A televisão estava ligada e a pipoca já estourava no micro-ondas. Os homens Hunter’s encontravam-se todos na casa do mais velho, Peter Hunter. Afinal, qual a melhor forma de comemorar o aniversário do velho, do que com um jogo épico dos Kings vs Ducks?
Chester não saia do celular. Sua atual namorada, a qual ninguém da família ainda conhece, não parava de dita-lo ordens do tipo “não vá sair a noite” e “Sabe que se fizer besteira, eu descubro”.
Ela não é cuidadosa, apenas tem um ciúme obsessivo. E ele, ainda não percebeu essa furada.
Seu pai, Henry, e seu tio, Jake já estavam sentados no sofá com suas camisetas, e com cervejas na mão só a espera do inicio do jogo.
Peter arrumava algumas coisas em sua cozinha com a ajuda de Paul, e Caleb terminava de enviar uma mensagem em seu celular para sua esposa.
“O jogo está quase começando, amanhã cedo estou de volta. Espero que a mamãe esteja cuidando de você. Segure nosso filho e me ligue se precisar. Te amo.”
Ele digitou e enviou logo em seguida.
Ele se preocupava pelo fato de ter que sair de casa enquanto sua mulher já está na 39ª semana de gravidez, mas ela vai se dar bem.
Só de pensar em tudo, ele já se animava e se sentia O Pai do Ano.
O quarto de seu bebê era completamente azul com algumas nuvens, arte feita por seu irmão Paul. Tudo era bastante neutro, quando não era azul clarinho, era branco ou verde.
Ele preferiu não saber o sexo de seu herdeiro, e Eloá concordou é claro.
Pois se tem algo que eles trabalharam bastante antes de casar foi o dialogo que deveria existir entre os dois, e isso deu bastante certo.
O jogo começou e todos os seis Hunter’s se juntaram para assistir ao tão esperado e épico jogo. Nem Caleb e nem Paul bebiam. Paul devido a sua pouca idade, já Caleb era por ter deixado o álcool de lado há poucos anos.
O jogo se seguiu retirando vibres de todos os homens presentes naquela sala.
Já estava quase na metade do jogo, quando o celular de Paul tocou, era sua irmã. Ela falava tão eufórica que por alguns minutos foi difícil entender o que ela dizia, mas por fim ele a compreendeu e entregou o celular a Caleb dizendo que a Julie estava surtando, provavelmente por Eloá ter decidido por o nome do meio do bebê em homenagem a algum familiar estranho deles.
– O que, Julie? – Caleb falou sem retirar os olhos da Televisão.
– Tire a merda do celular do silencioso. – Ela falava sem aumentar o tom, mas parecia irritada.
– Certo. – Caleb disse sorrindo de lado. – Por que tá falando desse jeito?
– Porque não é bom para o bebê, nascer em um ambiente estressante e caótico. – Ela disse respirando fundo.
– O que? – Caleb disse um pouco perdido por estar tendo de se concentrar na televisão e na ligação da sua irmã.
– Calma Eloá. – Julie disse irritada. – Eu já to falando com ele.
– Me dá logo essa merda! – Eloá berrou, fazendo Caleb se levantar assustado.
– Amor? – Ele disse, e tanto seu pai como seu tio e avô dirigiram suas atenções a ele. – Eloá?
– Querido marido. – Eloá falou com voz de choro. – Se seu filho nascer e você não estiver naquele hospital, eu vou enfiar o time inteiro do Kings e do Ducks na sua traqueia.
– O que? – Caleb disse levando a mão a cabeça.
– O que? O que? – Eloá disse imitando-o – A bolsa estourou! Eu não paro de sentir dor! Meus pés estão inchados e tudo o que eu preciso é comer um pouco de calabresa com maionese. Enquanto isso você está a 7 quilômetros de distancia assistindo um jogo idiota.
– Amor, calma. – Caleb pediu. Ela foi bastante chorona e alegre durante a gravidez, então ele entendia esse surto dela agora.
E Eloá só agia assim por estar se sentindo indefesa e sem controle sobre aquilo. Tudo o que ela mais queria era poder segurar a mão de seu marido e ouvi-lo dizer “eu to do seu lado.”
– Eu preciso de você. – Ela pronunciou finalmente segurando as lágrimas de medo.
– Segure mais um pouco nosso garoto. – Caleb falou indo em direção a mesa da cozinha para pegar suas chaves. – Eu estou chegando.
– Eu te amo, Caleb. – Eloá falou sentindo-se um pouco aliviada.
– Eu te amo mais. – Caleb disse sorrindo e finalizando a ligação antes que ela ousasse dizer que ela quem ama mais.
Caleb se dirigiu até a porta.
– Ei! – Seu pai falou antes que ele saísse. – O que houve?
– O Jace vai nascer a qualquer momento e eu preciso estar no hospital. – Caleb falou sem deixar o medo tomar conta dele, pois sua alegria o sustentava.
Num pulo rápido Jake e Paul se levantaram, eles não podiam perder esse momento.
– Eu vou com vocês. – Ches falou se levantando do chão.
Eles foram rapidamente até o carro. Eram apenas 15 minutos até Westport, e o transito dentro de Middleton estava ajudando, se Westport estivesse da mesma forma ele levaria no máximo 45 minutos até o hospital.
Mas 45 minutos nessa situação parecia muito para Caleb.
Seu pai tentou acalma-lo, garantindo que o bebê poderia levar até 2 horas para nascer.
Foram 30 minutos até chegarem ao hospital. Tempo recorde de um domingo de manhã.
O tempo estava bom e agradável. Isso alegrava Caleb, mas o fato dele ter sido barrado na sala de espera o consumiu.
– Calma. – Ches falou o segurando para ele não agredir o segurança. – Pelo menos podemos ver o final do jogo.
Ele disse querendo animar seu primo, mas não deu certo, como já era esperado.
Seu pai e Ches se sentaram, mas Caleb e Paul não paravam de andar de um lado para o outro. Era angustiante não saber o que estava acontecendo, porem pior ainda era não poder estar ali dentro com sua esposa.
Ele pegou seu celular e viu que só tinha se passado 10 minutos desde que chegaram e isso o irritou bastante.
– 5, 4, 3... – Seu pai e Ches começaram a contar para o fim do jogo e a vitória de seu time de coração. – 2, 1! Éééé!
Eles berraram fazendo o atendente manda-los fazer silêncio.
– Eu vou descer a porrada nesse cara! – Caleb disse perdendo a paciência e indo para frente do balcão.
– CAL... – Antes que seu pai finalizasse a frase, ele começou a discussão.
– MEU FILHO TÁ NASCENDO, PORRA!
– Senhor. – O jovem atendente falava calmo. – Sinto muito, mas não posso fazer nada.
– PODE ME DEIXAR ENTRAR NESSA MERDA!
– Mantenha a calma ou serei obrigado a pedir pra se retirar.
– TO PAGANDO PRA VER! – Caleb berrava e sorria a cada frase provocativa.
– Senhor... – A atendente disse pegando o telefone para chamar os seguranças.
– Calma, Caleb. – Jake falou pegando no ombro dele.
– MAS PAI!
Foi a ultima coisa que ele gritou antes de uma medica aparecer na sala e olhar diretamente para ele.
PLAY
– Calma, papai. – Ela disse sorrindo. – Seu bebê precisa de seus batimentos calmos para passar paz para ele agora.
– Quer dizer que...
– Sim. – Ela sorriu. – Já nasceu.
Caleb respirou aliviado, e nesse momento o fato de não ter visto o nascimento do bebê pareceu não ter tanta importância quanto a de poder ver finalmente o rostinho dele.
Ele seguiu a mulher até uma sala no corredor, onde sua mulher estava deitada segurando em seus braços um bebê completamente enrolado em um manto branco.
– Eu filmei tudo, e é muito nojento. – Julie disse com um enorme sorriso e a câmera nas mãos. – Me agradeça depois.
Caleb ouviu aquilo com sua mente distante.
Era uma vida ali na frente. Era alguém que precisaria dele para sempre, que teria que vim acima de jogos ou qualquer outra coisa.
– Vê isso? – Blair parou na frente dele erguendo sua mão. – São as marcas dos apertões que sua mulher deu na minha mão. Isso era pra ser em você.
– Foi tão rápido. – Caleb falava voando um pouco.
– Shhh. – Eloá pediu olhando com ternura seu bebê. – Estão incomodando a nós.
– Vamos deixa-los sozinhos, um pouco. – Julie disse puxando a Blair e ao Paul.
– Mas eu acabei de chegar. – Paul protestou, mas com Julie não tinha acordo, era o que ela dizia e ponto.
Assim que todos saíram e fecharam a porta, Caleb sentiu o medo finalmente voltar. O medo que sentiu pela ultima vez na noite de natal, mas era um medo diferente, que trazia ansiedade e felicidade ao mesmo tempo.
– Eloá. – Ele se aproximou da cama. – Eu sinto muito.
– Não se preocupe. – Ela riu. – Se você estivesse aqui teria entrado em pânico e sairia correndo até o banheiro.
Ele riu fraco. Ele queria ter participado dos primeiros segundos de seu bebê, mas sabia que o que Eloá falou fazia muito sentido.
Ele se aproximou mais da cama, com um pouco de medo. Mas tudo passou quando seus olhos se encontraram aos grandes olhos cor de mel daquele bebê de bochechas inchadas, testa rosada e cabelos dourados. Não eram bem cabelos, eram apenas alguns fiapos.
– Quer pegar? – Eloá perguntou e Caleb apenas afirmou com a cabeça. – Se lave antes.
Caleb foi até o banheiro do quarto e fez o que sua mulher mandou. Fez da forma mais cuidadosa e prestativa, em seguida voltou para o quarto.
Ele se sentou na cama e Eloá entregou em seus braços aquele bebê gordinho.
Assim que Caleb o segurou, ele abriu sua boquinha e fechou um pouco os olhos.
– São seus olhos. – Caleb disse fissurado naquele pequeno ser humano.
– E sua boca. – Eloá se ajeitou confortavelmente para poder ver seu bebê.
– Papai te ama, filho. – Caleb falou respirando fundo e sentindo firmeza e sinceridade naquelas palavras.
Era um sentimento muito maior de qualquer outro que ele já havia sentido.
– Eu tenho tantas coisas para te ensinar. – Ele olhava o bebê que agora abria os olhos por causa da voz doce que ouvia. – Vou te ensinar a jogar futebol e beisebol, você vai saber tocar teclado, guitarra, bateria, vai conquistar tantos corações.
Caleb alisou cuidadosamente a bochecha dele, e por algum motivo seu bebê começou a lamber os próprios lábios.
– Seu avô deve estar muito feliz com o presente. – Eloá disse e Caleb apenas concordou com a cabeça.
Esse era o momento dele e de seu filho.
– Mal posso esperar para vê-lo crescer. – Ele disse animado.
– Ela. – Eloá o corrigiu e ele sentiu sua garganta secar.
– É menina? – Caleb pronunciou para ter certeza que tinha ouvido certo.
– Sim. – Eloá sorriu largamente.
Caleb olhou pasmo agora para aquele bebê. Mundo cor de rosa, meninos idiotas e coração partido, foram as palavras que inundaram sua cabeça.
Mas seu coração se inundou apenas de coisas boas, como beijos todas as manhãs, bonecas e panelinhas, eu te amo e uma mini Eloá correndo dentro de casa.
– Então nesse caso, pode crescer com calma, filha. – Ele disse beijando a testa dela. – Tem que ir com calma com o papai.
– A gente vai cuidar muito bem dela. – Eloá disse sorrindo.
Caleb se afastou mais para perto de sua esposa e a beijou nos lábios.
Ela não poderia ter dado uma coisa melhor na vida do que isso. Isso era um amor maior do que qualquer outro, é algo eterno.
– Vamos, sim. – Caleb disse com carinho olhando nos olhos de sua esposa, como se fosse uma promessa, mas era muito além disso.
– Eu te amo mais. – Eloá disse cheia de amor e carinho por seu marido, se sentindo grata por ter ele ali, e por ter sua filha nos braços dele demonstrando o enorme cuidado que teria pelo resto da vida por sua pequena. – E amo nossa Valentina.
FIM...
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