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História Fora do Gelo - O Encontro - Parte 2


Escrita por: Otsumiyamoto

Capítulo 15 - O Encontro - Parte 2


— Como você conhece tantas pessoas? – Levy está verdadeiramente surpresa ao ver que absolutamente todas as pessoas que passam pela gente, nos cumprimentam... e eu chamo quase todas pelo nome.

— Avisei que sou popular – sorrio para ela – Ah, ali está o aniversariante. Vamos lá dizer oi.

Elfman é extremamente talentoso e embora qualquer um na sua posição pudesse se achar no direito de ser um babaca completo, na verdade, ele é até bem legal. Está cursando história, como eu, e parece genuinamente feliz em me ver.

— G., você veio! Aqui, experimenta isso – Ele me passa uma garrafa de… algo. É preta e não tem rótulo, então não tenho ideia do que está oferecendo.

— O que é isso? – pergunto, com um sorriso.

— Uísque caseiro. Essa merda é forte, coisa de homem.

— Ah, é? Então tô fora. Tenho um jogo amanhã à tarde. Não posso aparecer com ressaca de uísque.

 — Muito justo – Ele pisca para Levy – E você, gracinha. Quer um pouco?

— Não, obrigada.

— Elfman, Levy. Levy, Elfman – apresento.

— Eu sei – ele diz – Vi sua apresentação no festival de primavera no ano passado.

— Jura? Você estava lá? – Levy parece ao mesmo tempo surpresa e satisfeita, e me pergunto onde eu me enfiei esse tempo todo. Como posso ser o único que não sabia desses festivais?

— Pode apostar. E você foi incrível. Você tem uma boa voz menina. Minha irmã também ficou impressionada – comenta – Mirajane Strauss. Conhece?

Levy fica boquiaberta.

— Você é irmão da Mirajane? Que máximo, ouvi dizer que conseguiu um papel na Broadway este verão.

— Conseguiu sim – ele diz com um sorriso orgulhoso – Minha irmãzinha é estrela da Broadway. Coisa de homem, mesmo ela sendo mulher.

Levy sorri do jargão que Elfman sempre usa, independente de fazer sentido ou não e percebo que estamos chamando ainda mais atenção agora, que estamos conversando com o aniversariante e ela se quer percebeu.

Eu, por outro lado, não só percebi como também senti meu corpo todo em alerta ao notar uma pessoa em particular olhando pra cá.

Léo.

Aceno para ele, que retribui, então me viro e planto um beijo decidido na bochecha de Levy.

Ela puxa a cabeça, surpresa, então justifico o gesto aleatório, dizendo:

— Já volto. Vou buscar outra cerveja.

— Beleza – Ela se vira para Elfman na mesma hora, e os dois continuam conversando sobre a irmã. Mas não estou captando qualquer interesse romântico da parte dela, o que me produz uma pontada estranha de alívio.

A verdadeira ameaça está do outro lado da sala, marchando decidido na direção deles assim que me afasto dos dois. Contudo, eu o intercepto antes que ele possa alcançar a dupla, dando-lhe um tapa casual no braço.

— Leo, puta festa, hein? – Ele faz que sim, distraído, o olhar ainda fixo por cima do meu ombro, em Levy, com certeza.

 Droga. Será que está mesmo interessado nela? Não achei que a nossa farsa fosse resultar em alguma coisa com a qual eu precisasse me preocupar, mas, evidentemente, meu plano está funcionando muito bem.

E eu estou preocupado.

Léo só tem olhos para Levy e eu tenho que admitir que não gosto nem um pouco disso.

— Vem, vamos pegar uma bebida – digo ao perceber suas mãos vazias.

— Não, obrigado, tô bem assim – E já está passando por mim, indo direto aonde não quero que vá.

No momento em que Levy percebe sua presença, suas bochechas coram e uma expressão de espanto transparece em seus olhos, mas ela se recupera depressa e o cumprimenta com um sorriso hesitante.

Droga... DROGA! Minhas costas ficam mais rígidas e lembro do que Rogue disse.

          Quero ir até lá e tirá-la de perto de Léo. Quero puxá-la direto para os meus braços e beijá-la até o fim do mundo.

Mas não faço nem uma coisa nem outra, porque, desta vez, eu é que sou interceptado. Sheryll aparece em meu caminho, o cabelo rosa comprido numa trança sobre um dos ombros. Arrasou no visual com um vestido vermelho mínimo e saltos altos, mas sua expressão é desgostosa.

— Oi – diz com firmeza.

— Oi. E aí, beleza? – digo casualmente e ela se ofende.

— É sério? Você chega aqui acompanhado e é isso que me diz?

Merda. Metade de minha atenção permanece em Levy, que agora está rindo de algo que Léo disse. Por sorte, Elfman ainda está lá para servir de vela, mas não estou feliz em ver Levy e Leo parecendo tão íntimos.

O restante de minha atenção está em Sheryll, e tenho medo de que, de repente, ela possa fazer uma cena.

— Você disse que não queria uma namorada.

— E não quero – respondo depressa.

— Então como você explica ela? 

Ótimo. Não posso insistir que não estou num encontro, porque Léo precisa acreditar nisso. Mas, se disser que estou, Sheryll pode muito bem me dar um tapa.

— Ela não é minha namorada. É um encontro, sim, mas não é sério, o.k.? – digo baixo.

— Não, não está nada o.k. Gosto mesmo de você! E se você não gosta de mim, então tudo bem. Mas pelo menos tenha a decência de…

— Por quê? – Sou incapaz de deter a pergunta que me veio à ponta da língua da ultima vez, quando terminei nosso caso.

— Por que o quê? – ela diz, confusa

— Por que você gosta de mim?

Ela fecha a cara, como se estivesse realmente ofendida pela minha dúvida.

— Você nem me conhece direito, não é? – insisto – Nem tentou me conhecer.

— Não é verdade – ela tenta argumentar, mas sua expressão preocupada a entrega e eu sorrio descrente.

— Nunca tivemos uma conversa pra valer, Sheryll, e nos vimos dezenas de vezes desde o verão. Você não quis saber um único detalhe da minha vida pessoal. Minha infância, ou da minha família, ou das minhas aulas. Meus amigos, meus interesses… que merda, você nem sabe a minha cor preferida, e isso é o mínimo quando se está conhecendo outra pessoa.

— Claro que eu sei sua cor preferida.

          “Uau, ela sabe minha cor preferida”. Ironizo mentalmente e deixo escapar um longo suspiro

— Ah, é? E qual é?

— Azul

— Na verdade, é preto – A voz nos interrompe, e logo depois Levy aparece ao meu lado. Estou tão aliviado que quase lhe dou um abraço de urso – Alias, desculpa interromper, mas faz tempo que você foi buscar uma cerveja, se perdeu no caminho? – Levy disse provocativa

— Bem, fui interceptado – digo, olhando para Sheryll

— Oi. Prazer, Levy. Desculpa, mas preciso roubá-lo um pouquinho – Levy disse e grudou no meu braço, me puxando em direção a cozinha.

Sheryll não se opõe; na verdade não se manifesta.

Uma vez que estamos fora de vista, agradeço baixinho:

— Obrigado por me salvar. Ela estava prestes a se debulhar em lágrimas ou a chutar meu saco.

—Tenho certeza de que a última opção teria sido bem merecida – ela responde com um suspiro – Deixa eu adivinhar: você a magoou.

— Não – digo irritado – Mas acontece que a nossa separação amigável não foi tão amigável quanto achei que tinha sido.

— Ah. Entendi.

— Quer dizer que a minha cor preferida é preto? Por que você acha isso?

— Porque absolutamente todas as suas camisetas são pretas.

— Talvez porque preto combina com tudo. Já pensou nisso? – Sorrio – Não significa que é minha cor preferida.

— Qual é a sua cor preferida, então? – ela diz quase com desdém.

Solto um suspiro.

— Preto.

— Rá! Sabia. E aí, temos que nos esconder no corredor até o final da noite para evitar a menina?

— Aham. A menos que você queira ir embora – Digo esperançoso. Perdi todo o entusiasmo pela festa, sobretudo agora que Leo chegou – Pelo que eu vi, seu gato já mordeu a isca. Então, se formos embora agora, você vai deixá-lo querendo mais, que era o nosso plano, certo?

— É, acho que sim. Mas… – ela hesita

— Mas o quê?

— Estava gostando de falar com ele.

Estaria mentindo se dissesse que isso não me acertou em cheio no coração.

Não acredito que estou mesmo interessado na Levy.

O plano era simples: ter seus serviços como professora. Ponto. Mas agora…

— Sobre o que vocês conversaram? – pergunto, e espero que ela não tenha percebido o rancor na minha voz.

— Sobre as aulas. Futebol. O festival de inverno. Ele me perguntou se quero tomar um café um dia desses e estudar ética com ele.

— O que? Você está brincando comigo? – explodo – Ele está dando em cima da minha garota bem na minha frente?

— Não estamos juntos de verdade, Gajeel – o brilho divertido nos olhos dela me desconcerta.

— Ele não sabe disso, sabe? – Não posso controlar a raiva – É isso que você quer? Um cara que dá em cima da garota de outro homem descaradamente?

— Não – admite, depois de uma longa pausa – Mas… Não tinha nada de sexual no convite. Se estivesse dando em cima de mim, teria me convidado para jantar. Tomar café e estudar pode ser interpretado como uma coisa entre amigos.

Levy pode estar certa, mas sei como homens pensam. Aquele metido a besta estava dando em cima dela bem na cara do sujeito com quem ela foi para a festa...

— Isso é canalha demais. Ponto final.

— Gajeel… – Sua voz torna-se cautelosa – Você sabe que aquele beijo... não significou nada, não é?

— Hmm – a pergunta me pega desprevenido – Sei. Por quê?

Claro que eu sei. Se tivesse significado alguma coisa, ela não teria enfiado a língua na garganta do Rogue segundos depois.

— Porque somos apenas amigos… certo?

A determinação em sua voz me incomoda, mas sei que agora não é o momento de discutir isso. O que quer que seja. Portanto, apenas faço que sim com a cabeça e concordo.

— Tudo bem, talvez devêssemos ir embora. Acho que já socializamos bastante hoje.

— Claro. Como você quiser.

— Vamos só nos despedir do Elfman primeiro. Sabe, gostei dele. Não é nada do que imaginava…

Ela continua falando à medida que voltamos para a sala, mas não escuto uma única palavra. Estou muito ocupado lidando com a bomba de verdade que acabou de cair em minha cabeça.

Levy e eu somos amigos. Na verdade, ela é a única amiga mulher que já tive e quero continuar amigo dela.

Mas…Também quero ficar com ela.



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