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História Freiheit - Vinte e Dois


Escrita por: LaraBarbosa

Notas do Autor


Oii meus amados Cupcakes <3!! I'm back!!

Não, a titia Lara não está morta, ainda que tenha passado bem perto das portas do outro mundo... Enfim, eu tenho excelentes motivos para ter sumido, mas deixarei a explicação longa para as notas finais. Resumindo: a saúde da minha mãe pirou, eu estou ainda mais doida que o normal, tive um hiper bloqueio criativo e não tenho mais amigos na minha vida real.

Maaas, deixando de lado os meus problemas, esse capítulo está grande e um pouco cansativo. Eu acabei de sair de um bloqueio, então pode estar meio bosta, mas se atentem aos detalhes desse capítulo, pois ele será muito importante para o futuro da história. Vai ganhar um real quem descobrir os três segredos que estão espalhados por esse capítulo kkk!!

Ah, e sem esquecer é claro dos meus amores que me deixaram comentários maravilhosos. Obrigada ~gabimel, ~Miawzi, ~Jtlouco, ~Kisuky, ~gabstevanato (merece estrelinha por ter recomendado a história!!), ~Abelynhazuzu, ~Wedarksouls, ~TaeilGermes, ~alimac213, ~Srt-Lightwood (mozona <3), ~ralphpfvr, ~olhosnegro, ~Telany, ~HotaruAotsuki, ~Chekookie e ~AleStoessel!! Vocês arrasaram e me motivaram demais a continuar a escrever. Dedico esse capítulo a vocês. Espero que gostem!!! Boa Leitura...

Capítulo 23 - Vinte e Dois


Capítulo XXII – Kim NamJoon

 

A cidade começava a ganhar os primeiros raios solares quando o carro estacionou em frente a uma loja de três andares, cercado por diversos outros comércios ainda fechados devido ao horário. Do outro lado da rua, uma pracinha com várias árvores e bastante espaço chamava a atenção por sua beleza. SunHee dormia pesadamente ao meu lado, no banco de trás do veículo, como era de se esperar de minha irmã, em um domingo de manhã.

Meus pais estampavam sorrisos repletos de expectativas e a única informação que haviam dado era que eles abririam uma loja naquele lugar. Meu pai sorri para mim e é o primeiro a descer do carro. Minha mãe nos olha com carinho e após um breve afagar em meus cabelos, ela também sai do veículo. Os dois ficam parados, perdidos em seus pensamentos, enquanto observavam a loja com atenção.

Mais dois carros aparecem e me animo ao reconhecer seus proprietários. Os primeiros a se revelarem são os pais de Jackson e, em seguida, os pais de Jimin. Todos eles pareciam tão felizes quanto meus pais, como se aquele lugar fosse a realização de seus sonhos.

- Nam! – Grita Jackson, animado, batendo na janela do meu carro. Sorrio, correspondendo a sua felicidade. Ele segurava uma bola de futebol abaixo de um de seus braços. – Sun! Vamos jogar bola.

- Shii... A Sun está dormindo. – Digo, abaixando o vidro e colocando meu dedo sobre a boca, falando em tom mais baixo. – Você sabe o quanto ela é chata quando é acordada.

- Verdade. – Concorda o garoto, preocupado. Ele ergue um pouco o corpo e tentar ver minha irmã. – Espero que ela não tenha acordado.

- Não acordou. – Garanto, vendo a garota somente se aconchegar melhor no banco. Sorrio e destravo meu cinto. Com cuidado para não acordar minha irmã, abro a porta e desço do carro. Ao longe, vejo Jimin, nos braços da mãe, sonolento, segurando seu ursinho de pelúcia preferido. – Vamos brincar com o Minnie. Quando a Sun acordar, ela brinca com a gente.

- Tudo bem. – Jackson sorri animado e começa a correr em direção a Jimin. Fecho a porta do carro e o sigo, feliz por ver que poderia passar o dia inteiro com meu dongsaeng e Jackson.

Assim que nota a nossa presença, Jimin sorri largamente e desce dos braços de sua mãe. O mais novo segura seu ursinho com força e corre apressado em nossa direção. Sorrio encantado. O garoto era extremamente fofo, com suas bochechas gordinhas e coradas, o sorriso doce e os olhos formando dois tracinhos delicados.

- Nam-hyung! Jack-hyung! – Fala Jimin, animado, assim que nos alcança. – A mamãe disse que posso brincar com vocês o dia todo!

- Que legal, Minnie! – Afirma Jackson, acariciando a cabeça do mais baixo. – Nós vamos nos divertir muito.

Desvio meu olhar dos rapazes para o grupo de adultos que conversavam seriamente, próximos a entrada da loja. As expressões faciais de meus pais tinham mudado drasticamente. De orgulho e excitação, agora, eles demonstravam preocupação e medo. Por estarem longe, eu não conseguia saber sobre o que conversavam, mas eu sentia que era um assunto muito sério.

- Não é, Nam-hyung? – Questiona Jimin, chamando a minha atenção.

- O que você disse, Minnie? – Pergunto de volta, ainda olhando para meus pais e tios.

- Eu disse que o Jackson-hyung vai apanhar da Sun-noona. – Responde o garoto com um sorriso divertido em seu rosto.

- E por que ele apanharia? – Indago envergonhado por ter perdido toda a conversa.

- O que há com você? Está olhando tanto para nossos pais que estou ficando com medo.  – Comenta Jackson, encarando-me com seriedade.

- Não sei. Eles só estão...estranhos. – Digo, sem saber como explicar a sensação de desconforto que eu estava sentindo. – Meus pais parecem tristes agora.

Nesse instante, uma moto estaciona ao lado do carro dos meus pais. Um homem desce do veículo e retira o capacete que usava. Meus pais e tios encaram o desconhecido com tensão, mas após, aparentemente, reconhecê-lo, eles relaxam e sorriem nervosos. O motoqueiro reverência os três casais e só levanta sua cabeça novamente, quando é solicitado pelos meus pais.

- Quem é aquele homem? – Pergunta Jimin, curioso.

- Eu não sei. – Afirmo, desconfiado. – Mas, eu estou louco para descobrir.

Sem esperar pela resposta dos rapazes, começo a me aproximar com cautela, temendo que meus pais me vissem e brigassem comigo. Conforme nos aproximávamos, mais nítida a expressão de preocupação dos adultos se tornava. O homem falava baixo, inseguro. Assim que nos aproximamos do carro de meus pais, eu e os meninos nos escondemos, ficando a poucos metros dos adultos, conseguindo ouvir e ver um pouco do que acontecia.

- O que quer dizer com isso? – Questiona meu pai, tenso.

- Krysttal está um caos. Os reis declararam estado de urgência ao país. Com o inverno rigoroso, não há água, comida e remédio suficiente para todos. Além disso, os ataques do rei Max estão se tornando ainda piores. Os príncipes de Krysttal também estão lutando para proteger a população. – Informa o homem, suspirando em seguida. – Estão enviando alguns krysttalrianos por meio de navios para outros países, como medida de segurança. As preferências são mulheres e crianças.

- Os príncipes estão lutando? – Pergunta minha mãe, aterrorizada.

- Sim, Vossa Majestade. – Responde o homem de imediato.

- Por favor, aqui em Seul, eu sou apenas uma mulher qualquer. Não use esse termo, está bem? – Pede minha mãe, preocupada.

- Como desejar, minha senhora. – Concorda o homem.

- HeeJoon disse alguma coisa? – Questiona meu pai, pensativo. – Enviou alguma mensagem para mim ou algo do tipo?

- O rei HeeJoon pediu que entregasse essa carta, Vossa Majes...digo, meu senhor. -  O homem entrega um envelope branco ao meu pai, que troca alguns olhares com tio Ruiji e tio JiHoon e o abre.

- Dae-il, você tem notícias de Ayres? – Perguntou tio Ruiji.

O homem olha ao seu redor, parecendo procurar qualquer suspeito, e balança a cabeça, concordando, após confirmar que não havia perigo. Um suspiro alto deixa seus lábios. As notícias não pareciam boas, assim como a sua expressão desolada. Por fim, Dae-il caminha até sua moto e pega uma espécie de jornal e eu entrega a meu tio.

- Como pode ver, senhor Wang, a situação está indo de mal a pior. – Afirma, apontando para o jornal. – O rei Ayres negou qualquer ajuda a Krysttal e ainda jurou vingança contra o rei HeeJoon. Todos estão temendo que seu alvo seja os príncipes de Krysttal.

- Isso terrível! – Exclama tia Ping, preocupada. – Ao menos, os reis tomaram alguma medida preventiva para proteger os rapazes?

- Somente ao príncipe DongMin. – Responde Dae-il em lamento. – Disseram que o príncipe herdeiro tem mais prioridades que o mais novo. Com recursos tão baixos, eles preferiram focar a proteção em quem eles acreditam ser o mais importante. O príncipe DongMin não concordou e tentou de tudo para que levassem seu irmão para um abrigo, mas ele não foi ouvido. Agora, enquanto o herdeiro de Krysttal possui armadura especial para combate e diversos homens ao seu redor, o ajudando e protegendo, tudo que resta ao príncipe SeokJin é seu cavalo, sua espada e a ajuda dos próprios soldados e da população que se sente tocada com a situação do rapaz.

- Impressionante! – Fala minha mãe, inconformada. – Ainda que sejam nossos amigos, eu não consigo entender como eles podem tratar os filhos de maneiras tão distintas.

- Há algo que nós possamos fazer para ajudar? – Perguntou tio JiHoon.

- Continue a proteger os príncipes e a princesa, JiHoon. Você e Yejin são a nossa maior esperança de que essa situação não piore ainda mais no futuro. Precisam tomar cuidado para que o rei Max não descubra o envolvimento de vocês. – Alerta o mensageiro com seriedade. – E mais do que isso, protejam aquelas crianças. Principalmente, o herdeiro daquele maldito.

- Não se preocupe. Eu darei minha vida para proteger essas crianças se for necessário. – Afirma tia Yejin, convicta.

O homem balança a cabeça, satisfeito com a resposta da mulher. O celular no bolso do mensageiro vibra, chamando a atenção dos adultos. Dae-il pega o aparelho e visualiza a tela, fazendo uma expressão de surpresa momentânea. Meus pais o olham em alerta e eu soube naquele momento que algo de muito ruim havia acontecido.

- O que houve, Dae-il? – Pergunta tio Ruiji preocupado.

- Senhor Wang, eu lamento muito. – Fala o homem, deixando todos ainda mais inquietos. – O seu pai não está nada bem.

 Dias após aquele encontro, o avô de Jackson morreu e as recordações daquela conversa passaram a se tornar apenas trechos de um passado distante, no qual, nem eu e muito menos Jackson e Jimin fazíamos questão de nos lembrar. Anos mais tarde, pude descobrir que Kim Dae-il, o provável mensageiro de meus pais, na verdade, também era pai de Taehyung.

Muitos mistérios começaram a surgir em minha vida depois daquele encontro. O sentimento de estar sendo vigiado a todo momento e as constantes visitas noturnas de alguns homens estranhos em minha casa durante a minha infância sempre me deixaram desconfiado. SunHee também passou a questionar meus pais sobre os segredos de ambos, mas nenhuma explicação era nos dada.

Um dia, após alguns anos de desconfiança e de notar que havia algo de errado com minha família, em meio a uma forte tempestade, uma carta foi entregue a meu pai e tudo mudou. A notícia que SunHee se casaria com um desconhecido surpreendeu a mim e a minha irmã de forma negativa. Não havia uma justificativa plausível e quanto mais questionávamos nossos pais sobre essa decisão, menos respostas obtínhamos.

A nossa única explicação era que o reino que meus pais, o avô e os pais de Jackson tanto nos falavam não estava muito bem e que chegaria um dia que minha irmã precisaria se casar com o filho caçula dos reis de Krysttal. Não havia nada na internet a respeito desse rapaz e em nenhuma das fontes de pesquisa de minha irmã além de seu nome e idade.

Mais um mistério passou a conturbar a minha mente, principalmente, no momento em que meus pais pararam de receber mensagens de desconhecidos. Dae-il também parou de nos visitar e, somente após visitar a casa de Taehyung, meses depois de termos nos tornado amigos, descobri que o homem havia desaparecido durante uma guerra em um país distante.

Eu sentia que todos aqueles fatores estavam ligados de alguma forma, eu só não conseguia identificar de que forma. Alguns detalhes estavam faltando para finalizar o quebra-cabeça, mas eu não tinha a menor ideia de como achar as peças, até o momento em que Soon Min-Jun revelara a verdade.

- O que estou querendo dizer é que é uma honra servi-los, Altezas. – Min-Jun se ajoelha e nos olha com seriedade. - Eu sou Soon Min-Jun, guardião dos futuros herdeiros de Serafine.

Como um clique em minha mente, a fala de Min-Jun havia trago as lembranças do aparecimento do pai de Taehyung de volta. Se o tenente estiver falando a verdade, então aquela conversa de anos atrás começa a fazer todo sentido. No entanto, ainda havia uma pergunta que continuava sem resposta. A chave que falta para que o quebra-cabeça fosse montado.

- Quem é o segundo príncipe? – Pergunto, sem perceber que havia proferido meus pensamentos.

- Segundo príncipe? Do que você está falando, Nam? – Questiona SunHee tão confusa quanto os outros.

- Espera. Você, por acaso, está falando daquela conversa de anos atrás? – Indaga Jackson, surpreso. – Apesar que...

- Se ele estiver falando a verdade, a maior parte das coisas que ouvimos começa a ter sentindo. – Complementa Jimin, seriamente.

- Vocês ainda se lembram? – Pergunto, verdadeiramente, surpreso.

- Não me recordo da conversa inteira, mas alguns trechos, como a citação dos príncipes e princesa ainda estão na minha mente. – Responde Jimin, pensativo. – Se pararmos para pensar, o fato de vocês serem príncipes não é tão surpreendente assim. Diversas vezes, nós vimos seus pais serem chamado de “majestades” e sempre ignoramos o fato de esconderem tantos segredos.

- Eu nunca os vi sendo chamados de majestades. – Comenta Hoseok, ainda surpreso pela revelação.

- E NamJoon não ignorou os segredos. Ao menos, era o que parecia. Os conflitos existentes na casa dos Kim sempre eram referentes a falta de respostas dos pais dele, não é mesmo? – Relembra JB, cruzando seus braços.

- Sim. – Responde SunHee, suspirando. – Nós sabíamos que havia algo de errado, mas nossos pais jamais nos disseram mais do que julgaram ser necessário. – Minha irmã ri, amargurada e leva as duas mãos ao rosto, parecendo cansada da situação. – E agora isso. Reis? Herdeiros e guardiões? O que mais falta descobrirmos?

- Sun... – Sussurra JinYoung, olhando com preocupação para minha irmã. Ela ergue seu olhar e sorri tristemente para o rapaz, que se aproxima com cautela.

- Eu estou bem. Só... – Ela inspira e libera o ar preso em seus pulmões, como se procurasse controlar suas emoções. – Eu só estou cansada de tantas mentiras, maldades e surpresas.

- Eu lamento por tudo, SunHee. – Fala o treinador, com tristeza. – Mas, saiba que tudo que escondemos de vocês foi por um bom motivo.

- Um bom motivo? – Questiona minha irmã com ironia. – E qual motivo seria esse? Qual motivo é bom o suficiente para fazer vocês mentirem e esconderem o nosso passado de nós?

- SunHee... – O senhor Bang começa a falar, mas eu o impeço de continuar. Eu entendia bem os sentimentos de traição, decepção e raiva que minha irmã gêmea sentia.

- Não invente desculpas, treinador. Vocês não tinham o direito de mentir para nós. Até quando vocês irão nos tratar como crianças? – Pergunto, indignado.

- Eles nunca irão deixar de nos tratar como crianças, NamJoon. – Responde SeokJin, entrando no ginásio, acompanhando de Yoongi. – Desculpem o atraso.

Min-Jun se ajoelha assim que nota a presença do príncipe e abaixa sua cabeça. Yoongi parecia desconfortável e troca alguns olhares significativos com o treinador Bang. SeokJin aproxima-se de nós de forma aristocrática e rígida sob o olhar atento de todos os presentes.

- Alteza. – Cumprimenta Min-Jun com admiração. – Lamento ter fingindo não o reconhecer quando visitou a escola, Alteza.

- Levante-se, Min-Jun. – Pede SeokJin suavemente. – Não há necessidade de me tratar com tanta formalidade. Você salvou a minha vida quando todos desejavam a minha morte.

- Está equivocado, Alteza. – Afirma Min-Jun sorrindo com afeição para o ruivo. Ele se levanta e cumprimenta Yoongi com uma breve reverência. – Seu povo o idolatra e deseja que assuma o reino. A sua gentileza e inteligência os conquistou e os faz acreditar que será a melhor opção para Krysttal.

- Hyung... – JungKook o chama, parecendo preocupado. O mais velho encara o moreno e sorri gentil.

- Não se preocupe, JungKook. Min-Jun não é um inimigo. – Esclarece SeokJin, vagando seus olhos sobre nós.

- De onde você o conhece, hyung? – Pergunta Mark com curiosidade.

- Vocês desejam ouvir uma história? – Indaga o príncipe, sem responder à pergunta de Mark.

- História? Que história, hyung? Eu estou ficando cada vez mais confuso. – Afirma Jackson, frustrado.

- Você não é o único. – Garante YoungJae, pensativo. – Eu achava que conhecia todo o passado do príncipe SeokJin e daqueles que o cercam, mas vejo que eu estava enganado.

- E como você saberia? – Pergunta Jimin, desconfiado.

- Isso não importa no momento. – Intervém JB, com seriedade. – Qual história deseja nos contar, Jin-hyung?

- Vocês deveriam se sentar. – Recomenda SeokJin, apontando para a arquibancada próxima de nós. Com exceção de Min-Jun, Yoongi e o treinador Bang, fazemos o que o mais velho havia dito e nos acomodamos nos bancos do ginásio. – Yoongi, tranque as portas do ginásio. Diga aos homens para que impeçam que qualquer um entre nesse lugar.

- Como desejar, Alteza. – Concorda Yoongi com uma breve reverência. Em seguida, ele pega um walk talk e passa a conversa com sua equipe, afastando-se de nós.

- Treinador Bang, ligue para os pais de NamJoon e SunHee e os avise que o que eles tanto temiam está acontecendo. – Orienta SeokJin ao treinador, que engole em seco e balança a cabeça concordando.

- Sim, Alteza. – Responde o homem, após notar que a fala do rapaz era uma ordem.

Jin estava sério e seu olhar sobre o treinador era indiferente, algo que somente presenciei uma vez desde que o conheci. Assim como a vez em que encontrara seu falcão morto dentro da caixa enviada por Max, a máscara de ferro que ele usava para esconder seus sentimentos havia sido erguida mais uma vez e essa situação não me agradava em nada.

Ao constatar que o mais velho estava longe, SeokJin suspira e encara Min-Jun por alguns instantes, como se refletisse sobre o que deveria falar. Por fim, o príncipe se vira para nós e sorri sem verdadeira felicidade. Seus olhos já não se encontravam mais tão duros e o brilho gentil característico da personalidade doce do rapaz volta a aparecer.

- Desculpe a demora em aparecer. Eu tive que confirmar minhas suspeitas antes de vir para o colégio. Yoongi e os outros não queriam que eu saísse e não cooperaram, mas consegui dar um jeito. – Relata SeokJin, rindo um pouco, entretanto, seus olhos demonstravam que ele não estava satisfeito com a situação. – Por muitos anos, eu fui obrigado a me manter afastado, no meio do escuro. Eu pensei que meu irmão havia me contado tudo, mas eu estava enganado. – O príncipe suspira e balança cabeça de maneira negativa. – Mais de duas décadas de história escondida em meio a ganância e poder.

- O que quer dizer com isso? – Pergunto, enfim, não contendo mais a minha curiosidade.

SeokJin desvia seu olhar do chão para mim. A intensidade de seu olhar era indescritível. Havia dor, raiva, tristeza, decepção, revolta em seus olhos. Um longo suspiro escapa de seus lábios e ele passa a andar de um lado para o outro, como se pensassem como começar a nos contar sua história. Após alguns instantes de silêncio pesado e agoniante, o príncipe para e volta a nos encarar.

- Vossa Alteza, realmente descobriu toda a história? – Questiona Min-Jun, interrompendo o silêncio.

- Sim, senhor Min-Jun. Eu descobri e não foi de uma maneira agradável. – Afirma SeokJin, suspirando em seguida.

- Lamento, Alteza. – Os ombros de Min-Jun se encolhem, assemelhando-o a um garotinho sendo repreendido pela mãe. A cena seria cômica se não estivéssemos tão ansiosos por descobrir de uma vez por todas a verdade por trás dos reinos e guerras.

O ruivo assente, parecendo apenas conformado com a situação. O príncipe olha ao redor, como se procurasse qualquer ameaça e suspira mais uma vez ao notar que não corria perigo de ser descoberto por Tiffany e seus capangas. Seu olhar se torna intenso novamente e após respirar fundo, ele passa a narrar a história.

- “Era uma vez, um reino chamado Krysttal, que era governado por líderes corruptos e cercado por caos e destruição.  No entanto, a população desse reino era doce e esperançosa. Acreditavam que a paz um dia os alcançaria por meio dos herdeiros da monarquia, afinal, seus reis e o Conselho do país já haviam sido corrompidos pela ganância e o poder.

Os reis desse reino possuíam cinco principais aliados, nos quais mantinham uma forte amizade. O primeiro país e o mais valorizado pelos reis do reino corrompido era a adorável Serafine. Seus governantes eram melhores amigos dos reis de Krysttal e os únicos que não se envolviam nas corrupções da nação krysttalriana, mas isso não significava que eles eram menos culpados. Ainda que presenciassem tudo, a rainha Kim Jihae e o rei Kim Jonghwan apenas ignoravam os problemas, como se fosse algo banal, sem relevância alguma.

O segundo país era a tecnológica Sonória, governado por Ayres Huberman e sua esposa, a bondosa rainha Eliza, ou como era chamada, rainha Liz. Eles eram um casal adorável e era notório o amor que os unia. Apesar de tudo, o rei também participava das corrupções de Krysttal, ainda que fosse apenas um peão sendo manipulado pelo meu pai. Durante anos, o rei Ayres foi usado pelo rei HeeJoon com a esperança que seria recompensado no futuro. Mas, tudo mudou quando meu pai matou a rainha Liz, como eu já havia comentado com vocês. Eu confesso que amava os dois e inúmeras vezes desejei ter sido filho deles.  

Os outros três reinos eram Westleife, governado pelo rei Arthur II, pai de Richard, Retrívia, que tinha como rei, Magnus Hall, o pai de Joseph e Victória, e, por fim, o rei de Boise, EunWoo, pai de Myungsoo. Esses últimos participavam ativamente das armações do Conselho e dos reis de Krysttal”. – SeokJin dá uma pausa e nos analisa, como se quisesse ter a certeza que todos prestavam atenção a sua narrativa. – Guardem bem essas informações em suas mentes! Depois que explicar sobre a relação de Krysttal e Serafine, eu voltarei a falar dos outros quatro reinos.  

Uma nova pausa é feita e o silêncio volta a nos envolver. Como um presságio, nós sentíamos que aquela história era somente um detalhe do que estava por vir. Olho disfarçadamente para Min-Jun e ele encarava Jimin com um brilho que não consegui identificar. Algo entre esperança e tristeza. Eu não tinha dúvidas que a história só iria se tornar ainda mais sombria.

- “Os seis reinos possuíam algo em comum, além de estarem envolvidos de alguma forma na corrupção de Krysttal. Eles tinham Victor Lee como inimigo comum. O rei Victor e o rei HeeJoon competiam desde que eram crianças e a competitividade dos dois aumentou quando ambos se apaixonaram por Kim EunHye, a atual rainha de Krysttal.

Meu pai e Victor ainda eram príncipes de um pouco mais que dezesseis anos na época e essa briga permaneceu por mais cinco anos, quando os dois completaram vinte e um anos. Eles se conheciam bem, sabiam exatamente o que o outro estava pensando. Ambos carregavam determinação e desejo de vitória. E como vocês já devem imaginar, essa história não acabou muito bem quando minha mãe decidiu ficar com meu pai e humilhar Victor durante sua festa de coroação como rei de Eulen.

A pedido de EunHye, Victor declarou seu amor em frente a milhares de pessoas no dia em que foi nomeado como rei de Eulen. Ele a pediu em casamento usando o anel de sua família, que pertenceu a primeira rainha euleniana. Victor a amava e acreditava que seus sentimentos eram recíprocos, mas estava enganado. EunHye riu do pedido de casamento, pegou o anel de Victor e o jogou no homem, sem qualquer consideração. Em seguida, anunciou a todos presentes seu noivado com HeeJoon, machucando ainda mais o coração já despedaçado do Lee.

Desolado e sem acreditar mais no amor, o rei Victor se casou com a bela condessa Hong Soo-hyun, a mulher que seus pais desejavam com que seu primogênito se casasse quando ainda eram vivos. Ele não a amava, mas a respeitava e admirava a coragem da esposa, que mesmo sabendo que não era a dona de seu coração, permaneceu ao seu lado nos momentos mais difíceis.

Victor também tinha um irmão mais novo, que nós conhecemos muito bem. Max Lee era apenas um adolescente de quinze anos quando viu seu irmão mais velho jurar vingança a Kim HeeJoon e Kim EunHye. Ele viu seu irmão se entregar a tristeza de amar alguém que não merecia seu amor. Viu todos rirem de Victor por ele ter sido uma vítima dos reis de Krysttal. Max presenciou toda a humilhação que seu irmão foi obrigado a suportar.

HeeJoon e seus aliados perceberam, então, que aquele adolescente seria perigoso para seus planos de conquistar Eulen e decidiram o fazer se voltar contra seu irmão. Max era a única família de Victor. Era sua fonte de força e coragem para continuar lutando contra seu coração partido. Trazê-lo para o lado de Krysttal significaria a derrota definitiva de Eulen, eles sabiam disso.

E é nesse momento em que as famílias de Min-Jun e Taehyung se envolvem nessa história. A irmã do tenente e o pai de V se tornaram peças importantes para o plano de HeeJoon e seus aliados. Meus pais decidiram brincar com os sentimentos de uma pessoa, sem nem mesmo imaginar que aquele era o pior erro que estavam cometendo em suas vidas”. – SeokJin para de falar mais uma vez, observando nossos rostos com atenção.

Não conseguimos evitar passar a encarar Min-Jun e Taehyung, que se encontravam em estados bastante distintos. Enquanto o tenente exalava tristeza e decepção, V estava apreensivo e ansioso. Hoseok segurava a mão do Kim como se tentasse o acalmar. Eu quase era capaz de ler o que se passava na mente de Tae, compadecendo-me por seu sofrimento.

- O que aconteceu? – Pergunta Taehyung, não aguentando mais a demora pela continuação da história. – Como meu pai está envolvido nessa história, hyung?

- O tenente disse que ele é tio do Jimin. Então, isso significa que a família do Jimin está envolvida também? – Pergunta YoungJae com cautela. Todos desviamos nossos olhares de Taehyung para Jimin.

- Isso é verdade, hyung? – Questiona Jimin, temeroso. SeokJin permanece calado, mas seus olhos demonstravam que a resposta para a pergunta de YoungJae era positiva. – Meus...meus pais também...participaram dessa história?

- Você é muito mais importante nessa história do que você imagina, Jimin. – Comenta Min-Jun, despertando ainda mais apreensão no mais novo.

- O que quer dizer com isso, tenente? – Pergunta JungKook, parecendo preocupado com o comentário do suposto tio de Jimin.

E mais uma vez o silêncio se torna presente. Por alguns instantes, todos aguardavam por alguma explicação por parte de Min-Jun ou SeokJin, mas ambos pareciam tensos e indispostos a responder aos questionamentos. Olho para Jin e nossos olhos se encontram. Eu sentia que deveria fazer alguma coisa, mas me frustrava não saber o que. Sorrio um pouco, tentando transmitir por meio desse pequeno gesto que ele não estava sozinho, que eu o apoiaria, e meu sorriso se alargar ainda mais ao notar que Jin pareceu entender as minhas intenções. Ele sorri de volta e suspira antes de continuar a narrar a história.

- “Dae-il era um homem honrado e um dos melhores soldados de Serafine. O rei Jonghwan confiava em seu pai, Taehyung, como em nenhuma outra pessoa. E, foi por esse motivo, que foi lhe dada a missão de encontrar uma mulher que fosse capaz de fazer Max ir contra seu irmão. Infelizmente, não sei muitos detalhes de como foi a busca de seu pai ou quais foram os critérios exatos usados para a escolha. A única certeza que eu tenho é que lealdade e beleza eram os principais. Uma mulher bela e que não hesitasse em morrer em nome de Serafine se fosse preciso.

Uma mulher se ofereceu. Não uma mulher qualquer. Alguém que seu pai jamais desejou que se envolvesse nessa história, Taehyung. Mas, ela insistiu. Persistiu até que tivesse sua aprovação. Ela não queria ser mais uma a ver seu reino ser destruído e não fazer nada. Mesmo que isso significasse a sua vida em troca, ela queria poder mudar um pouco o seu reino. O seu próprio mundo.

Soon HyoJin era uma garota cheia de vida e extremamente dócil. Quando sorria, seus olhos se tornavam apenas dois traços e suas bochechas fofas e coradas deixavam a todos encantados. Entretanto, não se deixem enganar. Apesar da aparência delicada, HyoJin não se rebaixava a qualquer um e tinha opiniões fortes, assim como seu senso de justiça. E foi assim que ela conseguiu a aprovação da rainha Jihae.

O primeiro encontro de Max e HyoJin foi péssimo, como era de se esperar, mas deixou uma forte impressão no príncipe. Conforme foram se encontrando, mais intrigado Max ficava com aquela garota. Mesmo sabendo que ele era um príncipe, ela não o temia. Com sua coragem e determinação, ela o desafiava sem se preocupar com as consequências e esse era o motivo de HyoJin ser tão repreendida por Jonghwan, HeeJoon e os outros aliados. Mas, para a felicidade e alívio de todos, depois de muitos problemas e dificuldades para se aproximar, Max se apaixonou.

O que ninguém esperava era que HyoJin também fosse se apaixonar. E não foi uma paixão qualquer. Ela passou a amá-lo e a admirá-lo. Max ainda não era um psicopata naquela época. Pelo contrário, ele era um jovem gentil que só queria que seu irmão, sua única família, fosse feliz, assim como HyoJin. Ela havia perdido os pais cedo. Foi criada por Dae-il, melhor amigo de seu pai, e a única família de sangue que ainda possuía era seu irmão mais novo. Ela compreendia Max, porque também vivia essa mesma situação, ainda que em classes sociais diferentes.  

E foi dessa forma que ela descobriu que os errados não eram Victor e Max. Percebeu que os reis de Serafine, Krysttal e os reinos aliados eram os mais culpados das guerras acontecerem entre Eulen e os outros países do que os dois irmãos. Tudo que eles desejavam era trazer a paz e a felicidade ao seu povo. Pedidos relativamente simples, pode se dizer assim, mas que nós sabemos que jamais foram capazes de serem realizados.

Ao saber da verdade, HyoJin não podia mais continuar com aquele plano maluco. E como uma reviravolta na história, o amor da garota por Max se tornou maior que sua lealdade por Serafine. HyoJin decidiu então que precisava pôr um fim a essa armação e terminou tudo com Max. Ambos sofreram com a separação, mas o príncipe não teve muito tempo para lidar com a perda, pois um surto de um vírus transmitido por meio de vegetais contaminados atinge o país e mata centenas de pessoas em menos de um mês.

Com tal crise ocorrendo em Eulen, tudo que Max pôde fazer foi ver HyoJin voltar para Serafine e lutar ao lado de seu irmão por uma cura ao país. No entanto, Max também se tornou vítima dessa doença e seu único destino era a morte precoce. HyoJin descobriu e se desesperou. O homem que amava estava morrendo e ela estava a milhares de quilômetros de distância, proibida pelos reis de Serafine e por seu padrinho, Kim Dae-il, de se aproximar do jovem príncipe. A única pessoa que apoiava HyoJin era seu irmão mais novo, Soon Min-Jun e foi exatamente ele quem a ajudou a fugir para Eulen.

Apesar de ser contra o relacionamento de seu irmão com HyoJin, Victor não a impediu que ficasse ao lado de Max, enquanto o rapaz estava entre a vida e a morte. Era o último desejo de seu irmão e sabia que não poderia negar esse pedido. Milagrosamente, após um curandeiro o visitar, o príncipe sobreviveu, ainda que houvessem ficado algumas sequelas.

HyoJin permaneceu ao seu lado, ajudando-o a recuperar o movimento total das pernas e braços, além da fala um pouco comprometida. Os dois voltaram a namorar e falavam até mesmo em casamento. Por muitos meses, não houveram confrontos e uma falsa paz havia se instalado entre os reinos. O rei Victor e a condessa Soo-hyun também estavam vivendo um bom momento. Os reis haviam acabado de ganhar as primeiras filhas, as gêmeas Amy e Leslie. O reino de Eulen estava em harmonia. Max estava feliz com as sobrinhas e começou a ter progresso em seu estado de saúde.

O rei Victor desconfiava que havia um significado muito maior por trás da quietude de por parte de Krysttal e seus aliados, algo como a calmaria antes da tempestade. E, infelizmente, ele estava certo. Meu pai se aproveitou da distração de Victor e o atacou sem piedade e de maneira desleal. Utilizou de todas as suas artimanhas para incriminar Victor e o fazer perder seu título como rei de Eulen”. – Jin suspira e nos observa meticuloso, como se quisesse comprovar que todos prestávamos atenção a sua história.

- O que aconteceu? – Pergunta Jackson, sem esconder sua curiosidade. – O que o seu pai fez para incriminar o rei Victor?

- Provavelmente algo extremamente grave para fazer um rei perder seu trono. – Supõe Mark, pensativo.

- Vocês nem imaginam. – Comenta Min-Jun, encarando seus punhos cerrados. Era notório a sua revolta e tristeza ao se recordar de toda a história.

- Até mesmo reinos que vivem em guerra seguem regras. No entanto, não são regras como as leis impostas em papeis. São leis do submundo, na quais ninguém jamais deve se opor. Assim como em uma comunidade onde o crime se encontra presente diariamente e as pessoas seguem as leis da própria sociedade, na monarquia corrupta existente em Krysttal e os países que o cercam não é diferente. – Jin faz uma nova pausa e é como se sua mente viajasse para um lugar obscuro e desagradável para o ruivo. Ele fecha os olhos e respira fundo, antes de continuar a relatar. – E quem controla essas leis está acima de qualquer rei que conhecemos. Desafiar esse homem é como se opor contra um Deus. Até mesmo sua face só é revelada a poucos, como se somente a ideia de o encarar fosse um crime celestial.

- Um homem com poderes de um Deus? – Pergunto, surpreso. Apesar de absurdo, algo na fala cautelosa de Jin me dizia que aquela história era a realidade de um mundo que eu jamais havia visto.

- Como vocês já sabem, Tiffany é a Imperatriz do Submundo e possui grande poderes sobre meu pai, Ayres e Max. O que eu não contei antes a vocês é que existe alguém acima de Tiffany. Mas, ainda que possua tanto poder, esse homem dificilmente se envolve nas guerras ou conflitos entre os países que possui controle. Ele permanece neutro, apenas observando. Um imperador onipotente, mas de intenções perigosas. E é por esse motivo que ninguém se atreve a desafiá-lo. – Conta o príncipe, voltando a andar de um lado para o outro.

O silêncio se reinstala no ginásio assim como a tensão. Até mesmo nossas respirações saiam lentas e cautelosas, como se qualquer movimento brusco pudesse explodir uma bomba atômica. Encarávamos SeokJin com antecipação, ansiando pelo desfecho daquela história. Trovões e relâmpagos ecoam do lado de fora e as luzes passam a piscar até que enfim se apagam de vez.

- “E em um dia de inverno rigoroso, uma forte nevasca atingiu diversos países do continente. Jamais haviam visto um temporal tão assustador como aquele, desde os tempos medievais. E foi naquele cenário de filme de terror que três homens altamente treinados invadiram o castelo do líder do submundo, supostamente mandados pelo rei Victor, e o atacaram.

O Imperador, como o chamamos, conseguiu deter os inimigos e o torturaram até confessarem que o rei de Eulen foi quem havia lhes contratado. Os três espiões foram mortos e o mandado de prisão à Victor Lee foi decretado. Como castigo para o crime de traição, as filhas e a mulher do homem foram torturadas e mortas na sua frente. Max conseguiu proteger HyoJin em dos quartos secretos de seu castelo antes da chegada dos homens do Imperador, mas seu destino também foi ser torturado física e psicologicamente pelos homens do Imperador.

Após presenciar o sofrimento de sua família, Victor foi levado para a prisão do castelo do líder do submundo, onde nunca mais foi visto. Max foi libertado depois de três meses de tortura para se tornar o novo rei de Eulen, entretanto, quando retornou para seu lar, já não era mais o mesmo de antes. E HyoJin percebeu isso. O homem parecia distante, agressivo, cruel. Seu amado noivo havia se tornado um verdadeiro psicopata, obcecado pela dizimação de Krysttal e seus aliados.

Ela tentou ajudá-lo. Fez tudo que estava ao seu alcance para trazê-lo de volta ao seu antigo “eu”, mas já era tarde demais. O homem gentil, leal e corajoso que havia conhecido anos antes estava morto e um ser incapaz de sentir empatia por alguém havia tomado seu lugar. E para completar seu desespero, HyoJin descobriu que já não estava mais sozinha e que uma vida dentro de si dependia exclusivamente dela.

Sem opções, ela fugiu. As notícias de sua gravidez não permaneceram em sigilo por muito tempo e quando menos percebeu, HyoJin estava sendo procurada pelos reis Max e HeeJoon. O rei de Eulen desejava ter seu herdeiro ao seu lado, para conquistar os continentes europeus e asiáticos, como vingança a todo mal que fizeram a sua família. O rei de Krysttal, por outro lado, não buscava vingança. O que o motivava era a ganância. Com o domínio do herdeiro de seu maior inimigo, o rei HeeJoon se tornaria mais poderoso que até mesmo o Imperador.

Ciente que não seria capaz de lutar sozinha contra os homens que a perseguia, HyoJin pediu ajuda a seu irmão e seu padrinho, Dae-il. Sensibilizado com a situação de sua afilhada, o soldado implorou ao rei Jonghwan e a rainha Jihae que lhe dessem permissão para escondê-la e protegê-la dos dois obcecados reis. Os soberanos de Serafine concordaram com o pedido de seu homem de maior confiança, no entanto, não se envolveriam de forma alguma com a proteção da criança. A partir do momento que ela nascesse, a responsabilidade de seu futuro ficaria nas mãos de Dae-il.   

E assim foi feito. Durante a gravidez de HyoJin, os reis de Serafine a esconderam de todos que desejavam colocar suas mãos no futuro herdeiro de Eulen, aquele que decidiria o destino dos sete países que se encontravam em guerra há mais de dois séculos. JiHoon e YeJin, ex-agentes do ASMK foram encarregados de proteger a mulher e garantir que a criança nasceria em segurança.

A gravidez de HyoJin foi de alto risco. Devido à grande carga emocional que sofreu logo nos primeiros meses de gestação, a saúde de HyoJin se deteriorou, o que colocou sua vida e a do bebê em risco. E tudo se tornou ainda mais complicado quando o esconderijo onde estava foi descoberto por Max e HeeJoon. O choque de se presenciar batalhas tão sangrentas em um estado físico e mental tão frágeis quanto o que estava fizeram HyoJin entrar em trabalho de parto.

Ela lutou bravamente para que seu filho fosse capaz de nascer e assim que ouviu o choro de seu menino, HyoJin deu seu último suspiro e faleceu nos braços de seu irmão. A batalha continuava de maneira cruel próximo ao local onde o parto havia sido realizado e, para proteger o recém-nascido, Soon Min-Jun, ordenado por Dae-il, fugiu com seu sobrinho para o meio da floresta, onde permaneceu até ser encontrado pelo padrinho de sua irmã e os guardiões de HyoJin quando enfim a batalha se encerrou.

Dae-il já não podia mais contar com a proteção dos reis Jonghwan e Jihae e sua afilhada estava morta. Permanecer por muito tempo com a criança em Serafine ou em qualquer um dos países aos redores seria como entrar em uma jaula repleta de predadores famintos.  A única solução encontrada por Dae-il foi enviar o menino para Coreia do Sul, lugar onde se encontravam sua esposa grávida de seu primeiro filho.

Como Kim YuNah, esposa de Dae-il, não possuía conhecimento sobre Serafine e todas as guerras que seu marido participava, eles não podiam enviar a criança sozinha, restando a YeJin e JiHoon a missão de protegerem e criarem o garoto até que ele tivesse idade suficiente para assumir seu destino como herdeiro do trono de seu pai, Max Lee.

Dae-il não foi capaz de proteger sua afilhada, mas jurou a si mesmo que daria sua vida, se fosse preciso, para que aquela criança estivesse segura e fosse capaz de se tornar uma pessoa justa e honesta, longe de toda maldade e depravação presente na monarquia. Seu primogênito também estava incluso em seus planos, como um possível guardião dos príncipes que o cercavam, em especial, o herdeiro de Eulen.

E assim foi criada a geração de príncipes e princesas que seriam a peça chave do futuro dos reinos corrompidos. Sem que tivessem opção, os herdeiros Kim DongMin de Krysttal, Kim NamJoon de Serafine, Kim Myungsoo de Boise, Richard Yoo de Westleife, Joseph Shin de Retrívia, Sonória, sem herdeiros, saiu da ‘lista’ e deu lugar a Kim YuGyeom de Yezhin e, por fim, Daniel Soon Lee de Eulen, mais conhecido como Park Jimin, tornaram-se a salvação e esperança de povos que somente desejavam viver em paz e harmonia. ”

A história é finalizada em meio a surpresa e descrença. SeokJin se manteve calado e ponderado, esperando que absorvêssemos a surpreendente novidade. Jimin e Taehyung permaneciam boquiabertos e era evidente suas emoções oscilarem. Ao mesmo tempo que as ações de meus pais e tios começavam a fazer todo sentindo, a realidade descrita pelo príncipe parecia distante demais de nossas vidas. Era como se fossemos somente expectadores de uma história e não personagens. Tudo era intenso e irreal demais.

- O que...o que você disse, hyung? – Pergunta Jimin, com a voz repleta de mágoa e incredulidade. – Por favor, diga que tudo é mentira. Eu não...não pode ser verdade. Eu não posso ser filho...

- Você não sabe o quanto lamento saber tal verdade, Jimin. Eu realmente sinto muito. – Confessa SeokJin com tristeza. Seus olhos expressavam decepção e parecia se controlar para não chorar e de certa forma, eu o entendia.

Jimin é o meu melhor amigo. Nós estivemos juntos desde que me lembro e descobrir que seu pai biológico havia feito tanto mal ao homem que amo, não me fazia me sentir bem. Como Jimin, alguém tão doce e incrível, poderia ter os genes de um ser tão asqueroso como Max Lee? Se a sinceridade não estivesse tão presente nas ações de SeokJin, eu pensaria facilmente que tudo não passava de uma brincadeira de muito mal gosto.

- Isso é mentira! Eu simplesmente não posso aceitar nessa loucura! É impossível! Não! Não é verdade! – Grita Jimin, enfurecido e em meio as lágrimas. Havia tanta dor em suas palavras. Tanta revolta e medo. Seu corpo tremia e ele parecia não conseguir mais controlar suas emoções. – Por favor, hyung!

- Controle-se, Jimin! – Impõe Min-Jun, duramente. O tom de voz elevado e poderoso paralisa o mais novo, que somente se cala e deixa as lágrimas descerem intensamente pelo rosto alvo. – Por mais revoltante que seja, você precisa aceitar. Max Lee é o seu pai. Não importe o quanto grite, se rebele contra o mundo, nada irá mudar esse fato. O quanto antes aceitar essa realidade, menos você irá sofrer. Acredite em mim, saber que Max é o seu pai é a menores das preocupações que você deveria ter.

- Por favor, Min-Jun. – Jin repreende o tenente, aproximando-se do mais velho. – Não seja duro com Jimin. Qualquer um em seu lugar reagiria da mesma forma ou ainda pior.

- Eu sei, Alteza. – Min-Jun suspira e olha compadecido para Jimin, provavelmente, partilhando das mesmas emoções que o sobrinho. – Mas, nós dois sabemos que não temos mais tempo e...

- Compreendo e compartilho de seus temores, Min-Jun, mas, por favor, pare. Essa não é a hora nem o lugar para exigir de Jimin a tranquilidade de somente pessoas como nós, que já viveram situações piores que essa, para lidar com uma notícia tão revoltante como a que ele recebeu. – Afirma SeokJin com suavidade, encerrando a conversa.

Min-Jun suspira e faz uma breve reverência, aceitando a palavra final do príncipe. E é em momentos como esses que noto o poder e o respeito que as pessoas possuem por Jin. Ele não havia dado ordem alguma e nem mesmo havia alterado seu tom de voz, mas um simples pedido como o feito ao tenente foi o suficiente para acalmá-lo e encerrar o início de uma discussão.

- Você tem razão, Alteza. – Concorda o homem, respirando fundo para se acalmar. – Eu lamento Jimin. Eu só...não me sinto à vontade relembrando da época em que perdi minha irmã, meu sobrinho, tio Dae-il, a única pessoa que eu tinha como figura de pai, minha casa, meu país e qualquer esperança que eu tinha de que o mundo poderia ser um lugar melhor. Eu simplesmente perdi tudo, Jimin. Eu fiquei sozinho em um mundo traiçoeiro demais.

- Você...perdeu o meu...pai? – Balbucia Taehyung, fragilizado.

- Não da maneira que você está pensando. – Afirma Min-Jun, sorrindo fraco, como forma de consolar ele e Taehyung. – Eu não acredito que ele esteja morto. Eu o conheço muito bem para saber que ele não morreria antes de encontrar o filho. Ele desapareceu quando foi necessário. Mas...

- Mas...? – O Kim o incentiva a continuar a falar. Ele ansiava por respostas que, provavelmente, somente Min-Jun poderia dar.

 - Tio Dae-il pode estar correndo um grande perigo. E esse é um dos maiores motivos de estar aqui. Eu não sei por quanto tempo nós seremos capazes de proteger vocês. A situação está fora de nossos controles e...

Min-Jun é interrompido pela chegada afoita de Yoongi, que invadiu o lugar carregando uma arma. O tenente, Jae Bum e YoungJae são os primeiros a se colocarem em estado de alerta. Após um olhar rápido por cada um de nós, o agente pega um cartucho de munição preso em seu tornozelo e recarrega sua arma. Ele a joga a Jin, que a pega com agilidade. A troca de olhares me diz que algo de muito grave estava acontecendo.

- Qual a situação? – Pergunta Jin, destravando o gatilho de sua pistola.

 - Nós não temos muito tempo. – Avisa Yoongi, encarando a mim e a meus amigos. Ele se vira para o príncipe e seu corpo se torna tenso. – Prepare-se. Nós temos companhia.


Notas Finais


E então? O que acharam? Dúvidas? Eu peço perdão pelos erros e caso acharem algum, por favor, não hesitem em me comunicar.

Não vou enrolar muito aqui nas notas finais, porque sei que já se cansaram de mim kk. Mas, vocês merecem uma explicação para o meu sumiço de quase quatro meses, então, eu vou tentar ser o mais objetiva possível, porque foram muitas coisas que aconteceram.

O primeiro fator que me fez sair temporariamente das fanfics foi o trabalho que eu consegui. Eu saia de casa às 05:00 para trabalhar e só voltava 23:30 quando as aulas da faculdade terminavam. Eu só tinha 4 horas de sono, no máximo, por dia. Durante dois meses, eu não conseguia dormir, nem me alimentar e meu emocional ficou bastante abalado, porque minha mãe não estava muito bem, como vocês já sabem.

E foi então que eu fui chamada para começar a trabalhar no emprego dos meus sonhos, quer era no banco. Finalmente, sai do emprego escravo e virei estagiária no banco. Por outro lado, a situação da minha mãe piorou. Ela teve um infarto, descobriu que estava com diabetes, taquicardia, taxas de colesterol alto e por aí vai. Bom, meu pai e meu irmão também são diabéticos, então imaginem a minha surpresa ao descobri que minha família inteira está com a mesma doença? Eu fiquei louca! Passei a cuidar muito mais da minha família e ainda tinha que conciliar trabalho e faculdade. Não tinha tempo para mim.

Meus amigos começaram a se afastar e agora estou praticamente sozinha, sem amigos na vida real. Eu também não queria jogar meus medos para cima dos meus amigos virtuais, porque estava com medo de perder eles também. Então, entrei em uma espécie de depressão. Eu ando bem triste ultimamente e não estava conseguindo escrever. Tive um mega bloqueio. E foi por isso que decidi não entrar no Spirit até que melhorasse um pouco o meu estado e pudesse amar vocês com todas as minhas forças. Ainda estou triste e sozinha, mas pelo menos estou conseguindo seguir em frente. Até mesmo escrevi a continuação da minha fic JiKook!! Deixarei o link no final do texto.

Enfim, aconteceram muitas coisas nesse meio tempo, mas não vou enrolar mais. Você que chegou até aqui, muito obrigada por se interessar por minha vida e se importar comigo. Eu realmente fico muito feliz. Espero que tenha gostado do capítulo. Você gosta de doce? Me fala no comentário que eu terei o prazer de te dar um kkk! Prometo não demorar tanto para atualizar. Beijocas e até semana que vem!!! TITIA LARA AMA MUITO VOCÊS <3!!

A Ligação (Oneshot Jikook): https://spiritfanfics.com/fanfics/historia/fanfiction-bangtan-boys-bts-a-ligacao-6035888
O Encontro (Oneshot JIkook; Continuação de A Ligação): https://spiritfanfics.com/historia/o-encontro-7191560
Trailer: https://www.facebook.com/namjin.br/videos/1056403797753045/?__mref=message_bubble
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