História Forasteira... - Ingenuidade..

[Pov Lady Dimitrescu]

Sai do quarto onde a forasteira estava e fui para o meu.

"-COMO ISSO É POSSÍVEL????"

Meu coração batia rápido, não sabia o que pensar. Não queria acreditar que aquilo estava acontecendo.

Minhas mãos estavam suando, então tirei as luvas. O cheiro dela estava impreguinado em minhas narinas.

Cheguei em meu quarto. Sentia tudo girando, estava enjoada e tremendo.
Sentei-me na cama e comecei a tentar processar tudo que aconteceu hoje. Não costumo me abalar fácil, mas isso....

Vou até a minha penteadeira e me sento, abro a gaveta e saco um lenço, enrolado nele  havia um colar. Me lembro quando dei a ela de presente.

"- Que saudade, minha pequena."- apertei o pequeno colar contra o peito.

Apoio os cotovelos sobre penteadeira e deixo transbordar. Chorava de soluçar.
A anos não caio no choro assim.
Me sentia estranha e confusa.
Aqueles olhos.. parecia que eu, de alguma forma a via dentro deles. Era como se a essência dela estivesse lá.

Mas não era ela!
Como explicar tudo isso?? O brasão estampado nela, a marca no mesmo local que...
A irá toma conta.

"- MALDITO FORASTEIRO!"- lanço a penteadeira contra a parede.

Me sento novamente.
Como uma estranha havia sido capaz de acordar um sentimento que foi para o túmulo a tanto tempo.
Ou talvez não fosse tão estranha assim...

Precisava saber mais sobre tudo aquilo. Amanhã iria interrogá-la.

O mais prudente seria ligar avisando Heisenberg. Mas quero saber suas origens antes de entregá-la nas mãos da Mãe Miranda.
Algo em mim gritava para ir até o quarto dela.

"- CONTROLE-SE ALCINA! AMANHÃ VOCÊ TERÁ SUAS RESPOSTAS.. OU MAIS PERGUNTAS..."- levei a mão ao nariz e apertei os olhos.

"- Minha cabeça está me matando. Vou me deitar e me forçar a dormir. Amanhã será um dia cheio!"- murmurei para mim mesma.

Troquei minhas roupas, me deitei e após algumas horas rolando na cama, adormeci.

[Pov leitor]

Acordei pela manhã com uma das servas me chamando. Ela carregava um vestido rosa claro nas mãos.

"- Bom dia querida, vamos levantar? A Lady está lhe esperando em seu escritório. Ela odeia esperar. Não queremos vê-la irritada, não é mesmo?"

" Se ela realmente fizer o que fez no sonho da noite passada, realmente não quero vê-la irritada." - pensei.

Me levantei com dificuldade e fui até o banheiro. Me olhei no espelho e vi meu reflexo abatido.

" Estou um caco!"

Lavei o rosto e vi os pontos e hematomas espalhados pelo corpo. Aquela criatura acabou comigo.
Fui para o quarto e me vesti com a ajuda da serva. Prendi meus cabelos em um coque e saí do quarto sendo guiada pela serva.

Notei que era tudo muito lindo. Parecia um filme de época. Quadros, vasos e esculturas. Muito bem posicionados, deixando o castelo ainda mais bonito.

Enfim chegamos ao escritório.

Meu coração começou a acelerar. A serva bateu na porta. Ouvi alguém responder.

"- Entre."

A serva abriu e estendeu a mão me convidando a entrar. Entrei apreensiva. A serva de retirou.

"- O que será que ela quer comigo?"- pensei.

Ela estava de pé em frente a janela. Parecia pensativa.

"- Sente-se."- disse sem olhar para mim.

Me sentei e ela veio em minha direção, sentou-se do outro lado da grande mesa do escritório e me finalmente me olhou.

" Esses olhos....."- senti um arrepio me correr o corpo. Tentei disfarçar, mas foi em vão.

"- Costumo causar esse tipo de reação nas pessoas."- sorriu de canto. Imediatamente fiquei vermelha e me encolhi na cadeira.

"- Creio que não faz idéia de quem sou e nem de onde está."- falou ascendendo um cigarro e dando um trago.

Acenei que sim com a cabeça.

"- Sabe como veio parar dentro da minha propriedade?"

Mais uma vez acenei que sim com a cabeça.

Ela arqueou uma das sobrancelhas.

"- Vai me responder ou não sabe como falar?"- vi que estava se irritando.

"- Desculpe. É que estou muito confusa e meio desnorteada, não quis ofender."- me retifiquei. "- Bom, não sou daqui, na realidade sou brasileira. Sou bióloga, vim até às proximidades pelos boatos de criaturas estranhas que estavam aparecendo nessa região da Romênia. Um grupo dessas criaturas atacou eu e meus amigos e acabei me separando deles. Ela me perseguiu por muitos kilometros, me feriu e acabei entrando em sua propriedade para tentar sobreviver. Me desculpe o incomodo."- abaixei a cabeça. "- Se puder me conseguir algum meio de transporte, juro que lhe pagarei, eu voltarei para a cidade e não a incomodo mais."

Ela gargalhou alto. Se levantou, colocou as mãos na cintura e me encarou com aqueles olhos dourados brilhantes com um olhar que confesso, me fez sentir o pavor em seu mais puro estado.

"- Que gracinha! Quanta ingenuidade! Você realmente não faz idéia de onde se meteu?"