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História From me, To you - Lívia


Escrita por: Belieber-dreams

Notas do Autor


Olá gente!! Como vocês estão?
Eu espero que vocês gostem desse pov do Justin!
Beijão e boa leitura!!

Capítulo 30 - Lívia


 Justin's Point of View

 

Eu havia passado o dia todo dando entrevistas e tirando fotos para um dos ensaios do mês, eu estava ridiculamente cansado e precisando me distrair. Decidi ir para a casa do Josh, um dos poucos amigos que eu tenho que não é aclamado pela mídia. Assim que cheguei, ele já me entregou uma cerveja, aquele filho da mãe. Bebemos até as seis da tarde, mas nada que fosse fazer eu ficar alterado, bebemos apenas por mania, vontade. 

 

– Aí Josh, tenho que ir bro — Levantei do sofá e estendi o braço para ele. 

– Falou — ele pegou minha mão aceitando a ajuda — Venha mais vezes cara — caminhamos até a porta.

 

Nos despedimos e eu saí logo em seguida. Eu estava dirigindo hoje, me sinto bem melhor fazendo as coisas por conta própria, sei que é necessário ter seguranças comigo e ter que me esconder quase sempre, mas gosto de ser normal de vez em quando. Peguei a chave do carro em meu bolso e antes de abri-lo ouvi alguém me chamar. Olhei imediatamente para onde eu acreditava estar a fonte da voz e encontrei a Lívia acenando pra mim. 

 

O dia não poderia ficar melhor. Encontrar essa chatinha que tanto me faz sorrir era o que eu precisava. 

 

– Liv! — Gritei e atravessei a rua correndo até ela.

 

Ela vestia uma regata azul, suas pernas estavam cobertas por uma calça jeans apertada, calçava havaianas brancas e não carregava nenhuma bolsa consigo, em sua mão estava apenas seu celular. 

 

– O que você faz aqui? — Ela perguntou sorrindo.

– Visitando um amigo e você? — Respondi acompanhando seus passos.

– Também — ela riu e me contou que fora nesse mesmo local que ela me viu pessoalmente pela primeira vez.

– Onde você está indo? — Perguntei segurando-a pelo pulso quando a vi subir a rua.

– Pra casa! — Ela exclamou.

– Já está escurecendo, você está louca? — Eu jamais deixaria ela andar sozinha por Los Angeles.

– Eu estou acostumada — Ela disse tranquila.

– Eu não vou deixar você caminhar até em casa! — Alertei-a.

– Deixa de ser chato — Lívia disse como se eu estivesse brincando com ela.

– Lívia, é muito perigoso, vem, eu te deixo em casa — Eu estava cada vez mais preocupado em ter algum paparazzi tirando fotos nossas, ela iria ficar extremamente chateada.

– Justin, não precisa.

– Lívia, dá pra parar de ser difícil? 

– Não! 

 

Ela negou e disparou rua acima. Eu iria apenas rir, mas logo comecei a correr atrás dela, parece uma criança! A agarrei por trás e a arrastei até o carro enquanto ela se debatia rindo da situação. Ela não queria de jeito nenhum que eu a levasse em casa, mas, como já disse, eu jamais a deixaria andar sozinha por aí. A enfiei no carro debochando dela e então sentei-me no banco do motorista enquanto ela me batia. 

 

– Agora, porque você foi uma garota desobediente, você vai passar mais algumas horas com minha incrível companhia — Foi a desculpa mais esfarrapada do mundo.

 

Fomos ao Sonic comprar comida já que na minha casa não tinha muita coisa na geladeira. Lívia se recusou a pedir alguma coisa e quando soube o motivo fiquei realmente surpreendido. Cada vez me impressiono mais com suas atitudes, foram a partir delas que ela me conquistou, por causa dessas pequenas coisas que eu a quero tão bem. Sei que jamais acharei alguém como ela — bem clichê, eu sei —, não é tão fácil eu deixar alguém, que não está no mesmo mundo que eu, entrar na minha vida. Eu tenho sempre que estar atencioso e procurando falhas e erros, tenho sempre que estar de olho em quem está a minha volta. Não, eu não acho isso legal, mas é o que eu tenho que fazer para me manter longe de problemas emocionais.

 

Eu me apego muito fácil, mas só me apego quando conquistam minha confiança. A Lívia, com toda as letras, conseguiu isso. Nos vimos pouquíssimas vezes, conversamos o básico e, como alguém que eu conheço há anos, ela já faz parte de alguma parte do meu dia. Já ouvi conselhos e broncas de todos os meus amigos — Scooter é o pior deles — todos tentando me alertar, me dizendo para manter distância, tomar cuidado e não me apegar à ela, mas, eu sinto muito, eu não posso. É loucura, é inconsequente, é completamente rebelde. Mas, de alguma maneira, uma maneira desconhecida, sei que ela não me trairia, sei que ela não agiria errado com nossa amizade. Eu sei, simplesmente sinto, que posso confiar nela. 

 

– Tá rindo do que? — Falei quando a vi rindo na cozinha. 

– Nada — Ela, no mínimo, deve estar falando com o Jason. Ele parece ser um bom garoto, mas não é o suficiente pra ela. 

– Ok — Fingi acreditar.

– Então é isso? Você me trouxe aqui só pra ocupar meu tempo? — Ela perguntou olhando-me de forma diferente com um sorriso debochado no rosto.

– Na verdade, não — Na verdade, sim. Eu não a trouxe aqui com algum propósito, a trouxe para fazer com que esses dois dias que nos "restam" sejam como quatro.

– Ok, o que você quer? — Nós dois riamos. Eu ria dela e ela ria de mim.

– Só quero passar um tempo com você, você vai embora depois de amanhã — Fui sincero.

– Eu não esperava por isso — Suas bochechas ficaram rosadas. 

– Você achou que eu tinha esquecido?

– Uhum — Lívia e sua mania de não se achar importante. 

– Lógico que não — eu fiz questão de lembra-la — Eu não esqueci que você vai embora — Sussurrei contra seu pescoço enquanto nos abraçávamos.

– Qual é o plano? — Ela perguntou animada, mas meio sem jeito após o afeto.

– Netflix? — Falei sem ter certeza.

– Tô dentro! — Lívia correu até a sala.

– Eu escolho! — Exclamei.

– Sem essa! Eu escolho.

– Nem vem, eu vou escolher — Peguei o controle e ergui-o no ar.

– Você é um saco — "E você é muito baixinha", pensei em dizer.

– Senta aí e para de reclamar.

– Posso ir buscar alguns cobertores? — Ela perguntou manhosa.

– Sim, está no armário ali no corredor — Informei. 

 

Ela foi buscar os cobertores e eu fiquei procurando algum filme. Às vezes me irrito com as opções disponíveis no site, eu pago por mês na assinatura e muitas vezes não consigo achar algum filme que realmente chame minha atenção. Os melhores são os que demoram mais tempo para ficarem disponíveis. 

 

– Liv, você se importa se eu tirar a camisa? — Já virou mania, em casa eu tenho que estar sem camisa. 

– Justin, a casa é sua — Ela disse visivelmente sem jeito.

– Mas quem está aqui comigo nesse momento é você — Expliquei. A Liv é diferente, ela tem uma certa inocência. Se fosse qualquer outra garota, eu nem perguntaria sobre tirar a camisa ou não; eu tiraria sem preocupação e sem ver o ato como "falta de respeito".

– Não, eu não me importo — Ela intercalava seu olhar entre seus dedos e o chão logo abaixo de seus pés.

– Bem melhor! — Espreguicei-me e notei seu olhar curioso, que desviava todas as vezes que era descoberto pelo meu.

 

As luzes estavam todas apagadas, as cortinas estavam fechadas e apenas a televisão iluminava o ambiente. Não foi um sufoco para mim, sempre consegui enxergar bem no quase-escuro, talvez seja algum super-poder. A Lívia, apesar de dizer que não, estava um pouco incomodada com o fato de eu estar sem camisa, ela ainda estava em pé ao meu lado, parada sem dizer uma só palavra. 

 

– Que filme você escolheu? — Ela perguntou caminhando de cabeça baixa até o canto do sofá.

– Surpresa! — Me joguei ao lado dela.

– Me alcança um cobertor? — Ela disse um pouco mais a vontade.

– Vou pensar — Provoquei.

– Deixa de ser encrenqueiro! — Lívia me empurrou de leve com sua mão aberta.

– Eu não vou pegar, só porque você me bateu — Bebi um gole do meu refrigerante, olhando-a.

– Nossa Justin — Ela se levantou talvez indo em direção aos cobertores; estava visivelmente irritada e sem paciência para brincadeiras.

– Relaxa — Falei calmo a segurando pelo pulso.

– Justin, para — Ouvi um resquício de diversão em seu pedido.

– Você está muito sem paciência, senhorita Lívia — A puxei de leve.

– Justin, eu vou ficar sem paciência nenhuma se você não me soltar agora — Ela queria rir.

– Que medo — debochei e a puxei com força provocando-a.

– O que você ganha com isso? — Disse irritada já ao meu lado.

– Sua cara de irritada — Falei rindo.

– Não vou nem comentar.

– Agora é sério, fica aqui, não sai, eu já volto — Me levantei assim que tive uma brilhante ideia.

 

A ouvi protestar, mas não liguei. Subi as escadas correndo e fui em direção ao "quarto da Hailey" procurando por algum hidratante. 

 

Uma vez, quando eu estava nervoso e quase muito bêbado, após uma briga que por pouco não terminou no chão, Hailey me levou para o meu quarto e me pediu para que eu deitasse de bruço. Eu estranhei, mas eu estava alto demais para perguntar o porquê. Eu já estava sem camisa e estaria dormindo se não fosse pela adrenalina que ainda me invadia os pulsos. "Você não deveria ter batido no Caleb" — Ela falou em um tom baixo. "Ele é um babaca" — revidei — "Quem ele acha que ele é pra vir na minha casa e se esfregar nas minhas amigas?" — Reclamei alto e tonto. Hailey apagou a luz e foi como se eu tivesse perdido um de meus sentidos, só me encontrei quando o colchão se afundou denunciando que ela estava ao meu lado. "Fica quieto e relaxa", ela não estava tão alterada quanto eu. 

Senti uma gota gelada em meu ombro esquerdo, meus pelos da nuca se arrepiaram. Logo, senti Hailey me apertar e circular suas mãos sobre minhas costas, um aroma de morango invadiu minhas narinas, era um pouco enjoativo, mas não liguei. Senti um peso sobre minha bunda e, como estinto, coloquei minhas mãos para trás tentando entender o que estava acontecendo. "O que você está fazendo?" — Perguntei gargalhando pelo efeito do álcool quando senti suas pernas em volta de meu corpo. "Eu estou te relaxando", sua voz soou quase inaudível, seus dedos brincavam sobre minha pele. Aquilo era excitante demais para um bêbado. Virei meu corpo e logo Hailey estava sentada sobre minha cintura. 

"Justin!", ela reclamou rindo, o álcool nos fazia bem. Apoiei em minhas mãos levantando meu corpo para ficar mais próximo dela "Você me relaxou até demais", sim, eu estava tentando seduzi-la. 

 

Ignorei meus pensamentos sobre aquela noite e caminhei até o banheiro tentando achar a loção. Vasculhei em todas as partes, mas o cômodo estava limpo demais, ela havia levado quase tudo consigo. Pensei um pouco e fui até meu quarto, procurei no cômodo, sem sucesso e então entrei no banheiro encontrando o hidratante no armário embaixo da pia. 

 

– Voltei! — Anunciei e vi Lívia se incomodar.

– Que susto! — riu — Onde você estava?

– No andar de cima — Brinquei.

– Jura? — Perguntou irônica.

– Agora você vai deitar de barriga pra baixo e fechar os olhos — Falei ignorando-a.

– Eu não vou não — Ela se levantou notavelmente assustada.

– Lívia, para de ser chata — Pedi.

– Justin, para — Ela cruzou os braços e aumentou o espaço entre nós.

– Para você — A segurei, levemente, pelo cotovelo e a direcionei ao sofá.

– Justin! — Ela estava nervosa sim.

– Lívia, custa deitar? — Perguntei frustrado.

– Sim! — Ela respondeu.

– Por favor, eu deixo você dirigir meu carrinho de golf amanhã — Todo mundo quer dirigir meu carrinho de golf.

– Nossa, quer que eu tire a roupa também? — Pensei em responder que sim, como brincadeira, mas a respeito demais pra isso e sei que ela não falou com a intenção.

– Não! — Eu praticamente gritei tentando fazer não parecer uma rejeição.

– Eu não queria ter falado isso — Ela estava completamente sem jeito, me deu dó vê-la perdida dessa maneira.

– Eu sei, estou sem acreditar — Ri.

– Por que você sabe? — Curiosa.

– Porque você é inocente demais pra falar isso — E ela realmente é, não consigo nem imagina-la pensando em tirar a roupa pra alguém.

 

Foi pensando em como eu não conseguiria a imaginar tirando a roupa pra alguém que eu me toquei que eu nunca havia reparado em seu corpo. Me senti um estranho, eu sou homem e homens fazem isso. Mas ela tem outra parte de mim, não a parte que pensa por baixo, mas da cintura pra cima. Eu sei, muita bobagem para uma pessoa só, mas eu não tenho como evitar, ela não me chama a atenção nesse sentido. E, se me permite dizer, acho isso incrível, a Lívia é tão diferente e suficiente que não precisou usar seu corpo para ter minha atenção. 

 

– Tá, agora deita aí e para de enrolar — pedi e ela fez sem hesitar — Agora relaxa — Desliguei a tevê.

– Justin, o que você está fazendo?

– Só relaxa — Conclui.

 

Esperei um tempo para que ela realmente se acalmasse e então derramei um pouco de hidratante em suas costas, logo abaixo da nuca — seus dedos mexeram demonstrando seu "incomodo", mas, de maneira rápida, se acalmou novamente.

 

– Liv, com licença — Pedi com respeito.

 

Levei minhas mãos até sua pele nua e fiz um movimento devagar até cada uma das alças de sua regata. Sua pele estava quente, macia e sem nenhuma imperfeição. Eu não enxergava muita coisa, estava tudo muito calmo com o silêncio do local e a escuridão que relaxa os olhos. 

 

Quando comecei a afastar o tecido para o lado, Lívia se assustou, notei sua respiração se intensificar. Seu tórax subia e descia rapidamente; eu podia sentir a confusão interna pela qual ela passava, ela jamais esperaria esse movimento, ela nem sequer sabia o que eu estava fazendo. Continuei e arrastei as tiras de suas roupas para o lado, quase no meio de seu braço; ela estremeceu, sua respiração ainda estava ofegante e eu não a culpo. 

 

– Justin — sua voz soou baixa e falha, quase como um gemido — O que você está fazendo? — Perguntou mais concentrada.

– Eu já te disse pra relaxar — Se ela ficasse se preocupando com o que eu estava fazendo, ela não iria aproveitar o momento.

 

Levei minhas mãos até o centro de suas costas, comecei com movimentos leves e então as subi para seus ombros. Lívia estava tensa, seus ombros estavam pesados e o contrário de macios, apertei-os com mais força e a ouvi gemer de dor. Continuei a apertá-los, meus dedões faziam movimentos circulares enquanto o resto de meus dedos e minhas palmas serviam como apoio. 

 

Sua respiração ainda estava desajeitada, uma vez ou outra ela estremecia mexendo todo o seu corpo. Eu estava curioso sobre seu rosto, eu não sabia se ela estava gostando ou se eu estava a machucando. A chamei baixo com a intenção de perguntar a ela, mas não tive resposta. Liguei a tevê novamente colocando-a no mudo e cheguei mais perto de seu rosto tentando enxerga-la melhor, sua feição era serena. Aproveitei para observar, mesmo que no pequeno escuro, cada traço de sua face. Seu lábio inferior é mais cheio, sua boca tem um contorno perfeito — seus lábios são perigosamente atraentes —, seu nariz é proporcional ao rosto e incrivelmente "empinado" na medida certa. Observei tudo o que a pouca luz me permitiu, lamentei por seus olhos estarem fechados, eu sou apaixonado neles — tão azuis, tão curiosos e tão inocentes. 

 

Levei minha mão até seu rosto, como impulso, meus dedos caminharam por seus lábios — essa foi a primeira vez que realmente os olhei e, não irei mentir, foi o suficiente para pensar o que não deveria — e depois acariciaram suas bochechas. Lívia se mexeu com meu último toque e eu retirei minha mão rapidamente apavorado com a ideia de ela acordar. 

 

Levantei-me sem entender o sentido de meus atos e penasamentos. Peguei minha comida e levei até a cozinha, abri a janela interna do cômodo e me sentei na bancada em frente à janela. Eu tinha visão completa da sala. Abri meu hambúrguer e ouvi minha barriga implorar para que eu o mordesse de uma vez.

 

Enquanto comia, fiquei observando a garota que dormia em meu sofá. Peguei-me rindo lembrando de quando nos conhecemos de verdade, coitada, eu realmente a assustei naquele dia. Parece que já se passou uma eternidade, tantas coisas aconteceram, tivemos a oportunidade de conversar sobre tantos assuntos, tivemos a oportunidade de nos conhecer tão bem que me deixa abismado o fato de tudo ter acontecido em semanas. Não foi há um mês ou dois, foi há três semanas, apenas três semanas. 

 

Essa menina não é desse mundo, eu poderia passar horas tentando entender como ela conseguiu chegar tão perto de mim, horas tentando descobrir como ela conseguiu me deixar tão em casa ao seu lado, eu poderia passar dias refletindo, procurando explicações para como ela chegou aqui. Como ela chegou no sofá da minha casa? Não foi simplesmente eu arrasta-la até aqui, não é simplesmente um filme, não, é muito mais que isso. Como?

 

Ela me conquistou através de uma carta, talvez essa seja a resposta. Não faz nem um ano e eu já quero a amarrar e não soltar nem sob ameaça, eu quero a proteger do mundo, man, menos de um ano e eu já me apeguei de forma completamente submissa. Tão pouco tempo e eu já sei que não suportaria a ver sofrendo, eu não suportaria ver uma lágrima escorrendo por seu olho se a lágrima não for consequência de seu riso. 

 

Como se não bastasse eu não entender nossa aproximação, também não consigo entender o que eu realmente quero nesse momento. Nunca pensei em olhar seus lábios, nunca imaginei algum dia toca-los — muito menos beija-los. Não sei se é curiosidade, carência, afeto demais ou bobagem. Eu não faço ideia do que se passou naquele sofá, não tenho explicação alguma para o que eu pensei [imaginei], a única coisa que eu sei é que me incomodou. Incomodou como uma dor de cabeça de ressaca, como uma coceira no nariz causada pelo cheiro do cigarro, incomodou tanto quanto a frustração de cair depois de tanto tentar uma manobra. E o que incomoda ainda mais é estar incomodado com algo que ao menos faz sentido. 

 

Terminei minha refeição e fui até o sofá para acorda-la. Toquei em sua bochecha e a chamei.

 

– Lívia, já são dez da noite, eu ainda quero assistir o filme.

– Pode dar play — Sua voz estava um pouco rouca.

– Eu vou lá esquentar seu lanche — me levantei e levei o pacote para a cozinha.

 

"Eu estou a evitando? Que criancice. Qual é Justin, você já passou dessa fase."

 

Estávamos assistindo ao filme — as coisas ainda estavam meio silenciosas, mas aos poucos íamos nos soltando — quando a Lívia pausou o que assistíamos e me chamou. Eu a olhei assustado pelo seu tom de voz.

 

– Justin — ela disse mais uma vez — Você não vai acreditar — Lívia olhava seu celular.

– O que foi?

– Droga eu sabia! — Ela me olhou com os olhos baixos.

– O que? — Perguntei ainda sem entender.

– Um paparazzi me viu no se carro — Ela finalmente disse.

– É sério? — Puxei o celular da mão dela.

 

A foto fora tirada quando eu sai pra atender a menina do caixa — Taylor. A Lívia estava sozinha dentro do veículo e dava para ver apenas a ponta da minha cabeça do outro lado do carro. Eu a olhei sem saber o que dizer. Tudo o que ela menos queria era isso.

 

– Quem te mandou essa foto? — Perguntei.

– A Isa — ela puxou seu celular de volta — Ela está achando o máximo — Riu.

– Eu nem pensei que isso poderia acontecer, eu simplesmente me esqueci que eles estão em todos os lugares — lamentei.

– Eu só queria ter os meus momentos com você, sem a interferência deles — ela me olhava nos olhos — Eu só queria ter lembranças que só a gente lembraria — Eu o encarava sério, sem saber o que dizer.

– Não me olha assim, eu sou sua fã antes de tudo — lembrou-me rindo — Se eu pudesse eu te roubaria do mundo — Ela disse me fazendo rir.

– E agora? Você quer que eu diga alguma coisa no Twitter, negue a foto, explique a situação...? — Deixei a pergunta no ar. 

– Agora já foi — voltou a mexer em seu telefone, ela estava visivelmente nervosa — Deixa como está, não fala nada — Pediu-me.

– Você está bem? 

– Eu não estou morta, mas não estou cem por cento, sabe? — Tirou os olhos de seu celular e olhou-me.

– Eu não quero que você sofra por causa disso — pode parecer dramático, mas só quem passa ou já passou por isso sabe como é horrível ver todos os comentários — A gente nunca sabe como eles vão reagir — falei — Às vezes eles esquecem, às vezes eles apedrejam pra sempre.

– Eu sei — Lívia repetiu — E para de me assustar — Empurrou-me.

 

O assunto pareceu morrer ali. Eu apenas a olhava sem saber o que dizer ou como "consola-la". É uma situação complicada, um tanto quanto clichê por todas as vezes que já passei por isso, mas, fora as vezes com a Selena e o pouco que sofri com a Caitlin, nenhuma outra vez me preocupou tanto quanto essa. A Lívia é boba e inocente demais, ela liga pra qualquer porcaria, ela iria se chatear muito com os comentários maldosos.

 

– O que será que eles estão falando agora? — Ela perguntou depois de algum tempo silenciosa.

– Não quero saber, não me importa — Falei.

– Não precisa ser tão grosso.

– É que não me conformo com sua curiosidade. Você sabe que vai te machucar. 

– Eu não vou me machucar! — Ela falou baixo entre os dentes olhando-me de maneira frustrada. Ela sabe que se ela procurar, vai acabar achando o que não quer, mas ela ama se fazer de durona.

– Lívia, você sabe que você vai ficar triste se você ver todas essas coisas, pra quê insistir? 

– Justin, para! — ela falou alto quase me interrompendo — Eu não sou uma garotinha, que droga! — O tom de sua voz saiu tão baixo quanto um sussurro.

– Você é muito sensível, Liv — me aproximei um pouco mais e toquei seu rosto — Eu não quero que você se machuque, eles são cruéis de vez em quando, você não aguentaria — Ela me olhou nos olhos por um instante enquanto pensava no que dizer, pensei que ela estava calma, mas seus olhos lacrimejaram. Em seguida ela levantou do sofá e saiu pela porta dos fundos.

 

A vi sair e se sentar no chão próximo a piscina. Tentei me segurar e não ir até ela, pra deixar ela esfriar a cabeça e pensar um pouco, mas não consegui. Eu não estava desesperado, eu a entendo, ela está agitada por causa de tudo isso. Não é fácil lidar com críticas, ela está com medo. 

 

– Ei, não precisa chorar — tentei a confortar ainda me aproximando.

 

Ela não me respondeu e pareceu não estar afim de conversar, mas, ainda assim, sentei ao seu lado. 

 

– Liv — encostei meus dedos em seu rosto, mas ela virou evitando o contato — Lívia, olha pra mim — pedi — Você não precisa se preocupar com o que eles vão dizer, não importa o que eles dizem.

– Não é isso — A ouvi dizer baixo, mas ignorei, eu precisava terminar de falar.

– Eu demorei para me entender com todas as críticas, me chamaram de gay por mais de quatro anos, chegou um ponto que eu não me importo mais. Eu não quero ver você deprimida por opiniões fúteis, eu acho que eles nem estão dando muita atenção a isso agora — disse — Vamos pensar positivo — Eu não sabia mais o que falar, já estava me sentindo um idiota.

– Justin não é isso — Ela falou mais alto olhando o chão.

– O que é então?

– Você — O que eu fiz? Foi a única coisa que me veio a cabeça, o que eu fiz? 

– Como assim? O que eu fiz? — Perguntei atordoado.

– Nada, esquece — Dessa vez ela se virou de costas pra mim. 

– Lívia — me levantei — Me diz o que eu fiz, eu quero concertar isso — Eu estava frustrado. Sentei em frente a ela, a encarei o tempo inteiro. Ela estava evitando me olhar. 

 

Tentei entender o que ela dizia, onde eu havia pisado na bola. Tentei achar o problema. Eu apenas a olhava, sua mão direita puxava as gramas e seu braço esquerdo servia de apoio para seu rosto sobre seus joelhos. Lívia parecia estar tão frustada quanto eu.

 

Eu jamais aceitaria um mal entendido entre a gente. Eu a respeito não só por ela ser a Lívia, mas por ela ser minha fã. Se eu pisar na bola com ela, vai ser muito mais do que um simples deslize. Tem muito mais sentimento do que uma dorzinha, serão cinco anos quebrados. Eu não suportaria saber que a machuquei mais uma vez. 

 

– Me diz o que eu fiz, por favor — Pedi.

– Para de agir assim — Ela sussurrou sem olhar-me.

– Assim como? — Sussurrei de volta.

– Justin, eu não vou quebrar — Lívia falou baixo finalmente depositando seu olhar em mim — Eu não vou despedaçar ou morrer, ok? — Ela se indireitou olhando acima de meu ombro — Consegue me entender? — eu não respondi, eu não conseguia acompanhar sua fala — Esquece.

– Não, me explica, por favor.

– Deixa pra lá, já passou — Em seu rosto estava estampado o sorriso mais falso de todos os tempos. 

– Lívia, que droga, para de ser assim.

– Para você, Justin — ela levantou um pouco a voz, mas se acalmou quase que instantaneamente — Isso é ridículo.

– Desculpa ter sido grosso com você — essa só podia ser a resposta — Eu não quero que você se machuque indo atrás do que você não precisa na sua vida, é só isso — Falei.

– O que te faz achar que eu vou me machucar? — Ela perguntou, se entendi bem, me desafiando.

– Você é delicada demais pra ler mensagens de ódio, você é sensível, iria acreditar em tudo que eles falam — vi seus olhos brilharem em lágrimas — Eu só quero cuidar de você.

– Que droga — Ela se levantou me deixando com um ponto de interrogação imenso. 

– Lívia, dá pra gente chegar a um ponto? — Levantei e caminhei até ela.

– Eu não quero ser sensível, delicada e porcelana demais — ela se virou quase gritando — Eu não quero ser colocada numa caixa e etiquetada como frágil — nenhuma lágrima escapava por seus olhos, apesar deles estarem úmidos — Eu não sou um a criança, Justin — bateu sua mão na lateral de seu corpo — Eu não quero ser sua irmã mais nova, entendeu? Eu não quero você me — Eu a impedi que continuasse gritando, minha mão estava em sua nuca a puxando pra mim.

 

Nossos olhos admiravam uns aos outros, estávamos tão perto quanto o possível. Olhei seus lábios rapidamente, Lívia estava imóvel, sua respiração estava alterada, seus olhos percorriam meu rosto uma vez ou outra reparando em cada detalhe. Ela tentou continuar sua fala, mas sua voz saiu falha demais pra que eu entendesse, então ela se calou. 

 

A puxei um pouco mais contra mim tentando pensar no que eu estava fazendo, mas eu não conseguia me achar no meio da adrenalina que preenchia minhas veias. Me aproximei o suficiente para sentir um pouco de seu lábio inferior no meu. Desci minha mão até sua cintura, encostei um pouco mais nossos lábios, ela fechou os olhos e de alguma forma aquilo me despertou, afastei nosso toque e juntei nossas testas. 

 


Notas Finais


Vishhhhh! E agora, o que vai ser??

Por favor digam o que acharam desse capítulo, é um capítulo muito importante (no meu modo de ver) e eu vou me frustrar se não tiver retorno.

Perdão pela demora! Espero que ainda assim vocês leiam!

Não esqueçam de me dar um "oi" no Twitter (@mypurposebieber ou @biebertbhonest [troquei meus users haha]) e de me seguir no insta (@kidrauhlmypride).

Um super beijo e até o próximo capítulo!


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