História Cathryn - Sair comigo

Point of view Cathryn Malik

Mais uma semana sem aquela... Mulher, que se denomina como minha mãe.

Mais uma vez que papai a defende.

Eu sinceramente, estou passando a desejar muitas coisas ruins para Megan.

Talvez se o avião que ela embarcou caísse...

Abri a porta do quarto dos meus pais sem bater antes, colocando apenas o pescoço para dentro e vendo seu corpo de costas para mim, na frente da enorme janela ao lado da cama.

Estava distraído, falando ao telefone com quem presumo ser Megan.

— Que bom que está gostando de estar aí. — falou.

Pela sua entonação, ele estava alegre.

— Fico feliz em vê-la feliz. — diz, após alguma pausa, dando passos até ficar mais próximo da janela. — E que notícia seria essa?

Hm... Do que eles estão falando?

— Eu também te amo. — ao ouvir isso, revirei os olhos automaticamente.

Demonstração de afeto talvez não seja uma atitude que eu aprecie.

— Até mais. — e abaixou o braço, guardando o celular no bolso.

— Com quem estava falando? — perguntei, mesmo sabendo a resposta.

— Com sua mãe. — se virou para mim, com um largo sorriso no rosto.

Papai gosta mesmo dela.

Mas será que ela gosta dele?

— Ela tem algo para dizer quando voltar da viajem.

Aja como se não tivesse ouvido nada, Cathryn...

— Ah, e... Ela deu alguma dica do que possa ser? — fingi interesse, entrando no cômodo de vez.

— Não. — comprimiu os lábios para dentro, descendo brevemente os olhos pelo meu corpo. — Onde estava?

Tudo o que eu encontrava de mais importante e útil naquele site, eu anotava em meu caderno – o mesmo que já estava com duas páginas inteiras, cheias de anotações –, afinal, preciso estar preparada para quando for entrar na faculdade de medicina veterinária, depois das férias.

Sim, medicina veterinária.

É bem menos complicado lidar com os animais.

— O que tanto anota nesse caderno? — ouço a voz suave do meu pai vindo da porta do meu quarto, e instantaneamente, o olhei.

Tinha um ombro escorado no batente da porta, a expressão serena, seus fios de cabelo bagunçados e alguns caindo pela testa, com seus fortes e tatuados braços cruzados, trajando uma blusa preta de mangas curtas e calça jeans escura.

Porra.

— Hm... São algumas coisas para a faculdade. — o respondi, passando a língua por cima dos meus lábios secos e em seguida, mordendo o inferior. — Está aqui há quanto tempo, daddy?

— Há poucos minutos. — deu de ombros, endireitando sua postura, mas, ainda com seus braços cruzados.

Papai é atraente.

Talvez atraente até demais.

Sua pose de homem sério sempre me chamou a atenção, mas, agora, é de um modo diferente.

O toque do seu celular começou a soar, papai pegou o celular e olhou o visor, deslizando o dedo sobre a tela e levando o aparelho até o ouvido.

Megan.

— Oi, amor... — disse, dando meia volta e andando pelo corredor.

Ouvi seus passos apressados descendo as escadas, ficando cada vez, mais baixos e distantes.

Voltei a copiar os textos informativos daquele site, pensando às vezes, na posição sexy em que papai estava há minutos atrás...

Merda.

Eu estou ficando desconcentrada.

Ainda tem muitos outros sites e vídeos que preciso assistir, e eu não estou afim de fazer isso agora.

Papai deve ter algum pen drive para mim salvar todos os arquivos.

Ele não vai se importar se eu procurar nas coisas dele, não é?

Entrei no closet do quarto dos meus pais e andei até as gavetas que julguei serem as dele, me pondo de joelhos na frente das gavetas e abri a primeira.

Cuecas e mais cuecas, todas organizadas por cor.

A fechei, e abri a segunda gaveta.

Meias.

Repeti o mesmo que fiz com a última gaveta e abri a última, encontrando alguns objetos e fotos reveladas, espalhadas pela gaveta.

Interessante.

Peguei todas aquelas fotos e também, o pen drive, pondo o mesmo dentro do meu sutiã e começando a ver foto por foto.

Abraçados.

De mãos dadas.

Sorrindo.

Se beijando.

Tão felizes.

Seria uma pena se toda a felicidade deles fosse destruída...

Na última foto – os dois na última comemoração de mais um ano de casamento –, estava escrito no verso:

“E mesmo depois de 19 anos de casados, o amor continua o mesmo: forte e inabalável.

– Megan”

Hm... Seria uma pena se fosse eu quem destruísse a felicidade dos dois.

Entrei na sala de jantar e meu pai já estava jantando.

Apenas me notou, porque eu pigarreei propositalmente para chamar sua atenção.

Seus olhos curiosos desceram por todo meu corpo e ele ergueu uma sobrancelha quando notou que eu usava apenas um camisão dele.

— Por que está vestindo uma roupa minha? — perguntou, e eu sentei à mesa de jantar no lugar da mamãe.

— Encontrei ela no meio das minhas coisas e achei que não se importaria se eu a vestisse. — menti, na cara de pau.

Na verdade, eu havia pego nas coisas da minha mãe.

— Por quê? Tem algum problema? — continuei, pondo uma mecha de cabelo para trás da orelha.

— Não... Longe disso. — balançou a cabeça, confuso, desviando o olhar por alguns segundos. — Tem certeza que estava nas suas coisas? É que... Eu lembro de vê-la nas coisas da sua mãe.

— Deve ter se confundido. — dei um sorriso doce.

— Tem razão... — deu de ombros, voltando a comer.

Hm... Eu só tenho uma semana.

— Daddy, o que acha de sair comigo amanhã?