Ei, irmão, eu estava ótima antes de conhecê-los. Naquela noite, eu bebi muito e isso é um problema, mas, sendo sincera, sentia-me bem.
E, lembro-me, a última coisa que lhe disse foi para que dissesse aos seus amigos o quão legal foi conhecê-los, mas que esperava nunca encontrá-los novamente.
Sei que aquilo quebrou seu coração, quando anos atrás tomei a decisão de me mudar. Resolvi-me de repente, na madrugada daquela noite de sexta-feira. Roubei seu carro e dirigi pelas ruas do Rio de Janeiro, sem rumo.
Quatro anos, nenhuma ligação, eu sabia que de alguma forma, um dia, iríamos nos reencontrar. Eu tinha a certeza que acabaria voltando e, agora, posso vê-lo, lindo, no bar do hotel. Não pude evitar, eu sorri.
E logo depois paralisei-me, próxima de você, cerrando meus olhos enquanto aquela dor angustiante tomava conta do meu coração.
— Eu esqueci por que te deixei, irmão. — sussurrei e pude ver suas costas se tensionarem. — Eu estava louca. E isso é fato. Sempre fui, não é mesmo? — apertei minhas mãos, uma contra a outra, abrindo os meus olhos e encontrando os seus.
Você estava idêntico, mas, ao mesmo tempo, parecia que eu não o via há décadas. Seu olhar parecia-me diferente, mas seu toque, ele era igual.
Senti-lhe tocar minha bochecha, levemente e levei minha mão à sua, implorando seu perdão, apenas pelo olhar.
— Fique.
E aquela simples palavra me fez prometer que nunca mais o abandonaria como antes havia feito, que sempre ficaria ao seu lado, independentemente do que acontecesse. Porque você, Gabbe, é e sempre será tudo o que eu tenho.
Em seguida ouvi os primeiros acordes da música do Blink-182 que nós escutamos até morrer em Tuscon então sorri para você, e eu soube que compartilhávamos da mesma lembrança.
Sua idade havia feito-lhe parecer-me ainda mais belo, a vida havia lhe amadurecido muito, irmão. Naquele momento tive o conhecimento de que você, entre nós dois, era mais forte.
Porque eu sempre fugia quando não conseguia suportar algo, mas você sempre se mantia de cabeça erguida. Você nunca desistia, por mais difícil que fosse o que tivesse que enfrentar.
— Elly...
Suspirei e olhei para a porta do hotel antes de observar seu rosto.
— Venha comigo. — disse e estendi minha mão na sua direção. — Nunca vamos envelhecer.
Então você sorriu.
— Não, nós nunca vamos envelhecer.
E segurou minha mão. Fortemente. E eu prometo, irmão, nunca mais a soltarei.
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