1. Spirit Fanfics >
  2. Fugindo do passado >
  3. Tatuagens e moedas

História Fugindo do passado - Tatuagens e moedas


Escrita por: VinsmokeMarimo

Notas do Autor


Oi demorei um pouco p postar néh me desculpem

Capítulo 6 - Tatuagens e moedas


Cap 5

            Izuku

 

— Izu, você teve coragem de ir embora com Eri sem nem me ligar! — reclamou mamãe, muito irritada. Eri e eu já tínhamos voltado há dois dias, e ela só estava ligando agora. Existiam apenas duas explicações para a atitude dela: ou estava muito magoada por termos ido embora e deixado só um bilhete, ou estava passeando pela cidade com algum desconhecido e havia acabado de chegar em casa.

Achei que a segunda opção fazia mais sentido.

— Sinto muito, que eu estava pensando em ir em bora. Precisamos de um novo começo — tentei explicar.

— Um novo começo na sua velha casa? Isso não faz sentido.

Eu sabia que ela não iria entender, então mudei de assunto.

— Como foi o jantar com Roger?

— Richard — corrigiu ela. — Não finja que não sabe o nome dele.

Foi incrível. Acho que encontrei o cara certo.

Revirei os olhos. Todos os homens que ela conhecia eram “o cara certo”, até que deixavam de ser.

— Você está revirando os olhos? — perguntou ela.

— Não.

— Está sim, não está? Ás vezes você consegue ser tão grosseiro...

— Mamãe, preciso ir trabalhar — menti. — Posso ligar pra você depois?

Talvez amanhã.

Talvez na próxima semana.

Só preciso de um tempo.

— Tudo bem. Mas não se esqueça de quem ficou ao seu lado quando você não tinha ninguém, filhinho. É claro que os pais de Katsuki devem estar ajudando, mas vai chegar o momento em que você vai perceber que  é realmente sua família e quem não é.

Nunca me senti tão aliviado por desligar o telefone.

                   {///////////////////}

De vez em quando, eu olhava para o jardim coberto de mato,

Tentando me lembrar de como era antes. Katsuki havia transformado aquele espaço em um lugar lindo; ele era um ótimo paisagista e cuidava dos mínimos detalhes. Eu quase conseguia sentir o aroma das flores que ele plantou — que, obviamente, estavam mortas agora.

— Feche os olhos — sussurrou Kacchan, apoiando a mão nas minhas costas. Fiz o que ele pediu. — Qual o nome dessa flor? — perguntou. O aroma chegou ao meu nariz, e eu sorri.

—Jacinto.

Abri um sorriso ainda maior quando senti seus lábios nos meus.

— Jacinto — repetiu ele. Eu abri os olhos, e ele colocou a flor atrás da minha orelha. — Pensei em plantar mais algumas perto do lago.

— É minha flor favorita.

Pisquei e , em um instante, estava de volta, sentindo falta do cheiro do passado.

Olhei para a cara do meu vizinho, seu jardim estava muito pior que o meu. A casa era toda de tijolos marrom-avermelhados, com colunas brancas de marfim dos dois lados. A grama estava dez vezes maior que a minha, e vi pedaços do que um dia foi um anão de jardim na varanda dos fundos da casa. Tinha um taco de beisebol de brinquedo, feito de plástico amarelo, escondido na grama alta junto com um pequeno dinossauro.

  Uma mesa vermelha, toda descascada, estava ao lado de um galpão. Haviam também algumas pilhas de madeira apoiadas ali, e me perguntei se alguém realmente havia morado ali. Parecia mais abandonado do que nunca, e me preocupei com a sanidade do meu vizinho.

Atrás das casas do meu quarteirão ficava o bosque de Meadows Creek. Eu sabia que, bem mais adiante, quase escondido no meio daquela floresta sombria, havia um riacho que se estendia por vários quilômetros. A maioria das pessoas nem sabia de sua existência. Kacchan e eu o descobrimos ainda nos meus tempos de faculdade. Na margem havia uma pequena pedra e, nela estavam gravadas as inicias K.I e B.M.

Fizemos isso no dia em que ele me pediu em casamento. Sem me dar conta, acabei entrando no bosque e me sentei em meio às árvores, encarando meu reflexo na água.

    Uma respiração de cada vez.

  Pequenos peixes nadavam ali tranquilamente, até que ouvi o som da água se agitando e percebi uma ondulação em superfície. Virei a cabeça  em busca de alguma explicação e fiquei vermelho ao ver Shoto de pé ao lado ao lado do rio, sem camisa e vestindo apenas um short de corrida. Ele se abaixou e começou a lavar o rosto, passando as mãos por seu cabelos bicolores para tirá-los do rosto. Olhei para ele de cima a baixo, para seu peitoral definido, e o vir jogar a água no corpo. Seu braço esquerdo era coberto por tatuagens, que se estendiam pelo tórax.

Fiquei observando os desenhos em seu corpo, incapaz de desviar o olhar. Eram muitos, nem consegui contá-los, mas tentei distinguir cada um deles. Conheço essas tatuagens. Eram clássicos infantis: Aslan, de As crônicas de Nárnia; o monstro, de Onde vivem os monstros; O vagão de trem, de The boxcar children. No peito, a frase “We’ re  all mad here “, de Alice no país das maravilhas.

 Achei aquilo brilhante. Não existia nada mais impressionante do que um homem que conhecia as histórias mais clássicas da literatura, mas também havia transformado o próprio corpo numa biblioteca particular.

A água escorreu do cabelo até o peitoral. E, de repente fiquei imóvel. Será que ele sabia o quanto era bonito e, ao mesmo tempo, assustador?

Meu deus, por quanto tempo posso continuar olhando esse homem, antes de parecer politicamente incorreto?

Não sei, Izu. Vamos descobrir. Um, dois, três...

Ele não tinha em visto, e comecei a me afastar do riacho com o coração disparado, na esperança de que ele não percebesse minha presença.

Mas Nunbun estava amarrado a uma árvore e, assim que me viu, começou a latir.

Droga!

    Shoto olhou na minha direção com a mesma frieza de antes. Ele parou, e água começou a escorrer do seu tórax até o cós do short.

Continuei encarando-o e percebi que minha atenção estava voltada para o volume dentro de sua roupa. Ergui o olhar rapidamente de volta para seu rosto, que continuava sem se mexer um centímetro sequer.

— Você está me seguindo? — perguntou ele. As palavras foram ríspidas e diretas, sem dar margem á conversa.

— O quê? Não.

Ele ergueu a sobrancelha.

Continuei observando suas tatuagens. Ah, Ovos verdes e presunto, do Dr. Seuss. Ele notou meu olhar.

Que merda, Izuku pare com isso.

— Desculpe — murmurei, meu rosto pegando fogo, tamanho constrangimento. O que ele estava fazendo ali?

  Shoto olhou para min sem sequer piscar. Ele poderia ter falado qualquer coisa, mas tive a impressão de que se divertia muito mais em deixando envergonhado e ansioso. Era difícil olhar para ele. Parecia um homem devastado, mas cada uma.das cicatrizes de sua existência me atraiam.

Continuei observando-o enquanto ele tirava a coleira de Nunbun da árvore e voltava pelo mesmo caminho que eu tinha vindo. Eu i segui, rumo a minha casa.

Ele parou.

Virou se devagar.

— Pare de me seguir — sibilou.

— Não estou seguindo você.

— Está sim.

— Não.

— Está.

— Não, não, não.

Ele ergueu a sobrancelha de novo.

— Você parece uma criança de cinco anos.

Ele se virou e continuou andando. Também continuei. De vez em quando, ele olhava para mim, mas não falou nada. Chegamos ao final da trilha, ele e seu cachorro seguiram para o jardim maltratado ao lado da minha casa.

— Acho que somos vizinhos — observei, com uma risada fraca.

O modo como ele me olhou me provocou um frio na barriga. Um desconforto persistia em meu peito, mas por trás daquilo, eu ainda podia perceber aquela pontada familiar que eu sentia todas as vezes que o encontrava.

Nós dois seguimos para nossas respectivas casas sem nos despedirmos.

                  {////////////////////}

 

Jantei sozinho á mesa da sala de jantar. Quando olhei pela janela, vi Shoto, também sentado a uma mesa, comendo. A casa dele parecia muito escura e vazia. Solitária. Ele olhou pela janela e me viu. Acenei e sorri para ele. Ele levantou foi até a janela e fechou a cortina.

Não demorei muito para perceber que as janelas dos nossos quartos ficavam de frente uma para a outra, e ele fechou a cortina novamente, bem depressa.

Mais ou menos as oito da noite, sentei-me no sofá da sala, olhando para o nada e tentando não chorar, quando recebi uma mensagem de texto de Ochako.

 

Ocha: Você está bem?

Eu: Sim, estou.

Ocha: Quer companhia?

Eu: Hoje, não. Cansado.

Ocha: Tem certeza?

Eu: Quase dormindo...

Ocha: Absoluta?

Eu: Sim, que tal amanhã.

Ocha: Ok te amo.

Eu: Tbm.

 

O barulho de alguém batendo na porta assim que enviei a última mensagem não me surpreendeu. Eu tinha certeza de que Ocha viria, porque ela sabia que quando dizia que estava bem, na verdade era o contrario. O que me surpreendeu foi ver outras pessoas além dela na minha porta. Amigos. Ocha segurava a maior garrafa de tequila do mundo.

— Quer companhia? — Ela riu.

Meu olhar foi do meu pijama a garrafa de tequila.

— Com certeza!

                       #######

— Achei que iria bater aporta na nossa cara — falou uma voz familiar atrás de mim enquanto eu servia quatro shorts na cozinha. Eu me virei e vi Eijiro me observando, jogando para o alto a moeda que ele sempre trazia consigo. Eu me joguei em seus braços, abraçando-o bem apertado. — Oi, Izu — murmurou ele, retribuindo meu abraço com força.

  Eijiro era o melhor amigo de Kacchan, eles eram tão próximos que cheguei a pensar que Eijiro roubaria Kacchan de mim. Mas ele tinha seu Tetsu.

Ele era forte, tinha olhos vermelhos tão vibrantes quanto de Kacchan e Eri, e tinha os cabelos espetados na mesma coloração de seus olhos. Trabalhava na oficina mecânica do pai, que passou a administrar depois que ele ficou doente. Ele e Kacchan se tornaram amigos quando dividiram o quarto no primeiro ano do ensino médio.

Eijiro deu um sorriso amigável e me soltou. Pegou dois shots, me passou um deles e bebemos juntos. Em seguida, ergueu os outros dois e fizemos o mesmo. Sorri.

— Sabe, essas quatro doses eram para mim.

— Eu sei só estou tentando poupar seu fígado.

Vi quando ele colocou a mão no bolso e tirou uma moeda. A mesma moeda que ele sempre girava entre os dedos. Era um hábito estranho que ele já tinha desde antes de nos conhecermos.

— Você ainda tem sua moeda.

— Nunca saio de casa sem ela — respondeu, rindo antes de guarda-la no bolso.

Estudei seu rosto. Provavelmente ele não sabia disso, mas, de vez em quando, dava para ver a tristeza em seu olhar.

— Como você está?

Ele deu de ombros.

— É muito bom ver você de novo. Cara, faz tanto tempo. E você praticamente sumiu depois... — Ele parou de falar. Ninguém sabia o que dizer sobre a morte de Kacchan. O que eu achava bom.

— Agora estou de volta. — Fiz um gesto enquanto servia mais quatro shots. — Eri e eu voltamos pra ficar. Só precisávamos de um tempo. Só isso.

— Você ainda dirige aquela lata-velha? — perguntou Eijiro.

— Sim, com certeza. — Mordi o lábio. — Outro dia atropelei um cachorro.

— Não.

Ele ficou boquiaberto.

— Verdade. O cachorro está bem, mas a droga do freio não funcionou direito e quase passei por cima dele.

— Vou cuidar disso pra você.

— Serio? Que bom então, vai ajudar bastante.

— Então vamos fazer um brinde — sugeriu ele. Ocha veio correndo e pegou um dos copos.

— Adoro fazer brindes com tequila. — Ela quase soltou uma risada. — Ou vodca, uísque, rum, álcool...

Sorri, e nós três levantamos os copos. Eijiro pigarreou:

— A velhos amigos e novos começos. Sentimos falta de você e da Eri. Estamos muito felizes com o retorno de vocês. Que os próximos meses sejam fáceis, e que você nunca esqueça que não está sozinho.

Com um único movimento, viramos as doses rapidamente.

— Aqui vai uma pergunta aleatória. Eu queria mudar todas as fechaduras da porta. Você conhece alguém que possa fazer esse serviço?

— Asui, com certeza — respondeu Ocha.

— Asui?

— Sabe aquela garota que tentei demitir pra contratar você?

Aquela garota esquisita mas fofa ao mesmo tempo? O pai dela tem uma loja, e ela trabalha meio período lá fazendo esse tipo de coisa.

— Sério? Será que ela me ajudaria?

— Claro que sim. Vou pedir pra ela te ajudar, caso contrário eu a demito novamente. — Ocha piscou. — Ela e esquisita, mas e meio que fofa? E trabalha bem e é rápida.

E desde quando você gosta do ‘tipo’ da tal Asui? — debochei.

— Não sei algo nela me atrai — algo diferente do “Iida grossinho” e o vento — Ocha deu uma risada no final.

— Você sabia que ela e Iida estão...

— Fodendo? Claro que sim! Depois que você foi embora ela precisava de uma amiga pra despejar suas reclamações e decidiu que eu tinha uma vagina. Ela ia todo fia na oficina falar do “Iida grossinho”, o que aliás me deixava bastante constrangido.

— Você não de interessa pelos apelidos dela? — Soltei uma risadinha.

— Mini Mineta? É serio? — perguntou ele.

— Mineta me deixou bêbada e não transamos, quando vi o tamanho da salsicha comecei a rir e ele ficou bravo. — Falou OCha chamando nossa atenção e interrompendo Eijirou.

— Ocha não e de falar mentira.

— Mas também nem duvidaria dela o tamanho de Mineta em si ja dis bastante.

Eu ri. Não sei se por causa do álcool ou por que ver Eijiro me lembrava coisas boas. Ele sentou no balcão da cozinha e deu um tapinha ao seu lado, me convidando para sentar também. Aceitei na hora.

— Então como está a senhorita Eri?

— Moleca como sempre — respondi, pensando na minha garotinha. Lembrando que sem Ocha ela talvez não estivesse aqui hoje.

— Igualzinha o pai. — Ele sorriu.

Bati de leve em seu ombro.

— Ainda acho que ela herdou isso de katsuki.

— Verdade. Ele dava muito trabalho. Lembra aquele Halloween em que ele achou que era muito forte e poderia lutar com todos mundo só por estar vestido de lobisomem? Ele ficou uivando e rosnando para quem se aproximava da gente, mas em vez de ser um lobisomem de verdade, ele acabou com um olho roxo e nós três fomos presos por que ele mordeu alguém. — Gargalhamos, lembrando como meu marido era terrível quando bebia.

— Droga, sinto falta daquele cretino. — Ele suspirou. Paramos de rir, e meus olhos se encheram de água assim como os dele. Ficamos em silencio, sentindo saudades. — bom — disse Eijiro, mudando de assunto — o jardim está uma merda.

Posso cortar a grama se você quiser. E aumentar um pouco a cerca, também pra você ter mais privacidade.

— Não precisa. Na verdade, eu mesmo quero cuidar disso. Estou trabalhando só meio período, e vai ser bom ter oque fazer enquanto não arrumo um emprego fixo.

— Você pensou em voltar a trabalhar com decoração?

A pergunta da semana. Dei de ombros.

— Não pensei muito nesse último ano.

— Entendo. Tem certeza de que não quer uma mãozinha aqui? Não seria problema algum para mim.

— Tenho sim. Cheguei ao ponto em que preciso começar a fazer as coisas sozinho, sabe?

— Sei. Mas acho que você deveria dar uma passada na oficina no domingo. Queria te dar uma coisa.

— Uma presente?

— Mais ou menos.

Cutuquei o ombro dele com o meu e disse que poderíamos nos encontrar qualquer dia desses. Perguntei se Eri poderia ir junto.

Ele concordou olhou para mim e perguntou baixinho:

— Qual a pior parte?

Essa era fácil responder.

— Tem horas que Eri faz algo muito engraçado, e eu chamo Katsuki pra ver. Depois, paro e lembro. — A pior parte de perder uma pessoa amada é que você também se perde. Levei o dedo á boca e comecei a roer a unha. — Chega de falar de tristeza. E você? Ainda namorando Tetsu?

Ele se encolheu.

— Nós não nos falamos mais. — ele encontrou uma garota chamada Kendo e me chutou. — mas tudo bem já superei.

Não fiquei surpreso. Eijiro levava os relacionamentos tão a sério quanto Ocha.

— Bem, somos parecidos e tristes.

Ele riu e ergueu a garrafa de tequila, servindo mais um shot.

—Um brinde a nós.

O resto da noite meio que passou batido. Lembro que disse e ri de coisas que não eram engraçadas, chorei por coisas que não eram tristes e foi a melhor noite que tive nos últimos tempos. Quando acordei de manhã , estava deitado na minha cama sem saber como cheguei lá. Não dormia ali desde o acidente. Peguei o travesseiro de Kacchan e o abracei. Senti o cheiro a fronha de algodão e fechei os olhos. Eu não podia negar que aquela era minha casa, mesmo que não sentisse isso naquele momento. Essa era minha nova normalidade.

 


Notas Finais


E isso se você está lendo as notas eu agradeço e digo que mesmo eu leio as notas do autor muito raramente


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...