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História Forgotten: A Volta de um Esquecido - Capítulo I


Escrita por: TaiTai_Sarah

Capítulo 2 - Capítulo I


Fanfic / Fanfiction Forgotten: A Volta de um Esquecido - Capítulo I

P.O.V: Kastiel

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Um Perfeito Staker

Ah! A noite.

Para muitos, o fim de um longo dia de trabalho, de estudos e preocupações, e o início do merecido descanso, para outros, o começo dessa jornada exaustiva... E claro, para a maioria dos jovens humanos, o começo da festa e da "diversão". E para ela, o começo do desespero. Todos os dias eu a observava e assim que o sol descia, eu prestava ainda mais atenção nela. Ela tem um dom, é sensitiva. Se quisesse e parasse de pensar que isso é uma maldição, sua vida, e suas noites seriam bem mais tranquilas.

Isso porque é a noite que nos dá liberdade, que nos deixa visíveis aos que querem nos ver, lembrar de nossa existência e de quem somos. Eu sabia que era impossível tirar esse "tormento" dela, mas fazia o possível. Mesmo que ela tenha se esquecido de mim, eu sempre protegeria aqueles longos cabelos castanhos e o sorriso cativante debaixo das minhas asas, sem me importar com as cicatrizes óbvias que isso me trazia.

Com a meia-noite, alguns de nós conseguimos nos tornar reais, mas com uma condição; Temos de estar pelo menos no subconsciente dos nossos "criadores". E toda vez que as doze badaladas tocavam, eu me sentia feliz, pois conseguia tocar a tranca da janela e entrar. Resguardava as asas fechadas, evitando derrubar algo. Meus pés se arrastavam pelo tapete fofinho, fazendo cosquinhas e os olhos fixos nela, admirando cada detalhe daquele rosto - quase - perfeito. Me sentei devagar na borda de sua cama, torcendo para que não acordasse, mas ela só se mexeu, virando o rosto ao lado em que estava sentado. Perfeita.

Se eu disser que ela dorme feito um anjo, estaria mentindo. Mas ainda sim, no meio daquela bagunça de fios e braços estirados, cobertores e travesseiros, ela parecia linda. Quase que instintivamente, algumas penas da minha linha de corte direita tocaram sua testa, descendo pela tez clara, iluminada pela luz da lua que passava pela fresta da cortina, e voltando à mim quando chegaram ao ombro.

(N/A: as "penas de linha de corte" são as penas da ponta da asa, ou também chamadas de "penas de voo primárias")

Meus lábios esboçavam um sorriso bobo, enquanto eu sentia meus olhos expressarem o amor mais tenro que podia existir. Eu nem sabia como tinha chegado nesse ponto, nesse estado de paixão por uma mortal, sabia apenas que ela era a única razão a qual eu me agarrava pra continuar nessa realidade, passando os meus dias protegendo ela de todos os outros que tinham tendido ao mal, mesmo que ela não fizesse a mínima ideia disso, de todo o risco que eu passava pra deixá-la a salvo.

Ah, e desculpe se deixei tudo meio confuso. Me permita explicar.

Existem várias realidades, mas só importam duas agora; a de vocês, e a nossa.  A de vocês tem toda essa parafernalha tecnológica, as guerras e as porcarias que o mundo vem lhes oferecendo. E nossa, dos espíritos das almas, tem o que eu gosto de chamar de 'subdivisões". Todos nós nascemos e somos criados bons, habitando o que vocês agora chamam de realidade desejada, mas alguns não aceitam o fato de que são esquecidos ou mortos brutalmente, e passam a aterrorizar os mortais, e para eles, só resta a subdivisão de Setealém. Tem jeitos de voces mortais irem para lá, mas eu os aconselharia a não tentar. Não são todos os que voltam sãos.

Eu sou um dos espíritos "criados"; eu já existia, mas foi ela quem me deu um corpo, personalidade e emoções. Meu nome é Kastiel Lykaios Devilmare (junção de Devil, demônio, e nightmare, pesadelo. Não que eu seja isso, mas fazer o que?) e por dois longos anos, eu fui o amigo imaginário de Sara Waterhouse, uma garotinha que com só doze anos, se encontrava num estado mental lamentável. Sua mãe nunca aceitou a própria descendente, odeia a menina e sempre que pode joga isso na cara dela. A minha pobre Sara não tinha capacidade de lidar com todo esse ódio, e entrou num estado de depressão profunda - o que também tinha de manter em segredo, já que sua mãe ia julgá-la como "possuída". Sem ajuda externa, ela despertou o seu dom pela primeira vez, me criando.

Sara é a última Waterhouse de linhagem sanguínea direta com Agnes Waterhouse, a primeira mulher executada por praticar a bruxaria no mundo.Eu ouço muitas histórias sobre ela, dizem que foi a primeira sensitiva que assumiu esse dom, que usou dele sem medo. Por isso, por essa sua intrepidez, foi lhe designada uma linhagem de sensitivos, de pessoas que assim como Agnes, não deveriam ter medo de seu destino. Infelizmente, com o tempo o sensitivismo se tornou uma praga, justamente por causa dos que vivem em Setealém, já que não há como fazer distinção sobre o que você vê ou não. 

Por ter esse sangue, ela nasceu sendo sendo sensitiva. Mas sua mãe também é uma Waterhouse, e se roeu de inveja da própria filha, pois queria que ela tivesse o poder que foi designado à sua primogênita. E esse é só um dos grandes motivos pelos quais a mãe da Sara me enoja.

A carinha dela era tão tranquila, bem diferente da primeira vez que viu que tinha algo de muito especial dentro de si. Como ela era uma criança, criou uma outra criança, eu. Lembro que fiquei meio sem jeito, era estranho pra mim me ver no mundo real, ainda mais de frente pra uma garotinha soluçando. Me ajoelhei no tapete fofinho, abraçando Sara de um jeito bem tímido. Com o tempo eu peguei a prática, e nós nos tornamos grandes amigos. Ficamos assim por um ano, eu ajudando ela a se curar, a sentir vontade de viver de novo.

Mas ela cresceu. E automaticamente, eu também, e nos tornamos o que vocês chamam de adolescentes. Sara parou de me chamar, e aos poucos foi se esquecendo de tudo o que passamos juntos... Pela lógica, meu destino seria me juntar aos de Setealém, aterrorizando todos. 

Mas eu não queria isso, não podia e nem queria assustar a menina que eu protegi desses mesmos sustos. Sem falar que eu comecei a me sentir estranho quando chegava perto dela, lá pelos nossos 14 anos. Quando ela sorria, minhas mãos suavam, a garganta secava e eu jurava que ia desmaiar, além do que eu praticamente virava um pimentão. Pena que eu só descobri o nome de tudo aquilo quando ela já tinha me esquecido, se curado por completo e não precisava mais do meu consolo. A gente nunca mais se viu pessoalmente, mas sempre que eu posso e que vejo que ela ainda me tem em sua consciência, eu venho ver ela, como estou fazendo agora.

Talvez seja doentio. Mas eu não ligo, amo ela, e se essa é a única forma de vê-la, então eu continuarei invadindo o quarto dela feito um ladrão medíocre, me embriagando com o perfume das roupas dela, me sentindo perverso em sonhar com ela dizendo que se lembra e que também me ama. Se for preciso, eu vou assumir esse papel. Eu serei o que vocês chamam de "stalker"

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Continua...

 



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