Misha
Quando vi Miguel olhar daquele jeito pra Maxim resolvi intervir.
- Ele não fez por mal. - Eu disse e ambos me olharam.
- Eu mandei te sequestrarem. - Maxim disse. - Isso foi muito mau.
- Eu sei porque fez isso, e eu já te perdoei, Miguel, faça o mesmo.
Miguel me olhou e suspirou, me abraçando de novo.
- Que seja, pelo menos você está de volta. - Disse enquanto me abraçava.
- Eu nunca mais vou embora.
- Você me promete? - Olhou em meus olhos.
- Prometo. - Disse e sorri.
Maxim coçou a garganta, fazendo com que nós nos separassemos.
- Eu preciso falar com uma pessoa, se não se importam. - Eu disse olhando para os dois, que assentiram.
Nesse momento Kelly chegou sorrindo.
- Parece que já conversaram. - Ficou ao meu lado com a mão apoiada em meu ombro.
- Sim. - Miguel disse. - Obrigada por trazer ela aqui.
- Então esse era o motivo de você ter me arrastado até aqui. - Olhei Kelly que assentiu sorrindo.
Kelly olhou pra Maxim e parou de sorrir, acho que só agora havia percebido a presença dele.
- Ah, Kelly, esse é meu irmão, Maxim. - Ela sorriu pra ele. - Maxim, essa é Kelly.
- É um prazer conhecê-lo. - Sorriu estendendo a mão.
- O-o prazer é todo meu. - Se apressou em corresponder o aperto de mão.
Logo depois eles ficaram se olhando fixamente, eu olhei pra Miguel e dei um sorrisinho cúmplice, logo ele entendeu e fomos para caminhos diferentes, eu fui em direção aos dormitórios e ele à enfermaria.
Cheguei a porta do quarto da pessoa que eu tanto precisava ver.
Bati na porta e esperei alguns segundos, não obtendo resposta, bati de novo e assim foi consecutivamente. Sem respostas de novo.
- Kla? - Resolvi gritar. - Está aí?
Virei de costas, não fazia idéia de onde ele poderia estar. Ouvi o barulho de chaves e me virei, vendo um Kla bem diferente do qual eu estava acostumada, ele estava sem camisa, deixando sua barriga trincada e musculosa a mostra, seus cabelos estavam bagunçados e em baixo de seus olhos haviam olheiras profundas, como se ele não dormisse a algum tempo.
- Oi. - Eu disse, sorrindo de lado.
Ele encarou o fundo de meus olhos, e fechou os dele, suspirando e murmurando alguma coisa, o olhei confusa.
- Kla? - Toquei seu ombro e foi como se ele despertasse de um transe.
No segundo seguinte eu estava sendo esmagada por seus braços musculosos, tentei retribuir o abraço mesmo assim, considerando que ele devia ter seus quase 2m de altura.
- Obrigado, obrigado, obrigado. - Murmurou.
Ficamos naquele abraço por longos minutos.
- Kla, você pode me soltar? - Perguntei envergonhada.
- Desculpe. - Me soltou. - É que eu não acredito que esteja aqui.
- Nem eu.
- Senti saudades. - Colocou uma mecha de meu cabelo atrás da orelha.
- A quanto tempo está aqui? - Perguntei entrando no quarto, vendo que estava todo bagunçado e tinha alguns cacos de vidro no chão.
- Acho que tempo demais.
- Vai tomar um banho, eu vou arrumar isso aqui pra você.
- Não precisa, eu posso arrumar sozinho.
Olhei pra ele com um olhar mortal que o fez rir e levantar a mão pro alto em rendição, e logo em seguida se dirigir para o banheiro.
Comecei pela cama, depois as gavetas, e por último o chão, no canto do quarto havia um cartão vermelho que parecia estar bem velho, olhei a parte de trás e estava escrito "Para o meu campeão, com muito amor". Abri o cartão e havia uma foto de Kla usando uma roupa de Muai Thay, ele estava com uma faixa vermelha na cabeça e alguém havia desenhado corações ao redor da foto, ouvi a porta do banheiro ser aberta e me apressei em guardar aquilo.
- Você realmente transformou esse lugar aqui. - Riu enquanto secava seu cabelo com a toalha.
- Não sei como conseguiu fazer essa bagunça toda.
- Eu não estava ligando muito pra nada ultimamente. - Se aproximou. - Estava preocupado demais com você.
Segurou minhas mãos e olhou no fundo de meus olhos, aproximou seu rosto do meu para um beijo, e eu fechei meus olhos esperando pelo beijo que não veio, abri os olhos confusa e vi Kla se afastar.
- Desculpe, eu prometi que te deixaria pensar. - Passou a mão pelos cabelos. - É que ter você tão perto de mim e não poder te beijar é uma tortura.
Sorri sem graça.
- Deveríamos nos juntar aos outros agora.
- É, você tem razão, vamos.
(...)
- Posso entrar? - Bati na porta do quarto de Maxim.
- Entra! - Maxim gritou e eu abri a porta.
Ele e Kelly estavam sentados na cama.
- Desculpa, atrapalhei? - Perguntei.
- Claro que não. - Kelly disse. - Estávamos conversando, ele disse que tinha gostado daqui.
- É, eu percebi. - Olhei pra Maxim que riu sem graça, me fazendo rir.
- Enfim, eu só vim dizer pro Maxim que daqui a pouco é a hora de comer, já estou indo.
Fechei a porta e sorri, Kelly e Maxim, quem diria?
Andei até o jardim, eu estava precisando respirar um pouco, tudo estava se acertando finalmente, e nada poderia estragar esse dia, eu estou feliz, Maxim está feliz, e estamos juntos, isso é maravilhoso.
Olhei de relance e vi algo preto em uma moita, franzi a testa e andei até lá, me abaixei e vi que era um papel, quer dizer, metade de um papel, ele era preto e tinha algumas coisas escritas em vermelho.
" Garena anuncia um grande evento que ocorrerá no Mapa Bermuda em .... ..... a uma .... Idade mínima: 16 anos..... ".
Eu não havia entendido nada, apenas poucas palavras eram possíveis de se ler.
Peguei o papel e o guardei no bolso, Nikita deve entender isso. Entrei na Sede e fui até a enfermaria, entrando no quarto de Nikita, que estava lendo alguma coisa em seu bloco de notas.
- Misha! - Sorriu.
- Olá. - Sorri. - Pode me ajudar com isso?
Estendi o papel pra ela.
- É claro que posso.
Ela pegou o papel e assim que leu seu sorriso morreu na hora, ela olhou pra mim parecendo assustada e eu a encarei confusa.
- Por que essa reação? - Ela olhou pro chão. - O que é Garena?
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