Eu estava com a cabeça cheia e eu não sabia o que seria da minha vida depois de amanhã.
Era véspera do casamento de meu irmão, véspera do dia que ele iria se casar com a mãe do filho dele e eu não sabia o que seria de nós.
Nossa relação estava extremamente delicada e mal conseguíamos conversar direito já que ele sempre estava ocupado com a noiva ou com os preparativos do casamento. E eu não podia fazer nada a não ser ver tudo tomando rumos que certamente me deixariam arrasado. Chorar já havia se tornado rotina, me esconder de Yifan e Tao que me perguntavam o que estava acontecendo era uma coisa que começava a se tornar frequente e para completar já fazia alguns dias que eu não tinha nenhum contato com Jongin, o que piorava tudo.
Talvez eu estivesse entrando em depressão... Ou talvez seja só uma fase onde minha tristeza está se sobressaindo sobre todos os meus outros sentimentos...
Respirei fundo e me levantei de minha cama, seguindo até a porta e a abri, fitando a escuridão daquele apartamento. Mordi o lábio e peguei meu celular, seguindo pelo corredor em direção a cozinha e assim me servi com um pouco de água e bebi de forma rápida. Enquanto eu deixava o copo na pia, ouvi o barulho da porta do quarto de Yifan se abrir e luz do corredor foi ligada e em seguida a da cozinha, o que me fez me questionar o porquê de eu mesmo não ter ligado antes...
—Tao acha que você está depressivo. –Yifan disse enquanto me olhava e eu rolei meus olhos, bloqueando a tela de meu celular. –E até que pode ser verdade a julgar pelo seu pijama estilo “queria estar morto”. –ri em ironia e cruzei os braços.
Só porque meu pijama parecia um pijama de vovô não significa que eu quero estar morto!
Ou pode significar mesmo...
—Você anda muito engraçadinho. –murmurei e ele assentiu, caminhando até a mesa e sentou-se em uma das cadeiras, indicando que eu fizesse a mesma coisa e eu rolei meus olhos, sentando-me a sua frente. –O que é?
—O que anda acontecendo com você? –me perguntou e eu abaixei a cabeça. –Não é só o Tao que percebeu que você está estranho, eu também percebi... Está parecendo até com a Marina Joyce. –riu de si mesmo e eu continuei o encarando de forma séria, o que o fez coçar a nuca e balançar a cabeça. –Brincadeiras à parte, o que aconteceu?
—Nada, Yifan, nada. –respondi e ele cruzou os braços sobre a mesa e eu suspirei. –É só uma fase ruim, mas vai passar.
—É o Jongin? Está dessa forma por causa dele? –me olhou curioso e eu encolhi meus ombros.
—Também... Aish, minha cabeça anda muito bagunçada! –resmunguei e puxei meus próprios fios, tentando não voltar a chorar. –Sabe quando tudo dá errado e parece que nunca essas coisas irão se acertar? –perguntei e ele assentiu, desviando o olhar de mim. –Eu me sinto assim no momento.
—Eu posso fazer alguma coisa para tentar pelo menos ajudar? –perguntou e eu neguei com a cabeça, fungando baixo e apertando meus olhos. –Sehun...
—Acho melhor eu ir dormir, afinal amanhã eu preciso fazer várias coisas. –o cortei e lhe sorri, mesmo que fosse forçadamente e me levantei, apertando com força o celular em minhas mãos enquanto eu seguia para fora da cozinha.
—Sehun. –Yifan falou e eu parei, não me virando para ele. –Apenas espere, as coisas sempre começam a dar certo no fim de tudo. –falou e eu senti meus olhos marejarem ainda mais. –Boa noite.
—B-Boa noite, Yifan.
Caminhei rapidamente de volta para o meu quarto e entrei logo trancando a porta. Respirei fundo algumas vezes e corri até a minha cama, me deitando e me tapando.
Eu queria acreditar nas palavras de Yifan, que as coisas começariam a dar certo, mas ao mesmo tempo eu não queria me iludir.
Tentei esquecer tudo, deixar minha mente livre para que pudesse dormir até que meu celular começou a tocar e eu me assustei. O peguei de debaixo das cobertas e fitei a tela, sentindo meu coração falhar uma batida ao ver o nome de Jongin.
Era a primeira vez que nos falaríamos desde o dia que ele havia me dito que iria embora...
—J-Jongin? –falei ainda surpreso quando atendi e me sentei na cama.
—Oi, Sehun-ah. –ele disse de forma suave e eu sorri apenas por ouvir sua voz. –Me desculpe ligar tão tarde.
—Tudo bem.
—Hm... Eu só queria me despedir. –falou e meu sorriso desapareceu no mesmo instante. –Eu queria te dar um último abraço e me despedir pessoalmente.
—A-Ah... Quando você vai ir? –foi bem difícil fazer aquela pergunta.
—O meu voo sai amanhã às 17h. Você podia ir comigo até ao aeroporto, claro, se quiser. –riu baixinho e eu sabia que ele estava envergonhado, sua risada soava daquele mesmo jeito quando ele ficava tímido.
—Às 17h?! Nossa... É que amanhã é o casamento do meu irmão, a cerimônia começa às 16:30. –respondi e meu coração apertou naquele momento.
—Ah, tudo bem. Então... Até algum dia, Sehun-ah. –falou e eu senti as primeiras lagrimas escorrerem por meu rosto.
—A-Até, Nini. –falei e apertei meus olhos. –B-Boa viagem.
—Obrigado, Hun-ah... E... Eu sei que não vale de nada, mas... Eu ainda te amo.
E assim a ligação se encerrou, o que foi o estopim para que eu começasse a chorar, sem me importar que fossem ouvir.
Porque aquilo tinha que doer tanto? Porque meu coração tinha que parecer destruído?!
Eu só queria entender aquilo.
•-• •-•
Havia sido bem estranho reencontrar meus pais depois de quase um mês e meio sem os ver, mas não foi tão diferente do que era antes de me expulsarem. Meu pai me olhou com sua típica expressão incomodada, e agora era uma mistura de incomodo com nojo. A mesma coisa eu podia dizer de minha mãe que nem sequer manteve contato visual comigo por mais de 5 segundos.
Mas nada doía mais do que estar dentro daquela igreja, esperando o que ia acontecer...
Eu estava sentado em uma das últimas fileiras, praticamente sozinho ali e a minha vontade de ir embora apenas aumentava a cada minuto que passava. Não deveria estar ali, não deveria ter aceitado participar daquela palhaçada.
Mas eu era um trouxa e trouxas sempre agem de um jeito idiota, querendo machucar-se a si mesmo.
Suspirei baixo e tirei meu celular do bolso do terno que eu usava, que havia sido emprestado por Tao e até que aquilo havia me caído bem. Fitei o horário e franzi o cenho já que já passava das 16h30 e nem meu irmão havia chegado. Olhei em volta e em seguida para o altar e parecia que não havia sido só eu a perceber aquele fato.
As noivas que deveriam atrasar, não os noivos...
De repente meu coração começou a acelerar e eu me senti completamente nervoso. Observei a porta atrás de mim e vi os senhores que descobri serem os pais de Minah visivelmente tenso e não era para menos.
“Cadê você, Luhan?!” –perguntei-me mentalmente e me assustei com meu celular vibrando em minhas mãos.
Desbloqueei a tela e engoli a seco ao ver o nome de meu irmão.
Luhan às 16:45
“Sehun?!”
Olhei em volta e eu já sentia uma gota de suor escorrer pela lateral de meu rosto.
Me às 16:46
“Hyung, onde você está? Estão todos aqui te esperando!”
Mandei e encarei o altar onde estavam meus pais e os padrinhos e madrinhas de meu irmão e de Minah. Uma nova mensagem chegou e eu rapidamente fui lê-la.
Luhan às 16:48
“Eu não posso fazer isso! Eu não posso me casar com a Minah, eu não a amo”
Luhan às 16:49
“Eu estou no hotel, te esperando.”
Meus olhos se arregalaram e eu olhei em volta, me sentindo completamente perdido. Encarei suas últimas mensagens e em seguida respirei fundo, bloqueando a tela e me levantei daquele banco, logo seguindo para fora da igreja.
Eu não podia perder aquela chance.
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