Natsu, Gajeel e Gray destruíram todas as instalações da organização presentes na cidade. Isso com certeza vai atrair a atenção do alto escalão da organização. Espero que simplesmente ignorem toda essa confusão e nos deixem em paz de uma vez...
Enquanto Natsu me ajudava a caminhar pelo corredor escuro do prédio, ele me contou tudo o que aconteceu, desde o meu sumiço, até o momento presente. Ele disse também que as experiências foram atrás deles, mas Ksora e o loirinho convencido fugiram deixando os outros para trás, que morreram durante a luta.
“Tiveram o que mereceram.” Pensei, me sentindo mal por pensar assim.
- O próximo passo então é... O avião. – presumi.
- Sim. – concordou Natsu, distraído.
- Tem um estacionado lá fora. – disse Gajeel, parecendo bastante animado.
- Deve ser o do meu pai. – disse eu, sorrindo fracamente. – Ou melhor... Era dele.
- Luxy... – murmurou Natsu.
- Estou bem. – disse eu, desviando o olhar.
- Eu sei que ele era uma pessoa horrível, mas ainda é seu pai, então... Está tudo bem chorar por ele. – disse Natsu, calmamente.
Olhei para ele surpresa.
“Natsu cresceu... Está mais maduro.”
- É... – concordei, em voz baixa. – Mas não estou com vontade de chorar.
-...
Quando finalmente saímos do prédio, Virgo veio correndo ao meu encontro, aflita.
- Que bom que você está bem Lucy! Eu estava tão preocupada. – disse ela, me abraçando apertado.
- Eu tenho te preocupado muito ultimamente né... Sinto muito. – disse eu, retribuindo o abraço.
- Não precisa se desculpar, nada disso foi sua culpa. – disse ela, suas lágrimas molhando minha blusa.
- É! O pai de vocês é o culpado. – disse Levy.
- Sim, é triste, mas ela tem razão. – concordou Virgo.
“Eu preciso contar pra ela...”
- Virgo... Eu... – comecei a falar, hesitante.
- O quê?
- E-eu... Matei o papai. – disse eu, me afastando do abraço.
- Você... O quê?
- Matei o nosso pai. – repeti em voz baixa.
Ela me encarou, boquiaberta e depois de alguns segundos deu uma risada nervosa.
- Não... Você não fez isso... É do nosso pai que estamos falando.
- Mas ele...
- Apesar de tudo era o nosso pai Lucy! – exclamou Virgo, irritada... Magoada.
- Eu sei! Eu sei que era o nosso pai, mas ele mereceu! – gritei.
- Lucy! – gritou Virgo. – Não precisava ser assim. – acrescentou em voz baixa.
- E como deveria ser? Entregar ele pra polícia? Um homem rico e influente... Acha mesmo que existe justiça pra esse tipo de gente?
- Esse tipo de gente? – sussurrou. – Você está muito diferente... Lucy. Não é mais a mesma.
- Não sou! Eu não vou mais ter pena de ninguém! – exclamei, sentindo as lágrimas transbordarem. – Por que toda vez que eu me importo com alguém eu acabo machucada...
- Lucy... – murmurou Virgo, sem saber o que dizer. – Você matou uma pessoa-
- Chega! – gritou Natsu, interrompendo Virgo. – Ela passou por muito coisa! Você só está deixando ela mais nervosa.
- É... Deixa ela descansar, depois vocês conversam com mais calma. – disse Aquarius, que nos observava de longe.
Virgo assentiu, baixando a cabeça, em silêncio.
- Pra onde vamos agora? – perguntou Lisanna.
- Temos o avião, então... Vamos para as Filipinas. – disse Aquarius.
Todos arfaram, animados. Levy deu palminhas de alegria e Lisanna abraçou Natsu, bastante feliz.
- Finalmente vamos pra casa. – disse ela.
- É! – concordou Natsu.
Fitei os dois abraçados e felizes.
Apesar de não ser o momento adequado, considerando tudo o que aconteceu nas últimas horas, não consigo evitar sentir uma pontada no peito.
“Eles vão embora...”
- Eu vou pilotar. – disse Aquarius, indo em direção ao avião.
- Você está com a chave? – perguntei, indo atrás dela com um pouco de dificuldade por causa da dor no corpo.
- Sim. Peguei no escritório do seu pai durante a confusão. – explicou ela, enquanto entrava no avião.
Subi pela escada retrátil da aeronave, seguindo ela de perto.
Gulfstream G650ER, é um avião a jato executivo que custa aproximadamente sessenta e seis milhões de dólares. Meu pai nunca foi do tipo de pessoa que gosta de economizar, ele nunca poupou esforços em conseguir o queria... Mesmo que custasse todo o dinheiro dele, ou até mesmo... A própria filha.
Balancei a cabeça para mandar os pensamentos sobre ele pra longe.
Entrei no jatinho, logo depois dela, e fiquei impressionada com o luxo. Seu interior é forrado de couro, com acabamentos de madeira, e pedras estilizadas. A cabina inteira é customizada e pode ser controlada usando um aplicativo de smartphone.
- Uau! – exclamei.
- Já entrei aqui várias vezes com o seu pai, mas eu sempre fico impressionada com todo esse luxo. – disse ela, enquanto tirava o celular do bolso da calça e conectava ao avião.
O Sistema de Gerenciamento de Cabine da Gulfstream pode ser sincronizado com equipamentos Apple iOS ou alguns smartphones e tablets Google Android para oferecer controle por tela sensível ao toque para temperatura, iluminação, cortinas e opções de entretenimento.
- Você sabe mesmo pilotar? – perguntei, me sentando no banco atrás do piloto.
- Sim.
- Onde aprendeu?
- Quando eu era mais jovem, sonhava em ser piloto de avião, então eu sempre li muito sobre...
- Você leu? Nunca pilotou? – perguntei apreensiva.
- Pilotei sim! – exclamou ela, rindo. – Meu tio era piloto, ele me ensinou bastante... Muitas coisas eu aprendi na prática.
- A... Ufa. – disse eu, rindo.
Ela se sentou diante do painel de controle, parecendo maravilhada.
- A cabine de pilotagem PlaneView II fornece camadas de tecnologia de ponta em displays simplificados. – explicou ela... Como se eu entendesse alguma coisa.
- A... Legal. – murmurei.
Ela continuou tagarelando sobre displays multifuncionais e outras informações complexas, enquanto eu me recostava, distraída, observando os outros entrarem no avião.
- Isso parece ser muito caro. – disse Gajeel, enquanto escolhia uma das oito poltronas.
- Sim. – concordou Levy.
Natsu ocupou a espaçosa poltrona diante da minha.
- Você saiu se perto da gente parecendo triste. Tá bem? – perguntou ele, me fitando.
- Sim. – murmurei.
- É o seu pai né? Tá arrependida?
- Não... Ainda não.
- Espero que você não fique triste pra sempre.
- É, eu também.
Ele ficou me encarando o tempo todo, como se quisesse me dizer alguma coisa, como se escolhesse as palavras, mas por fim, não disse nada.
- Apertem os cintos, pois vamos decolar. – Anunciou Aquarius.
Fizemos o que ela pediu e afivelamos os cintos. Minutos depois o avião decolou nos empurrando para trás, contra a poltrona. O som dos motores ganhando vida, um rugido ameaçador. Porém, assim que alcançamos altitude, o avião se tornou silencioso, como um pássaro planando no ar, sem fazer qualquer ruído.
- Olha! O mundo ficou pequeno de repente. – comentou Levy, olhando pela janela.
- Me lembra um pouco quando viemos pra cá, mas em vez de nuvens e casas minúsculas, eram as estrelas. – disse Gray.
- É... – concordou Lisanna, distraída com a paisagem.
- Deve ter sido uma viagem e tanto. – disse eu.
- E foi. – concordou Natsu, também distraído.
Ficamos em silêncio novamente, apenas olhando pela janela.
- Como será que descobriram sobre o meu novo poder? – perguntei, quebrando o silêncio.
- Não sei. – respondeu Virgo, sentada do meu lado, pensativa.
- Poder? – perguntou Lisanna, de repente interessada na conversa.
- Ela é como a gente. – disse Natsu.
- Verdade? – indagou Levy.
- Sim. – respondi simplesmente.
- Ela parou um avião com o olhar. – disse Gray, rindo.
- Então você é... Forte. – concluiu Gajeel.
- É... – murmurei, sorrindo de lado. – Aparentemente sim.
- Se você é como a gente, é mais um motivo pra ir embora. – disse Gajeel. – Você não se encaixa mais aqui.
- Gajeel! – exclamou Levy.
- O quê? É verdade. – disse ele, dando de ombros.
- O lugar dela é onde ela quiser. – disse Natsu, sério.
- Mas não era você mesmo que queria que ela fosse com a gente? – perguntou Gray.
- Sim, mas... Não posso obriga-la. – disse Natsu, em voz baixa.
- Além disso, sou eu que vou com vocês. – disse Aiko.
- Não mesmo. – disse eu.
- E por que não?
- Por que... Por que não! – exclamei irritada.
- Não comecem vocês duas. - disse Virgo, estreitando os olhos.
- Quem tá com fome? – perguntou Aquarius, antes de distribuir barras de cereal para quem levantou a mão.
- E o avião? Quem está pilotando? – perguntou Levy, assustada.
- Está no piloto automático. Eu coloquei no GPS. – explicou ela, encolhendo os ombros. – Agora sobre... Como descobriram sobre o seu novo poder... Acho que tinham escutas na casa onde estávamos.
- Por que acha isso? – perguntei.
- Eles levaram a Levy e fizeram um clone dela, por quê? – perguntou retoricamente. – Para nos atrais pra casa. É o que eu penso.
- É, faz sentido. – disse Lisanna.
- Bem, agora tanto faz... – disse eu, voltando a minha atenção pra janela.
- Isso é muito bom. - comentou Juvia, após tirar uma mordida da barra de cereal.
- É sim, e sustenta bastante. - disse Aquarius.
- Espera... E a mamãe? – perguntou Virgo.
- A é mesmo... – disse Aquarius. – Posso fazer um desvio?
- Claro. – disse Natsu.
- Outro desvio. – se queixou Lisanna, bufando.
- Será rápido. – disse Aquarius, indo pra cabina.
E mais uma vez, o silêncio.
Natsu continua me encarando...
- Natsu. – chamei. – Por que não para de me encarar?
- A... Desculpe. – disse ele, desviando o olhar, sem graça
- Não respondeu a minha pergunta.
- É que... Não gosto de te ver assim. – murmurou. – Tão triste.
“Está com pena de mim...”
- Vai passar. – disse eu.
Ele assentiu e sorriu, mas o sorriso não tocou os olhos.
"Acho que eu fui um pouco grossa... Meu humor está péssimo, preciso dormir um pouco." Pensei suspirando.
- Estou com sono. – disse eu.
Olhei pra Virgo, mas ela está pensativa, presa nos próprios pensamentos.
“Espero que me perdoe.”
Estou sentada ao lado dela, e na minha frente estão Natsu e Lisanna. Natsu não para de me olhar e Lisanna está distraída, olhando através da janela.
- Quero me deitar. – disse eu.
“Estou tão cansada, preciso dormir.”
- Você pode se deitar... No meu colo. – disse Natsu, se ajeitando na poltrona.
- Como? – perguntei, arqueando as sobrancelhas.
- Lisanna, troca de lugar com ela. – pediu Natsu, cutucando-a.
- Hã? Por quê? – perguntou carrancuda.
- Por que ela quer se deitar. – disse ele, encolhendo os ombros.
- Reclina a poltrona ué.
- Mas é desconfortável. – disse eu, me sentindo irritada de novo.
- E daí? É o meu lugar, eu sentei primeiro. – disse ela.
Natsu abriu a boca para responder, mas Virgo se levantou, bufando, e foi para o fundo do avião, onde se sentou em outra poltrona, afastada de todos.
- Acho que ela quer... Silêncio. – comentou Lisanna.
- Eu me sento ao seu lado então. – disse Natsu, se levantando.
- Natsu! – exclamou Lisanna.
Ela nos encarou por alguns segundos, sua expressão impassível, e então voltou a atenção pra janela.
Natsu se sentou ao meu lado e eu deitei a minha cabeça no colo dele. Foi meio desconfortável no início, mas o sono logo me acalmou.
Geralmente eu teria vergonha de fazer isso, e provavelmente Natsu também, mas algo mudou, não sei bem o que... Mas mudou.
(...)
Eu adormeci rapidamente.
- Você finalmente aprendeu a controlar seu poder. – disse Hideki, sorrindo suavemente.
- Sim. – disse eu, sem muito ânimo.
- Acha que o que fez... Foi o certo?
- Não sei, só fiz o que eu tive vontade de fazer no momento.
- Você sempre faz o que tem vontade. – disse Hideki, em tom de conversa.
- É, mas todos estão dizendo que eu não sou assim. Não entendo.
- Eu também acho que você mudou, talvez... Quando matou seu pai, algo se partiu dentro de você.
- É... – sussurrei.
Hideki está sentado ao meu lado, com a mesma roupa de sempre, a que estava usando da última vez em que eu o vi... Vivo.
- Se você não o tivesse matado, talvez agora estaria sendo leiloada ou em algum laboratório em um país distante, sendo dissecada. – disse ele.
- Ou talvez... Natsu tivesse chegado a tempo.
- E ele também teria o matado.
- Não teria. – disse eu, baixando a cabeça.
- Como você sabe?
- Porque era o meu pai... Ele não mataria o meu pai.
"Natsu nunca faria nada que pudesse me magoar." Penso, com um sorriso fraco.
- Então você se arrepende?
- Sim. – respondi, engolindo em seco.
- Agora é tarde pra isso, não acha? – perguntou outra voz.
Ergui a cabeça e vi ele, meu pai, de pé, a poucos metros de distância, usando seu terno escuro habitual, sorrindo de lado.
- Pai? – sussurrei.
E então... Eu acordei.
- Luxy? Você está bem? Estava chorando. – disse Natsu, me encarando.
Ainda estou deitada no colo dele, mas não estamos mais no avião.
Ele está sentado em um sofá de couro e eu estou deitada na mesma posição de antes.
- Estou bem... Onde estamos? – perguntei, enquanto me sentava.
- Na casa da Aquarius. Chegamos já faz um tempo. Você estava dormindo tão profundamente que eu não quis te acordar.
-...
- Estão todos na cozinha, e Virgo está no quarto, com a sua mãe.
- Minha mãe? – perguntei confusa.
- Sim. Ela está lá em cima, no quarto de hóspedes.
“A... É mesmo, ela está em coma, está morrendo.”
Estranhamente não estou triste.
- Natsu.
- Hum?
- Se eu mudar a ponto de me tornar outra pessoa, ainda vai gostar de mim? – perguntei, surpresa pelo que acabei de dizer.
Ele me fitou confuso, mas logo entendeu o que eu quis dizer.
- Sim. Se você mudar eu mudo também. – respondeu, me fitando intensamente.
Encarei ele surpresa e ao mesmo tempo feliz.
"Não estou sozinha.”
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