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História Frozen Heart on Fire - Loki - Chuva em Nova York


Escrita por: staargirl

Notas do Autor


Voooltei <333
Boa leitura, meus amores. Espero que gostem do capítulo <3

Capítulo 4 - Chuva em Nova York


Fanfic / Fanfiction Frozen Heart on Fire - Loki - Chuva em Nova York

 

A observou…distraído com cada ato dela, cada expressão, cada nuance de raiva no rosto frágil da mulher trinta centímetros mais baixa que ele, a frágil humana a quase um quilômetro de distância e passando frio, batendo o queixo, vivendo sua vida normal e pacata, sua vida sem graça.

Observou a humana…

Observou a vida humana ao redor, todos com frio e cansados após um dia de trabalho, o trânsito de carros, pessoas pegando chuva, o cheiro desagradável de poluição, humanos perto dele o fazendo projetar caretas ao fitar tantos insolentes frágeis ao seu lado. Mas os olhos de Loki só duraram em outras pessoas e no caos de Nova York por dois segundos, pois ele logo se entediou e encontrou algo que prendia mais sua atenção.

A humana. Observar a humana, olhar para ela.

Sua atenção fixa nela. Como se ela fosse um filme e ele o espectador, como se ela fosse uma das grandes peças teatrais de Asgard na praça pública e ele o público vidrado e esperando cada ato.

Alice, a humana.

A humana de cabelos dourados.

Olhos nela….

A vida humana é diferente. É mais frágil e sentimental. Humanos sentem em todos os aspectos, sentem mais, bem mais do que povos de outros planetas e galáxias, sentem mais porque Midgard não é um lugar sagrado, não é um lugar puro, porque é cheio de caos e problemas, cheio de guerras e sofrimento, cheio de esforço, problemas, coisas erradas e humanos frágeis e sentimentais e por isso qualquer alegria é motivo grande para sentir e a tristeza já é um sentimento padrão de todos que nascem aqui.

Loki está curioso. Se afogando em curiosidade pela vida humana. Não, ele não está curioso sobre a insolente Midgard e sim uma vida em específica, um rosto específico, as nuances na face da frágil humana de cabelos dourados captam a atenção dele e ele não sabe explicar o porquê. É assim que ele justifica seus pensamentos, dizendo que é curiosidade. Está curioso sobre a vida pacata da frágil humana midgardiana. 

Uma vida tão diferente da dele.

Humanos tão diferentes da grandiosidade que acometem os Deuses.

E isso o desperta curiosidade.

Cada ato dela, cada reação humana. Qualquer simples ato pacato e sem graça capta a curiosidade dele porque ele não está acostumado com humanos. Cada ato dela. 

Humanos com coração quente, pele quente e que sentem demais, sentem muito, sentem em demasia. Talvez esse seja o grande presente ou talvez mal que o cosmo deu para os humanos, a fragilidade sentimental, o sentir em excesso, a dor, a tristeza, a alegria, o amor, o sentimento que corre pelas veias e faz alguém se ajoelhar, se render como um soldado ferido em uma guerra perdida.

Talvez sim. Talvez não. Mas Loki tenta entender o que há de tão especial na suja Midgard, tenta compreender o que seu irmão vê de tão importante neste lugar que deveria servir apenas como chiqueiro ou cadeia para banimentos severos. Loki tenta, tenta entender o que há de tão grandioso neste planeta pequeno e repleto de ódio e violência entre pessoas inferiores. Mas ele não consegue, não consegue entender o que há de tão especial aqui ao ponto de pessoas quererem proteger este mundo tão pouco evoluído.

Mas apesar de tudo isso, apesar de achar Midgard insolente e suja. Ele sente curiosidade...

A chuva cessou e Loki respirou de alívio ao não ver mais raios, relâmpagos ou trovões no céu, a tempestade cessou e deu lugar apenas para uma garoa fina e gelada. Sorriu baixo de si mesmo, ao ver que estava se protegendo da chuva como os humanos frágeis ao lado dele, poucos humanos, pois assim que levantou o olhar percebeu que com a chuva mais fina o trânsito e a quantidade de pessoas em vestes humanas se esbarrando por aí e correndo da água que cai dos céus, diminuiu. Todos correndo para suas casas e vidas pacatas, vidas sem sal, insignificantes e insolentes. 

Levantou o olhar imediatamente, perdeu a visão entre táxis amarelos, poças de chuva com luzes de semáforos refletindo dentro da água límpida e principalmente entre luzes neon de aparelhos tecnológicos grudados em prédios tão altos que tampavam o céu, muitos prédios cheios de luzes como grandes televisores anunciando produtos. Ah o consumismo, outro motivo pelo qual os humanos se estapeiam, o dinheiro, o capital. Tudo isso bem diferente do ouro de Asgard.

Loki está tão, tão longe de casa...que por alguns segundos fitar a paisagem moderna, caótica, suja, abarrotada e tecnológica da terra o fez sentir saudade da visão dourada assim que vê Heimdall e caminha pela Bifrost. O caminho dourado, a paisagem dourada de Asgard, tão dourado e amarelado quanto os...cabelos da humana.

Loki levantou o olhar novamente, um olhar baixo, disfarçado, tão baixo que a testa franzia automaticamente, como um fugitivo, como se fizesse algo errado. Algo errado na mente dele.

Mas ele sabe que olhar para um humano não é errado, não para os outros humanos ao redor. Mas é errado para ele mesmo, dentro do seu próprio julgamento. Argh, por que olha tanto para a humana frágil, o que há de interessante em olhar para o rosto frustrado de olhos cabisbaixos e com olheiras sonolentas na face frágil dela?

Nada. Apenas fragilidade e frustração por viver no mundo em que vive. Um mundo ruim.

Rangeu os próprios dentes, desviando o olhar. 

Loki sentiu dor no pescoço, dor não, desconforto leve, ao virá-lo rapidamente e diversas vezes em menos de quinze segundos. E por que? Porque ele a perdeu de vista. A procurando com os olhos. 

Cadê a humana de fios dourados? Não mais a encontrou. Onde ela está?

Quando percebeu, ignorou seus pensamentos o policiando e já estava caminhando para fora da cobertura do prédio, o reflexo dentro de uma poça de água e sentindo os pingos suaves e finos da chuva humana da metrópole Nova York pingando em sua pele, ou melhor, na pele do disfarce do segurança que ainda usa. E ele não pode sentir o pingo caindo diretamente em sua derme, mas consegue sentir de raspão, pois o disfarce é como uma capa, como vestir uma fantasia e não estar exposto totalmente ao mundo e as sensações como estaria sem a transmutação. 

Para sentir com totalidade teria que tirar o disfarce, está quase tirando ao julgar que o tempo passou e as avenidas e calçadas ao redor estão bem mais vazias.

Olhou de um lado para o outro, se certificando de que estava sozinho, quase fitando o próprio reflexo sem magia na fachada de um prédio espelhado de frente para ele, mas foi impedido ao escutar passos humanos há alguns metros de distância. Manteve o disfarce, não pode arriscar ser pego pela SHIELD agora, não pode estragar o plano que selou com os chitauris. E sabe que a maldita organização tem olhos e ouvidos em todos os lugares e seria tolice dar as caras na mesma rua do prédio da SHIELD. 

Virou a cabeça, prestes a esbravejar para o humano maldito que o impediu, mas logo o dourado tomou seu campo de visão novamente.

A-li-ce.

A-li-ce. Falou num sussurro tão baixo que só existiu em sua mente poderosa, mas queria sentir na língua o nome da humana. A-li-ce. A língua desce duas vezes e sobe uma, as papilas ásperas e molhadas da carne da língua encostam no céu quente e úmido da boca ao pronunciar o nome da midgardiana. A garganta quase fazendo som, mas não se permitiu.

Alice, a humana de fios dourados estava caminhando, ainda encharcada e atravessando um sinal que estava verde para sua passagem. Loki a observou, notou que ela havia desistido de esperar o grande veículo de lata que a levaria para casa após fitar por diversas vezes o relógio no pulso fino. Quanto tempo passou? 20 minutos talvez, o tempo midgardiano o deixa confuso, as horas e anos neste planeta não funcionam como o tempo para os deuses e reis em Asgard. 

Observou-a caminhando através de seus olhos, a fitando pelo reflexo espelhados dos prédios quando se escondeu e ela passou por ele. Um pé na frente e outro atrás, caminhava devagar e com postura falha, ombros encolhidos de frio pelo corpo todo molhado pela chuva. Humanos não são tão eretos na postura, eles são desleixados ao caminhar sem pose, sem coragem, sem vontade.

A mulher pingava água da cabeça aos pés, Loki se sentiu desconfortável só de se imaginar na pele dela, ao imaginar o quão frio deve estar ali em seu corpo de pelos arrepiados pelos 12 graus e a chuva fria que a frágil humana pegou e agora está encharcada. Roupas ensopadas e pingando água, dentes batendo de frio, pele brilhando de tão úmida e molhada, cabelos num tom mais escuro e separados pela água neles, grudando no pescoço e no rosto, a parte superior de cabelos que cobre a testa, a franja separada e molhada, revelando o rosto completo dela, maçãs da face sobressaltadas e avermelhadas pelo frio que queima, ponta do nariz também, lábios levemente azulados pelo frio. Olhos azulados da cor do céu de verão, aquele céu que está tão claro que nuvens estão longe e o sol ofuscado pela imensidão do azul royal, com cílios que possuem pequenas gotículas de água e pingam conforme a mulher caminha impaciente, as rugas suaves na testa revelando frustração e incômodo, quase raiva conforme ela anda com meias encharcadas e o suéter marrom que antes era de um tecido quente agora é apenas um tecido ensopado e grudado na pele, a deixando congelada de frio.

Olhos azuis, lábios azuis de frio. Pobre humana frágil, vai pegar um resfriado. Apenas um resfriado se tiver sorte. Loki pensou em como humanos são frágeis ao se recordar da quantidade de doenças que podem surgir de um resfriado mal cuidado.

Tão azuis quanto a pele de Loki quando ele aceita sua origem. O frio. Um gigante de gelo. Balançou a cabeça pois odeia se lembrar disso, um trauma que ativa gatilhos de ódio grotesco em sua mente. Não consegue se imaginar como alguém de Jotunheim.

Ela passou por ele. Poucos metros de distância, pôde sentir o cheiro da humana novamente quando o vento da noite colocou as teorias da física em prática e o aroma da mulher veio com o vento para as narinas de Loki ainda escorado no prédio e quase meio quilômetro de distância dela, o perfume cítrico de galhos de baunilha presos num frasco de vidro no qual ela tirou a essência quando saiu de casa e passou na pele, se perfumando, imaginou como deve ser a rotina da humana. Como acorda, o que come, o que fala, quanto tempo dorme, os sonetos que lê, as odisseias que assiste, se escuta música. O cheiro misturado com o cheiro suave da chuva, que lembra florestas ou o cheiro de casa, quando se chega em algum lugar calmo e cheio de vento e brisa suave.

A fitou com o olhar e notou a mulher sumindo de sua vista, os cabelos dourados quase desaparecendo do campo de visão do Deus da trapaça, ela entrou numa rua vazia e longe da avenida também já esvaziada com o horário e pessoas chegando em suas casas. Loki se perguntou para onde ela estava indo, entretido com a vida pacata e as decisões da humana, como assistir a uma peça de teatro que captou a atenção dele. Ela provavelmente procurando um rumo alternativo para voltar ao lar toda encharcada e frágil já que perdeu o veículo de minutos atrás quando correu e mais uma vez chegou atrasada. Alice. Como Alice fugindo do coelho do relógio na história infantil.

Loki sorriu de novo ao ver que Alice é loira como o desenho e está sempre atrasada como a criatura mágica do conto. Alice no país das maravilhas.

Subiu o olhar ao parar de sorrir e a perdeu de vez de vista quando ela desceu a rua escura toda e virou a esquina. Loki subiu o olhar e notou trilhos de trem suspensos há alguns quilômetros, talvez ela caminhe pela rua escura até este outro meio de transporte.

Respirou fundo, franzindo as sobrancelhas, confuso com o entretenimento de fitar uma humana.

Loki balançou a cabeça algumas vezes, se policiando, notou que estava sozinho na avenida e fitou a maleta com as armas de Barton em suas mãos. Então ele acabou com a distração e parou de olhar a humana de vida pacata. Loki tornou a caminhar para longe dali e em direção ao esconderijo onde Barton e Selvig estão o esperando. Ansioso para voltar e saber se há alguma nova descoberta sobre o Tesseract que vá agilizar a chegada dos Chitauri na terra. 

Loki fitou a rua vazia com apenas alguns táxis passando e as luzes dos andares dos prédios cada vez menos iluminados conforme a noite chegava adentro. Sozinho e pode ser ele mesmo, finalmente tirou o disfarce do segurança, mandou a magia embora e voltou à sua forma normal, sem transmutações, porém ainda com roupas humanas e não suas vestes normais para não chamar atenção demais. Loki sorriu ao caminhar e se fitar no reflexo de um prédio qualquer da metrópole, ficou alguns segundos se observando com roupas humanas, um conjunto de calça e terno todos pretos, roupa social e cabelo penteado para trás. Oras, ele até mesmo pode se misturar entre os humanos vestido tão casualmente quanto um deles.

Agarrou a maleta entre as mãos e voltou a caminhar, se questionando onde poderia arrumar algo que o transportasse até o esconderijo novamente, cansado de caminhar entre ruas sujas e humanas. Olhou de um lado para o outro e sentiu falta da facilidade que é se locomover em Asgard, nunca pensou que fosse dizer isso, mas até mesmo sentiu falta de Heimdall. 

Um passo após o outro, Loki começou a se afastar do centro cheio de prédios, mas ao passar direto pela rua na qual a humana de cabelos dourados dobrou há cerca de um minuto e meio no tempo terrestre, ele fitou outra figura, os olhos de Loki captaram um homem humano caminhando e descendo a rua escura e vazia, virando o mesmo beco pelo qual a frágil humana havia virado.

Parou e observou, notou quando o homem caminhou atrás dela e sentiu o olhar dele, as intenções ruins no homem humano. Loki reconhece de longe um vilão quando o vê, sente a maldade fluindo dos poros das pessoas e este humano, este homem descendo pelo mesmo caminho da garota dourada, não é um homem bom e o que comprovou isso, além das vestes e do olhar cruel, fora o objeto pontiagudo escondido dentro da camisa do humano violento.

Loki observou tudo e se questionou se a humana frágil ainda estaria na rua escura e no traço do caminho do homem de más intenções quando ele virar a rua e usar o objeto pontiagudo. O que ele é? Um ladrão midgardiano? Ele pretende usar o objeto pontiagudo na humana de cabelos dourados?

Será que a Alice já terá chegado ao transporte que a levará ao seu lar quando o homem virar a rua? Ele a encontrará? Os dois minutos foram tempo o suficiente para ela chegar aos trilhos do metrô ou a sutileza com a qual caminha em seus sapatos encharcados e de salto baixo não a permitiram andar rapidamente pelas calçadas midgardianas?

Loki franziu as sobrancelhas novamente, confuso com o teor de seus pensamentos, um teor de preocupação. 

Óbvio que ele não assumiu tais pensamentos. Empinou o nariz e ignorou.

Tentou ignorar. 

Loki queria observar a vida humana, descobrir o que Thor vê neste lugar repleto de destruição, entender os humanos a qual quer comandar, governar e por isso, Loki desceu.

Ao menos foi a desculpa que deu para si mesmo.

Loki virou e desceu a rua, seguindo o homem de más intenções pelo mesmo caminho em que a mulher de fios dourados havia descido.

Apressou o passo, andando sorrateiramente e sem fazer barulho, Loki seguiu os passos do humano ladrão sem que ele percebesse.

Loki lembrou-se que há muitos ladrões em Asgard, mas eles não possuem um olhar tão cruel e traiçoeiro quanto o expresso na face deste homem e nem caminham com algo pontiagudo escondido dentro da roupa e quase furando a pele. 

Mas Loki o seguiu porque gosta de observar e quer observar a vida humana. Quer saber como os midgardianos funcionam. E nunca tinha visto um homem humano tão nojento quanto este. Nojento nas intenções e no olhar. O que ele quer fazer?

Loki seguiu os passos do humano e finalmente virou a rua, entrando no beco escuro e com cheiro de lama, um cheiro podre e horrível, bem diferente do cheiro de Asgard e pôde ouvir de perto o barulho dos trilhos do trem. O lugar tão podre e nojento que é pior que o fim do mundo. Argh, a terra é insolente e nojenta.

Loki olhou para a frente no momento que virou no beco e encontrou a humana frágil de cabelos dourados ainda caminhando no beco, os passos lentos não a deixariam chegar no trem e o homem humano de más intenções caminhava na direção dela, com os olhos na bolsa da mulher.

Loki viu quando o humano de más intenções e sujo de alma e mente diminuiu o passo, seguindo a mulher de cabelos dourados que caminhava lentamente e com a mente tão frustrada que não percebeu o perigo atrás dela. O homem de más intenções levantou a camisa e puxou a faca para fora, quase a abordando...

Loki nem ao menos teve tempo para pensar, foi como uma reação automática no corpo do Deus, pois em uma fração de segundos e rapidez que nem as leis da físicas conseguem explicar, sem pensar, só agiu, ele agiu como aquilo que sempre odiou, Loki agiu como o herói e quando Alice gritou de susto menos de dois centímetros antes do homem humano de más intenções a tocar, Loki com apenas um passo certeiro e olhos franzidos e determinados chegou rapidamente até o local e não deixou o homem humano ruim encostar em Alice.

Com apenas um movimento, Loki empurrou o homem para longe, o jogando no chão e o lançando contra um carro, amassando a lataria do mesmo e o machucando nas costas, o impedindo de encostar na mulher - Você é nojento, humano podre - Loki disse entredentes, rugindo e chutando a faca para tão longe que se perdeu de vista. E então, sem pensar, só notou quando um som agudo entrou em seus ouvidos e ele olhou para o lado e encontrou Alice, olhando para os dois e gritando, um grito de medo.

Chutou o homem no chão de novo quando o mesmo fez menção em levantar, o chutou para longe e sorriu irônico quando viu o humano correr apressado de medo e com dor nas costelas pelo chute de um Deus, nada comparado a força de um mortal.

Este pobre humano não é nem tolo de tentar enfrentá-lo. Loki poderia quebrá-lo usando apenas um dedo. 

Loki virou para o lado, levantou lentamente o olhar, ainda encontrando o corpo pequeno da mulher perto dele, a poucos metros de distância, mas podendo ver como as pernas dela tremiam, mal a sustentando em pé. Subiu o rosto, fitando os olhos dela, desviando e arrumando os próprios cabelos em sinal de egocentrismo pelo ato heroico recente que nem ele soube de onde veio. Loki notou os olhos da humana fitarem os dele, azuis como gelo, azuis como o céu, o rosto vermelho pelo frio, podia ver os pelos suaves do braço arrepiado pelo frio que a humana molhada estava.

Loki sorriu baixo sabendo que ela o reconheceria, ou talvez não, mas adorou ver o olhar de surpresa e os lábios abertos de puro choque. Estava prestes a falar algo, procurando o termo mais sarcástico em sua mente, algo como “surpresa” num tom de voz arrastado, mas foi impedido quando Alice o fitou e gritou, gritou agudo e alto de medo, um grito de pavor, um olhar aterrorizado só de olhar para ele, soltou um grito trêmulo de puro medo e olhar apavorado o fitando.  Um grito ainda mais alto e mais apavorado do que soltou com o humano de más intenções do qual Loki a salvou.

Tem mais medo dele do que do humano ruim.

- Eu? Oh, céus! Isso é para mim? Este grito? - Loki apontou irônico para o próprio peito, sorrindo de sarcasmo, se questionou se ela estava com medo dele para gritar tão alto assim, virou para trás e não encontrou mais ninguém, sim ela estava gritando de pavor e medo dele - Não vou te machucar, midga…- parou de sorrir e abaixou a voz, num sussurro, não terminou de falar pois viu quando a garota saiu correndo a passos apressados e para longe, sem nem olhar para trás, trêmula, tropeçando de tão rápido que corria - Ingrata - Loki deu de ombros se questionando porque a mulher sentiu mais medo dele do que o do humano ruim que tentou feri-la - Rude - deu de ombros, sorrindo sozinho ao ver que ela interrompeu a fala dele com um grito de medo. 

Loki sentiu algo estranho no peito. Incômodo. Na verdade, ele se sentiu mal, mas ele não sabe aceitar ou distinguir o que é se sentir mal, pois está acostumado a não sentir muita coisa em seu peito congelado. Loki não tem sentimentos. Não depois que a arrogância tomou seu peito após descobrir a verdade sobre sua própria vida, que Odin mentiu para ele sobre sua origem.

Loki se sentiu péssimo com o olhar que a humana o deu, saber que ela o olhou da mesma forma que ela olhou para o humano ruim querendo machucá-la, que ela o olhou com o olhar de desgosto e medo que ele recebeu a vida inteira, o olhar de indesejado que recebe a vida toda da família falsa e de todos os lugares que pisa e por isso, o olhar que o repreende, que diz que ele é errado, por estar cansado de ser o indesejado, o renegado, o fraco e por isso age do jeito que age hoje, porque precisa de validação, da adoração que nunca teve ao ser a criança adotada, ao ser o menos especial dos irmãos.

Mas não é hora para problemas familiares e psicologia. Loki apenas sorriu, deu de ombros e caminhou para longe, se afastando assim que viu a humana segura dentro do metrô e não mais na rua escura. Ele caminhou para longe, indo embora e na direção contrária, de volta para o esconderijo onde Barton e Selvig o esperam. 

Entretanto, durante todo o caminho apenas uma frase rodava em sua mente de forma repetitiva “humana ingrata”. Esperou que Alice fosse se ajoelhar e o agradecer, o adorar por tê-la salvado, mas ela gritou e correu de medo. 

Ah, Loki. Sempre querendo adoração e holofotes...

Se ela correu de medo, certamente ela o reconheceu da noite de ontem. Oras, os caminhos se cruzaram, o que pode fazer? Loki sorriu, mas logo voltou a se incomodar por não ter sido ao menos agradecido por ela.

Humana ingrata.

E Alice chegou ao lado de dentro do metrô apavorada, trêmula, quase desmaiando de tão baixa que estava sua pressão, em pânico de medo que tropeçou e caiu no chão, machucando os joelhos no piso molhado e a barriga no metal das catracas de tanto medo, trêmula, apavorada ao encontrar o homem da noite passada de novo, os olhos azuis, os cabelos pretos longos, roupas diferentes das de ontem, roupas humanas, ele, o tal Deus irmão de Thor que declarou guerra ao mundo, o homem que a S.H.I.E.L.D inteira está procurando, o homem que está mobilizando tropas e soldados ao qual falam e protegem o prédio o dia todo, o procurando em cada canto do planeta, a grande ameaça do mundo e ela com tanto medo que nem ao menos conseguiu pensar, correu sem olhar para trás, tremendo de medo e apenas mexeu na bolsa apavorada de mãos trêmulas e pegou o celular, discando o número de seu chefe Phil Coulson sem nem enxergar a tela direito pelo pavor, tremendo, o coração nas mãos.

- Alô, Alice, o que houve? - Phil perguntou estranhando a ligação da secretária quase às nove da noite.

- Eu o vi, senhor, eu o vi, e-eu, ele estava aqui - Alice disse num grito ainda no chão e segurando o celular, trêmula de medo.

- Viu quem, Alice?

- O homem de ontem, o homem do cubo e do cetro, eu o vi, eu o vi, o irmão de Thor, ele estava na rua de trás da S.H.I.E.L.D vestido como um humano, de terno e...senhor, e-eu e...senhor, e-eu o vi.

- Calma, Alice, não estou entendendo, respira.

- Eu o vi, senhor, eu, e-eu o vi, ele está aqui em Nova York perto de nós.

- Você viu quem? O Loki? - Coulson mudou de voz na hora, gritando, desesperado, assim como Alice - Onde você está? O que ele fez com você? Onde o viu?

- Eu estou no metrô atrás da S.H.I.E.L.D - respirou, ainda no chão e trêmula, a voz cortada e o coração batendo rápido.

- Ele está aí, Alice? - Coulson disse e então afastou o telefone, gritando para todos que Loki está em Nova York e pedindo um perímetro ao redor do prédio - Como conseguiu escapar?

- Não, senhor, ele, e-ele não está aqui - olhou ao redor, descobrindo que estava sozinha no metrô - Ele...huh, sei lá, foi embora - tremendo e gaguejando, olhos marejados de medo, respiração ofegante pelo medo recente. 

- O que ele fez com você, Alice? Por que o viu? O que ele estava fazendo? Ele te machucou? Te hipnotizou?

- Ele, e-ele - Alice procurou fôlego, ainda em pânico e tremendo, tentando se lembrar e então ela pensou com clareza pela primeira vez em minutos e o medo e pânico deram lugar para choque e incredulidade e também dúvida - Ele nem tocou em mim, e-ele...huh…- confusa ao pensar de novo nos acontecimentos - Na verdade, senhor, e-ele, huh, ele - nem ao menos ela sabia se estava ficando louca ao refletir o que aconteceu de verdade, Loki afastando um ladrão que queria roubar e a fazer mal. Sabe que é perigoso andar por becos escuros e vazios, mas só queria ir para casa se secar. Alice estranhou, não entendendo o que estava acontecendo, porque Loki fez isso, a ajudou, a salvou, afinal ele é o vilão da história, não é?

É, não é?

Ele a poupou ontem e hoje a salvou, a salvou de algo ruim, afastou o mal dela. Alice ficou tão confusa que gaguejou, um minuto com a garganta seca, as palavras presas e sem conseguir falar, olhos confusos enquanto Coulson gritava do outro lado da linha e ela boquiaberta, tentando processar e tocando o próprio rosto com mãos trêmulas nos lábios abertos, ainda tentava processar o que tinha acontecido - E-eu...Senhor, ele me salvou...Loki me salvou. Ele me salvou.


Notas Finais


Fico tão feliz e empolgada quando vcs comentam, espero que gostem!!
Comentem <3
Volto em breve, bjs!!

Link da playlist da fic: https://open.spotify.com/playlist/3XjTFfVwfHgkBn1Ck8drQD?si=5ac2a5b091304df5


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