O que acaba de acontecer? É somente o que eu penso quando Peter solta os meus lábios. O olho de forma fixa.
- O que foi isto? - a minha mente está em Kasper. O que raios eu acabei de fazer?
- Algo que desde que vi-te quis fazer mas que preferi esperar. - Peter diz com naturalidade. - Não querias?
O problema é que eu também queria. E quero. Oh raios.
Peter entende o meu silêncio como um sim, e volta a beijar-me. Desta vez com as suas mãos na minha cintura de maneira a prender-me no seu corpo. Coloco minhas mãos junto aos seus cabelos e puxa-os mais para mim.
O toque do meu telemóvel é o despertar da minha realidade. Afasto Peter e pego o aparelho que toca incessante.
- Oi.
A minha voz falha pois Peter aproveita que eu virei-lhe as costas e cola o seu corpo ao meu.
- Esta tudo bem amor?
A voz de Kasper faz-me sentir pior do que eu já estou.
- Sim, está. E tu, como estás?
- Com saudade. - ele fala de um jeito meigo o que provoca em mim um sentimento maior de culpa.
- Acredito. - reprimo um gemido pois Peter começa lentamente a alisar o contornos do meu corpo.
- Estás mesmo bem? Pareces estranha.
Talvez porque eu tenha acabado de trair o que quer que nos tenhamos com o teu próprio pai.
- Impressão tua. Desculpa, eu vou ter que desligar pois tenho que ir. - paro de falar quando Peter beija o meu pescoço. Ainda bem que não está muita gente na rua.
- Ir? - Kasper fala.
- Trabalhar. Vemos nos logo. Beijos.
Nem o deixo falar e desligo logo a chamada. Peter quando compreende que deixo de estar a falar, vira o meu corpo e beija-me novamente.
- Para Peter.
O afasto, com a respiração ofegante.
Ele humedece os lábios e olha-me. Respiro fundo.
- Eu, eu tenho que ir.
Praticamente corro até ao outro lado da estrada. Que caralhos aconteceu? Que merda eu fiz, e porque eu quero tanto isto?
Terceira pessoa
Kasper acaba de chegar com a restante seleção do dia de folga. Ele foi contrariado, pois o que mais queria era ter aproveitado o dia com a mulher que desde a primeira vez que ele a viu, sabia que era a tal. O tipico clichê mas que ele não ligava a isso.
Mal ele pisa no hotel, a intenção é ir até ao elevador e subir até ao andar do quarto dela. Do quarto que agora era deles, onde ele tem passado as noite desde há quase duas semanas. O pedido que ele quer fazer esta pronto e ele só espera uma resposta positiva.
O primeiro passo que dá em direção ao elevador é parado pelo seu pai.
- Onde vais com tanta pressa filho?
Kasper restringe ao máximo a vontade de soltar um suspiro alto.
- Tenho algo para resolver pai. É importante. - ele fala meio rápido.
- Até pode ser mas há dias que não falamos e eu nem vejo-te. Por isso, o teu assunto que espere pois vamos jantar.
Kasper deixa que a sua indignação saia e bufa mas acompanha o pai. O restaurante é uns metros mais à frente. Eles entram e sentam-se na mesa já reservada. Fazem o pedido ainda no completo silêncio entre os dois.
- Porque andas desaparecido filho?
Peter pergunta enquanto pega o copo à sua frente.
- Eu conheci uma mulher pai. Eu estou apaixonado.
Peter transparece a surpresa. Sorri ao mesmo tempo que o filho explica o que sente. Para ele é ótimo sentir que o seu menino, mesmo que já adulto descubra o amor.
- E ela retribui isso filho?
- Eu acho que sim pai. Nos temos dormido juntos todas as noites. Ela é incrível e tão meiga.
- Espero que ela não brinque contigo nem tenha a ideia de magoar-te.
- Eu também pai.
Os dois apreciam o prato por alguns minutos em silêncio.
- Mas tu também andas mais alegre pai. Desde que o divórcio com a mãe que não via esse sorriso.
- É por duas razões filho. Primeiro estou contente por ti. E depois, eu também encontrei alguém.
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