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História Forgivable - Um bom marquês bebe vinho e carvalho


Escrita por: zandollar

Notas do Autor


muito obrigada pelos comentários no capítulo anterior e pelos favoritos. boa leitura ♡

Capítulo 5 - Um bom marquês bebe vinho e carvalho


A minha alma está armada e apontada para a cara do sossego.

— Tenho cara de americana?

A mão de Louis sai dos quadris de Phoebe, e o corpo magro dela foge dos braços dele que a estavam prensando contra a lataria do carro, e eles interrompem o beijo quase pornográfico para me responder.

— Você é.

Ele diz, sem fôlego, limpando a garganta. Phoebe puxa o decote do vestido para cima, porque mesmo que a peça tenha alças, está um pouco desajustado naquela área. Suas mãos param nos cabelos loiros iluminados com mechas mais loiras ainda, onde ela passa os dedos para colocá-los em ordem. Fico meio sem reação, é como eu disse há algumas horas, não sou mãe de ninguém.

— Um cara falou comigo em inglês sem eu ter dito nada, parece que a minha nacionalidade está estampada na minha testa.

— Mas está. — Louis diz, curto de novo.

— Quando foi que você chegou? — pergunto, irritada. Louis apenas ergue os ombros.

Phoebe dá um passo para o lado, exibindo sua embriaguez.

— Maddie, você não tem o biotipo das latinas. Tem uns traços gringos... além de ser meio fantasmagórica.

— Hum.

O vento gelado da madrugada traz alguns respingos de água, aperto o celular novíssimo em minha mão e ando em direção ao carro, sentando-me ao lado de Raven, meio desacordada no banco de trás. Mas enquanto fecho a porta, o mesmo homem pretensioso que estava do meu lado há dois minutos sai do clube segurando a cintura de uma mulher com uma mão e tragando um cigarro com a outra, enquanto a ruiva ri ao olhar pra ele. É quando seus olhos percorrem a rua vazia e encontram os meus. Ele pisca, sorrindo e em poucos segundos some rua abaixo.

Cruzo minhas pernas e reviro os olhos, levantando os vidros. Ninguém merece. 

— Maddie, deixo você na sua casa ou na república? — a minha casa não é tão pequena, mas usamos a república para se referir a mansão dos meus pais.

— Na minha casa. 

Durante o caminho, ficamos sob o silêncio das rodas contra o asfalto úmido e aproveito para responder as mensagens de Zayn. Não consigo deixar de pensar no que ele está fazendo, com quem ele já se encontrou e para fazer o quê, mas nada disso me incomoda tanto quanto não poder conversar muito com ele. Zayn não gosta de correr o risco de trocar mensagens ou fazer ligações quando está fora. Ele manda uma brincadeira ou uma piada só para dizer que tá vivo, e eu preciso lidar isso.

Então você está procurando minha bunda em outras?

Aperto no botão de enviar e meu olhar cai sobre meus dedos... vazios. Minha boca se abre e eu fico assim por um bom tempo, me xingando mentalmente. Eu estou sem aliança. Que merda, é por isso. Jogo minha cabeça para trás no apoio do banco, e não consigo evitar o sentimento de culpa até chegarmos em casa e eu ir direto para a cozinha afogar minha raiva em qualquer teor de açúcar. 

Porém, ao abrir a dispensa, uma voz involuntária e nada familiar invade a minha cabeça quando leio o rótulo branco de uma garrafa de vidro bem cara.

Veja você mesma, não vai acontecer nada com sua costela.

Um pouco receosa, pego o Marquês de Riscal da minha coleção de vinho, leio informações suficientes para saber que o líquido tem gosto de uvas frescas com carvalho, e então rasgo o lacre. Ao lado do balcão na sala, pego uma taça no mostruário de várias delas e fecho a portinha cuidadosamente com o meu quadril.

Meu iPhone notifica mais uma sequência de mensagens do Zayn. Pego barras de chocolate, seguro com dois dedos a garrafa semiaberta pelo gargalo, e quando consigo equilibrar tudo em minhas mãos vou para o corredor ao lado da nossa cozinha, entre ela e a sala principal, e ele dá para outra sala de estar um pouco menor, onde nela há apenas um tapete felpudo cinza, uma televisão e um sofá pequeno. É o lugar ideal onde Zayn e eu gostamos de estar quando queremos ter um pouco de privacidade e estamos brigados, ou simplesmente queremos ver um filme ruim que não atrapalhe o bom que o outro está vendo na sala.

Coloco tudo no chão e me sento, encostando minhas costas no sofá e estico minhas pernas na pelúcia do tapete, aliviada com o conforto. Termino de abrir a garrafa e um dos chocolates, deixando as barras em minhas coxas e desbloqueio o chat com ele enquanto seguro o vinho com a outra mão, levando à minha boca pela primeira vez. Não contenho uma careta, é amargo pra caralho.

Him ♡: Eu não sou imbecil de procurar em outras mulheres o que só a minha tem.

— Convencido — mordo um chocolate sneakers e escrevo de volta.

Cuidado tentando acreditar nisso, você pode acabar encontrando o que não quer.

Uma coisa é certa: Zayn me faz sentir como uma adolescente de dezesseis anos de e uma mulher poderosa de trinta. É o equilíbrio perfeito para me sentir incrível ao lado dele. Sempre voltamos de volta a época onde cada conversa era novidade, cada uma das vezes em que ele me deixava sem palavras era surpreendente, e eu sempre ficava vermelha de vergonha, dando a ele o que ele queria. E eu não sei se ele faz de propósito quando me coloca em um pedestal, mas já deixou bem claro que é lá que eu preciso estar. É o que mais amo sobre ele.

Zayn me tem como a pessoa mais importante de sua vida. A mesma coisa que sinto por ele.

Him ♡ Eu já encontrei, e eu quero.

A chuva começa. Olho através da janela de vidro nos fundos da sala, me perguntando por quê diabos está chovendo em uma madrugada de pleno verão e por quê eu estou bebendo sob o conselho de um mala de um clube de dança qualquer.

Mesmo com os olhos fechados, a sequência do som irritante de dedos estralando ainda é conhecida demais por mim.

— Acorda, pão de mel.

Tenho certeza que a costela de Louis ainda está marcada com o punho do meu pai por causa dos apelidos que ele escolhe para um de nós.

Abro meus olhos, me deparando com os seus azuis bem em cima de mim, e sem querer me sinto naquelas cenas de filme onde a enfermeira curiosa sonda o paciente que está acordando de um coma.

— Você tem um total de zero motivos para me acordar — resmungo, voltando a dormir.

— Na verdade, eu tenho vários — sinto sua mão puxando a minha e uma careta é involuntária quando minhas costas saem do contato com o chão.

— Droga — levo minhas mãos à lombar, massageando o latejo.

— O prazo de babá da Izzie se esgotou e ela já foi embora, a Raven está recuperada da ressaca porque tomou um ácido antes de começar a beber, e ela está com Madelyn lanchando para ir ao psicólogo porque sim, ela conseguiu uma consulta para as quatro horas e como sou eu que vou levar ela até lá, você cuida dos seus irmãos. O que não deveria ser nada além de obrigação sua já que seus pais estão em Punta Cana transando mais do que eu já transei na minha vida inteira.

— Eles vivem melhor do que todos nós — afirmo, meio invejosa com a química dos Woolery, mas dispensando a sequência das imagens que invadem minha mente. — Cadê o Niall nessa história? A Phoebe? Eu não moro mais lá, Louis, mas os meus irmãos não estão sozinhos,

— A Phoebe tá de ressaca e o Niall tá de enfermeira — reviro os olhos. — Deixa de ser uma mala e vai cuidar dos teus irmãos, mulher. 

Mesmo com a expressão aborrecida que eu lanço, Louis me ajuda a ficar em pé e me dá um copo de água gelada.

— Nós vamos falar sobre o que eu vi ontem ou você vai tentar me convencer de que eu estava bêbada?

— Não vou insultar você, Maddie, nós dois sabemos o que você viu.

— Obrigada.

— Mas só para constar... você me viu beijando uma mulher maior maior da idade.

— Louis, eu não tô acusando você de nada.

Acho que ele está um pouco traumatizado pela última vez em que se encontraram. Louis e Phoebe não tem um histórico muito bom com o Zayn, e não sei se ele se importa com isso, mas ele sabe que significa alguma coisa. Claro que ser mulher é naturalmente preocupante para as figuras fraternais, porque o perigo contra as garras masculinas existe desde o berço. Mesmo assim, eu sei que Zayn é relevante e quase indiferente aos interesses amorosos dela.

— Louis — ele para sua boca no processo de explicação e me olha atento. — Não é da minha conta. Só ia dizer para tomarem cuidado, sei lá, para não engravidar, ou magoar ela.

— Ah, não se preocupe com isso então, eu sei curtir, Madison. Acho que você lembra — ele pega o copo e eu sorrio, sem graça alguma. — Vai tomar um banho, vou te esperar aqui pra gente ir. Tem cerveja?

— Tem a do Zayn na geladeira. Pode pegar, depois eu compro mais.

Subo para tomar banho e não demoro nisso, já que Louis precisa se juntar às Payne para o lanche da tarde. Os últimos raios de sol invadem as entradas de janelas e persianas pelos cômodos da casa inteira, me lembrando de fechar tudo antes de sair.

A primeira pessoa que eu encontro quando chegamos a república é Niall com uma tigela vazia.

— Curei a ressaca da Phoebe, ela conseguiu ir até o banheiro.

— Posso te contratar também? — eu não tô exatamente mal, mas incomodada é o suficiente para descrever a reação do vinho de ontem à noite. Niall diz que vai preparar um café e eu subo para encontrar os meus irmãos, já que o restante do dia vai ser dedicado a eles.

Phoebe é a primeira que encontro no corredor em direção aos primeiros quartos.

 — Oi, a sua irmã perguntou se eu podia fazer as sobrancelhas dela, mas como sua mãe não está aqui, o que você acha?

— Você sabe mesmo? — ela assente, com a pinça verde em mãos.

— Sim, eu fazia das garotas da minha turma para os bailes do colégio. Elas me elogiavam bastante.

— Vai em frente, mas ela é pode ser bem chorona.

— Niall disse que ela é pisciana.  — solto uma risada e empurro porta do quarto que era eu. — E não, eu não sei por quê ele sabe dessas coisas.

— Ele fica com uma estudante de astrologia da vizinhança, às vezes. Jordana, eu acho. Vou já ver vocês.

Entro no meu quarto e ligo o youtube da televisão em uma playlist de Amy Winehouse. A casa consegue ser bem quente por estar mais perto do mar e por causa disso, o aquecedor tá sempre no médio. Aproveito que tenho roupas extras no closet quase vazio e troco minha saia colada por um vestido de alcinhas soltinho acima dos joelhos.

Só por precaução, pego no armário do banheiro uma das pomadas que Zayn usava nas tatuagens recentes e passo na minha, com uma ponta de arrependimento por ter bebido porque um cara disse que era legal. 

Estou discando o número de Zayn quando ouço meu nome sendo chamado.

— Maddie, não posso sair daqui, atende lá!

Atende lá o quê? Vou até o quarto das meninas e vejo minha irmã deitada na perna de Phoebe, que remove os pelos de sua sobrancelha.

A campainha toca.

— Ainda?

— Eu comecei pelas unhas.

— Não estamos esperando ninguém — afirmo, receosa. Ninguém tocava a campainha, todos tem suas respectivas chaves. — Quem é?

— A transportadora, esqueceu? Vai logo, eles não gostam de esperar.

Saio do quarto e apago o número do Zayn, digitando o do meu pai no lugar. Meus dedos percorrem o corrimão quando ele atende.

— Oi.

— A transportadora chegou, o que eu faço? — tem uma música espanhola tocando no fundo r uma mistura de vozes bem intensiva. A campainha toca mais uma vez e eu acelero meus passos.

— Guie o caminhão para os fundos da casa, eles vão descer com o guincho e você mesma pode estacionar eles no jardim, e não precisa mais mexer até eu chegar. 

Ok.

— Se o Bentley de 95 estiver nessa remessa, pelo amor de Deus, guarda ele na garagem.

— Como eu vou saber qual é? Eu não conheço nada de Bentley’s.

Quando chego à porta, vejo uma silhueta alta pela vidraça e automaticamente ajeito meus cabelos que desgrenharam com a correria que fiz descendo as escadas. Destranco a fechadura na maçaneta e respiro fundo, alisando minha roupa para parecer apresentável.

— Estão com etiquetas, e não esquece de assinar com o sobrenome de solteiro da sua mãe.

Madison Austen?

O homem ergue o rosto, mostrando o que estava escondido pelo boné quando olhava sua prancheta. Minha expressão vai da curiosidade ao tédio em segundos, e o sorriso dele, no entanto, só cresce ainda mais com um brilho de alegria. A surpresa é clara em seu rosto, mas não por causa da mesma feição de insídia que a minha demonstra.

Enquanto eu o olho e xingo o universo pela coincidência desnecessária, Chad me olha como se agradecesse a ele. Eu só não sei se ele agradecia por ter descoberto meu nome, ou pelo meu vestido, já que o encara seguidamente da barra ao decote.

Zayn

— Por que ninguém tá preocupado com o fato de que esse cara sabe o nosso endereço?

— Ele sempre soube, quem você acha que mandou os primeiros carros? 

Liam responde Niall. O mesmo guarda as mãos no bolso e nos acompanha em uma análise breve pelo local, suspirando com ansiedade. 

— É preocupante, por um lado... — Niall continua.

— Ryan confia cegamente nele. — respondo, também com a mesma ansiedade.

— Você confia? — ele me questiona. Cruzo os braços e cerro os olhos quando um caminhão estaciona lentamente na entrada do galpão.

— Não.

Um motorista usando boné desbotado e camiseta de flanela honra o falso estilo de caminhoneiro, ele nos olha e dá um aceno que indicava o convite para acompanhá-lo até a parte traseira da Dyna.

— Zayn Malik?

— Eu. — ele me olha, demonstrando confiança no olhar claro por baixo do boné.

— Twain.

Quem quer que Twain seja, ele se acha muito digno de confiança para que eu não dê cinco passos para trás, e quando gira uma chave no cadeado, levo minhas mãos ao cós da calça por instinto, sendo acompanhado por Liam que faz o mesmo e Niall apenas o observa com a curiosidade aguçada em seus olhos cerrado. 

Um clássico Seat 850 vermelho surge do Leste e estaciona á uma certa distância de onde estamos.

— Trouxe reforços? — Liam indaga para o homem que tem suas mãos e rosto concentrados no que faz.

— É sempre bom. — solta o cadeado e vira de costas. — Pronto, o resto é com vocês, podem pegar a bagagem.

Entreolho meu olhar desconfiado com os meninos e aceno em uma confirmação. É quando puxo minha arma da cintura, apontando para seu rosto e ele rende os braços, demonstrando conflito.

— Abre.

— Hm, não. Eu sou só o entregador, não o cargueiro.

Destravo o cão da pistola como uma forma de mostrar que eu não estou brincando, e muito menos que sou alguém paciente.

— Abre a carroceria — repito, firme, tendo na mira do cano sua testa. Eu não tô afim de atirar, mas do mesmo jeito, eu não planejava aceitar os planos de alguém que eu sequer sei o nome. Ainda com os braços erguidos, Twain suspira meio derrotado e então puxa o ferrolho, jogando o cadeado no chão e puxando as duas portas da carroceira. O carro que o espera, buzina, mas é ignorado por ele que mostrava as inúmeras caixas que há ali. As caixas são etiquetadas com letras das quais não sou capaz de desvendar a maioria, mas outras não são enigmáticas de forma alguma.

AB A+ O-

Não precisa de formação ou para saber que dentro delas tem litros de bolsas de sangue, e tudo aquilo é o suficiente para dispersar minha atenção dos registros de armas russas. Foda-se as armas. Que porra o tráfico de sangue deveria para nós?

— Essa mercadoria não é de vocês, eu ainda tenho dois pitstop’s pela frente.

— Qual é a do sangue?

— Vai se foder. Querem que eu dê uma aula aqui?

— Você quer dar uma aula aqui. — afirmo, em tom de ameaça. Twain senta na barra do caminhão e cruza os braços sobre o peito logo depois de mandar um sinal de espera para o carro que o chamava.

— A China proibiu exames que ajudam gestantes a descobrir o sexo dos bebês, porque eles querem tentar diminuir o índice de aborto seletivo. Mas é óbvio que vivendo dentro de uma bolha vocês não saberiam disso. — Twain solta uma risada faceira, tentando transparecer despreocupação, mas eu sei que caras como ele tem medo de caras como eu e usam a distração para se sobressaírem, por isso não abaixo a arma. — Então muitas mulheres tiram sangue e ilegalmente mandam para laboratórios no exterior. Sabem quantas pessoas no mundo vendem mililitros e litros de sangue em troca de grana ou visto para entrar no país dos sonhos? A porra dos Estados Unidos é uma estrela para a maioria dos cidadãos do mundo, eu nunca vi algo assim, chega a ser insuportável. O tráfico de sangue é o quarto mais sucedido do mundo, só fica atrás do narcotráfico, tráfico de armas e mulheres. As pessoas vendem sangue por liberdade e informação, é um caos sem fim, vocês nem conseguem imaginar. Aqui tem sangue do libanês ao africano. Me deixa doente.

Olho para Niall e em seguida para Liam, mas não demoramos. Nós três sabíamos que a maioria daquela informação é nova.

— E o que traficantes fazem com essa quantidade absurda de sangue? — Liam indaga.

— Vendem para clínicas ilegais, médicos duvidosos. Fazem a porra do que eles bem entendem.

Os meninos entendem que aquilo é pergunta para depois. Também entendemos que Twain é sentimental e não passa de um emissário.

— Sobe lá e desembala o resto. — Liam ordena, apontando com a mira para os fundos do caminhão onde as etiquetas de algumas armas não podem ser lidas.

— Tá brincando comigo?

— Sério? Parece que eles tão brincando com você? — Niall ironiza, e com o mesmo sinal de rendição, Twain apoia as duas mãos e em seguida os pés, subindo e entrando na carroceria onde precisou desviar de várias caixas empilhadas para chegar às últimas, que é onde estão as maiores de tamanhos retangulares e pretas.

Ele mostra as dezenas de modelos das armas empacotadas, e logo sai de lá, voltando ao chão ainda com os braços erguidos.

— Vai com seu amigo. — eu falo, atraindo atenção dos meus amigos. — O resto fica.

— Beleza — ri com sarcasmo — Olha, caras, eu não tenho tempo pra brincadeiras de gangue, entenderam? Vocês já apontaram as armas, já ameaçaram, mas viram que a parada aqui tá correta, então peguem o que é de vocês e deem o fora daqui.

Tiro o rosto de Twain da minha mira e levo ao caminhão, atirando no pneu esquerdo da traseira, fazendo com que aquele lado da carroceria cedesse. Eu sei que Liam não me apoiava, mas ele é inteligente o suficiente para não discordar no meio de uma negociação.

— As armas ficam, o sangue fica, o caminhão inteiro fica aqui, cai fora. — aponto para o carro vermelho, cujo motorista de óculos escuros não move um músculo para fora mesmo com o meu comportamento. — Agora, porra.

Twain suspira e ergue os ombros, convencido ao ver que meu braço erguido tem seu comparsa sob alvo.

— É o seu funeral.

O carro logo vai embora e leva o motorista do caminhão flanelado em seu passageiro.

— Tá bom, que merda foi essa Zayn?

A indagação vem de Liam, porque Niall não podia estar mais indiferente enquanto sobe para verificar as armas com seus próprios olhos.

— Você ouviu sobre o sangue?

— Você ouviu que não era nosso?

— Liam, o cara que mandou isso sabe que é irresistível demais para pessoas como nós. Ele não passaria isso tudo na nossa cara se não pudéssemos pegar.

— Passaria sim, ele não dá a mínima para sua incapacidade de resistência — ele guarda sua pistola na cintura, visivelmente irritado. Mas Liam não era Liam se não passasse pelo menos uma raiva comigo por dia — Se isso era de outra pessoa, era de outra pessoa. Eles tinham um compromisso e você atrapalhou.

— Liam, sabe o Baronês?

— Vai começar.

O pseudônimo do maior traficante da República Dominicana é odiado pelo meu melhor amigo, principalmente pelo fato de que o cara não mora muito longe de nós, na zona nobre da capital. Payne repudia todos os meios de contatos que Ryan e eu mantemos com o cara e está sempre tirando seu nome de possíveis negociações locais com ele.

— Eu não estou tentando convencer você de nada, sei que o cara vai comprar essa porra e nós vamos lucrar uma grana preta cima disso.

Liam me encara, emburrado, e eu quase rio das linhas de expressão em sua testa. Eu podia contar nos dedos e elas não acabariam.

— E do que você precisa tanto que quer enfiar a porra do nariz nesse negócio sujo que é o tráfico de sangue? Caralho, Zayn, isso é bizarro até pra você.

— Maddie e eu queremos uma casa lá fora.

— Existem inúmeras formas de comprar uma casa e você pode fazer isso sem usar a mesma impulsividade de sempre.

— Eu sei que posso, mas não quero — travo minha arma e guardo quando ela está fria  — E você pode reclamar no meu ouvido, mas eu não saio daqui sem essa mercadoria.



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