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História Frozen Heart on Fire - Loki - Look, She's Laughing - Parte I


Escrita por: staargirl

Notas do Autor


olha sóooo quem voltou antes do prometido pq se empolgou dms com os comentários de vcs no cap passado, scrr, sei nem como agradecer, meu coração vai explodir de felicidade!!! Estamos com quase 100 favs e nem sei como agradecer, tenho até vontade de chorar pq n esperava tanta gnt aq ai meu coração
sério, mt mt mt mt obg
eu disse que postaria amanhã, mas na vdd esse cap de amanhã ficou muito muito grande e eu decidi dividir em 2 partes p leitura n ficar difícil, então vou postar a 1 parte hj e se der tempo de todo mundo ler posto a 2 parte amanhã
obg por tudo meus amores
espero mt que vcs gostem desse cap
boa leitura <3333

Capítulo 10 - Look, She's Laughing - Parte I


Fanfic / Fanfiction Frozen Heart on Fire - Loki - Look, She's Laughing - Parte I

Quando Loki perdeu a concentração e voltou para o porão, ele levantou do sofá velho e caminhou lentamente até o vidro sujo que dava para uma rua de beco escuro e vazio, completamente isolado e no fim de mundo em Nova York, um esconderijo achado por inimigos da S.H.I..E.L.D.

E a única coisa que conseguiu pensar não foi em como ele está protegido de todos os agentes o procurando, mas sim na distância de onde ele está para onde Alice vive.

Alice.

Loki subiu o olhar e engoliu em seco com a queimação em sua garganta descendo e apertando o peito onde o coração congelado está batendo, tic tac, como uma bomba relógio prestes a explodir dentro dele de tão rápido que bate. Explosão quente e longe do gelo que está acostumado.

Caminhou lentamente, as mãos cruzadas atrás do corpo e o pescoço erguido, se desafiando sozinho, tentando entender a si mesmo enquanto conseguia fitar a lua através do vidro sujo.

Observou que hoje a lua de inverno está brilhando em tons azulados e isso o fez lembrar de novo de Alice e dos olhos dela.

O fez lembrar não. Afinal não é lembrar se ela está dominando a mente dele durante as 24 horas do dia. Ela não sai nunca dos pensamentos dele. Cada minuto, cada hora e segundo do dia.

Os olhos de Alice se tornaram o maior medo de Loki, o único medo de Loki, porque é normal temer o desconhecido e ele nunca se sentiu assim em todos os seus anos de vida e ele não consegue explicar. Medo porque sentiu o mesmo hoje quando ela olhou para ele direto nos olhos, pupila olhando para pupila, olhos nos olhos, íris nas íris, a encarou por dois segundos antes de sua projeção desaparecer e ele sentiu o mesmo que sentiu há dias atrás na Alemanha.

O tremor no corpo, o coração rápido como se uma bomba relógio fosse explodir dentro dele, o peito em chamas que chega a doer, o faz transpirar frio e só pensar nela, os olhos dela fazem isso com ele, o contato visual com ela. 

Que poder é esse que a grudou na mente dele, que não o deixa parar de pensar nela? Que não o deixa parar de sentir vontade de vê-la? Que o atrai na direção dela como se ela fosse uma bruxa que jogou um feitiço nele, como se fossem imãs e ela o puxa para ele.

Mas ela é só uma humana. Então ela não tem poderes e magias. Mas ela faz algo com ele, o faz sentir, olhar para ela o faz sentir. Sentir coisas que ele não sabe explicar.

E ele teme porque nunca sentiu nada disso, nunca se sentiu assim e não sabe explicar o que é isso que está acontecendo dentro de seu corpo, o fazendo pegar fogo e querer vê-la de novo, obcecado em vê-la, ouvi-la, saber mais sobre ela.

Não sabe porque nunca sentiu nada disso, porque passou a vida sentindo os sentimentos ruins e amargos e agora sente os bons, os grandiosos, o maior sentimento que o universo já pôde presentear os seres e ele não sabe identificar porque está o sentindo pela primeira vez.

E sentir tanto é assustador.

“O que você está fazendo comigo, Alice?” Loki se questionou e cerrou os punhos, confuso e desviou o olhar da lua. 

“O que você está fazendo comigo, Alice?”  Sentou de novo na poltrona e passou as mãos pelo próprio rosto com fúria tentando lidar com sua mente e seu peito em chamas, tentando lidar com a vontade de ir vê-la de novo, mesmo que não tenha nem 10 minutos que a viu. E a viu duas vezes hoje. Tentando entender, compreender o que diabos está acontecendo com ele, o que ela está fazendo com ele, precisa de respostas.

Deitou na poltrona, vendo as próprias mãos trêmulas com o desespero de não ter uma resposta. Loki odeia não ter respostas. É sempre o esperto e odeia a sensação de não saber ou entender algo.

Alice achou uma fraqueza no Deus da trapaça e ele precisa entender qual é, ele precisa de respostas para o que acontece quando encontra os olhos dela, para entender a rapidez em seu peito batendo que o deixa com falta de ar e o peito batendo rápido, como uma bala saindo de uma arma, rápido como as leis da física tentam explicar a luz. E o coração congelado do Deus cheio de rancor nunca bateu tão rápido quanto bate no momento que os olhos encontram os dela e por isso ele evita olhar nos olhos dela porque sabe que isso só o fará pensar mais e mais nela e se sentir como está se sentindo agora.

Confuso com o que acontece e querendo vê-la.

Bruxaria. A única explicação para a mente de Loki.

E mais uma vez Loki reviveu memórias dela que coletou nos últimos dias, mas diferente da noite na Alemanha, agora ele tinha ainda mais imagens de Alice em sua mente.

Alice dançando na mesa e trabalhando, quando viu o olhar triste e molhado dela com gotículas de chuva pingando dos cílios, lembrou-se do olhar bondoso dela no dia que ela sorriu para o faxineiro o chamando para almoçar, lembrou-se do olhar tristonho enquanto almoçava sozinha. 

Olhos azuis. Lembrou-se de Alice se beliscando na biblioteca e em como ela sorri para todos, lembrou-se dela sentada no restaurante e segurando a xícara de bebida quente a levando sutilmente até os lábios, lembrou-se dela sorrindo, lembrou-se do som da voz dela, dos olhos, dos dedos suaves, dos lábios brilhosos por pintura humana melada, gloss, de como os cabelos caíram em cima do rosto no ponto de ônibus e Loki quis afastar para poder voltar a ver o rosto dela, lembrou-se dela, mais uma vez inundado com dezenas de imagens de Alice nos últimos dias desde quando a viu pela primeira vez. 

Lembrou-se dela no elevador, de quando esteve pessoalmente e pôde sentir o aroma do perfume dela, ouviu a voz dela direto em seu ouvido, lembrou-se da sensação e da quentura do corpo da humana quando esteve entre seus braços, de como ela o olhou fugindo dos escombros e não o entregou, lembrou-se de como ela levanta as mãos para o ar e franze os lábios volumosos quando está confusa ou nervosa. Incapaz de parar de pensar nela. 

Lembrou-se, ou melhor, vem memorizando cada traço do rosto da humana, desde as sobrancelhas escondidas pela franja, a ponta do nariz e as bochechas sempre pintadas de vermelhidão pelo vento frio, cabelos da cor de ouro, lábios levemente volumosos da cor de frutas avermelhadas abertas e suculentas no verão, lembrou-se dos dedos, do pescoço, da orelha, da meia calça e de tudo que já viu nela, de cada mania e olhar, de como ela caminha ou abaixa o olhar, de como é inteligente e percebe coisas que humanos não perceberiam, de como é bondosa, de como está sempre atrasada, simpática, do olhar triste, do aroma de baunilha misturado a colônia de flores, de como ela fala ou segura os cabelos com as mãos quando está nervosa, das unhas pintadas de azul pastel, de como...argh, são tantas coisas, mas ele sente que ainda não sabe nem 1% sobre ela e a vontade de saber mais, de a ler como um livro de milhões de páginas cresce e cresce.

Que feitiço é esse?

Precisa saber para ter uma explicação do que ela faz com ele. Precisa conhecer, saber tudo sobre ela.

Só assim terá a resposta que procura.

Mas no fundo talvez ele já saiba, só não quer acreditar em algo tão vulnerável dentro dele.

Está mentindo para si mesmo.

Tão confuso com tudo. 

Odeia se sentir assim perdido.

É sempre tão centrado e arrogante.

Loki levantou, esfregou o próprio rosto com arrogância se machucando e saiu de dentro do quarto ao qual passou o dia trancado só pensando na midgardiana.

Loki voltou ao porão e fitou Selvig e Barton, ambos mexendo no Tesseract de forma empolgante e então fitou os olhos deles, azuis como o cetro e Loki lembrou-se do que Alice disse sobre a luz neon azul, que não é boa, de como a luz azul neon nos olhos a faz olhar para ele com pavor, de como a luz a deixa com medo.

E apenas esse pensamento o fez correr até onde o cetro estava, completamente desequilibrado, mas com certeza de algo: não quer mais Barton e Selvig hipnotizados pelos Chitauri, não quer prender a mente destes dois humanos porque Alice não gosta da luz azul neon do cetro e não é certo mantê-los aqui, mas Loki nem ao menos teve controle de quando os hipnotizou pois os chitauri estavam em sua mente, mas ele consertaria isso agora mesmo. Os libertaria de volta às suas mentes. 

Tocou no cetro, sentindo a dor de sua mente por tocar no objeto que se manteve longe desde a noite na Alemanha, para afastar os chitauri e Loki sabe que na hora que tocar no cetro os Chitauri vão tentar controlá-lo, vão tentar fazer o contato e o ameaçarem e o culparem pelo fracasso na Alemanha. 

Mas ele arriscou, sentiu a dor de tentar ser controlado e gritou, assustando todos ao redor com a mudança em seus olhos, a dor em seu peito com os chitauri invadindo sua mente, mas Loki tentou agir rápido antes que fosse controlado e mudasse de ideia e correu até Barton, apontando o cetro para o coração dele e tentando fazer a luz nos olhos sumir, mas não conseguiu, foi em vão e comprovou  que não é ele que manda na luz e sim os chitauri, tentou fazer o mesmo com Selvig, desesperado e só querendo liberar os dois do feitiço dos chitauri mas não conseguiu, pois a luz não o obedece, tentou e tentou, gritou sentindo a dor em sua garganta do desespero, e não conseguiu reverter o feitiço e os liberar.

Os chitauri mandam em todos e principalmente em Loki.

E quando ouviu a voz em sua mente, os chitauri falando com ele, o sussurro “você falhou conosco, Deus asgardiano e vai pagar por isso”, tentou soltar o cetro na hora, mas não conseguiu, sentindo que eles estão invadindo a mente, que estão tentando controlá-lo e não o deixando soltar o cetro. 

Loki tentou resistir e lutar contra, sentiu a dor em sua cabeça, em seus olhos, os joelhos esmagando no chão quando caiu tentando se controlar, tentando ser forte para não se deixar ser controlado, gritou por ajuda de Selvig e Barton mas os chitauri não deixaram os dois se moverem.

E nessas horas, Loki queria ter a mente forte como a de Frigga, sua mãe, que não se deixa ser controlada, mas Loki não tem a mente forte e  está perdendo a batalha. 

O desespero de pensar no que pode fazer se os chitauri entrarem em sua mente hoje, se os chitauri souberem que o cubo fica estável para o portal em menos de uma semana, e principalmente se os chitauri encontrarem a imagem de Alice em sua mente e descobrirem que a humana o fez soltar o cetro na Alemanha e então ele pensou em Alice, fechou os olhos tentando controlar a mente, doendo, massacrando, gritando e os abriu, fitando a lua bem acima de sua visão machucada pela luz do cetro e logo lembrou-se de Alice, a luz azulada semelhante à cor dos olhos dela.

Tentou parar de pensar nela imediatamente para que não a encontrem em sua mente. Para protegê-la. Poupa-la.

Loki sentiu a dor diminuir e subitamente a luz do cetro apagou e ele não mais sentiu desconforto e conseguiu recuperar o controle de sua mente e soltar o cetro. 

Loki levantou, confuso e se perguntando porque os chitauri desistiram de tentar controlá-lo, tentando entender porque a luz sumiu repentinamente.

E só então percebeu que pensar em Alice afastou os chitauri novamente. Mas por que diabos? O que ela está fazendo na mente dele? 

Loki respirou fundo, sem ar, escorou no porão com a dor em seu peito e sem saber o que fazer para libertar Barton e Selvig.

Mas nem ao menos consegue se libertar.

Desespero queimando e arrependido de ter firmado um pacto com os chitauri durante seu exílio quando só tinha rancor no peito, quando estava sendo tolo e não sabia que seria controlado, quando o ódio por Thor e Odin o deixou cego e ambicioso, querendo vingança e ele não se sente mais assim e precisa corrigir os erros.

E lembrou-se da história, da metáfora do patinho feio.

E agora não sabe o que fazer, como desistir e poupar midgard, como desistir e fugir dos chitauri que o achariam em qualquer lugar do mundo, como esconder o cubo dos chitauri, sabendo que os chitauri na mente de Selvig o fará abrir o maldito portal. 

Não tem mais volta, mas precisa achar uma solução. Loki não pode deixar que a terra seja destruída, que destruam a casa de Alice...que machuquem Alice. Por mais que odeie a terra, sabe que precisa consertar este maldito erro.

Ele vai consertar, vai arrumar um jeito de consertar todos os erros que cometeu e trouxeram os chitauri e o maldito cubo para seu caminho e o caminho de Midgard. Não sabe como, mas vai ter que descobrir um jeito…

E as respostas de Alice vão o ajudar porque se souber o que ela faz com ele sabe porque sua mente expulsa os chitauri.

Mas o surto do desespero foi tamanho, tentar adiar Selvig e o Tesseract, sem saber o que fazer, e até cogitando se entregar para a S.H.I.E.L.D mas sabendo que eles nunca conseguiriam barrar os chitauri, só Loki sabe o plano e se traí-los certamente o plano mudará e deixará todos às cegas.

Tão desesperado tentando consertar os próprios erros e sem saber por onde começar, sabendo que já fez a burrada no momento que aceitou o trato mesmo que não soubesse que seria controlado, mesmo que não soubesse as reais intenções dos chitauri com o cubo pois sua mente tola só queria um trono para se vingar de Odin e agora nada disso importa. Precisa consertar mesmo sabendo que ninguém o ajudará, o entenderá ou ficará do lado dele e por isso vai resolver tudo sozinho.

(…)

Quando o dia seguinte chegou, Alice que nem ao menos havia dormido na noite passada, ficou cada segundo ansiosa, atenta e esperando, cada mísera hora e minuto do dia, desde a hora que levantou do sofá e se arrastou até o trabalho em meios de transportes lotados até passar o dia na S.H.I.E.L.D, fazer seu trabalho, almoçar sozinha, o de sempre de cada dia, exceto que ansiosa e olhando de um lado para o outro de forma frenética e esperando ele aparecer.

Mas Loki não apareceu.

E Alice o procurou em cada canto, em cada rosto, ditando seu caderno com as perguntas que mapeou para ele. Mas ele não apareceu. 

O dia chegou quase ao fim, as sete da noite enquanto voltava para casa no ônibus lotado. E ele não apareceu.

E isso a deixou cabisbaixa, confusa e tristonha. Sim, triste. E não esteve triste pelo que aconteceu ontem com seu marido, pois pensar em ter respostas de Loki a animou acima de tudo, pensar no divórcio também. Mas passar o dia ansiosa e esperando a aparição que não veio, a deixou cabisbaixa e confusa. 

Será que não é real e ela de fato o criou na mente dela e ficou louca? Então por que não consegue vê-lo de novo? O que aconteceu? Por que ele não apareceu se disse que apareceria? 

Alice se sentiu patética, tão solitária que estava se sentindo triste porque não teve a companhia de um vilão conversando com ela durante o dia. Certamente precisa de ajuda psicológica. 

E enquanto caminhava desanimada para casa, suspirando a cada dois segundos, cabisbaixa, descendo do ônibus lotado, vivendo sua vida pacata e normal, só conseguia pensar e se questionar: por que ele não apareceu? Estou perdendo a cabeça? 

Alice finalmente chegou em casa, encaixou a chave na porta e quando girou, estranhou a mesma estar aberta, afinal, já está acostumada a sua rotina diária sempre igual de chegar em casa e ficar sozinha por horas até o marido resolver chegar de madrugada caindo de bêbado.

Entrou, cautelosa e caminhando devagar, as luzes acesas, nervosa e com o coração batendo rápido e então se assustou com a pior cena possível para piorar seu dia já péssimo: seu marido e a mãe dele. 

E Alice tão focada em seus livros e pensar em Deuses Mitológicos se esqueceu completamente sobre sua parcela ruim da vida real, havia esquecido completamente do tal jantar que Josh falou de forma grosseira noite passada, e ela havia esquecido pois as humilhações dele entravam por um ouvido e saíam pelo outro e a mente de Alice tão cheia de coisa nem se lembrou da merda do jantar. 

Assim que pisou na sala recebeu os olhares repletos de nojo e humilhação para cima dela e isso a deixou com ainda mais raiva, Josh tentando bancar o marido bom na frente da mãe quando na verdade é o total oposto disso.

E Alice já está tão farta de tudo.

- Está vendo, mãe? Foi com esse tipo de mulher que eu me casei - ele falou e Alice tremeu de ódio, o calor ruim subindo pelo corpo, a raiva ao olhar para ele sentado no sofá com a cara mais sonsa do mundo, vestido bem da cabeça aos pés - Ela é da rua, da noite e não de casa. Esqueceu-se completamente que a sogra viria nos visitar.

- A casa está uma bagunça - a idosa olhou de cima a baixo, julgando Alice, as roupas dela, a meia calça colorida e o sobretudo, e em seguida fitou a casa, abaixando os lábios e jogando uma almofada no chão, com cara de nojo - Estamos a esperando há quase uma hora, não há nada para comermos, que grande desfeita. Você nem ao menos cuida do meu filho, que tipo de esposa é essa? No meu tempo as coisas não eram assim, a mulher não passava o dia fora, ela cuidava da casa e do homem que ama, o alimentava e o dava herdeiros, o homem é o dono da casa e merece ser obedecido e respeitado, só assim ela o ouvirá, com correção. Essas mulheres modernas não prestam. Tem certeza que não é infértil, Alice? Já está passando da hora de me dar netos, você não é uma boa esposa para meu Josh.

Prefere morrer a ter um filho dele. Prefere morrer do que ser tocada por ele. Prefere morrer do que ter que ficar aqui olhando para a cara dos dois.

Humilhada, se sentindo péssima, inferior, incapaz e com ódio, raiva das atrocidades que saem da boca dos dois. Só quer sair correndo daqui o mais rápido possível, só quer o divórcio, mesmo que ele a deixe sem casa, sem nada. Prefere viver só com a roupa do corpo e não ter uma casa do que se sentir assim. 

Quer distância dele e da família tóxica, passou a vida vivendo assim e engolindo calada e agora não aguenta mais, sente que pode enlouquecer se não sair logo dessa vida, se não for atrás da própria felicidade pela primeira vez em seus 26 anos. E nunca, nunca foi verdadeiramente feliz em 3 décadas de vida. Exausta, triste, cansada. 

- Eu passo o dia fora trabalhando, pra ter o meu dinheiro - Alice respondeu, o queixo tremendo de ódio, o interior se contraindo a um ponto de chorar de raiva, encostada na parede e prendeu palavras, queria gritar e falar poucas e boas, queria xingar, queria colocar tudo para fora, cansada de ouvir tantas frases humilhantes e machistas desde que nasceu, cansada de ser rebaixada, ignorada, humilhada, mas sabia que não valeria a pena falar e falar e brigar, apenas se estressaria, portanto ficou quieta. Apenas caminhou em direção ao quarto para tomar um banho.

- Sente orgulho disso, Alice? - escutou a voz de Josh, sonso, raivoso, provocando o ódio, ele levantou, se aproximando dela - Minha mãe cruzou a cidade para nos ver e quando chega nem ao menos há algo no fogo para comermos. 

Alice parou, voltou, suspirou fundo e se controlou para não falar algo que fosse se arrepender, apenas focou em uma única coisa: pedir o divórcio. 

- Por sorte eu já sabia que isso aconteceria e comprei algo para nós - Josh chegou, parando de frente para ela, colado em Alice, respirando tão perto dela que a enjoou, o cheiro de álcool, o olhar violento - Olha pra mim enquanto eu falo com você - sentiu os dedos dele, a mão violenta de Josh quando ele agarrou o queixo de Alice com força, a machucando e forçando ela a olhar pra ele - Sente orgulho disso, hein? Me responde.

- Me solta - tentou puxar o rosto e fitou como a mãe dele olhava para aquilo como se fosse normal, a velha quase com um sorriso nos lábios - Me solta - disse entredentes, quase cuspindo de ódio, segurando as lágrimas da humilhação que estavam prestes a cair, mas não queria dar esse gosto a eles.

- Agora você vai me obedecer - Josh a segurou pelo pulso, os dedos dele a apertando com tamanha força que machucou e Alice não conseguiu puxar seu braço, fazendo força para se soltar, mas não conseguiu, tamanha brutalidade no toque - Entra naquele quarto, toma um banho, veste um vestido bonito e fique apresentável para jantar conosco. E da próxima vez que minha mãe vier nos visitar dará exemplo de como uma boa esposa deve ser, me escutou?

- Me solta. Você não me diz o que fazer e nem nunca mais vai - Alice puxou o braço com força, e sem pensar duas vezes, cuspiu nele, e se afastando dos dois, antes que algo pior acontecesse, dando as costas e caminhou em direção ao quarto, mas desviou e foi até a porta dos fundos da casa, saindo rua a fora. 

Sentou na calçada, trêmula de ódio e tristeza, sentindo-se humilhada, presa, o ódio queimando no peito, fitou o próprio braço com a marca avermelhada do toque bruto na pele e finalmente as lágrimas quentes que prendeu por tanto tempo, escorreram e caíram por sua bochecha.

Ela as secou, tentando fazê-las parar de caírem, mas não conseguiu, tão triste e derrotada que o choro com soluço veio na hora.

Abraçou o próprio corpo e decidiu ficar sentada na calçada fria da noite, sem saber o que fazer, mas certamente não querendo voltar para a casa.

Só uma coisa em mente: o divórcio, o ódio, a raiva queimando. Exausta de viver assim, cansada de aturar calada, pegou o celular no bolso e começou a digitar "advogado para divórcio" mal enxergando as teclas e telas com as gotas do choro quente pingando de seus olhos.

Disposta a resolver a própria vida, a ser feliz de uma vez por todas.

- Olá, Alice. Você parece triste, o que houve? - a voz rouca e suave com o sotaque semelhante ao britânico entrou num sussurro nos ouvidos de Alice e ela se assustou, derrubando o celular no chão e então o susto virou alívio, sim, alívio ao ver que ele apareceu como havia prometido ontem, demorou e apareceu às nove da noite, um horário que nunca havia aparecido antes, mas Loki apareceu e a projeção dele, o vulto, a ilusão estava ali ao lado de Alice, a observando atento - Onde estamos? - Loki olhou de um lado para o outro, a calçada na rua vazia e em seguida olhou para trás, tendo uma visão total do ambiente onde ela está, encontrou uma casa e em seguida os olhos de Loki voltaram para o rosto de Alice, as lágrimas caindo pelos olhos azuis da cor do céu de verão asgardiano, viu como Alice parecia triste, muito triste, o olhar baixo, a linguagem corporal ao abraçar o próprio corpo e Loki sentiu algo apertando seu peito, algo desconfortável em seu corpo real deitado no porão e a vendo chorar.

Ele levantou, por um momento quase perdendo a concentração, e se controlou pois sentiu vontade de sair do porão e ir até ela, saber o que houve. Mas não pode sair.

Loki querendo explicações para o choro e tristeza dela, querendo secar as lágrimas dela e entender o porque da tristeza, agoniado e triste por vê-la triste, sentindo-se incapaz por não conseguir resolver qualquer que seja o problema da humana.

Por que ele se sente assim? Loki nem ao menos quis entrar em seus porquês, apenas aceitou que sentiu agonia com a tristeza de alguém, querendo solucionar a tristeza dela. 

Céus, ele nunca sentiu isso antes.

- Nada, só tive um dia difícil, coisa de humanos, mas vou resolver - Alice secou as lágrimas, finalmente parando de chorar e escondeu o rosto com os cabelos - E estamos na calçada da minha casa - ela suspirou fundo, subiu o olhar, o encontrando, Loki com as roupas asgardianas dele de novo e então Alice sorriu baixo, em direção à Loki.

Sim, ela sorriu, um sorriso ameno e suave na direção dele, o rosto mais recomposto e sem lágrimas, apenas avermelhado. Mas sorriu, sorriu para ele, sorriu porque estava contente de vê-lo ali e Loki percebeu o sorriso no rosto da humana pela primeira vez e percebeu como ela não se assustou ou achou que estivesse ficando louca com a chegada dele ali.

E ele nem ao menos conseguiu falar nada, apenas absorvendo todas essas informações.

- Você demorou - Alice subiu o olhar o fitando - Achei que não fosse aparecer hoje. Anotei muitas perguntas para você - outro sorriso.

Mais palavras que o deixaram sem reação. E ele focou no sorriso dela, em como ela sorriu de verdade pela primeira vez, em como os olhos diminuíram e as bochechas se sobressaltaram na face no momento em que a boca dela abriu em um sorriso sereno e na direção dele.

Sorrindo para ele. 

Feliz por vê-lo ali.

Aliviada por não se sentir sozinha.

E ele não conseguiu parar de fitá-la, o sorriso no rosto dela. 

Mas ao mesmo tempo que estava vidrado no sorriso e querendo o guardar em sua mente, o sorriso da mulher de cabelos dourados como outra memória, o apreciando, Loki também estava se questionando o porque da tristeza dela e querendo entender e confrontar quem ou o que quer que seja que a deixou triste. 

Não conseguindo lidar ou explicar a agonia tomando seu corpo por vê-la triste e por vê-la sorrir ao vê-lo, pelas palavras "você demorou" como se estivesse o esperando.

E ela o esperou. Esperou o dia todo.

Informações demais para o Deus congelado não acostumado a sentir nada disso.

Mas principalmente, Loki não conseguindo lidar ou explicar a agonia tomando seu corpo e seu peito por vê-la triste. Querendo tirar a tristeza dela, sentir a tristeza dela por ela apenas para que Alice não mais a sentisse.
 


Notas Finais


E aí, gostaram? Continuem comentando please, fico empolgada dms
obg por tudo <3
bjsss meu anjos


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