Misha
Kelly se aproximou ainda mais de mim, me fazendo dar um passo pra trás, eu estava a uma distância mínima do gás, parei e ela se aproximou ainda mais, com o rosto bem próximo ao meu.
- Por que você não desaparece?
- E-Eu... - Não consegui formular nenhuma frase, apenas a vi se virar e ir embora.
Qual era o problema de Kelly comigo? Eu nunca fiz algo que a desagradasse, eu não a entendia, poucas horas atrás ainda era extremamente gentil comigo, e agora ela praticamente me ameaça, eu realmente não a entendo.
Desci novamente me juntando aos outros, que ainda guardavam os equipamentos, eu os ajudei a terminar e ficamos mais um tempo aqui, avaliando o estado de tudo.
Me afastei novamente dos outros, eu precisava respirar um pouco, quer dizer, um pouco mais.
- Parece inquieta. - Disse Kla ao meu lado.
- Não estou. - Disse rápido, demonstrando meu nervosismo ao encará-lo pela primeira vez depois de tudo.
- Está sim. - Afirmou. - Se for por causa de ontem, saiba que eu...
- Não é por causa disso! - O interrompi, antes que terminasse.
- É por causa de que, então? - Me encarou.
- Não estou inquieta. - Disse desviando o olhar. - Eu já disse.
- Não está? - Perguntou se aproximando, me fazendo dar passos pra trás. - Então por que está se afastando? - Sorriu sarcástico. - Tem medo do que eu faço você sentir, Misha?
- Não. - Murmurei quase inaudível.
- Tem medo de sentir algo? - Me puxou delicadamente, me grudando a ele, tentei afastá-lo, mas ele pressionou ainda mais nossos corpos. - Você tem, não é?
Aproximou nossos rostos, me fazendo respirar pesado.
- Por favor me solta. - Susurrei fechando os olhos, eu não conseguia encará-lo.
- Abre os olhos. - Disse e assim o fiz, abrindo meus olhos, vendo nossas bocas bem próximas.
Aproximei mais ainda nossas bocas e fechei os olhos, esperando o beijo que não veio. Abri os olhos confusa e Kla se separou de mim, andando na direção contrária. Mas ele parou e virou, me analisando de cima a baixo, deu um último sorriso e se foi.
(...)
- O gás é mortal, não tem como pará-lo. - Adam dizia, batendo na mesma.
Nós já havíamos voltado de Mill, todos juntos, eu e Miguel fomos falar com Andrew sobre uma possível solução pro gás. Estávamos na sala de reunião eu, Andrew, Miguel, Adam, Eve e Nikita.
- Não chegamos a nenhuma conclusão. - Nikita disse. - Nem sabemos o motivo desse gás avançar até nós, como tem tanta certeza de que é impossível pará-lo?
- Misha, me desculpe. - Adam se dirigiu a mim. - Mas acho tolisse ariscar ir até o gás, não sabemos se realmente há como fazer com que ele pare.
- Espere. - Eve disse analisando seu bloco de notas. - Talvez Misha tenha razão.
Adam se virou, incrédulo.
- O- o que?
(...)
- Tem certeza de que quer fazer isso? - Miguel me perguntou pela terceira vez.
- Se for pra salvar todos, eu tenho sim. - Disse firme. - Mas eu já te disse que não precisa ir com a gente, não quero que também se arrisque nisso, ainda não sabemos se dará certo.
- Eu não me perdoaria se algo acontecesse com você. - Miguel disse me olhando.
- Obrigada. - Sorri e o abracei.
Era um fato de que eu realmente me sentia bem na presença de Miguel, a voz dele me acalmava, ele era doce e gentil, carinhoso e fraternal, me lembrava muito Maxim.
Nos separamos do abraço e olhei pra porta, Kelly estava parada lá.
- Eve mandou avisar que já está saindo. - Disse e saiu.
- Vamos? - Perguntei confiante.
- Vamos.
Saímos para o estacionamento encontrando Eve, ela levava uma mochila com diversos aparelhos, e nós levávamos as armas, entramos no carro e então eu dei a partida, em direção a Mill novamente.
Em alguns minutos chegamos lá, parei o carro perto da estrada e continuamos o caminho andando, Eve ia a nossa frente, e parou em centímetros de distância do gás.
- Vamos ver se essa belezinha funciona. - Disse tirando um aparelho de sua bolsa.
Ela então colocou o aparelho dentro do gás, me fazendo ter uma reação inesperada, ela retirou o aparelho e estendeu em nossa direção, era inacreditável. O gás estava sólido, dentro do aparelho.
- A função dele é transformar um elemento gasoso em um elemento sólido, para facilitar os estudos. - Explicou.
- Isso vai nos ajudar a entender como ele funciona? - Perguntou Miguel, parecendo interessado.
- Exatamente. - Eve afirmou. - Assim eu vou saber de onde ele vem, e porque se movimenta.
- Isso é incrível. - Eu disse.
Eve usou mais alguns aparelhos, parecendo analisar o gás, Miguel tinha ído averiguar a área e eu fiquei sentada na grama, típicamente.
Olhei para o céu, ele tomava uma cor alaranjada, denunciando que logo mais o sol ia se pôr.
Senti sentarem ao meu lado.
- Já viu o pôr-do-sol? - Miguel perguntou, olhando o céu.
- Já. - Sorri me lembrando. - Eu e meu irmão subimos uma montanha gigante, e ficamos assistindo, foi lindo.
- Você ama muito o seu irmão. - Afirmou. - Acha que ele vai voltar pra te buscar?
- Conheço o Maxim. - Disse firme. - Eu sei que ele não me abandonaria, por ninguém.
- Você...iria com ele? - Perguntou me olhando.
- Eu não sei. - Suspirei fundo. - Queria que ele ficasse conosco, na Sede, mas os amigos dele machucaram Ford, Andrew nunca aceitaria que ele se juntasse a nós.
- Talvez sim. - Colocou a mão em cima da minha. - Nós podemos convencê-lo.
- Nós? - Perguntei o encarando.
- Nós. - Ele sorriu, se aproximando. - Não sei se sabe, mas eu faria de tudo pra te ver feliz.
Fiquei sem palavras, apenas o vi se aproximar mais e segurar meu rosto delicadamente, ele então aproximou seu rosto ainda mais e selou meus lábios, em um selinho delicado, quando eu iria entreabrir meus lábios para beijá-lo, algo nos interrompeu.
- Atrapalho os pombinhos? - A voz de Eve surgiu, fazendo eu me afastar bruscamente de Miguel.
- N-não. - Disse corada.
- Temos que ir, antes que anoiteça.
Nos dirigimos até o carro e entramos, voltando á Sede.
- Como foi tudo? - Andrew nos abordou logo na entrada, ele parecia estar nos esperando já a um tempo, e estava muito apreensivo.
- Andrew. - Eve tomou a frente, sorrindo. - Conseguimos.
- Conseguiram? - Andrew riu, desacreditado.
Na verdade, nem eu estava entendendo o que Eve estava falando.
- Finalmente conseguiremos dar um fim nessa droga de gás.
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