História Free Fire - Capítulo 25

Misha

- Eu jamais te odiaria. - Susurrei perplexa.

- Você não sabe. - A essa hora os olhos de Nikita já estavam marejados, e os meus também.

- Prometi a você que em qualquer circunstância eu estaria aqui, não prometi? - Ela assentiu. - E eu vou estar.

- Misha, eu sinto muito, de verdade, você não merece passar por isso, ninguém merece.

- Eu não entendo do que está falando. - Fechei os olhos tentando conter as lágrimas.

- Eu prometo que um dia eu vou te contar, mas não agora, por favor.

- Tudo bem. - Fui até ela e a abracei. - Me desculpa.

- Eu que peço desculpas. - Fungou. - Você deveria ir comer, todos já devem estar na mesa.

- Vem comigo?

- Tenho que ajudar Andrew em algumas coisas, depois encontro você pela Sede.

- Então, até.

Saí de lá e fui em direção ao refeitório, pra minha mesa de costume, e lá estavam todos da Tropa de Exploração, Ford, Miguel, Kelly e Kla.

Sorri e me sentei ao lado de Kelly.

- Eu falei que ela não ia demorar. - Kelly disse olhando todos.

- Eu também. - Ford estalou os dedos.

- Como íamos saber? Misha e Kelly são as que mais comem, nunca se atrasam.

- Ei. - Me pronunciei. - Eu tô aqui tá.

- Não liga pra eles. - Todos riram quando Kelly falou. - Seu irmão volta ainda hoje, não é?

- Sim, não é tão longe, acho que alguns quilômetros de carro, e depois andando. - Disse me lembrando do percurso que eu e Paloma fizemos quando fomos lá, ou melhor, quando eu fui levada até lá a força.

- Andrew avisou que talvez seremos mandados para um novo lugar. - Ford disse e todos os olhamos curiosos.

- Novo lugar? Já exploramos praticamente tudo. - Kelly questionou.

- Se chama Graveyard, ao que parece nosso drone captou imagens do que parece ser um cemitério localizado perto de Shipyard.

- Um cemitério? - Perguntei.

- Isso vai ser divertido. - Kla disse.

- Eu nunca fui a um cemitério. - Admiti.

- Mas...perdeu seus pais, não foi? - Kelly perguntou e Miguel a repreendeu com o olhar. - Desculpa, é que eu..

- Sim, perdi meus pais, mas eles foram enterrados em outro país, eu sequer tive a chance de participar do enterro, e nem eu nem Maxim queríamos ir até o túmulo deles, eu preferia ter a lembrança deles vivos.

- Sinto muito. - Susurrou.

- Tá tudo bem. - Sorri.

- Vem cá. - Abriu os braços.

Fui até ela e a abracei, Kelly era a última pessoa que eu pensaria em ter uma amizade, e veja só como estamos.

Olhei pra Miguel e ele sorria olhando nós duas, nossos olhares se encontraram e eu sorri tímida.

- Vamos procurar a Olívia? - Kelly disse quando nos separamos, me fazendo quebrar o olhar com Miguel.

(...)

Eu, Olívia e Kelly passamos a tarde juntas, Miguel saiu com Kla e Nikita para avaliarem alguns pontos sobre Graveyard. Nós também fizemos algumas estratégias sobre alguns pontos, pelo que Andrew disse, havia uma casa enorme no centro, que parecia estar desabitada a um bom tempo, e na verdade, é isso que esperamos.

- Vocês me fizeram esquecer do meu trabalho, isso não foi legal. - Olívia dizia enquanto estávamos no jardim.

- Você precisava de um tempo, além do mais, não tem nenhum paciente precisando de você. - Kelly disse e eu concordei.

- Mas eu preciso organizar alguns papéis, remédios e... - Ela parou de falar quando eu a olhei com uma cara de tédio. - Tá bom, desculpem.

- Ótimo. - Sorri. - O que acham da gente esperar o Maxim?

- Sim. - Kelly disse rápido. - Quer dizer, vamos, faz tempo que ele foi.

Eu e Olívia nos entreolhamos e rimos.

- O que foi gente? - Kelly perguntou.

- Nada, vamos esperar todos.

Paramos na entrada da Sede e sentamos.

- Gente. - Eu as chamei. - Vocês sabem o que é Garena?

- Garena? Não, não faço idéia. - Kelly disse e ela parecia sincera.

- Igualmente. - Olívia disse.

- Essa dúvida está me matando por dentro, e eu prometi para Olívia que esqueceria isso, mas não dá.

- Você deveria mesmo esquecer isso, já brigou com Nikita por causa dessa tal Garena. - Olívia disse.

- Ei, olhem quem está de volta. - Kelly se levantou olhando pra frente.

Me levantei também e vi Miguel descer do Jeep verde, junto com Paloma e Caroline, que traziam duas bolsas, corri até Caroline e a abracei - me joguei em seus braços - bem forte.

- Eu também estava com saudades. - Ela riu.

- Você está aqui, ainda bem. - Me separei do abraço sorrindo pra ela. - E Mayra, como ela está?

- Ela está bem, estão todos bem, colocamos alguém de confiança no comando. - Paloma disse.

- Ah. - Suspirei. - Oi, Paloma.

- Oi. - Respondeu simples e entrou na Sede com sua mochila.

- Eu vou mostrar o caminho pra ela. - Maxim disse para Kelly, que assentiu e então eles se abraçaram e ele entrou.

Não pude deixar de sorrir com aquela cena tão fofa.

(...)

Paloma e Caroline foram acolhidas muito bem por todos, Caroline ficou em um quarto próximo ao meu, e Paloma ao quarto do lado dela.

Tinha acabado de me deitar para descansar, hoje o dia foi ótimo, eu realmente estava feliz, nada estragou ele, e eu espero que amanhã seja exatamente igual a hoje.

Fechei os olhos me ajeitando na cama, com meus pensamentos em tudo de bom que estava acontecendo, até que batidas na porta me interrompem.

Sentei na cama confusa bocejando de sono, e então bateram mais uma vez, me fazendo levantar e ir até a porta, quando a abri me deparei com Kla encostado na parede ao lado da porta, ele também parecia com sono, quando me viu sorriu rapidamente.

- Oi, o que aconteceu? - Perguntei.

- Nada, não aconteceu nada. - Ele respondeu rapidamente.

- Então...

- É.... - Ele coçou a nuca, parecendo nervoso. - Eu vim te chamar pra ver as estrelas comigo.

- Ver as estrelas? - Ri sorrindo.

- Sim, desculpe, é que elas estão tão bonitas hoje a noite, e eu pensei que...

- Eu adoraria ver as estrelas com você, Kla. - O cortei.

- Então, vamos? - Estendeu a mão pra mim.

Peguei sua mão e seguimos para fora da Sede, Kla me levou ao lago, o lago em que nos beijamos, e o lago no qual eu fui sequestrada, esse lugar definitivamente era muito intenso pra mim.

- Elas realmente estão bonitas hoje.

Eu disse olhando para o céu vendo as estrelas brilhantes.

- A beleza delas não é nada comparada a sua. - Ele disse me fazendo corar.

- Obrigada. - Susurrei.

- Daqui a alguns dias iremos pra Graveyard, e eu espero que seja bem diferente de quando fomos a Sentosa.

- Eu também espero, de verdade. - Pensei em algo para dizer. - Preciso falar uma coisa pra você.

- Misha, se for sobre nós, eu disse que deixaria você pensar o tempo que precisasse.

- Eu sei, mas eu quero falar, eu posso? - Ele assentiu. - Eu realmente gosto de você, Kla, mas a verdade é que eu não me acho digna de seu amor, você pode dizer quantas vezes quiser o quanto eu sou boa e bonita, mas eu talvez não acredite nisso, eu gosto tanto de você, do seu beijo, do seu abraço, que eu não suportaria se de alguma forma eu te machucasse, você é tão bom pra mim, me faz tão feliz, e eu não quero nunca decepcionar você, me sinto uma idiota por isso e...

Antes que eu pudesse terminar, Kla me puxou para um abraço, ao qual eu retribuí com muita força, nós nos separamos e ficamos nos olhando.

- Obrigada. - Susurrei.

Ficamos sentados algum tempo olhando as estrelas, até que eu decidi que era hora de dormir, e cada um foi para seu quarto.

No caminho até o quarto, eu ouvi vozes conhecidas, que me fizeram ir até onde elas estavam, que era perto do quarto de Miguel. Quando cheguei até lá dei dois passos para trás, Paloma e Miguel estavam juntos na porta do quarto dele, e Miguel parecia alterado, eu jamais tinha visto ele desse jeito.

- Eu já pedi desculpas pelo meu erro, por favor Miguel. - Paloma gesticulava com as mãos.

- Suas desculpas vão trazer minha equipe de volta? Suas desculpas vão fazer meus amigos voltarem a vida? - Miguel gritava.

- Eu sinto muito. - Ela parecia chorar, não conseguia ver seu rosto, porque ela estava de costas pra mim.

- Eu também sinto. - Ele disse. - Sinto por você estar aqui estragando a minha vida de novo.

- Mas eu me arrependo. - Ela juntos as mãos.

- Por que está aqui? Tudo que nós tivemos acabou quando você me levou pra droga de uma armadilha, que fez meus amigos morrerem, eu odeio você Paloma.

- Não diz isso. - A voz de Paloma saia embargada. - Eu te amo.

- Você não sabe o que é amor.

- Eu te amo e sempre te amarei, Miguel.