Uma das coisas mais interessantes sobre Hogwarts era que a escola era um dos lugares mais seguros do mundo bruxo, mas ainda sim, eles não se importavam muito em fazer perguntas sobre o sumiço de dois alunos durante alguns dias. Uma desculpa extremamente vaga de que eu havia me machucado foi suficiente para que nenhum professor fizesse mais perguntas.
Era óbvio que o Dumbledore sabia da verdade, já que além de ele sempre saber de tudo, minha mãe havia contado para garantir. O diretor havia ficado chateado com a atitude do Harry, mas não surpreso o que pelo jeito, só não havia passado despercebido a mim.
- Como é bom estar em casa. – Disse o Draco respirando profundamente assim que chegamos ao salão comunal da Sonserina.
O loiro teria se jogado no sofá se naquele momento um furacão, chamado Pansy, não tivesse vindo correndo e o agarrado em um abraço apertado e cheio de saudades, que quase havia me feito chorar de emoção. Quase. Nem mesmo o Draco havia cortado o clima, algo que normalmente ele fazia sem ao menos perceber.
- Eu também senti sua falta, Pan. – O loiro sussurrou depois de um tempo em que eles estavam abraçados. – Mas eu estou bem. – Disse ele sorrindo quando percebeu que ela não tinha intenção de soltá-lo nos próximos dias.
- Eu não teria como saber. – Se defendeu ela. – Você não me enviou uma carta sequer. Fiquei extremamente preocupada. – Então naquele momento ela pareceu perceber que eu estava na sala, o que foi um tremendo fracasso para o meu plano de sair em silêncio sem incomodar aos dois. – E a senhorita nem pense em fugir desse jeito. – Com um muxoxo me rendi e virei em sua direção novamente, mas achei que teria que enfrentar um interrogatório quando ela apenas fez cara feia, correu e me abraçou com força.
- Hei, Pan. – Disse assim que ela me permitiu falar, ou seja, depois de uns cinco minutos espremendo os meus pulmões.
- Eu fiquei tão preocupada! O boato que ouvi pela escola é que você se machucou e foi mandada para casa, para maiores cuidados. Mas nem eu e nem a ruiva recebemos notícias e a última vez que eu havia te visto foi naquele momento no salão principal. – Era bom que o diretor havia conseguido abafar tudo o que realmente havia acontecido, mas eu sabia que uma desculpa tão boba não colaria para a sonserina.
- Está tudo bem agora, não se preocupe. – Sorri tentando acalmá-la. – Não foi nada sério, mas eu te conto tudo no nosso dormitório. – Ainda era hora do jantar, mas já era tarde o suficiente para que nós pudéssemos ir para o quarto. – Boa noite, Draco. – Beijei a sua bochecha e o abracei antes de ir para o meu dormitório.
Assim que cheguei, peguei o meu pijama e fui para o banho sabendo que eu precisava mais do que nunca me sentir em casa, e que a Pansy não estava subindo logo atrás de mim, o que indicava que os dois haviam ficado conversando.
Quando saí do banho com meus cabelos recém lavados e já secos com magia, me senti revigorada. Era incrível o que um banho em nosso lar podia fazer. Não que eu não gostasse da mansão, mas ali eu me sentia segura, confortável e mais feliz.
- Conte-me tudo. – Disse a loira empolgada assim que entrou no quarto. Não aguentei e acabei rindo do seu jeito animado.
Por fim fomos até tarde da noite conversando. Primeiro contei a ela tudo o que havia acontecido com relação ao ataque do Harry, enchendo de detalhes para poupar o fato de que eu não poderia contar detalhes da minha estadia nos Malfoy. E depois ela me contou sobre as matérias que eu havia perdido durante o tempo que estive fora, já que não haviam lá grandes novidades do castelo.
- Você está com uma cara péssima. – Disse o Draco assim que me sentei na sua frente na mesa para o café da manhã.
- Obrigada. – Sorri amarelo sabendo que a dor de cabeça e o cansaço não permitiriam uma resposta inteligente, ou de preferência, mal criada.
- Bom dia para você também, Draco. – Pansy não estava muito melhor do que eu, mas ela já estava acostumada a acordar extremamente mal-humorada.
- Não venham com esse mau humor para cima de mim. Foram vocês que escolheram ficar acordadas sabendo que hoje era segunda. – Tanto eu quanto a loira olhamos para ele com cara de poucos amigos. Nós sabíamos disso, mas não precisávamos que alguém jogasse na nossa cara.
- Draquinho você consegue ser bem inconveniente às vezes. – A sinceridade da loira acabou me fazendo rir, o que melhorou um pouco o meu humor a caminho da primeira aula da manhã.
Assim como o período da manhã, a tarde passou rapidamente, e quando eu vi já estava mais uma vez no salão principal, porém dessa vez para o jantar. Voltar a estudar havia colocado a minha cabeça em ordem, já que era algo que eu gostava de fazer e que me mantinha longe da minha, caótica, vida amorosa.
- Eu sei que acabei de voltar para a escola, mas já estou com vontade de voltar para casa. – Disse um Draco cansado ao se jogar dramaticamente ao meu lado. Além das aulas, ele havia tido treino de quadribol.
- Não seja tão dramático. – Em certos momentos parecia que a Pansy conseguia ler a minha mente. – O natal já está quase chegando, e não é como se você estudasse muito durante as aulas. – O loiro mostrou a língua para ela em um claro sinal de maturidade.
- Durante as aulas ou em qualquer outro dia de vida, você quis dizer, Pan. – Completei com um leve sorriso maldoso que logo surgiu também no rosto da loira.
- Calúnia! – Era quase impossível entender o que ele estava tentando dizer, já que quando loiro estava com fome, ele comia e falava ao mesmo tempo. Percebendo nossas caras de enojadas ele revirou os olhos e engoliu antes de voltar a falar. – Eu estudo sim, só não me esforço quando percebo que não vale a pena.
- Você sabe que quadribol não é uma matéria, e Quadribol Através dos Séculos não conta como estudar, não é mesmo? – Levantei a minha mão para que a Pansy pudesse bater. Nós duas gostávamos de implicar com ele.
- Ha-ha. Muito engraçadinhas vocês duas.
- Ué? Mas estamos falando apenas a verdade. – Me segurei muito para não começar a rir da cara de inocente que a Pansy fez ao falar isso. Para ajudá-la a acompanhei em um sorriso angelical.
- Vocês ainda vão me deixar maluco. – Completou o Draco antes de rir um pouco das nossas provocações.
- Eu não pretendo fazer isso, mas você pretende não é mesmo, Pan? – Sussurrei para a loira que dessa vez estava ao meu lado. E eu não deveria ter feito isso em um momento que ela estava bebendo suco já que ela cuspiu um pouco e começou a tossir.
Mesmo não entendendo a reação da loira, já que ele não havia ouvido o que eu tinha dito, o Draco começou a rir, o que me fez rir também e deixou a Pansy corada. Eram raros os momentos em que a loira ficava envergonhada, e em todos eles, a causa sempre era relacionada ao sonserino. Chegava a ser frustrante o quanto ele era cego por não notar os sentimentos dela.
Porém com um estalo resolvi que já estava mais do que na hora de eu achar uma forma de juntá-los, afinal de contas o final do ano estava chegando e nenhum presente seria melhor do que vê-los felizes. Não só para mim, como para eles.
Eu precisava ser sutil, mas efetiva. Então enquanto os dois continuavam a conversar e rir, me prendi no meu próprio mundo de forma discreta. Todas as possibilidades precisavam ser levadas em conta, mas rapidamente, antes que o Draco voltasse para os seus tempos de galinha ou a Pansy desistisse de esperar.
- Terra chamando, Amy. – Saindo dos meus pensamentos de cupido olhei para o Draco, que parecia estar me chamando há alguns minutos.
- Oi. Desculpe. – Respondi com um pequeno sorriso. Mal sabia ele que eu estava pensando em como fazer ele se tornar uma pessoa decente.
- Estávamos dizendo para irmos indo para o nosso salão comunal. – Tanto o Draco quanto a Pansy sorriam compreensivos para mim, os dois sabiam o quanto eu conseguia me perder na minha própria cabeça às vezes.
- Ah sim, vamos sim. – Eu estava cansada depois de uma noite de pouco sono. E mesmo estando com saudades do Grün e da câmara, que eu não havia ido hoje por ter me esquecido disso no horário livre, levantaria mais cedo amanhã, mas iria dormir agora.
Por todo o caminho deixei que os dois conversassem, tomando cuidado para que a loira ficasse onde eu normalmente ficava, no meio, para ficar mais próxima do loiro. Estranhamente ele parece ter notado, e me olhou sem entender, até parecia magoado, porém eu não teria como contar os motivos para ele antes que conseguisse juntá-los.
Uma boa ideia era começar a deixá-los sozinho por mais tempo, principalmente nos momentos em que poderíamos estar juntos. Eu iria passar mais tempo sozinha, mas eu nunca fui de reclamar por estar só e além do mais era por uma boa causa.
- Boa noite, pessoal. – Disse com um sorriso cansado assim que chegamos ao salão.
Não esperei para ver se a Pansy iria subir, mas ao sair do banho ela ainda não havia chegado, então apenas me deitei na cama e de tão cansada que estava dormi sem nem ao menos perceber. Amanhã começaria a arquitetar os meus planos logo cedo. Talvez não seria fácil, mas dessa forma seria ainda mais divertido.
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