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História Freeze You Out - 18. Apenas Um Jantar!


Escrita por: PandoraCipriano

Notas do Autor


Olá pessoal, estou com mais um capítulo pronto para vocês. Porém, antes quero falar algo... É uma boa notícia! Consegui enfim comprar um pc novo, agora poderei escrever sem ter problemas com a tela do notebook. PORÉM, já aviso que isso não muda nada o fato de que os capítulos ainda irão demorar. Como eu disse no capitulo passado, eu comecei a trabalhar e eu chego em casa 9hrs da noite, chego muito cansada e honestamente a última coisa que quero é ver um computador! Pois passo o dia todo na frente de um!

Por causa disso acaba que sobra somente final de semana para escrever, mas claro que devemos lembrar que até mesmo eu tenho uma vida fora das fanfics. Então, sim os capítulos vão demorar. Quanto tempo? Não sei, vai depender do tempo que levo para escrever. Quando vou postar o próximo capitulo? Também não sei! Quando ele ficar pronto! Só peço a paciência de vocês... Sei que é chato ficar esperando, mas infelizmente não posso fazer nada quanto a isso.

Mas agora, vamos ao capitulo! Boa Leitura e até as notas finais!

Capítulo 18 - 18. Apenas Um Jantar!


Fanfic / Fanfiction Freeze You Out - 18. Apenas Um Jantar!

4 Meses Depois...

Os dias em Mirkwood passaram como num piscar de olhos. Fora tão rápido que Nye achou ter dormido tempo demais. Ou talvez fosse o fato dela agora, além de ocupar-se com os treinos, teria também que passar boa parte de seu tempo assinando papeis. A rainha também possuía um papel importante na parte burocrática da vida élfica e real, coisa que Nye jamais podia esperar. Apesar de no fundo já saber.

A rainha Aren costumava cuidar de algumas coisas, mas isso somente quando rei Illis permitia.

Nesses quatro meses apesar de parecer pouco tempo, muita coisa aconteceu. A historia de que ela teria fugido de Mirkwood no dia seguinte a seu casamento veio a publico e a coisa esquentou, principalmente quando o povo soube que Nye esteve na companhia de Thorin. Causando ainda mais alarde. Por estar no castelo Nye não ouvia os cochichos e os guarda do palácio eram reservados demais para ficar fofocando, sem contar que Legolas havia feito vista grossa para nenhum deles ficassem a falar pelas costas de Nye.

Giel tentou aplacar os rumores e questionamentos que caíram em cima de Nye como um desmoronamento de rochas de uma montanha. No entanto, a solução viera de Legolas, que passara a maior parte do tempo tentando achar um jeito de tirar aquilo da cabeça do povo. Elfos não eram de ficar fofocando da vida dos outros e ainda mais da família real, mas como se tratava de uma aproximação entre um elfo e um anão, as coisas tendiam a seguir o rumo da fofoca.

Foi então que o príncipe teve a ideia usar aquele alvoroço todo a favor deles. O próprio Legolas espalhou pela cidade - a qual Mirkwood protegia -, que Nye fora pessoalmente até Dale para falar com Thorin em uma missão para ajudar o reino. Todos sabiam da desavença que Thranduil possuía com os anões e bastava pouco para uma discussão ou uma guerra acontecer e Nye sendo agora rainha quis ajudar e se aproximar de Thorin para assim manter-se informada sobre os passos dos anões de Erebor. Caso eles pretendesse algo contra Mirkwood Nye saberia por ser “amiga” de Thorin.

A notícia deixou todos surpresos e viram Nye como uma elfa corajosa por querer se envolver com o anão. Pois nenhum deles faria tal coisa e assim os cochichos cessaram deixando Giel mais calmo, porém, ainda havia outro problema a ser resolvido.

Thranduil e Nye.

Depois da briga dos dois, ambos mal se encontram pelo palácio. Parecem se evitar a todo custo e os dois guardam ressentimentos. Mas eles também são orgulhosos e preferem se evitar do que se encararem. Thranduil tem se isolado com mais freqüência no seu jardim pessoal – um lugar que nem mesmo Legolas tem permissão de entrar – ou então em seu trono. Nye por outro lado se ocupa com seu treinos e a papelada que tem que cuidar. Nas refeições ela tem apenas a companhia de Legolas, que agora está mais acostumado com ela e uma amizade parece ter começado a nascer ali.

Foram raras às vezes em que o rei e a rainha se encontraram. Mas quando isso acontecia dava para sentir a tensão entre eles e uma magoa que ainda paira em Nye. Trocam apenas palavras triviais e necessárias, logo depois Nye praticamente saiu correndo do recinto para não ter que falar com ele. No período da noite, Nye vai para o quarto e dorme e Thranduil apenas entra quando tem certeza de que ela está adormecida. Ele ainda vela seu sono, a cobre quando sente frio, mas estes gestos ele leva consigo como um segredo proibido.

E foi assim que os meses se passaram.

 

*

*

*

 

O salão de jantar estava silencioso, o único barulho que vinha dali era o do pano sendo tirado do balde e jogado no chão com força e irritação pela nova serva do palácio. Com suas mãos ela empurrava o pano de forma desajeitada, esfregando o chão para deixá-lo limpo para aquela noite. Havia outras duas servas mais novas limpando os talheres que seriam usado no jantar. A cada esfregada era possível ouvir os resmungos de Elinor, sua feição se tornou ainda mais fechada.

Odiava aquela situação, odiava aquele novo cargo ao qual fora designada. Odiava a todos daquele palácio. Desde que fora expulsa do conselho ninguém mais olha para ela com respeito e teme sua presença, os guardas passam por ela como se não existissem, as servas fazem fofocas e rirem pelas suas costas. Até mesmo sua irmã passou a lhe tratar de forma diferente. Ela havia ficado invisível para todos, até mesmo para o rei.

Ele já não lhe chamava para pedir opinião, nem mesmo a encarava mais.

Mas para Nye, ele parecia sempre olhá-la. Mesmo que de longe. Já o vira uma vez a olhando enquanto limpava um cômodo. Estava na sala de reuniões do conselho, ela terminava de limpar a estante de livros grossos junto de outra serva. Nye estava lendo algo em um pergaminho, concentrada demais para ver os olhos do rei pairar sobre si. Thranduil conseguia agir normalmente e cuidar de seus deveres e ainda arrumava um jeito de fitá-la.

Quando a ela. Nada. Nem uma misera olhada, nem que seja para despejar o rancor que o rei sentia por si. Nem mesmo isso ele fazia.

Não era sempre que ela podia vê-lo, Rosetta era agora a chefe das servas e fazia questão de colocá-la do outro lado do palácio quando o rei ou a rainha estavam em algum cômodo. Se eles estavam no Norte, ela seria mandada para o Sul. Era assim que as coisas funcionavam agora. Mas não quer dizer que ela ficaria quieta, ouvia os cochichos das servas na hora das refeições e ouvira que o rei e a rainha estão tendo problemas. Parecem se evitar a todo custo e ela poderia tirar proveito da situação.

Pouco importava se Thranduil não a olhava mais como a conselheira impecável que era, mas não quer dizer que deixaria Nye impune. O rei estava cego pela aquela elfa. E Nye pagaria, ela não estaria limpando aquele chão se essa elfa sonsa não tivesse aparecido na vida do rei. Ela teria sua vingança.

De repente a porta do salão de jantar se abriu e Rosetta adentrou o recinto, se quer olhou para sua irmã. Ainda estava ressentida demais pelas suas atitudes e afronta perante o rei e para com a rainha.

- Senhora Rosetta! – as elfas jovens se curvaram ao vê-la, Elinor apenas continuou a limpar o chão.

- Após terminarem de limpar tudo, vão até a cidade para buscar a carne que será feita para o jantar. Girion concordou vir jantar com o rei somente se o rei sob a Montanha viesse junto – comentou e as duas se alarmaram.

- Anões! Aqui no palácio?! – fecharam a cara – Como o que rei concordou com isso? – indagou uma delas.

- Não questionem as ações do rei, sabem muito bem que a rainha tem mantido amizade com o príncipe anão para proteger Mirkwood. Não sabem? Então devemos manter essa farsa para o bem do reino – Rosetta falou.

- Peço perdão por dizer isso, mas não sei se a rainha é corajosa ou burra em se meter com esses anões – alegou – Já viu a forma como eles comem? – sentiu a ânsia lhe atingir.

- Dizem que parecem animais selvagens – a outra emendou.

- Creio que até um animal selvagem conseguiria comer com mais requinte a mesa. Mas não estamos aqui para opinar nas decisões do rei ou da rainha, apenas façam o que ordenei e depois de levar o porco a cozinha terminem de arrumar a mesa para o jantar – ordenou.

- Sim, minha senhora! – alegaram as duas.

E antes de sair, Rosetta fitou a irmã, possuindo ainda o desgosto no olhar.

- Quando terminar, vá para a biblioteca. Não saia até terminar! – disse um pouco ríspida e em seguida saiu do cômodo.

Elinor a encarou, com a mesma fúria que fitava a todos ao seu redor desde que fora colocada naquele cargo de nível baixo e horrendo na visão dela. As jovens elfas se olharam e logo saíram de lá, não gostavam de ficar perto da ex-conselheira. E Elinor agradeceu, não gostava de ninguém ali para querer proximidade.

E assim continuou sua tarefa.

 

*

*

*

 

Nye sentia-se cansada. Passara a manhã toda lendo pergaminhos e assinando papeis, sua mão estava dolorida. Depois do almoço treinara um pouco com Malyr, parecia que os treinos estavam tendo algum resultado, pois ela conseguira congelar uma das enormes arvores do campo de treino. As adagas e ela pareciam ser uma só, Legolas disse que ela já estava ótima e que logo poderia ensiná-la a usar uma espada. O que a deixou contente com os resultados.

Parecia que parte de sua vida estava dando certo, mas sentia que a outra estava despencando. Sentia que um pedaço seu era arrancado cada vez que se encontrava com Thranduil, podia ver o olhar que ele lhe lançava, a forma como lhe encarava. Mas ela também não deixava por menos, o encarava da mesma forma, mas na grande maioria das vezes ela evitava olhar para ele. Sentia-se fraquejar.

Raramente o via durante o dia, algumas vezes pensava que ele nem estava no palácio. Aquela situação estava horrível, era dolorido, mas ainda estava ressentida com ele e sabia que tentar conversar novamente acabaria em outra discussão entre eles e ela não queria aquilo.

O entardecer dominava toda Mirkwood, pelas janelas altas era possível ver a luz alaranjada cobrir as copas das árvores mais baixas. Sua vontade era de ir até a biblioteca, mas Eirien lhe avisou para evitar o local por aquela semana, pois Elinor a limparia. Ainda não acreditava que Elinor havia sido expulsa do conselho, Legolas lhe contou o fato e disse que seu pai havia ficado enfurecido com tal ato da conselheira.

Era incrível como se surpreendia com Thranduil. Ele nunca fazia o que ela pensava, o rei acabava tomando outro rumo e agindo de forma inesperada. Mas não mudava o fato de que ainda estava magoada com ele.

Caminhou então para a vasta varanda que tinha na ala dos quartos da família real, ao final do corredor havia uma porta que dava acesso a aquela varanda. Era grande e possuía somente uma mesinha redonda e uma cadeira, a vista era belíssima e dava para ver as copas das árvores que tinham a sua folhagem em um tom avermelhado. Quando o fim de tarde batia nelas, a visão se tornava magnífica deixando Nye encantada. Ali se tornou seu lugar predileto e um refugio para quando queria evitar o rei.

E falando nele, Nye se surpreendeu ao vê-lo ali naquela varanda.

Interrompeu os próprios passos ao reconhecer a silhueta tão conhecida, parecia mais majestosa ainda tendo o entardecer iluminando-o. Ele estava de costas, fitava o horizonte como se visse ao longe, algo que ela talvez não fosse capaz de ver. Suas mãos estavam unidas atrás do corpo, o sobretudo que ele usava combinava com as cores da folhagem vermelha. Ela caminhou lentamente, estranhando que ele estivesse em um local que ela freqüentasse.

Parou no centro, próxima a mesinha redonda. E ficou a observar aquele elfo estonteante.

Thranduil sentiu a presença dela antes de mesmo de Nye perceber a sua, esperou que ela o visse e sua reação. Ao vê-la tão silenciosa – coisa que não era de seu costume -, ele se virou calmamente, cravando aquelas geleiras em cima de sua esposa. Ainda era possível ver a arrogância e superioridade pairando em sua postura, feição e olhar. Tudo nele parecia clamar por imponência, mostrando quem é que mandava ali. Nye lhe de volvia o olhar, mas não tão intenso e hostil como Thranduil conseguia fazer.

Ele não trajava sua coroa, o sobretudo vinho lhe caia bem e deixava Nye suspirando. Adora aquela cor no rei.

- Não esperava encontrá-lo aqui! – confidenciou, sua voz saíra suave e melodiosa, causando sensações no rei.

Há quanto tempo ele não ouvia a voz dela? Não a ouvia sendo dirigida a ele? Bastante, e de repente se viu sentindo falta daquela voz suave que ela possuía.

- Confesso que não tenho costume de vir aqui. A visão não é de meu agrado – comentou, referindo-se ao fato de dali da varanda ser possível ver a Montanha Solitária – Mas queria falar com você antes do jantar! – alegou, caminhando a passos lentos pela varanda.

- Sobre o que quer falar? – indagou, duvidando sobre o assunto. Afinal, fazia quatro meses que estão se evitando e nenhum deles parecia querer de fato conversar um com o outro.

E ela sabia que o rei jamais tocaria naquele assunto, jamais pediria desculpas pelas palavras duras. O orgulho do rei era mais firme do que a lamina de uma espada.

- Quero avisar que apesar de ter permitido que aquele anão insolente venha para o palácio, espero que saiba sua posição agora e com quem realmente está casada – a fitou – Seja educada e agradável, mas não se aproxime demais de Thorin! – sua voz se tornou mais firme e havia um tom de aviso ali que fez Nye tremer.

Nye ficara surpresa ao saber do jantar que Thranduil teria com Girion, mais ainda ao saber que o senhor de Dale requisitou a presença de Thorin e do pai dele, Thráin, a esse jantar. Se surpreendeu mais quando soube que Thranduil concordou. Até tinha ficado com medo do rei ter batido com a cabeça ou ter bebido vinho demais.

- Sei perfeitamente bem o meu lugar, meu rei – falou, mas havia um tom sarcástico na ultima palavra.

- Ótimo. Assim evitamos confusões como da ultima vez! – alegou e em seguida, sem dizer mais nada, ele saiu.

Dando as costas a ela.

Nye suspirou, deixando os ombros tensos caírem. Logo sentou-se na cadeira e continuou a encarar o fim de tarde. Aquela situação era horrível. Mas também não conseguia evitar, ainda não carregava magoa pelas palavras de Thranduil e sentia-se pior ainda ao ver que ele nem parecia afetado pelas suas. 

 

*

*

*

 

Seu banho normalmente era sempre regrado de três aias para lhe ajudar, assim como Thranduil possuía as suas. Eirien era uma delas. Além de ser sua dama de companhia. Naquela noite o banho que já era sempre com mimos estava ainda mais regrado desses mimos. Talvez seja pelo fato do jantar ser importante, já que se trata da “alinça” por conveniência entre Dale, Erebor e Mirkwood. Ou talvez porque suas aias estejam preocupadas que ela pegue algum cheiro característico e único dos anões.

O banho já estava terminado, seu cabelo lavado e cheirando a lavanda. Saiu da banheiro localizada no centro do enorme banheiro, o chão era de pedra rústica. Havia uma janela grande que ia desde o teto ao chão e dava uma vista para uma parte da floresta. Um tanto sombreada e pouco bonita, ela pode observar. Optou por um vestido vermelho com um pequeno cinto na cintura, havia perguntado sobre as vestes de Thranduil, pois sabia que em jantares assim as roupas do casal devia no mínimo causar harmonia e não demonstrar que o casal praticamente se aturava.

Fora enrolada em uma toalha felpuda e logo seu cabelo fora secado, enquanto uma aia penteava seu cabelo ela era secada por outra. Eirien fora pegar seu vestido. Arrumada, com seu cabelo ao estilo élfico e com sua coroa dourada emoldurando sua cabeça e com o vestido, ela saiu do quarto rumando para o salão do trono, pois sabia que a qualquer momento os convidados chegariam.

Nye caminhou com o estomago entrando em agitação, ficaria minutos com Thranduil e do jeito que a situação estava seriam longos minutos até Girion chegar com Thráin. Pelo caminho notou certo aumento nos guardas espalhados pelo palácio, todos armados e trajando armaduras. Realmente a desavença entre anões era enorme.

Quando atingiu a entrada do salão do trono, sua vontade fora de voltar para trás. Avistou Thranduil no centro caminhando de um lado a outro, seu semblante pensativo, mas ele estava realmente... Extremamente bonito. Usava uma roupa cinza, botas escuras e um cardigan longo e na cor vinho, tal qual o roupão que possuía. A barra de seu cardigan arrastava pelo chão enquanto andava. Ele somente parou quando a avistou, demorando-se um pouco nela.

O vestido de Nye mostrava um pouco os ombros, havia um decote discreto quase imperceptível. Bordados na gola e na manga justa, que passava por centro da manga larga e esvoaçante. Um cinto dourado com detalhes de pedrarias de rubi caindo-lhe suavemente pela cintura. Sua coroa era fina e cheiro de adornos, com uma pedra rubi no centro. Nye possuía varias coroas élficas, cada uma de uma cor e própria para cada ocasião e roupa que ela usasse em eventos como aqueles. No dia a dia, sua coroa era prateada e com um uma pedra de diamante.

A quietude mandava naquele lugar e continuou a comandar mesmo depois dela chegar. Eirien a deixou com o rei e rapidamente saiu, enquanto a passos contados Nye subiu as escadas e se aproximou do rei, que ainda a fitava. Se olharam por minutos longos, mas logo o rei desviou sua atenção e tornou a andar como estava antes dela chegar.

Logo ele se aquietou, permaneceu de costas a ela. Mas sua atenção estava voltada para suas ações, conseguia ouvir o respirar agitado que Nye emitia. As mãos inquietas mexiam na barra da manga cumprida e algumas vezes seu olhar se prendia aos bordados de sua própria veste. Os guardas imóveis apenas aguardando os convidados pareciam alheios ao silencio e tensão esmagadora que habitava entre o rei e a rainha.

Nye se continha, queria olhar para ele, mas temia ser pega em flagrante por aquelas orbes gélidas. Era incrível como ele ficava bem em qualquer roupa, mesmo sem a coroa ele ficava estonteante e digno de ser um rei elfo. Ela alisou os fios que agora possuía duas mechas brancas, enquanto continha o sentimento de estar em um nível abaixo do dele.

- Não se preocupe com sua aparência! – a voz do rei a fez sair de seus devaneios e ela se arrepiou – Mesmo que estivesse coberta de lama e usando apenas farrapos como roupa, aquele anão ainda a olharia com completa adoração – havia algo mordaz na frase, uma pitada de ciúme que Nye não captou.

Thranduil se virou, olhando-a com atenção e sua feição tão séria como sempre fora. Mas talvez agora, estivesse mais.

- Não sei se sou digna de tal adoração – virou o rosto.

- Anões são fascinados por pedras preciosas, algo raro e único. Não me admira aquele anão impertinente ter se encantado com você – disse, se aproximando dela.

A frase a pegou desprevenida. Se aquilo era um elogio, Thranduil sabia como fazê-lo e deixá-la confusa com tal também. Desde que se conheceram jamais ouvira o mesmo dizer algum elogio a si, sempre exaltava o fracasso que era como elfa, que jamais agiria como uma elfa nata e por aí vai. E agora ele a estava comparando com uma pedra preciosa, algo como um diamante ou safira. E algo dentro dela se agitou.

- E para você? Eu sou uma pedra numa trilha ou uma pedra preciosa? – indagou, encarando-o com ansiedade pela resposta.

O rei a fitou intensamente, mas a resposta não veio. Não porque ele não queria responder, mas sim por estar sendo embriagado pelo aroma natural dela e pela visão magnífica que estava a sua frente. Quando ele abriu a boca para dizer algo – o que na verdade ele queria fazer era outra coisa, já que sua boca estava próxima a de Nye -, um guarda apareceu interrompendo o momento.

- Meu rei, os convidados chegaram! Tauriel os estão conduzindo até o palácio – se ele percebeu o que acontecia, ou melhor, o que estava prestes a acontecer entre o rei e a rainha, não demonstrou.

Thranduil se afastou, como se nada estivesse para acontecer e meneou a cabeça, dispensando-o em seguida. Andou em direção a escada rumo ao seu trono, mas parou logo no primeiro degrau.

- Nye! – ele a chamou.

Quando esta lhe encarou, encontrou com o rei elfo parado na ponta da escada e com uma mão esticada em seu rumo. Um convite mudo para que ela subisse ao trono junto dele. Ficou receosa, mas logo viu seus pés mexendo sozinhos e sua mão um tanto tremula pegou a dele, que estava quente e acolhedora como sempre esteve.

Subiram os poucos degraus até o trono e ficaram a aguardar pelos convidados.

Logo Tauriel apareceu tomando a frente e Girion e sua esposa vinham atrás dela, tendo o pequeno Elias toda alegre e olhando tudo ao seu redor com contemplação. Atrás do senhor de Dale estava Thráin com Thorin, e pelo canto do olho Nye pode ver a feição de Thranduil se endurecer ainda mais. Porém, notou algo rolando entre os olhares raivosos do rei para com o príncipe anão. Thorin estava sério demais para alguém que sempre fora calmo e cordial, os olhos do anão miravam somente uma única pessoa: Thranduil.

E o rei devolvia com mesma intensidade. Parecia que uma guerra era travada entre aqueles dois.

Pararam diante do trono, mirando o casal espetacular que se encontravam de pé ao lado do trono de carvalho e todo imponente do rei elfo. E o baque que o Thorin não estava esperando veio com tudo para cima dele.

Quando adentraram a floresta, o grupo avistou a chefe da guarda de Mirkwood recebê-los. Tauriel os acompanhou até a entrada do palácio, onde no hall se encontrava Legolas. Thorin chegou a comentar que estava surpreso por ver o rei recebê-los na porta de seu próprio palácio, mas o príncipe elfo cortou o anão e desmentiu o mal entendido, alegando que ele não era o rei ainda de Mirkwood.

O anão se questionou então com quem Nye havia se casado realmente, mas sua mente já sabia a resposta, porém, ele se recusava a aceitar tal fato.

E quando adentrou aquele salão, avistando Nye ao lado de Thranduil, uma irritação se apossou dele.

- Majestade! – Girion se curvou respeitosamente, fazendo os demais o imitarem.

Com exceção de Elias, que ao avistar Nye saiu correndo em sua direção. Subiu os degraus e chamou pelo nome dela animadamente e a abraçou, sua cabeça batendo na barriga da elfa. Nye sorriu contente por revê-lo, o abraçou fortemente sentindo falta de algum afeto de verdade. Thranduil observou a cena, um tanto contrariado pelos modos do garoto, mas ao ver o sorriso alegre de Nye ao vê-lo deixou que se agarrasse a sua esposa.

O rei notou o fascínio que a criança possuía nos olhos ao olhar para Nye. E inevitavelmente a imaginou lidando com um filho deles. E novamente algo se agitou no peito de Thranduil.

- Elias, venha já aqui! – Angelina brigou, mas sua voz era sussurrada, pois não queria contrariar o rei elfo ou envergonhá-lo – Perdão, majestade! – a mulher falou com a voz normal e curvou-se novamente em respeito a ele – Elias não sabe se comportar.

A curva dos lábios de Thranduil se moveram para cima quase que sem perceberem.

- É uma criança humana, ainda não sabe o que é certo ou errado. Elas são puras e agem conforme lhes é conveniente – Thranduil se pronunciou, baixando seu olhar para o filho de Girion – Tal qual um elfo em sua infância – emendou – Legolas não era muito diferente de seu filho. Ainda pequeno vivia correndo por aí agindo como bem entendia.

- Pensei que os elfos já possuíssem maturidade logo na infância – Thráin comentou.

- E possuem. Mas sempre oscilam com sua infantilidade e sua maturidade elevada. É uma fase difícil – explicou – Algo complexo demais para outras raças – alfinetou, deixando Thorin e Thráin irritados com o comentário.

- Devo agradecer pelo jantar, meu rei – Girion falou ao notar o clima ficar pesado – Confesso que fiquei surpreso.

- Eu já queria discutir algumas coisas com você, Girion! Além do mais esse jantar é como um agradecimento por ter acolhido e cuidado de minha esposa e rainha – falou, passando calmamente sua mão pela cintura de Nye – Mas creio que seja sua esposa quem deva receber o total credito. Tem minha gratidão – meneou a cabeça.

Angelina assentiu, estava sempre fala. Não por temer a presença de Thranduil, mas por ver que aquele elfo era magnífico. E vê-lo ao lado de Nye que também era tão linda quanto ele, a fazia se sentir inferior.

Logo depois Rosetta apareceu avisando que o jantar estava pronto e a postos para serem servidos. Thranduil conduziu todos ao lado de Nye, que agora se encontrava de mãos dadas com Elias e ambos conversavam animadamente.

 

***

 

O salão de jantar estava deslumbrante, era espaçoso, enorme e possuía uma mesa grande no centro do cômodo. Toda bem arrumada com uma toalha de mesa delicada e sutil, como era um elfo. Os pratos já se encontravam em cima da mesa, as taças de cristais enchendo a mesma de brilho. Castiçais espalhados ao longo do recinto e o lustre acima de suas cabeças iluminando aquele jantar, que fazia a todos os presentes temerem. Dali poderia sair de tudo, desde faíscas entre o rei elfo e os anões, como desavenças e um acordo quebrado entre Mirkwood e Dale.

Havia uma linha tênue que mantinha o clima ameno, mas bastaria uma palavra errada para tudo desmoronar. Nye conseguia sentir isso.

Sentaram-se a mesa, Girion e Angelina de um lado com Elias entre eles, Thráin e Thorin do outro e na ponta, cabendo duas cadeiras confortavelmente, sentaram-se Nye e Thranduil. Legolas não participou do jantar, preferindo ficar cuidando da proteção do palácio. Tauriel ficou patrulhando fora do mesmo, afinal, não estava a fim de novamente a forma como anões comiam. Uma vez já basta para seus olhos sensíveis.

Logo após sentarem-se o vinho fora servido primeiro, as taças transparentes de cristais ficaram agora com um colorido escuro e avermelhado por causa do vinho. Nye não era muito acostumada com o mesmo, pois possuía um gosto forte, mas naquela noite decidiu apreciá-lo e ver o motivo de seu rei preferir a tanto a companhia daquele liquido do que os demais elfos daquele palácio e até mesmo seu filho.

Uma conversa amena e tranqüila se iniciou a mesa por parte de Angelina e Nye, claro que Elias interferia na conversa vez ou outra. Os homens ali presente pareciam mais interessados em qualquer outra coisa, afinal, não estavam ali para confraternizar e sim para tratar de negócios. Thranduil olhou para Rosetta parada no canto do salão de jantar e meneou a cabeça dando sinal de que a comida poderia ser servida, pois quanto mais rápido aquele jantar acabasse mais rápido poderia se livrar daqueles anões e dos olhares constantes de Thorin para cima de Nye. Mesmo que fosse um olhar mais sério do que de costume.

Rosetta acatou o sinal e estalou os dedos. A comida fora posta a mesa. Varias bandejas de prata com comidas leves e bem temperadas, havia o arroz e a carne que os homens costumavam comer e o porco assado para os anões. Elfos não sabiam o ponto certo do arroz, pois raramente o comiam, mas Eirien era humana e sabia mais do ninguém. O porco foi ajudado por ela também e os temperos de Rosetta.

Não demorou muito e se puseram a comer.

E claro que os anões foram os primeiros a demonstrarem o quão famintos estavam. Enfiavam pedaços grandes de carne de porco na boca, enquanto usavam o vinho para empurrá-lo pela garganta. Thranduil havia se esquecido daquele pequeno detalhe ao aceitar a presença de Thráin em seu palácio. Mas pode ver que até mesmo Girion estava incomodado pela forma como comiam. Sua esposa tentava não olhar e comia bem lentamente, em uma tentativa de não passar mal ao ver aquela cena.

O rei observou que Thorin comia de forma mais comportada e agradeceu por ele ter algo que prestasse. Ao menos sabia comer de boca fechada.

- Não se deve comer de boca aberta – Elias rebateu para Thráin e Angelina quase sofrera um infarto pela afronta do menino.

Thráin limpou sua boca e barba sujas de vinho com a manga de sua roupa, encarou seriamente o pequeno menino.

- Vocês é que são frescos – alegou o anão – Uma comida deve ser saboreada de verdade, deve comê-la de uma vez ao invés de pedaço por pedaço! – bateu a mesa.

O soco causou irritação no rei elfo, que se segurou para não dar uma boa resposta a aquele anão. Tão arrogante quanto o pai.

- A forma como deve ser saboreada a comida vai de cada um. Antes de chamar alguém de fresco, anão... Sugiro olhar melhor o reino em que se encontra, certas palavras pode ser mal interpretadas – a resposta viera de Nye, que ao bebericar seu vinho olhou de forma firme para o anão.

Thráin a encarou por alguns segundos, antes de vasculhar os cantos daquele cômodo. Ele não podia ver, mas sabia que qualquer sinal do grandioso rei Thranduil, elfos brotariam do chão armados até os dentes e apontariam suas armas em seu nariz. Vendo que realmente deveria tomar cuidado, Thráin assentiu.

- Perdoe minha atitude, majestade. Anões não sabem se portar a mesa, comemos de forma bruta – Thráin falou.

- Está perdoado. Afinal, não vamos estragar o jantar por coisas pequenas – disse.

Internamente Thranduil adorou a forma como Nye colocou aquele anãozinho em seu lugar, ao mesmo tempo em que ficou surpreso pelo jeito de agir dela. Se perguntou de onde aquela elfa imponente havia saído. E mais uma vez observou que Nye não era uma elfa comum, sempre conseguia o surpreender.

Depois disso o jantar transcorreu calmamente. A sobremesa logo fora servida também, um doce de manga que até mesmo os elfos apreciavam. Uma receita humana preparada por Eirien. E a favorita do rei, mas somente Rosetta sabia daquele detalhe, pois o rei jamais permitira que outros soubessem de seu favoritismo por aquela sobremesa humana.

Após apreciarem a sobremesa. Nye percebeu que era hora dos homens ali presentes falarem de negócios e acordos. Então rapidamente chamou Angelina e Elias para mostrarem o castelo.

Antes de sair, Nye deu uma ultima olhada para dentro do cômodo dando a ela o privilegio do olhar de Thranduil em si. Por alguns minutos se mantiveram sendo sustentados, mas logo ela quebrou aquele contato e saiu do recinto.

 

*

*

*

 

- Por que seu namorado é tão sério? – Elias indagou.

Andavam por um dos corredores próximo a biblioteca do palácio, Elias de mãos dada a Nye e Angelina logo atrás. Eryn as acompanhava como proteção, apesar de estarem dentro do palácio.

- Elias! – Angelina exclamou, brigando com o menino – Não deve falar assim.

- Não se preocupe, Angelina. Elias tem razão, Thranduil é bem sério, mas acho que me acostumei com o jeito dele. Não consigo vê-lo de outra maneira, seria estranho – alegou – E Thranduil não é meu namorado, é meu marido – riu.

- Continua sendo sério demais – o menino continuou.

Entraram na biblioteca e os olhinhos de Elias se iluminaram ao ver tantos livros, havia poucos na língua dos homens, mas estes pouco importaram para o menino que queria aprender a falar élfico. Nye ainda sabia pouco, estava mais amigável com a língua, mas um pouco distante de ser fluente. Mas era esforçada e se esforçaria mais para aprender a falar tão bem quanto um elfo.

Nye pegou qualquer livro em élfico para mostrar a Elias, que maravilhado fazia inúmeras perguntas. Sentaram em uma das poltronas confortáveis e de veludo que havia ali na biblioteca. Até Elias soltar outra frase que deixou Angelina desconfortável.

- Mãe, será que eu posso comer mais daquele doce de manga? – pediu.

- Você já comeu demais. Não estamos na nossa casa para você comer como bem entende – a mãe respondeu, afagando a cabeça do pequeno.

- Mas eu comi só uma vez – implorou.

Nye sorriu diante dos olhos pidões, levantou-se e ajeitou o vestido que usava.

- Irei pedir para trazerem mais, podemos comer aqui – piscou para Elias que sorriu.

- Não devia fazer as vontades dele, Nye.

- Mas mãe, em casa eu como três vezes do doce de manga – rebateu e Angelina não sabia onde enfiava a cara.

 Nye riu.

- Fiquem aqui, vou pedir a Rosetta para trazerem mais do doce – avisou ao sair da biblioteca.

Seguiu pelos corredores calmamente, indo em direção a cozinha onde sabia que Rosetta estaria no momento. Uma vez que Thranduil não precisaria mais dos serviços dela. Porém, quando virou um dos corredores – já um pouco afastado da biblioteca – Nye deu de cara com Elinor, que limpava o chão. As duas se encararam, mas Elinor praticamente lhe lançava um olhar mortal, se pudesse a mataria somente com aquele olhar.

Nye detestou o fato de tê-la encontrado, qualquer pessoa seria melhor do que aquela elfa. Soube através de Tauriel que a mesma estava trabalhando como serva e limpando o chão do palácio e outras coisas que a mesma detestava.

- Nem ouse pisar aqui! – Elinor se levantou, a roupa que usava era de cor bege clara, um tanto bem alinhada e passada, mas as vestes eram sem graça e sem imponência para a elfa que se sentia ultrajada ao usá-la.

- Preciso falar com Rosetta e este é o único corredor que leva até a cozinha – falou e tentou passar, mas Elinor jogou o balde ainda com água no caminho de Nye, o ato fez com que algumas gotas espirrassem em seu vestido.

Mas Nye pouco importou, não iria brigar por causa de um vestido.

- Ainda estou limpando esse maldito chão, não vai passar aqui e sujá-lo! – rebateu, sua irritação era visível nos olhos.

- Se fosse outra serva eu até me preocuparia em sujar o chão novamente, mas como se trata de você não tem porque me preocupar se vou ou não sujar o chão – provocou.

Era algo ariscado mexer com Elinor, mas Nye estava cansada dos joguinhos dela. Estava cansada de ter medo dela. Elinor era uma serva agora, enquanto que ela era a rainha, não tinha por que temer aquela elfa esnobe. Ela própria causou sua expulsão do conselho, descontar nos outros não vai trazer o cargo de volta para ela.

Elinor trincou o maxilar com a frase. Estava a meses segurando sua fúria contra aquela elfa metida. Estava a meses odiando seu novo cargo. Não agüentaria nenhuma afronta dela, sendo rainha ou não.

- Escute aqui... Não ache que só por ser rainha agora pode me tratar desse jeito – avisou, se aproximando lentamente de Nye – Tudo isso é culpa sua. Se não fosse por você, Thranduil jamais me tiraria do conselho. Jamais me afastaria dele – alegou, parando diante dela.

- Está enganada. Você mesma causaria sua ruína mais cedo ou mais tarde – Nye falou – Está aqui por conseqüências de seus atos. Seja madura e assuma o que fez, melhor do que ficar jogando a culpa nos outros – emendou.

Em seguida passou por ela, mas a próxima fala de Elinor a fez parar.

- Você também deve assumir as coisas que faz! – provocou e Nye se virou confusa.

- Do que está falando?

- Soube que você e Thranduil brigaram. Ele tem estado bastante afastado de você – sorriu de canto – O que é? Um rei não é o suficiente para você? Uma raça não é o suficiente? – riu.

- Não estendo do que está falando e pouco importa as asneiras que diz – falou.

- Falo do príncipe anão! – Nye estacou no lugar – Os rumores ainda correm por Mirkwood – avisou – Você me enoja, se misturando a aquela raça inferior. Isso prova que você não serva como rainha, eu jamais me aproximaria deles. Jamais os veria como aliados – afirmou.

- A única pessoa que me enoja é você. Sua boca está tão cheia de veneno que me surpreende ainda não ter mordido a língua – disse – Cuidado para não morrer caso a morda!

Elinor trincou os dentes e se preparou para avançar em cima de Nye, porém, quando suas mãos iam para agarrar o pescoço dela, algo afiado encostou em seu pescoço e ela interrompeu seus movimentos. Até Nye se surpreendeu por ver a lamina apontada para Elinor. Ao olhar avistou Thorin, mas não era ele quem apontava a espada para a elfa insana. Era Legolas.

- Eu não faria isso se fosse você – Legolas avisou, sua voz calma, porém, fria e mortal – Ainda tem sorte de estar aqui neste castelo, não seja burra ao zombar da boa vontade de meu pai! – alegou.

Elinor recuou, ainda irada, mas não ousaria ir contra o filho de seu amado rei.

- Saia daqui. Arrume outro canto do palácio para limpar! – o príncipe elfo ordenou e rapidamente Elinor assentiu, mas antes de sair ainda lançou um olhar furioso para Nye.

Assim que sumiu, Thorin se pronunciou.

- Não devia deixá-la falar assim com você – Thorin comentou – O que teria feito se não tivéssemos aparecido? – indagou.

- A teria congelado! Ao menos os braços dela – respondeu simplesmente – E vocês dois, o que fazem aqui? Não devia estar fazendo ronda e você com Thranduil em reunião com Girion? – indagou olhando para os dois.

- Estava procurando o toilet, mas me perdi – o príncipe anão respondeu – O encontrei no caminho.

- Troquei de turno com a Tauriel – Legolas alegou – Aonde ia?

- A cozinha. Elias quer mais doce de manga – Nye respondeu.

Legolas assentiu.

- Volte para junto deles, eu aviso Rosetta para levar o doce – alegou.

- Estou na biblioteca! – avisou ao ver Legolas se distanciando. O príncipe apenas meneou a mão e virou no próximo corredor, logo depois ela fitou Thorin – E você? Acho que a reunião ainda continuará.

- Não creio que precisem de mim. A reunião já tomou seu rumo com ou sem minha presença – comentou, andando alguns passos.

Thorin estava estranho. Normalmente era cordial e agradável, mas agora estava mais quieto, desconfiado e havia uma irritação escondida naqueles olhos. A forma como ele lhe olhava também estava diferente, mas Nye achava que era coisa da cabeça dela.

- Que rumo a reunião tomou? – indagou, sabia que estava receosa com aquela reunião e que por estar brigada com Thranduil ela não iria perguntar nada sobre o assunto, então sondar Thorin foi sua única opção.

Mas a feição dele não era muito boa.

- Seu marido é um elfo difícil de lidar, ainda me surpreende que tenha se casado com alguém como ele – comentou, virando-se para ela novamente.

- Aprendi a lidar com a personalidade difícil dele – respondeu – Os anões de Erebor parecem ter uma rixa bem antiga com Thranduil – comentou.

- Não somos nós quem temos uma rixa, é seu marido que parece se esquecer que ele não é o único ser que vive neste vasto mundo! Age como se fosse o rei de todos e se intromete em assuntos que nada são da conta dele – Thorin contou.

A fala de Thorin fez a elfa lembrar-se de quando se encaminhava até Erebor com Thranduil pela primeira vez, ele havia mencionado a respeito da maldição que a tal Pedra Arken carregava. Se a maldição era tão temida assim, talvez seja melhor que os anões ouvissem o que Thranduil tinha a dizer. Apesar de saber que a forma como provavelmente Thranduil dizia que a pedra era perigosa soava como uma ameaça para os anões.

Não era uma situação fácil.

- Talvez Thranduil tenha seus motivos para agir desta maneira – disse e Thorin a olhou ainda mais amargurado.

- Esta respondendo por si mesma ou é por ter se casado com ele que o defende? – rebateu.

- Respondo por mim mesma. Sei que Thranduil alerta seu avô a respeito da Pedra Arken – contou – Se ele acha que a maldição é verdadeira deviam ouvi-lo.

- Quem garante que o rei não quer a pedra para si? Os elfos também são criaturas fáceis de serem dominadas pelo poder, mas não demonstram sua loucura por ela como outras raças – riu de canto – Está casada com ele a pouco tempo, não sabe o elfo ardiloso que ele é – emendou – Eu sim o conheço e sei do que ele é capaz. Não devia ter se casado com ele... – avisou.

- Então é por isso que me olha torto desde que chegou? Me tornei alguém ruim ao seus olhos apenas por que casei com Thranduil? – questionou.

- Alguém diferente. A elfa que conheci em Erebor e vi dançando em Dale não seria capaz ou aceitaria se casar com um elfo como ele! – alegou.

- E o que sabe sobre ele?

- Mais do que você!

Algo amargo se apossou do peito de Nye. Viu em Thorin um anão bom e respeitoso, mesmo sendo de raças diferentes pensou que poderia ter alguma amizade com o mesmo. Não para ganhar vantagem ou espionar Erebor, apenas porque gostou de Thorin e o achou agradável. Ele não pareceu se importar a qual raça ela veio e sabia que se importaria menos se soubesse que fora criada por uma família de homens e que mal sabe sua língua materna. Mas vê-lo lhe olhar de forma diferente pelo simples motivo de ter se casado com Thranduil...

Isso a deixou com um gosto amargo na boca.

- Sua desavença com o rei está lhe cegando – pronunciou, ainda com aquela sensação esquisita.

Dito isso, ela simplesmente passou por ele retornando pelo corredor a fim de voltar a biblioteca. Percebeu Thorin lhe seguiu – a passos mais calmos – até o cômodo. Nye adentrou novamente a biblioteca e avistou Elias em meio às almofadas aconchegantes perto da lareira acesa, observava as paginas em élfico e Angelina estava sentada ao lado dele.  

O menino lhe sorriu ao entrar e ela rapidamente foi ao encontro dele.

- Nye, o que está escrito aqui? – indagou, quando a elfa sentou-se ao seu lado.

Ela traduziu algumas frases, enquanto que Angelina se levantou e foi até Thorin, parado ainda próximo a porta dupla e escura.

- A reunião já acabou? – indagou.

- Ainda não. Creio que irá durar mais algumas horas, reuniões como esta se estendem – respondeu.

Minutos depois Rosetta chegou, trazendo consigo uma bandeja de prata com pequenos pratos contendo o tão sonhado doce de manga que Elias queria. Ela os serviu e se retirou. Nye ficou a traduzir algumas coisas em élfico para Elias, enquanto que Angelina sentada na poltrona observava a cena e Thorin andava pela biblioteca achando algo para ler, mas após desistir foi até a varanda e ficou a aguardar o termino daquela reunião.

 

*

*

*

 

Thranduil podia estar ali dentro daquela sala de jantar ouvindo os argumentos de Girion, porém, sua mente estava aturdida com a ausência de Thorin. Quando o anão se retirou pouco se importou, sua presença não era importante, mas ao ver a demora dele em retornar sabia que havia algo errado. Fazia mais de duas horas desde que aquela coisa pequena se levantou de seu assento indo em direção ao toilet e sua demora só podia significar que aquele anão insolente fora atrás de Nye. Pensar nos dois juntos debaixo de seu teto o deixava com a mente fervilhando.

Não via a hora daquela reunião acabar, se fosse apenas Girion em seu palácio agüentaria a ausência de qualquer membro de sua comitiva ou acompanhante, mas era daquele anão insolente de que ele estava falando.

- Então, Thranduil... Temos um acordo? – Girion falou, após prolongar seu argumento dos motivos que o fizeram ter receio de uma parceria com Mirkwood.

O rei elfo assentiu, apesar de estar matutando onde Thorin se encontrava e Nye também, ele estava prestando atenção no que o senhor de Dale dizia. Com um movimento com a cabeça Thranduil assentiu, demonstrando que concordava com os termos estabelecidos por Girion. Pouco importava no que Erebor pensava a respeito daquela negociação, um reino não iria interferir no outro, além do mais Thráin nada tinha haver com sua parceria com Dale.

- Então creio que chegamos a um consenso – Thranduil falou se levantando fazendo os demais o imitarem.

- Sim.

- Ótimo. Mandarei prepararem o contrato e o mandarei dentro de duas semanas, após assinar Mirkwood e Dale terão uma parceria – explicou.

Girion assentiu.

Rumaram para fora do recinto, a garrafa de vinho jazia vazia em cima da mesa assim como as taças onde o mesmo fora apreciado. Caminharam por alguns corredores do palácio e uma conversa com um assunto trivial se iniciou, mas logo foi interrompida quando avistaram a esposa de Thranduil caminhar ao lado da senhora de Dale... E junto estava Thorin. Causando um desagrado enorme no rei elfo, mas que não deixou transparecer.

Nos ombros do anão, se encontrava Elias adormecido. As horas correram rapidamente para todos, a reunião se estendeu e os livros que deixaram o garoto maravilhado lhe tomou tempo. O ideal seria que passassem a noite ali, mas não era preciso perguntar para saber que os dois anões presentes ali prefeririam dormir em uma cela do que deitar em uma cama élfica. Mas providenciaria um grupo pequeno para que os acompanhasse até a entrada de Dale. Não mais do que isso.

Girion sorriu ternamente para Angelina e depois para o filho nas costas de Thorin, completamente adormecido. A cabeça do menino usava o ombro do anão como apoio para dormir.

A cena não passou despercebida por Thranduil, que olhando de soslaio viu Nye sorrindo singelamente e mais uma vez imaginou como seria sua rainha sendo mãe. E aquele calor no peito tornou a aparecer para atormentá-lo.

Depois disso seguiram para o hall do palácio, Angelina agradeceu pelo jantar e pela companhia de Nye. Logo depois saíram e foram acompanhados pelo grupo de vigia de Tauriel.

E o silencio tornou a reinar após a saída deles. A imagem de casal imaculado e majestoso veio ao chão e o abismo que havia entre eles retornou, fazendo Nye se afastar do rei e se recolher novamente na biblioteca. Ela nem ao menos lhe dirigiu o olhar como fazia algumas vezes, podia achar que Thranduil não percebia seus olhares magoados para cima dele, ele notava... Mas agora ela estava diferente.

E novamente se questionou se aquilo ainda era sua raiva para com ele ou se havia um dedo daquela anão no meio.

Thorin que não se atrevesse a ferir Nye, seja de que forma for. Aquele anão conheceria a fúria de um elfo, caso o fizesse. Não tendo mais o que fazer, achou melhor se recolher no quarto e aproveitar para tomar outro banho. Reuniões assim sempre o desgastavam e ele precisava relaxar.

 

*

*

*

 

Um a um ela foi empilhando novamente na prateleira. Os livros estavam em seus braços e ela ia colocando novamente no lugar, normalmente quem fazia aquela tarefa eram as servas, mas ela não estava a fim de ir para o quarto e ficar em outra parte do palácio implicava em encontrar com Thranduil. Não estava pronta para voltar a conviver com aquela distancia enorme entre eles. Sem contar que as palavras e o comportamento de Thorin mexeram com ela de tal forma que sua cabeça se encontrava confusa.

Nunca entendeu bem aquela rixa entre os dois. Não sabia se era devido as raças se odiarem ou se havia algo a mais ali. Anões eram bem desconfiados, ela observou, não pareciam gostar de nenhuma outra raça e gostavam de se vangloriar sobre tudo. Notou isso quando fora a Erebor pela primeira vez, perdeu a conta de quantas vezes Thráin ou Thror se vangloriava sobre algo. Seja sobre o tamanho da espada ou tipo de lã que usavam em suas roupas. Tudo era motivo para se mostrarem poderosos. 

Seria essa sua sina? Ser odiada por todos?

Thranduil não gostava dela, a achava uma vergonha para a raça dos elfos. Thorin de repente se mostrou contraditório, sendo super gentil em sua visita ao reino anão e agora agia de maneira hostil. Vendo-a como uma inimiga. As únicas pessoas que se deram bem com ela fora a família de Girion, e claro Tauriel e Eryn. Nem mesmo Legolas fora com a cara dela no inicio.

Após guardar o ultimo livro na prateleira, ela massageou as têmporas. Estava cansada e sua mente e corpo pediam a cama macia e quentinha que deitava todas as noites. E que todas as noites clamava pela presença de Thranduil ao seu lado, mesmo sabendo que elfos não possuem o costume de dormir como os homens.

Retornou para o quarto, tendo o cuidado de não trombar com Elinor novamente. Não estava a fim de gastar seu gelo com ela e com coisas banais. Aquela implicância dela já estava ultrapassando os limites do aceitável. Nye tinha coisas mais importantes para se preocupar.

Achando que Thranduil estaria no salão do trono ou enfurnado no jardim privado dele – como normalmente ficava -, ela não se preocupou em entrar no quarto e rumar direto para o banheiro. Onde tinha a intenção de lavar o rosto e se refrescar e claro vestir sua camisola que se encontrava ali. Porém, assim que entrou no banheiro seu corpo se deteve ao ver a figura nua e esplendorosa de Thranduil. O mesmo havia acabado de sair da banheira, tanto que ainda dava para ver as gotas em seu corpo fazendo caminho pelo tronco bem trabalhado e magro. Descendo até a cintura onde o rei segurava a toalha para tampar a parte intima.

Nye havia entrado no banheiro no exato momento em que ele havia pegado a toalha para se secar.

Geralmente Thranduil possuía ajuda de suas aias para banhar-se, mas quando tomava seus raros banhos noturnos, ele o fazia sozinho. Mas não esperava ver Nye entrando de uma vez no cômodo.

- Por Eru! – exclamou, soltando um suspiro.

O corpo de Thranduil era esguio, magro, porém havia músculos muito bem distribuídos ao longo do corpo. Suas pernas eram grossas, seu peito largo e os braços possuíam certos músculos a vista. Os cabelos lisos estavam molhados também, escorrendo em suas costas causando ainda mais... Nye não sabia o que estava sentindo ao ver a cena, estava perplexa e extasiada. Próximo da cintura, ela pode ver duas pequenas cicatrizes e inconscientemente acabou se demorando nelas.

- Espero que a visão esteja do seu agrado, para que não consiga desviar o olhar – Thranduil comentou, ajeitando a toalha em torno de sua cintura, de um jeito que não permitisse que Nye visse sua parte intima.

Após as palavras do rei, Nye se tocou do local onde aquelas cicatrizes estavam e virou-se de costas a ele completamente corada.

- P-Pensei que estivesse no seu jardim privado – comentou, gaguejando e nervosa. Seu corpo tremia e suas bochechas se aqueciam.

- Reuniões como estas me deixam esgotado, sempre tomo um banho após o termino – contou.

- Suas aias deviam estar aqui – disse, apertando a saia do vestido que ainda usava.

- Não queria a presença delas. Mas já que está aqui... Poderia me ajudar – comentou.

De repente todo aquele clima pesado e tenso entre eles se esvaiu, mas o rei sabia que se devia ao fato de Nye o ter pegado naquela situação. Depois as coisas voltariam ao normal, mas queria aproveitar que ela estava falando consigo e parecia mais leve, ao contrario da face sempre distante que carregava ou magoada quando olhava para ele.

- T-Te ajudar? C-Com o... O que? – gaguejou novamente, temendo se virar.

- Vire-se – ordenou e ela negou com a cabeça – Não precisa ficar assim, somos casados é normal que um veja o outro nu. Além do mais você me veria assim mais cedo ou mais tarde – emendou.

E isso serviu apenas para aumentar a vermelhidão na face dela.

Mas ela se virou.

Cautelosamente. E quando tomou coragem para abrir os olhos encontrou Thranduil sentado em uma poltrona sem encosto que havia ao fundo do banheiro, ele segurava uma toalha limpa em mãos e a outra ainda habitava sua cintura. O que ela agradeceu. Caminhou até o rei com o corpo trêmulo, evitando a todo custo encará-lo. Pegou a toalha macia e parou detrás dele, onde as gostas escorriam pelas costas largas do rei fazendo Nye engolir em seco.

Ela não sabia o que estava acontecendo consigo, apenas via que a imagem de Thranduil estava deixando seus sentidos confusos e agitados. Sua boca salivava, seu corpo se arrepiava e por dentro se aquecia. Sentia os dedos coçarem querendo deslizar pelo peito do rei, seguindo o mesmo caminho que as gotas. Por um momento sentiu inveja delas.

Calmamente começou a secar as pontas do cabelo molhado de Thranduil. Tentando não prestar atenção aos detalhes do corpo esguio e alto do rei. O que era uma tarefa difícil.

Thranduil estava calmo, apenas apreciando os toques suaves de Nye em seu cabelo com a toalha.

Porém, observava as feições dela. Ainda era possível notar certo distanciamento com seus pensamentos.  A tarefa parecia dispersá-la, fazendo-a pensar ainda mais em seja lá o que. Não gostava de vê-la daquela maneira, tão pensativa. Se seus poderes eram de fato ligados a suas emoções deixar que ela ficasse mergulhada em pensamentos era o combustível certo para o desastre.

- Está distraída – Thranduil comentou. Mantendo sua face reta e fitando o outro lado daquele banheiro.

Nye o escutou, mas não respondeu nada. Apenas meneou a cabeça concordando.

- Para onde foi com a mulher de Girion após o jantar? – indagou.

- Fui mostrar o palácio e depois ficamos na biblioteca – respondeu enfim – Elias se interessou pela língua élfica, talvez possa ensiná-lo – emendou.

- Normalmente não gosto de ver minha língua materna perambulando pelas bocas por aí, mas aquele menino parece ter um pouco de cultura e educação ao contrário de outros – falou – Vi que Thorin estava com vocês.

Algo tilintou em Thranduil ao tocar no nome do anão, principalmente pela feição mais séria e pensativa que Nye adotou. Entao, o motivo era aquele anão. De novo. Parecia que somente ele conseguia arrancar ouras expressões de Nye, ao contrário dele que só tirava o lado ruim dela.

Nye parou de secar os cabelos do rei e ficou a fitar o chão a seus pés. A visão desnuda do rei ainda lhe causava sensações, mas ela possuía pensamentos demais na cabeça para se entregar a aquela visão completamente.

- Espero que aquele anão insolente não tenha ousado faltar-lhe o respeito – a voz do rei soou mais séria e Nye o encarou prontamente, vendo-o de pé.

- Não... Ele não o fez – garantiu – Thorin é uma pessoa boa. – mas a frase não saiu com convicção. Thranduil estreitou o olhar a analisando, ficaram alguns segundos em silencio antes de Nye tornar a falar – Por qual motivo os elfos e anões não se dão bem? – questionou.

Thranduil recuou alguns passos, levando suas mãos atrás das costas, fazendo assim seu peito ficar mais exposto e Nye quase ter um ataque. Internamente o rei riu e logo respondeu:

- Achei que o motivo já tinha ficado claro quando visitamos Erebor – comentou – Anões e Elfos possuem suas desavenças desde muitas eras. Como sabe anões são gananciosos, protegem suas pedras preciosas com suas vidas ao invés da família – enumerou – São desconfiados. Dentre outras coisas... Mas não é exatamente isso que quer falar não é mesmo? – a encarou – O que Thorin fez, Nye? – ele indagou, mais sério e mais letal.

Ele não perdoaria aquele anão por ferir Nye. Arrancaria a cabeça dele antes mesmo que pudesse piscar.

- Thorin não me faltou com o respeito, apenas não gostou muito de saber que sou casada com você – alegou.

- Achei que demoraria mais, mas até que foi rápido – ele disse e Nye o fitou confusa – Achou mesmo que ele iria querer apenas uma amizade? Não seja tola Nye! Estava na cara desde o inicio o que ele queria, Thorin apenas não mais alguns paços por serem de raças diferentes! – argumentou, andando pelo banheiro, mas mantendo o olhar nela – Aquele anão quer mais do uma simples amizade. Ele a quer, ele a deseja... – a última palavra soou rouca na voz de Thranduil e Nye sentiu um arrepio.

Ainda mais que o rei se aproximava dela, a olhando com olhos de predador e o fato dele ainda estar sem roupa a deixava desnorteada. Ela não sabia se ele fazia de proposito ou se o rei era sem noção, mas estava a ponto de ter um troço ali naquele banheiro. O corpo de Thranduil a vista para ela junto daquela voz rouca, misturada aos olhares intensos que ele lhe lançava a fazia ficar tonta. Ainda sentia a formicação nas mãos para tocar aquela pele. Mas se repreendia, pois ainda estava brava com ele pela discussão de outra noite.

Ele diante dela novamente, a encarando tão intensamente que Nye sentia-se ser tocada por ele com apenas o olhar.

- Anões são conhecidos por serem insistentes, ele ainda vai tentar se aproximar de você – afirmou.

- Não posso dar o que ele quer – alegou.

- Bom saber – disse – Mas mesmo que ele tentasse, eu não permitiria que ele se aproximasse de você! – afirmou, chegando mais perto e mais perto.

Se encararam. O banheiro parecia ainda mais quente do que clima realmente parecia do lado de fora. Se na floresta o calor de uma noite de verão tomava conta, ali dentro parecia o deserto.

- Não permitira apenas porque tem uma rixa tola com Thorin. Não porque se importa! – comentou, sorrindo de canto, mas seus olhos demonstravam tristeza.

O coração doía ao dizer tais palavras, mas era a verdade. O rei não se importava com ela. E com tais pensamentos ela se afastou dele e se virou, retornando ao quarto, porém, antes que ela pudesse se quer se afastar ou chegar até a porta, Thranduil a puxou pelo braço em um ato impulsivo. Com a força com que a puxou, Nye veio parar contra seu peito e as mãos antes ansiosas para sentir a pele macia do rei agora se encontravam espalmadas e sentindo o calor daquela pele exposta.

Nye arfou. Sentindo as bochechas arderem ao estar tão perto dele.

Seu olhar abaixou, fitando o centro do peito onde suas mãos descansavam. Logo depois ela foi descendo, trilhando o mesmo caminho que outrora as gotas de água faziam. Atá pararem rente as duas pequenas cicatrizes localizada próximas ao quadril do rei, cicatrizes do tamanho da lamina de uma adaga.

- Um presente que a guerra me deu – proferiu rouco – Uma das inúmeras que tenho!

Ela o encarou.

- Parece possuir vários troféus de guerra – disse.

- Para cada guerra há um memorando. Algo para me lembrar que guerras são terríveis e que devo evitá-las – alegou.

- Diz querer evitar a guerra, mas parece pronto para gritar por ela caso Erebor dê o primeiro passo – argumentou.

A expressão do rei se tornou séria, seu maxilar travou, mas não recuou. Continuando a manter suas mãos nas costas da elfa.

- Minha rixa com Erebor são assuntos meus – disse, tornando a ser aquele rei imponente e autoritário que é.

Ele se afastou de Nye e ela devolveu o olhar da mesma forma.

- Minha amizade com Thorin e com Erebor são assuntos meus também. Peço que não se intrometa! – rebateu na mesma medida e após dizer aquilo, meneou a cabeça – Boa noite, meu rei – em seguida saiu do quarto.

E o abismo havia voltado a reinar entre eles.

 

 


Notas Finais


Então pessoal é isso. Espero que tenham gostado. Estou meio incerta quanto ao final deste capitulo, mas acho que ficou bom. Até o próximo capitulo!


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