero. 

 

– Mais uma briga? – questionou uma colega de casa, já bem farta. 

 

Mas não parecia ser o caso. A garota em questão, da Pumaruna, segurava o jornal O Fantasma de Nova York em sua mão, que tremia, assim como a outra, que levava a boca. 

Sua colega parecia tentar acalmá-la, mas também não aparentava estar nada bem.

 

Thomas trocou olhares com Ignacio, que rapidamente desenrolou o próprio jornal, e em sua primeira página, estava lá a notícia mais chocante que poderiam ler:

 

Ativista não-maj, Martin Luther King, é assassinado por atirador misterioso em Memphis, Tennessee, na noite desta quinta-feira, 4 de abril. 

 

 

 

 



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