6 meses depois, em Birminghan…
- Hehehe! -- dizia repetidamente e alegre John, que tinha uma reputação extremamente boa em Winchester, quase considerado um Semi-Deus. Ele tinha um grande consultório, com vários enfermeiros próprios no hospital de Winchester, e, basicamente, só os ricos poderiam ir à suas consultas, que eram extremamente caras. Vale ressaltar também que ele não era, nem de longe, um menino comportado: era quase que um alcoólatra e definitivamente não era um homem de família, se é que vocês entenderam.
- Senhor, senhor! -- disse um homem entrando no consultório de John rapidamente com sua filha magra e desmaiada, provavelmente doente, em seu colo.
- Diga -- disse John, resmungando e com uma cara que misturava desprezo e nojo e um pouco de superioridade, que achava que tinha.
- Bem… é minha filha! Ela está com estas manchas e está muito doente! -- disse o homem, desesperado e chorando.
- Para examinar ela tem que se pagar o preço de uma consulta: 3 libras -- disse John, friamente.
- É claro, senhor! Pegue, é tudo que tenho! -- disse o homem, extremamente desesperado.
- Agora sim eu posso examiná-la! Vamos ver o que você tem, mocinha -- disse John fingindo certa preocupação.
A garota, com várias manchas pelo corpo, estava provavelmente com Peste Negra, o que deveria ser comprovado rapidamente, visto que John estava há apenas alguns meses do surto total da doença, que assolou a Europa por mais de 10 anos.
- Hmmm… deixe-me ver -- continuava a examinar John, que já sabia fazia tempo que doença era, mas que tinha orgulho de ser um grande charlatão e queria cobrar o máximo que pudesse da pobre família.
- Ah, é claro! Eu sei sim! -- disse John.
- Bem, para eu dizer a cura desta terrível doença que entrou em sua menina é preciso que me dê mais algumas libras, meu senhor! -- disse John.
- Senhor! Eu só tenho o dinheiro do alimento, mas pegue! -- disse o pai da menina, desesperado.
- Ok! Agora podemos finalmente lhe curar, menina! -- disse John.
É bom salientar para os leitores da obra que não dava, nem se John quisesse, fazer o tratamento apropriado da menina naquela época, visto que só é possível tratar Peste Negra com antibióticos fortíssimos. Recomendamos também que, nem de brincadeira, se façam tais tratamentos que são, além de não funcionais, perigosos para a saúde de qualquer pessoa. Várias pessoas morreram por este tratamento ridículo e impreciso, vale ressaltar.
- Bem, ao que parece é um caso para sangria! -- disse John, chutando um tratamento aleatório e que não funcionava, como sempre.
- O que é sangria? -- perguntou o pai da menina, preocupado.
- Bem, é um procedimento extremamente preciso em que tiramos os maus espíritos das pessoas com esta doença por meio de alguns pequenos cortes no braço do paciente -- disse John, que não sabia muito bem como funcionava o procedimento.
- Ok, e como faremos isso? -- disse o pai da menina.
- Farei agora, observe! -- disse John, que não fazia ideia de como realmente era o "tratamento", que nem funcionava.
Ele, então, pegou um objeto afiado, feito na hora, e cortou a menina três vezes, como ele achava que era o correto.
- Ahhhh! -- gritava a menina, que não havia nem sequer respirado anteriormente.
- Calma, calma! -- dizia o pai da menina à ela, que estava sofrendo e com dor.
- Terminaremos rapidamente e você estará curada! -- dizia John.
- Calma, menininha! -- dizia John, já irritado com os gritos constantes da menina.
Depois de gritos desesperados e da sangria terem, finalmente acabado John disse:
- Bem, agora volte daqui há três semanas para ver como você está! -- disse John, sorrindo para o pai da menina e para ela.
- Senhor, obrigado! Eu vou lhe agradecer pessoalmente quando me curar! -- disse a menina, fraca e falando lentamente.
Era óbvio que John estava fazendo: ele queria ver se a menina iria sobreviver. Era pura jogada de sorte e pura frieza dele, como sempre.
3 semanas depois…
- Senhor, uma menina quer lhe ver! -- disse um dos assistentes de John, Raymond.
- Deixe ela entrar -- disse ele, que sabia que era a menina.
- Senhor, se lembra de mim? -- disse a menina.
- É claro! Você está bem? -- disse John.
- Sim, senhor! Você me curou! Você é um enviado de Deus à esta terra! Muito obrigado! Sempre me lembrarei do senhor, muito obrigado mesmo! -- disse a menina, chorando e tímida, saindo rapidamente do consultório.
- Oba, oba! que sorte, viu! -- falou sozinho John.
- Raymond! Reúna a cidade inteira! Quero fazer um anúncio! -- disse John, concretizando finalmente um plano que já pensava fazer fazia algum tempo.
- Sim, senhor! -- disse Raymond, estranho um pouco.
Alguns dias depois, na reunião…
John, como sempre popular, chegou sendo abraçado pela multidão com palmas estrondosas e com gritos de Salvador.
- Olá, meus amigos! -- disse ele, extremamente feliz.
- Vocês estão bem? -- perguntou ele, fazendo jus a um encontro de crianças.
- Sim, senhor! -- respondeu a imensa multidão.
- Bem, meus senhores, o assunto de hoje é sério, - falaremos hoje sobre uma doença que nos assolará e que matará diversos de nossos compatriotas -- disse John, preocupando a multidão que o assistia.
As pessoas, desesperadas e tumultuadas por não saber que doença seria aquela foram acalmadas rapidamente por John, com os dizeres:
- Calma, meus amigos! Recebi a mensagem de Deus antes que Satanás concretize seus planos! Sim, Jesus me escolheu para lhes avisar como parar esta praga, - para isso -- continuou, - preciso que vocês me elejam como seu rei absoluto e tire este rei corrupto e que não se importa com o povo, diferente de mim, e que, como o próprio Deus me falou, serve somente à Satanás. Vocês me apoiam? -- perguntou John.
Com gritos de sim e palmas, até os guardas o apoiaram.
- Bem, obrigado, estou emocionado, meus amigos -- disse John, fingindo choro.
- Antes de tudo, para previnir a maldita doença, meus súditos, façam uma coisa: matem os ratos, todos eles.
CONTINUA.
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