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História FusionTale - 2 Colapso


Escrita por: NekoDLully

Notas do Autor


Eu ia começar a responder os comentários atrasados, mas meu sono foi tanto que quase não consegui postar o capitulo... Bem, eu tenho um feriado agora e vou responder todos desde o capitulo 27 até esse... (puta merda, pq eu enrolei tanto pra responder isso?)
Para aqueles que souberam da pequena dica que dei uma vez sobre o primeiro capitulo postado a resposta estava no titulo. Foi como um pequeno trocadilho, afinal se você tem o 1° obviamente você vai ter mais. No entanto os personagens ainda não sabem sobre isso, então segurem suas pontas que logo tudo será explicado.
Como esse capitulo tem um toque muito especial (espero arrancar lágrimas) eu reservei algumas músicas que eu achei que se encaixavam e que talvez vocês curtam escutar enquanto acompanham:
daddy issues - the neighbourhood
memories - Within Temptation
without you - Ashes Remain
Sorry for Everything - Dead by april
Dad's song - Set it off
Aconselho que pelo menos a de Set it Off vocês escutem, sério. Espero que gostem do capitulo! Já avisando que o próximo tem HENTAI e provavelmente será o maior capitulo já feito até então, estejam preparados, vocês foram avisados!
Para o cap!

Capítulo 32 - 2 Colapso


FusionTale - 2° Colapso

Aquela redefinição tinha, de alguma forma, começado de forma diferente das outras.

Foi mais uma sensação do que realmente um fato visível. Uma sensação na boca do estomago de que algo de muito ruim estava para acontecer, algo que desestabilizaria todo o cronograma, algo que ela não poderia evitar. Uma sensação de ansiedade e expectativa que lentamente lhe açoitava o percurso lento e arrastado daquela linha do tempo em específica, trazendo de volta, inevitavelmente, o desespero da impotência que havia demorado tanto para se livrar ao simplesmente aceitar e não se importar com a continuidade de redefinições aleatórias e frequentes.

Ainda tentou entrar em uma explicação plausível para tal sentimento ruim, para o gosto amargo que permanecia em sua boca independente das mudanças que fizesse em seu loop repetido. Afinal, talvez fosse pela frustração de ter retornado ao inicio de seu relacionamento com Sans, sendo que na linha do tempo anterior nunca se sentiu tão verdadeiramente próxima a ele, com menos segredos e mais intimidades, mais igualdades e confianças. Ou talvez fosse pela pequena esperança que havia penetrado na pequena barreira figurativa que fez em sua mente por conta do prolongamento duradouro do cronograma anterior, quase beirando o começo de outubro, facilmente quebrada em seguida com a inevitável e já esperada redefinição. Poderia ser também o simples cansaço e exaustão, somada a frustração costumeira. Entre outros motivos os quais havia se colocado a pensar e enumerar a partir do momento que havia despertado novamente no segundo dia de setembro.

E por mais que realmente quisesse aceitar que pudesse ser qualquer um desses motivos, algo em seu interior afirmava que não. Fosse seu instinto, sua insanidade, sua alma, o que seja, alguma coisa continuava a embrulhar-se de jeito enigmático em suas entranhas dando-lhe sensações desconfortáveis que a levavam a questionamentos ou pensamentos enigmáticos.

Mesmo que ela estivesse começando a duvidar de tal sentimento, afinal, meses já tinham se passado nesse cronograma e nada havia mudado sem sua própria interferência. Ainda assim tal sensação incomoda não desaparecia e persistia todas as vinte e quatro horas de todos os seus dias, quase chegando ao ponto de causar-lhe insônia. Mesmo que tivesse sido essa própria sensação que a fez tomar uma iniciativa para mudar alguns acontecimentos, como por exemplo o tempo de entrada na gangue e a forma como ele ocorria.

Frisk sinceramente pensou duas vezes antes de realmente decidir-se por permanecer naquele lugar, não por ser desagradável, mas pela própria frustração de ter que encarar Sans novamente sabendo que inevitavelmente ele não se lembraria dela. Contudo, existiam pessoas as quais ela realmente gostaria de manter conhecimento, pessoas com quem ela gostaria de manter uma amizade e um relacionamento e para isso precisava voltar. Dessa vez sem o sequestro, indo até o lugar com suas próprias pernas, não realmente preocupando-se em manter um disfarce de não conhecimento.

Ela estava cansada afinal. Exaurida mentalmente e, consequentemente, fisicamente. Era cansativo manter a farsa sempre e não era como se as pessoas realmente fossem suspeitar de viagens no tempo ou qualquer tipo de coisa parecida, por que se preocupar em manter uma fachada então?

Como seja ela tinha retornado e dessa vez garantido que Chara soubesse o suficiente para não causar uma quase guerra e assim desencadear diversas confusões posteriores que facilmente poderiam ter sido evitadas se por um acaso tivessem feita a pergunta correta para Frisk. O resto foi relativamente fácil, conhecendo a fundo a maior parte de seus companheiros facilitou consideravelmente seu trabalho de estabelecer uma confiança e amizade com as pessoas que queria, até mesmo Sans. Assim como também poderia manter as antipatias com quem realmente estava interessada em manter distância, como Ralph e para não dizer da indiferença para com aqueles que não valeriam de nada se preocupar, como Betty.

Em suma, uma parte de sua vida foi adiantada em questão de tempo. O que deveria acontecer em Março, passou a ter começo em outubro do ano anterior.

Isso também trouxe como consequência o maior tempo que teria que passa conciliando sua vida "normal" com a que levava na "marginalidade", obviamente dando-lhe mais trabalho e dores de cabeça do que inicialmente estava disposta a ter. Mas tudo bem, ela não estava realmente se importando com muitos detalhes nessa linha do tempo e discrição estava longe de seu vocabulário atualmente.

Naquele exato instante, por exemplo, estava acompanhando Florenci até sua casa depois de ter casualmente passado na escola onde sua mãe trabalhava antes de direcionar-se para a cede. Aparentemente os pais do pequeno rapaz não haviam aparecido para buscá-lo e mesmo após a saída de todas as crianças ele ainda havia permanecido na escola, sua casa sendo distante de mais para que o deixassem voltar sozinho, por mais que insistisse. Toriel estava muito ocupada com algumas provas que teria que corrigir ainda naquele mesmo dia e não poderia levá-lo para casa no momento, por tal, Frisk havia se oferecido, afinal não era como se ela tivesse um horário certo para chegar onde deveria estar. Desde que fizesse todas as entregas estaria tudo bem.

E ali estava ela agora, caminhando de mãos dadas com o garotinho loiro o qual não se desgrudava dela, deixando que seu pensamento vagasse com o silêncio entre ambos, ignorando todos os ruídos daquele final de tarde. E talvez esse fosse seu maior erro, afinal, um pensamento que vaga sempre acaba caindo em ideias não necessariamente saudáveis que acabavam por guiá-la a emoções que sinceramente preferia não sentir e, finalmente, nublavam a parte racional de seu cérebro para dar espaço a atitudes impensadas e que facilmente a levariam a se questionar depois o motivo de ter feito tamanha idiotice.

Frisk não tinha realmente reparado quando havia parado de andar ou quando começou a ficar perigosamente perto da beirada do passeio, próximo ao asfalto que a levaria para uma rua bastante movimentada, no período de pico da saída do trabalho e volta para casa de diversas pessoas. Ela não tinha se quer reparado no desespero evidente do pequeno rapaz a seu lado que, da melhor forma que conseguia, tentou puxá-la para longe da borda que levava aos carros, sem sucesso evidente. E, veja bem, Frisk não era uma pessoa suicida, apesar de todas as situações mirabolantes e perigosas as quais havia se metido durante toda sua longa existência. Ela tinha determinação o suficiente para seguir em frente apesar das situações, mantendo-se onde outras pessoas já teriam desistido.

A questão era que, mesmo se ela realmente quisesse explicar o que havia acontecido naquele exato momento, não saberia dizer. Isso porque seu cérebro, cansado e desgastado, havia parado de funcionar bem naquele instante, guiando-se apenas pela estranha sensação que a afundava cada vez mais em seu emocional. Até, pelo menos, aparecer alguém forte o suficiente para ter a decência de reparar em sua situação e interpor-se no que quer que fosse acontecer, puxando-a para longe da rua movimentada.

— O que diabos pensa que está fazendo?! - vociferou uma voz bastante familiar, ainda assim levando alguns segundos para que Frisk finalmente fosse capaz de focar em quem a estava segurando pelo braço com tamanha firmeza. Mas por fim dourados subiram para topar-se com azuis, indignação tão presente que era quase palpável.

Ainda um tanto desnorteada a morena olhou envolta, algumas pessoas haviam parado, outras mantiveram passos apressados para sair de cena, os carros continuavam a se mover na rua que agora mantinha-se a suas costas e o garoto loiro agarrava-se com força em suas pernas, expressão variando entre a irritação e a gratidão, sem saber exatamente em qual se manter. Sans encontrava-se a sua frente, cenho franzido, uma mão a segurar seu braço com tal força que Frisk tinha quase certeza que sua circulação havia parado em tal região.

Um encolher de ombros frustrantemente indiferente foi o máximo que conseguiu dar em resposta, olhos ainda um tanto perdidos em um mundo inexistente, soma perfeita para indicar ao albino que ele, definitivamente, de forma alguma, poderia deixá-la sozinha para ir a qualquer lugar que fosse naquele momento.

— Para onde estava indo? - perguntou em um suspiro, finalmente atrevendo-se a soltar o braço da garota, sem realmente arriscar-se a tirar sua própria atenção dela.

— Levando Flou para a casa dele. - respondeu, indicando com o indicador o pequeno garoto grudado em sua perna, olhos verdes fulminando o albino que tinha a frente, cenho franzido em uma confusão de emoções diferente. Sans, por sua vez, ergueu uma sobrancelha para ele, desafiante, antes de novamente voltar-se para Frisk.

— Vou te acompanhar.

Foi uma simples afirmativa, sem qualquer protesto ou questionamento. E não era como se também ela tivesse interferido em alguma coisa no percurso. O caminho inteiro continuou em silêncio, a mente de Frisk ainda recuperando-se do anterior acontecimento, finalmente tornando-se lúcida o suficiente para saber que deveria concentrar-se em qualquer outra coisa que não fosse nos pensamentos conturbados que continuavam a vir em ondas em sua cabeça.

Nada de realmente interessante havia se seguido durante todo o momento entre deixar o garoto em sua casa e retornar pelo mesmo caminho que tinham vindo, com a leve exceção de terem dado uma breve pausa em uma lanchonete qualquer no caminho. Ideia que veio por parte do albino o qual nem ao menos havia realmente lhe dado uma verdadeira opção, puxando-a para dentro do lugar e sentando-a em uma das mesas desocupadas as quais tinha espalhada pelo lugar, dirigindo-se em seguida para o balcão de pedidos.

Não perguntou o que queria ou se quer se realmente estava com fome para querer alguma coisa. Para dizer a verdade não haviam trocado muitas palavras, breves afirmativas que muito se assemelhavam a ordens foi o máximo que haviam chegado até então e agora ali estavam eles, sentados um de frente para o outro, em um silêncio desconfortável com um copo repleto com bons 500ml de milkshack.

Bem que diziam que o açúcar em si era um antidepressivo natural. Talvez essa fosse uma boa explicação para o fato de ter sido basicamente forçada a tomar.

— É por conta da gangue? - perguntou Sans finalmente depois de vários e prolongados minutos de silêncio.

— O que? Oh! Não, não é por isso...

— Problemas com a família?

— Eles são perfeitos, não tem como ter problema.

— Então o que foi? Sabe, ninguém quase se jogo na frente de carros por nada. - realmente, ela tinha quase feito isso, não tinha? Por qual motivo? O que passava em sua cabeça naquele momento? O que poderia ser tão ruim para puxá-la para esse ponto? Para tal estado de desespero, mesmo que soubesse perfeitamente bem que não adiantaria em nada?

— Não sei... Sinceramente não sei... - foi o melhor que conseguiu encontrar como uma resposta verdadeira. Ela não tinha ideia  do que era, a sensação continuava ali, ela tinha certeza, mas não conseguiria colocar em palavras, definições ou motivos para ela estar lá. Seus dedos brincaram com o plástico do copo recheado pela metade, mente ainda procurando uma forma de colocar de maneira sucinta o que realmente estava acontecendo. - Apenas... Apenas aconteceu, eu acho... Não reparei o que estava fazendo até você interferir.

— Simplesmente assim? Normalmente as pessoas não tem um... não sei... motivo? Não sei se alguém pode fazer algo do tipo apenas porque deu vontade, pensando nas consequências que ia causar. - novamente a morena deu de ombros. Não tinha como explicar, tão simples como era e ao mesmo tão complicado. E novamente o albino suspirou. - Já aconteceu antes?

— Não sei... Talvez... Não estou reparando muito no que faço ou deixo de fazer nesses últimos dias.

— Mencionou para alguém esse tipo de coisa?

— Não. Isso não. - Frisk coçou a nuca, procurando pensar em algum momento que tivesse entrado no assunto com alguém. Sua mente ainda cansada perdia-se em memórias de outras linhas do tempo, bagunçava os acontecimentos e perdia-se em fatos que na verdade não aconteceram no cronograma presente e no meio disso tudo ela tentava realmente se lembrar qual foi a ultima vez que havia se aberto verdadeiramente para uma pessoa. Estava acostumando-se a viver em uma situação na qual apenas ela poderia conhecer que era complicado imaginar-se pedindo ajuda para outras. Afinal, como pedir conselhos para pessoas que não sabiam nada do que você estava vivendo? - Posso ter mencionado meu cansaço para Diana, Carl ou Pap... Talvez tenha tido uma ou outra conversa sobre cuidados mentais com Anabelle ou Mettaton, mas nada referente a isso.

Se bem que a maior parte dessas conversas haviam sido "forçadas" pelos próprios mencionados, mas isso não vinha ao caso.

— Tome cuidado para quem vai comentar esse tipo de assunto. Não é qualquer um que vai agir como seu amigo e dar conselhos. - como um ato mecânico, enquanto falava, uma de suas mãos esfregou o braço esquerdo, bem próximo ao cotovelo. Não era novidade para Frisk saber que Sans tinha uma ou outra cicatriz que manchava sua pele. Em algumas linhas do tempo conseguiu atribuir uma história para algumas delas, mas ainda faltavam, como por exemplo a que agora se encontrava em foco, bem no lugar onde, naquele momento, ele esfregava com os dedos. - Se não souber com quem está falando podem usar o que você disse contra você.

— É por isso que não confia em ninguém? - questionou, apoiando-se um pouco mais sobre a mesa, olhos dourados encarando com tranquilidade o rapaz que tinha a frente, singela curiosidade brilhando neles. Ainda assim Sans a encarou com desconfiança. - Quero dizer, você fala como se tivesse experiência. E pela forma como você age pensei que tivesse alguma relação.

Novamente o dar de ombros, casualmente brincando com o canudo de seu copo como se pensasse se realmente retornaria a sua bebida para finalizá-la ou a deixaria por isso mesmo, esperando pacientemente se o albino simplesmente cortaria o assunto naquele momento ou se ele aceitaria sua proposta de ombro amigo para desabafar. Esperando dele, no entanto, ela imaginava que o assunto terminaria por ali e que precisaria de muito mais insistência do que simplesmente aquilo para obter alguma resposta de todos os mistérios que afligiam sua mente. 

— Já faz alguns anos, pra ser sincero... - ele murmurou, a mão que anteriormente esfregava o tecido sobre a cicatriz agora o apertava com punho forte. Frisk ergueu o olhar em uma mistura de surpresa e interesse. Ela deveria ter imaginado a partir dali que alguma coisa estava estranha, afinal, Sans nunca se disponibilizaria tão facilmente para falar sobre si mesmo. - Apenas vou dizer porque sei que seu caráter é diferente dos outros e como um exemplo, tanto para que não cometa o mesmo erro que eu e um aviso para você não cometer o mesmo que o deles. - a morena consentiu, totalmente absorvida no assunto. - Eu tinha quatorze anos, fazia quatro que tinha me enfiado em toda essa história de gangue e o peso de tudo aquilo começava a parecer... De mais para suportar. Estava desesperado para encontrar alguém com quem pudesse simplesmente me abrir e como toda criança que era aceitei o primeiro que me veio a frente... Por assim dizer. Eu não sei, agora, como me escapou todos os sinais que mostravam que não era uma boa escolha, eu realmente acreditei que poderia confiar.

Um contrair nos ombros, uma pequena pressão a mais de magia e já era o suficiente para demonstrar com clareza que a memória não era agradável.

— Aparentemente eles queriam me tirar da jogada para subir na hierarquia, eu não sei ao certo, mas essa pessoa que confiei... Ele usou do que falei, ela se aproximou de mim durante meses apenas para tirar a informação que queria e quando viu que tinha um jeito de me acertar, não duvidou em fazer. Ele reuniu um pequeno grupo e cercaram Pap enquanto voltávamos da aula... Ele só tinha dez... Estava tão assustado, sem saber o que estava acontecendo, até hoje, se você olhar bem, dá pra ver uma cicatriz que ele tem no pescoço, foi onde colocaram a faca. Tinham outros cortes, mas esse foi o mais profundo. - Sans respirou fundo, mãos descendo sobre a mesa e apertando-se firme uma contra a outra. - Eu não pensei muito na hora, estava com raiva, com medo de que fizessem alguma coisa com Pap, então simplesmente agi. Consegui afastá-los e abracei Pap, pedindo que ele não olhasse, não podia deixá-lo ver... Sinceramente eu não sei o que aconteceu com eles. A explosão de magia que usei deve tê-los matado, mas desapareci dali antes que realmente pudesse ver.

Sans tinha pesadelos com aquele dia até hoje, definitivamente um dos piores que ele poderia ter, entre todos os outros. Foi o momento que realmente pensou que iria perder seu irmão... Se confiar em alguém significava colocar a vida das mais importantes pessoas em sua vida em risco então ele preferia mil vezes viver o resto de sua vida desconfiado até de sua própria sombra do que passá-la com a culpa de, por um erro seu, ter causado a morte ou o sofrimento de quem amava.

— Eu confiei, e acabei naquela situação. Por causa desse pequeno erro Papyrus poderia estar morto agora... - ele nunca mais poderia confiar plenamente em uma pessoa depois daquilo, mesmo que a conhecesse intimamente durante anos. Mentiras eram facilmente contadas e mascaras facilmente postas. Tudo poderia estar errado, assim como tudo poderia estar certo, mas ele não estava disposto a pagar para saber.

E Frisk compreendia agora o motivo. Ela entendia seu medo, mesmo nunca tendo passado por nada parecido, apenas o ato de imaginar, apesar de não ser o suficiente para passar todas as sensações que o rapaz a sua frente tinha sentido, era o suficiente para, pelo menos, em sua concepção, ter uma ideia básica do que passou. E talvez exatamente por não ter sentido o que ele sentiu ela ainda acreditava que, por mais sofrido que tenha sido, não era errado ter fé nas pessoas. Viver com medo não era viver, era apenas sobreviver.

Hesitante, sem saber se era o movimento certo a se fazer naquele momento, Frisk levou as mãos até as deles, delicadamente colocando-as por cima em um ato simbólico de força e compreensão. Sans ergueu o olhar um tanto surpreendido, mas não conseguiu ser capaz de se afastar ou abrir a boca para reclamar.

— Eu gostaria de dizer que eu entendo, mas acho que seria muita hipocrisia da minha parte. Ainda assim, mesmo que não tenha passado por nada parecido e você ache que sou apenas uma garotinha mimada que se colocou nisso tudo por capricho, não acho que tenha nada de errado em voltar a confiar nas pessoas. Talvez possa ser ingenuidade, talvez apenas seja bobagem minha, mas gosto de acreditar que por pior que os humanos possam ser ainda existam aqueles que podem ser bons. - realmente, talvez ela estivesse a falar besteira e os seres humanos não merecessem tal credibilidade, ainda assim ela queria acreditar que nem tudo estava perdido. Frisk era determinada e bondosa ao ponto de ser idiota, mas ainda gostaria de ter esperança em sua maneira de pensar e agir, lutando contra seus próprios demônios ela mostrava que era possível. Qual o problema de sonhar, mesmo que seja no impossível? - Não é bom guardar tudo isso para você, no entanto. Vai acabar te matando algum dia, apesar de também não poder pedir que confie em alguém depois do que passou. Apenas... Apenas pense sobre isso. Eu estou disposta a ouvir, mas não precisa ser eu, pode ser alguém da sua família ou amigos, mas não deixe de confiar nas pessoas, mesmo que seja em algumas delas. Pode acabar perdendo-as exatamente por isso.

 As mãos eram pequenas, macias e morenas, totalmente diferente das usas, tão brancas que poderiam ser comparadas as de um defunto, grandes e calosas, talvez não chegavam a ser exatamente ásperas, mas definitivamente menos acolhedores do que aquelas que agora punham-se delicadamente sobre as dele.

Deveria admitir que sentiu vontade de explorar mais. De brincar com os dedos um tanto pequenos e rechonchudos, de apreciar um pouco mais o tom suave de sua pele junto ao calor que exalava, tão confortável e acolhedor. Contudo, ele não poderia se dar esse luxo. Talvez fossem apenas desculpas as quais arrumava simplesmente para não demonstrar qualquer tipo de afeto aparente, talvez para não parecer fraco ou simplesmente por não sentir como se condissesse com sua personalidade. Seja como for ele não poderia passar muito tempo em contato com aquela garota, era tentador de mais, tanto para simplesmente falar e se abrir como para tocar, sentir e viver.

Retirando suas mãos das dela, ele se ergueu, não vendo mais motivos para manter-se ali.

— Pode ir para casa depois de terminar, está livre de seu trabalho de hoje. - resmungou, pronto para ir.

— Sans... Só porque você cometeu erros no passado e tenha pecados o suficiente para lhe impedir de dormir a noite não significa que deva se impedir de viver.

Ele ignorou a dica, seguiu em frente como se não tivesse escutado, ansioso para simplesmente terminar seu dia. Sem a verdadeira necessidade de guiar os idiotas que trabalhavam para ele, Sans decidiu ir direto para casa, ele precisava de um descanso, se sentia exausto, mente conturbada de mais. Dormiria cedo naquela noite, com toda certeza, no entanto, iria a pé daquela vez, precisava de um tempo apenas para si.

Cores escuras já começavam a pintar o céu quando chegou, o cheiro de comida indicava com facilidade que seu irmão estava em casa, muito provavelmente na cozinha para terminar o jantar. Como a televisão não estava ligar e facilmente podia distinguir a porta semiaberta do quarto de seu pai supunha que ele não estava em casa, não muito diferente do normal. Dessa vez, no entanto, pelo que Sans recordava-se ele parecia estar trabalhando em um projeto pessoal paralelamente a pesquisa em conjunto sobre magia... Questionava-se do que poderia se tratar, mas o velho recusou-se a dizer-lhe e, por mais que estivesse deveras curioso, Sans não insistiu.

Gaster parecia animado, então com toda certeza logo resultados começariam aparecer e ele começaria a se pronunciar inconscientemente sobre isso. Sans apenas precisava esperar.

Cansado, começando a sentir seus olhos a pesarem, o rapaz arrastou-se pelas escadas até encontrar-se em seu quarto. Não tinha reparado o quão ruim era seu estado até finalmente deixar-se cair sobre a cama, embalado pela comodidade e tranquilidade, envolvido pelo ambiente familiar e conhecido, conseguindo, por fim, fechar os olhos para dormir, demorando não mais do que alguns poucos segundos para entrar em um sono profundo, despertando apenas no dia seguinte com o barulho irritante do seu despertador a anunciar mais um dia de trabalho.

E tudo indicava que seria um dia normal, como qualquer outro. Ele levantaria com toda a preguiça do mundo, arrastando-se pelo quarto bagunçado para se arrumar, saindo do quarto em passos arrastados para ir até o banheiro, seu irmão já estaria de pé, com toda sua disposição diária a fazer o café da manhã. Atravessaria todo o corredor, passando na frente da porta de seu pai o qual muito provavelmente já estaria de pé, pronto para ir ao trabalho, talvez junto a Pap aproveitando do café quente e panquecas.

Daquela vez, no entanto, por algum motivo o qual não soube explicar, decidiu conferir o quarto em questão. Fazia um tempo que não entrava, recordando-se que a ultima vez que, talvez, tivesse corrido ali por sua própria conta foi aos dez anos. Depois disso ambos começaram a se afastar, quase ao ponto de serem dois estranhos a morar debaixo do mesmo teto. Sans sabia que tinha sido sua culpa e compreenderia perfeitamente bem se por acaso o homem não mais se importasse com suas atividades.

 Devagar ele girou a maçaneta e empurrou a porta, apenas para descobrir que encontrava-se trancada.

O rapaz ergueu um sobrancelha sobre o fato. Seu pai poderia ser uma pessoa reservada, mas até onde se lembrava ele nunca havia trancado a porta de seu quarto, afinal, qual a necessidade quando todos os que viviam ali eram da mesma família e conviviam um com o outro há anos?

Bem, ele poderia perguntar sobre isso depois.

Assim que terminou de se arrumar, Sans desceu as escadas, apenas para encontrar Papyrus sozinho na cozinho, pratos sobre a mesa já com o café da manhã pronto. O mais velho dos irmãos duvidava muito que seu pai se trancasse em seu próprio quarto, com a incapacidade de falar para pedir ajuda ou qualquer coisa parecida ele sempre tinha em mente a segurança de manter-se acessível para casos de acidentes, e como Sans havia acabado de sair do segundo andar sem se quer tê-lo visto obviamente queria dizer que não se encontrava lá. No entanto, ao passar pela sala também não o viu, na cozinha apenas estava seu irmão, teria ele ido para o trabalho antes do esperado? Ou nem ao menos teria voltado para casa no dia anterior?

Qualquer uma das duas possibilidades era plausível a partir do fato de já terem acontecido em momentos anteriores.

— Ei, Bro. Gaster não voltou do trabalho ontem? - questionou, curioso, acomodando-se em uma das cadeiras disponíveis na mesa. Seu irmão, no entanto, voltou-se confuso.

— DE QUEM VOCÊ ESTÁ FALANDO, SANS? - ainda assim Sans não havia percebido que tinha alguma coisa errada. Ele encarou seu irmão com igual ou ainda com maior confusão, procurando pelo menos um pequeno indício de que Pap estava brincando. Sem sucesso.

— Gaster. Nosso pai. Vamos Pap, sei que ele passa muito tempo fora de casa, mas não é bem pra tanto. - Sans tentou sorrir, apenas para conseguir um mover tremulo de lábios. Contudo, Papyrus ainda não parecia compreender o que seu irmão queria dizer.

— DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO, SANS? NÓS NÃO TEMOS UM PAI, ESQUECEU? - e sabe aquela terrível sensação de frio na barriga quando caí em queda livre de um lugar muito alto? A sensação de que seu coração de alguma forma caiu junto a seu estomago e então começa a suar frio? A sensação desesperadora de que algo está terrivelmente errado e talvez não tenha como concertar, por mais que você pensasse? A sensação de um ataque de pânico, de não saber o que fazer, de se achar em um pesadelo? - SANS? VOCÊ ESTÁ BEM?

Não, definitivamente ela não estava nada bem. Aquilo tinha que ser uma brincadeira, uma brincadeira de muito mau gosto. Sim, Sans tinha seus problemas com seu pai; Sim, parecia que os dois eram estranhos um para o outro agora; E novamente sim, eles não chegavam a demonstrar constantemente o quanto eles realmente amavam uns aos outros, mas não era por isso que desejariam o desaparecimento da existência do outro.

— Pap... Isso... Isso não tem graça. Se você e nosso pai planejaram essa pegadinha para dar o troco em todas as que já fiz, definitivamente não estou gostando. Não é legal nem engraçado. - suas mãos começaram a tremer, a respiração pesada, quase presa na garganta. Como poderia ter outra explicação afinal? Até ontem tudo estava normal, uma existência não poderia simplesmente ser apagada.

Mas Papyrus não tinha mudado sua expressão.

— VOCÊ ESTÁ ESTRANHO HOJE, SANS. SABE MUITO BEM QUE NÃO TEMOS UM PAI, NÃO ENTENDO PORQUE COMEÇOU COM ISSO TÃO DE REPENTE. TEM CERTEZA QUE ESTÁ BEM? - sentia-se enjoado, essa era a verdade. Todo o lugar começou a rodar, sua mente trabalhando a mil por segundo tentando encontrar uma resposta. - HUM? POR QUE PREPAREI TRÊS LUGARES? VOCÊ TROUXE UMA NOVA NAMORADA, SANS? SEMPRE ME CONFUNDIDO COM ESSE TIPO DE COISA, JÁ ESTÁ COMEÇANDO A ME IRRITAR. QUANDO VAI TRAZER UMA GAROTA DESCENTE QUE TENHA O BOM GOSTO DE APRECIAR MEUS PRATOS?

Foi a gota d'água. Ele não poderia ficar ali, não enquanto não soubesse o que estava acontecendo naquele dia tão louco.

Um pouco tonto e cambaleante Sans se levantou, ignorando a comida, seu estomago exigente ou as perguntas de seu irmão, prontamente desaparecendo em mais um de seus atalhos. Agora estava no laboratório, muito provavelmente não encontrava-se em seus melhores estados, mas ele ignorou os olhares, continuando em um caminhar apressado e instável pelos corredores até finalmente encontrar-se com Alphys e fazer a derradeira pergunta.

— D-de quem e-está f-falando, Sans? Q-que e-eu saiba s-somos os ú-únicos t-trabalhando nesse p-projeto e a-até onde m-m-me lembre v-você n-não tem u-um pai. - não poderia estar acontecendo, aquilo era impossível, totalmente impossível. Alphys encarou seu companheiro com receio, olhos estreitando-se ao observá-lo com atenção. Ela nunca imaginou ver Sans tão alterado. - S-sans, v-você está b-bem?

Ele não respondeu, ele precisava encontrar alguém, qualquer um que pudesse se lembrar de seu pai, mesmo que fosse apenas uma única pessoa. Ele não poderia estar louco, definitivamente não.

Rodou todo o laboratório, perguntou a cada ínfima pessoa que conseguiu encontrar sobre seu pai, mas ninguém sabia nada. Ele não existia, sua existência havia sido apagada da memória de todos e Sans sentia-se caindo cada vez mais fundo na terrível realidade. Chegou a ir até Grillby, implorando que dissesse que conhecia seu pai, que o lembrava, mesmo que fosse por uma velha história boba de faculdade, mas nada, nem mesmo Fuku conseguia se recordar, sempre pareceu que era apena Sans e Papyrus sozinhos desde que a mãe havia morrido. Nenhuma informação sobre Gaster, quem era ou o que tinha feito, apesar de perceber que boa parte de suas criações mantinham-se ainda existentes, apesar de ninguém conseguir colocar uma explicação para quem as criou.

Ele não sabia mais para quem correr, seu pai não era uma pessoa sociável, poucos eram aqueles que realmente poderiam ter a certeza de mostrar que ele existia fora a criação de seus aparelhos. Tinha que estar esquecendo alguém, não poderia ser o único a lembrar, definitivamente não. Tinha que ter mais alguém!

A lembrança daquela família lhe caiu em seguida, uma pessoa em específico destacando-se em sua mente.

Não eram muito próximos, Sans permitia-se ter o contado de vez em quando com alguns membros, mas uma em específico parecia insistir em bagunçar sua vida e quebrar todos os conceito que um dia havia criado, instigando-o a se aproximar. Ele não sabia como defini-la, mas, agora, por mais que fosse machucar seu orgulho, ele via-se preso na única alternativa de chamá-la. Afinal, por conhecer tanto ele como Pap, obrigatoriamente ela já havia conhecido Gaster, para não falar que era o melhor amigo de seu pai, ou pelo menos foi algum dia antes de sua existência ser apagada do universo.

Mas ele deveria realmente procurá-la?

Ele não a via realmente como uma ameaça, por mais que sua irmã fosse definitivamente pior do que isso. Mas não era por não vê-la como um perigo que ele estava disposto a confiar. Pap gostava dela, assim como muitas outras pessoas as quais conhecia, mas tinha algo nela que o incomodava e ao mesmo tempo o atraia, ele não conseguia dizer ao certo o que, mas era definitivamente um bom motivo para manter sua vida longe dela até o momento que finalmente pudesse ter certeza do que exatamente estava lidando.

Naquele momento, todavia, ele encontrava-se em completo desespero, precisando de forma urgente de alguma confirmação que não estava completamente louco e as únicas pessoas as quais restava para conferir, eram eles.

Hesitante ele encarou seu telefone, mãos ainda tremendo pelo nervosismo e desespero o qual se mantinha a sentir. Precisou ainda de alguns segundos a mais para finalmente decidir-se, com um suspiro, deixando que a chamada fosse iniciada.

Naquele meio tempo Frisk encontrava-se a arrumar-se para mais um dia de aula. Ela não esperava escutar seu celular tocar bem quando estava prestes a sair para tomar o café da manhã, principalmente sendo uma chamada de Sans, depois da conversa que tieram ela bem esperava que ele fosse demorar algum tempo para voltar a ter alguma conversa ou contato com ela, assim como as diversas outras vezes em que tiveram tal tipo de conversa.

Um calafrio lhe percorreu a espinha, apesar da estranheza do momento, a ansiedade que antes tanto lhe incomodava se intensificou e sua alma tremeu em seu peito, quase como se fosse realmente material.

— Sans? - questionou, ociosa. Chara ergueu o olhar desde sua cama, expressão confusa e desconfiada em seu rosto, visivelmente não agradando-se de ver sua irmã receber um telefonema em poucas horas da manhã, principalmente vindo de Sans.

— Ei, Frisk. Por acaso você chegou a conhecer meu pai? — a pergunta foi tão estranha quanto o momento, para não mencionar o falso tom de calma que o albino tentava aparentar, sem grandes sucessos.

— Gaster? Claro, por que? - a morena escutou um suspiro de alívio do outro lado da linha. Chara fez um sinal para o aparelho, como se perguntasse o que estava acontecendo. Frisk, por sua vez, afastou-se um pouco do telefone para responder. - Você se lembra de Gaster?

— Obviamente, é o melhor amigo de Asgore!

— Sans, o que está acontecendo? - perguntou, voltando-se novamente para o telefone, ignorando por instantes a insistência de sua irmã. - Por que perguntar sobre seu pai agora? Eu e Chara nos lembramos dele, por que não deveríamos?

— Ninguém mais se lembra. É como se a existência dele tivesse sido apagada da memória de todos, mesmo que as coisas que ele fez ainda existam. Nem Pap, nem Alphys, Grillby... Ninguém sabia quem ele era. - a respiração do rapaz tornou-se instável, Frisk poderia facilmente imaginar que ele estaria prestes a chorar, por mais difícil que fosse para ela imaginar tal situação. Sans não chorava, Frisk nunca o viu chorando. - Eu... Eu não sei o que fazer. Ligar para você foi o ultimo que me ocorreu.

— Onde você está agora? - Frisk era uma pessoa que facilmente largaria qualquer coisa que tivesse a fazer para ajudar as pessoas que gostava. Ela já tinha perdido a conta de quantas vezes deixou de sair simplesmente para consolar Asriel com algum problema, ou quantas vezes correu para a casa de Blooky, simplesmente por perceber que ele começava a sentir-se mais lamentável do que normalmente por estar demasiadamente sozinho. Não sabia, definitivamente quantas vezes foi ao encontro de Mettaton para apoiá-lo depois de uma critica ruim sobre seu programa. E para não dizer os mais recentes, como as vezes que adiantou todas suas entregas, no mais curto tempo humanamente possível, apenas para sentar-se ao lado de Carl e ouvi-lo chorar ou as incontáveis vezes que dignava-se a descer até o mais sujo dos puteiros para encontrar-se com Anabelle.

Frisk era o tipo de pessoa que faria de tudo e mais um pouco por seus amigos, ainda mais por aqueles os quais tinha um sentimento especial. Ela ainda seria humana e, sendo assim, por mais que quisesse manter todos em um patamar de igualdade de privilégios, ainda existiam aqueles os quais se destacavam.

Sans estava conseguindo subir para cada vez mais alto nessa lista.

— Do lado de fora do laboratório.

— Não saia daí, deve ter alguma coisa que vá explicar o que aconteceu. Daqui a pouco chego. - recebeu apenas um resmungo como resposta, antes de finalmente poder desligar o aparelho, determinação queimando em seu olhar. Ainda assim precisava ver com seus próprios olhos o que estava acontecendo. Não como se duvidasse de Sans, mas sim para tentar entender exatamente toda a situação. Com passos apressados, então, foi até a sala onde Asgore e Asriel já encontravam-se sentados apreciando a deliciosa comida de Toriel. Chara a seguiu de perto. - Pai, você lembra do Gaster?

— Gaster? Quem é esse? Um novo amigo seu? - questionou o enorme homem, olhos subindo de seu jornal para encara sua filha que mantinha-se entre a sala de jantar e a sala televisão.

— Pai. Foi seu melhor amigo da faculdade, como assim você não lembra? Ele é meu padrinho até. - Asriel questionou, olhos tão abertos quanto os de suas irmãos.

— O que quer dizer, meu filho? Eu nunca tive um amigo de faculdade com esse nome.

Os três irmãos se entreolharam, cada um tão confuso como o outro antes de Frisk finalmente voltar a desaparecer quarto a dentro. Era assustador, toda uma existência desaparecida como se não fosse nada, como se nunca tivesse inicialmente existido. Como poderia? Ela nem ao menos queria imaginar como Sans estaria se sentindo agora, sendo o único a recordar-se do próprio pai, não tendo ideia do que estava acontecendo.

— Frisk, espera!

— Não vou esperar, Chara. Ele precisa de alguém para apoia-lo, agora mais do que nunca. Eu não posso ficar parada enquanto isso acontece. - afirmou com determinação, dando pequenos saltos enquanto tentava colocar seus sapatos. Não levaria muito tempo para chegar no laboratório, principalmente se corresse.

— Apenas me escute, ok? - Chara a segurou pelo pulso, finalmente forçando-a a parar com toda a afobação que se encontrava naquele momento. Olhos vermelhos nunca antes aparentando estar tão sérios. - Eu acho que sei o que aconteceu, é o mesmo do nosso mundo. Posso não ter certeza, mas é muito parecido para ser uma coincidência.

— O que quer dizer?

— Foi antes de você cair. Gaster costumava ser o cientista real antes de Alphys, o criador do core e tudo mais. Eu não estava mais viva quando aconteceu, acho que já era um fantasma tentando despertar novamente quando aconteceu. Ele foi o primeiro a descobrir sobre a determinação na alma humana e por isso percebeu sobre as linhas do tempo. Pelo que entendi ele começou a fazer experimentos sobre isso, mas aconteceu um acidente e ele caiu no próprio experimento. - Chara se deixou cair sobre sua própria cama. Sua expressão caindo para uma pesada, como se o assunto realmente lhe causasse más recordações. - Entenda Frisk, a existência dele foi despedaçada, suas criações permaneceram, mas toda a memória sobre ele foi apagada e quando isso acontece só tem um destino para a pessoa: o vazio.

— Vazio?

— Sabe onde fica o menu? Lá é onde se chama de vazio. É onde as almas são criadas e para onde vão depois de morrer. É tudo e nada ao mesmo tempo, não é um lugar, estava mais para uma existência, um ser... Não sei como explicar.  Quando você vai parar lá o conhecimento simplesmente... Vem com você e você passa a simplesmente a saber o que é. - Chara suspirou, olhar cansado. - Não é agradável. Ele te leva a loucura, é como estar em um lugar cheio de gente com todas elas falando ao mesmo tempo de coisas completamente diferentes. É como estar em um lugar sozinho e ainda se sentir observado por milhares de olhos. Você nunca vai sair de lá com a cabeça no lugar, por assim dizer. O menu é como um ponto de luz. Um lugar onde é imune a toda a loucura que é o vazio, reservado para almas determinadas eu acho. Por isso não dá realmente para reparar que está nele quando se vai para lá.

— Gaster pesquisa magia nessa dimensão, Chara. Não tempo e espaço. Essa é a área de Sans.

— Eu não sei porque ele foi se meter nisso. Vai se saber o que passa na cabeça daquele cientista louco, apenas estou dizendo o que sei. E se sua existência realmente foi destruída quer dizer que ele vive fora do tempo espaço e não tem como puxar ele de volta.

— O que aconteceu com Sans e Pap no nosso mundo?

— Eu não tenho certeza... Ainda era um tanto confuso ser um fantasma, estar no vazio e ao mesmo tempo no mundo dos vivos... Acho que Sans passou a cuidar de Papyrus, sendo o único que se lembrava do pai. Como todos os que tinham conhecimento sobre linhas do tempo mantiveram suas memórias intactas, me faz pensar que, por algum motivo, não somos afetados por esse tipo de mudanças. Acho que eles eram pirralhos ainda na época que aconteceu no nosso mundo... Papyrus ainda era um bebê osso e Sans não mais do que um pirralho super dotado que gostava de ver as pesquisas do pai.

— Mas por que Gaster foi começar a se interessa por física? Ele é formado em biologia... - Frisk resmungou, dessa vez para si mesma. Sua mente tentava ligar os fatos, somando sua ansiedade constante, a qual parecia estar intimamente ligada com o ocorrido, junto a estranha mudança de interesse de Gaster. Não chegou a realmente reparar que estava falando em voz suficientemente alta para Chara escutar. - Ele nunca fez isso antes. Será que fiz alguma coisa para fazê-lo começar a pesquisa? Talvez o save? Não, ele não aconteceu nessa linha do tempo. Então o que poderia ser? Por que o cronograma mudou sem minha interferência? O que está acontecendo?

— Cronograma? Frisk, o que quer dizer? Não existem mais redefinições, não tem como haver mais cronogramas! - a morena amaldiçoou-se ao reparar seu erro. Chara não sabia sobre as redefinições, cronogramas ou linhas do tempo. Por algum motivo sua capacidade de perceber anomalias havia se resumido a variações de curtos prazos no tempo. Resmungar tais pensamentos em voz alta era o mesmo que cavar a própria cova. - Não ocorreram mais Resets, não é Frisk?

— Tenho que ir!

— Espera! Frisk!

A morena não esperou, correu porta a fora, atravessando a sala enquanto gritava que não iria a aula naquele dia. Ignorou qualquer tentativa de Chara alcançá-la, disparando pela rua na direção do laboratório com a mente perdida em todas as duvidas que agora haviam mostrado-se presentes nesse cronograma.

Ele não poderia simplesmente ter mudado, poderia? O que aconteceu para estar em tal situação? Havia motivos para Gaster mudar de projetos? Teria alguma ligação com o estranho sentimento que teve durante toda essa linha do tempo? O que diabos estava acontecendo afinal? Por que não poderia ter pelo menos um pouco de resposta ao invés de mais duvidas? O mundo estava virando de cabeça para baixo e tudo que Frisk simplesmente queria era paz, era a tranquilidade de uma vida sem ter que se preocupar em repetir os mesmos momentos diversas e diversas vezes sem poder crescer ou prosseguir sua vida sem ter o medo de dormir e então perder tudo o que havia conquistado.

Levou alguns minutos para que finalmente se encontrasse de frente ao laboratório, enorme prédio branco largo, apesar de apenas ter um único andar.

Seus olhos procuraram pela paisagem em volta, tentando encontrar aquele o qual estava procurando, demorando-se ainda um pouco para finalmente distinguir sua silhueta encostada na parede do edifício enquanto mantinha-se sentado no chão de concreto, próximo ao pequeno e simples jardim lateral.

Relutante, ela se aproximou, ao mesmo tempo em que procurava controlar sua respiração e os batimentos de seu coração, acelerados por conta de sua corrida até ali. Devagar ajoelhou-se na frente dele, mãos apoiando-se em seus braços enroscado envolta do joelhos, como se fosse uma criança encolhida em um canto de seu quarto. Ele nem ao menos ergueu o rosto pelo contato, mantendo-se imóvel em seu lugar, punhos cerrados com força sobre o tecido da jaqueta ao ponto de tornar os nós dos dedos visivelmente mais brancos que o resto de sua pele.

Não sabia exatamente o que fazer. Se fosse uma linha do tempo a qual tivessem mais intimidade poderia confortá-lo com mais facilidade, no entanto, nessa deveria se limitar a toques mais discretos e recatados. Era frustrante, para ser sincera, por mais que uma parte de sua mente gritasse que tal detalhe não realmente importasse naquele momento outra exigia a discrição, exigia manter o espaço que havia deixado durante todo aquele tempo entre eles.

— Quer voltar para casa ou prefere entrar para procurar alguma resposta? - perguntou depois de alguns segundos de silêncio, uma mão afagando com carinho e calma os fios brancos enquanto outra acariciava-lhe o braço. Observou com calma como o albino tomava uma respiração profunda, finalmente erguendo o rosto da bola que havia formado com o próprio corpo.

— Vou entrar. Preciso saber o que aconteceu e para isso tenho que saber o que exatamente ele estava pesquisando antes disso acontecer. Tenho a sensação de que tem alguma coisa haver. - Sans resmungou, rosto tão abatido como Frisk jamais havia visto antes. Deveria ter sido deveras um choque para ele.

— Tem certeza? Pode não ser uma boa ideia insistir no assunto agora, sempre pode voltar depois.

— Quanto antes terminar com isso mais rápido podemos achar uma solução.

Frisk não comentou o uso do plural, erguendo-se quase ao mesmo tempo que seu companheiro, acompanhando-o de perto todo o caminho para dentro do prédio, caminhando pelos corredores até onde ficava o escritório pessoal de Gaster, o mesmo lugar onde ele costumava trabalhar com suas pesquisas pessoais. Sans ainda recordava-se de quando Gaster havia conseguido aquele escritório, subindo de um simples funcionário para o chefe de pesquisa do lugar.

Não poderia medir o tamanho de seu orgulho naquele dia, como ficou alegre em ver seu pai finalmente sair das amarras que tanto reclamava de ter quando era forçado a trabalhar pelos outros e, só então, ter a capacidade de investir em suas próprias pesquisas, em seus projetos. Recordava-se de, ainda muito pequeno, muito antes de toda a confusão em que tinha se metido, roubar algumas das plantas de seu pai, guardadas nas gavetas de sua escrivaninha dentro de seu quarto, espalhá-las pelo chão e dedicar-se a copiar cada uma delas de uma forma que sua imaginação de criança achava que ficaria melhor, fingindo ser igual a seu pai. Sans ainda acreditava que ele os deixava disponíveis de propósito para que pudesse pegá-los, incentivando-o da forma discreta que sabia o pequeno garoto de não mais de seis anos a trabalhar sua imaginação para seguir seu tão falado sonho em trabalhar com o pai.

E pensar nisso agora machucava. Tanto pelo fato de saber que tudo havia mudado como por saber que não tinha mais como concertar, exatamente porque a pessoa com quem deveria se reatar não estava mais presente.

Com mãos trêmulas Sans abriu a porta topando-se com uma mesa quase imaculada, se ignorassem alguns poucos papeis largados sobre ela. Um grande espaço livre encontrava-se disponível, junto a um acesso a um sala adjacente a qual se poderia observar por uma larga janela posta no centro da parece, alguns poucos centímetros ao lado da porta que dava acesso, quase um metro do chão e não mais de trinta centímetros do teto. Todo o lugar era um limiar entre branco e cinza, se não contasse a mesa de madeira posta em uma das extremidades do lugar. Na sala adjacente estava o que parecia ser um maquina estranha, com uma plataforma circular, finos tubos de metal que mantinham erguido um "teto" igualmente circular e aparentemente do mesmo tamanho que a plataforma e, por fim, duas placas côncavas de metal finas as quais pareciam poder se mover ao redor de ambas as formas circulares paralelas.

Sans conseguia ver perfeitamente seu pai sentado na cadeira de frente para a mesa, furiosamente trabalhando com os cálculos de suas pesquisas ou fazendo anotações sobre os resultados. Às vezes ele iria conferir o relógio, apenas para assustar-se com o tempo que havia gastado. Ele provavelmente iria pensar que exagerou e que deveria retornar para casa, mas então uma ideia lhe surgiria na mente para resolver determinado problema de sua pesquisa e ele se distrairia novamente. Era tão fácil de imaginar que quase foi possível se perder na imagem, tão real e tangível a sua frente que por segundos pensou que era real e que tudo que passou aquela manhã fosse um fruto de sua imaginação.

No entanto, a realidade era cruel, e novamente ele estava a encontrar-se diante de uma sala vazia.

Com um leve balançar de cabeça tentando espantar os pensamentos ilusórios, tomou coragem para entrar, dirigindo-se para os papeis largados sobre a mesa, disposto a dar uma olhada. Frisk, por sua vez, foi até a janela incrustada na parede, tocando o vidro gelado com a ponta dos dedos. Questionava-se o que poderia ser a tal máquina que tinha do outro lado.

— Mas que diabos! Esses são os dados da minha pesquisa! - Sans exclamou, puxando Frisk de seus pensamentos. Ela o encarou, confusa, observando como ele avidamente passava de uma folha de papel para outra, cenho profundamente franzido. - Por que ele pegou? Por que insistir no que ninguém quer saber? Era apenas uma ideia idiota!

— Qual pesquisa?

— Quando eu ainda estava no colégio descobri algumas ondas sonoras estranhas propagando-se em algumas linhas de rádio. Sons que deveria ser transmitidos segundos depois, um lapso de tempo surpreendente, como se viessem do futuro. Minha teoria na época foi que, de alguma maneira, essas ondas sonoras tivessem sobrevivido a uma variação no tempo, atravessando uma linha temporal para outra e então sendo transmitida para nós pouco tempo antes de realmente acontecer. É apenas um pequeno lapso de tempo, nem ao menos pode ser considerado significativo o suficiente para reparar se não prestar atenção realmente, para não dizer que achar a sintonia certa não é fácil, por isso a pesquisa não foi pra frente. - Sans franziu ainda mais o cenho, olhos experientes avaliando os papeis com mais atenção. - Mas essas anotações são estranhos. Gaster parecia ter encontrado uma variação bem maior de linhas do tempo, com espaços de um minuto a quase meia hora! Calculando com esses dados poderia chegar próximo a quando a anomalia foi enviada e então mandar uma resposta, talvez até mesmo conseguir saltar para outra linha do tempo completamente diferente da nossa. Uma em que talvez nossos pais não se conheceram, ou que talvez nunca estivéssemos na gangue... É loucura! Era exatamente por essa brecha que estive procurando todo esse tempo!

As redefinições.

O sangue de Frisk prontamente deixou seu rosto quando realmente se colocou a pensar sobre o assunto. As redefinições haviam deixado brechas, lacunas, uma instabilidade constante no tempo espaço e por isso facilmente detectados por aqueles que já estavam procurando. O motivo de Gaster de repente ter começado a procurar, no entanto, ainda era um mistério, mas o fato de ter acabado naquela situação era, teoricamente sua culpa.

E a máquina! Ela era exatamente para fazer a comunicação com essas outras linhas do tempo!

— Ele tentou colocar os dados a prova, sair da teoria... Mas alguma coisa deu errado e ele caiu nela. Talvez sons poderiam ser transmitidos, mas um corpo humano, matéria orgânica era de mais e por isso sua existência foi estraçalhada e mandada para o vazio.

— Vazio? O que diabos está falando?

— Brincar com o tempo espaço não é legal. Existe um lugar, eu não sei o que é exatamente, que fica fora das regras físicas da nossa realidade, fora do tempo espaço. O lugar onde almas são criadas e destruídas, foi o que me disseram. Ser mandado para lá, não apenas como uma alma falecida, mas de corpo inteiro é basicamente destruir seu tempo, viver fora da existência como conhecemos, existindo e não existindo ao mesmo tempo.

— E tem como tirá-lo de lá? Tem como ajudá-lo? - Sans franziu o cenho, sua mente tentando organizar a nova informação que tinha recebido, sem realmente dar-se conta, ainda, que Frisk parecia ter mais informação sobre a física de tempo espaço do que uma garota de ensino médio realmente deveria ter. E a morena hesitou. Seus olhos desviando-se para outro canto da sala enquanto mordia o lábio inferior, visivelmente nervosa. - Frisk. Existe uma maneira de trazer meu pai de volta?

— Eu... Eu não sei... Me disseram que não. Que é impossível fazer alguém voltar depois de ter sua existência estraçalhada dessa forma. - resmungou, olhar baixo.

E todas as esperanças que um dia o albino poderia chegar um dia a ter caíram por terra e ele se viu desabando na cadeira de seu pai, mãos a esfregar o rosto tentando manter pelo menos um pouco da compostura que ainda lhe restava. Afinal por que... Por que diabos aquilo tinha que acontecer? Não deveria ter sido seu pai, deveria ter sido ele! Era sua pesquisa! Sua maldita pesquisa!

Deveria ter perguntar mais sobre o projeto que ele trabalhava... Deveria ter insistido mais... Poderia... Poderia... O que poderia ter feito? O máximo que teria mudado seria que ele estaria presente na hora, nada garantia que poderia ter feito alguma coisa para tornar os resultados melhores. E ainda assim... Ainda assim...

O soluço escapou antes que pudesse segurar, pequenas gotas caindo sobre a jeans de sua calça quase ao mesmo tempo em que seus olhos começavam a embaçar. Suas mãos seguraram os cabelos com força, ombros começando a tremer. E ele não mais se importava se Frisk o estivesse vendo, ele simplesmente não conseguia mais segurar.

— Eu apenas... Apenas... Tinha tanta coisa pra dizer ainda... Eu... - e por que estava a falar aquilo agora? Tão pesada estava sua alma para desabafar com uma garotinha qualquer? Parecia um garotinho bobo a chorar, mas não conseguia segurar, a simples ideia de ter perdido mais um membro de sua família simplesmente parecia dolorosa de mais. - Eu nunca disse o quanto estava orgulhoso... Eu nunca disse o quanto... O quanto eu sinto muito por ter sido tão idiota! Eu apenas não conseguia... Tinha tanta vergonha do que era, do que fazia... Tanta vergonha de não ser o filho que ele merecia, de não ser capaz de dar motivo algum para ele se orgulhar. Eu sei... Sei que ele deve ter pensado que fiquei com raiva por ele ter passado menos tempo em casa, comigo e com Pap... Eu nunca tive coragem de dizer a verdade! Fiquei com tanto medo dele me odiar, de ver arrependimento em seu rosto, por mais que soubesse que merecia... Eu sempre dei problemas pra ele, desde pequeno... Apenas dei preocupações e eu nunca disse se quer um obrigado! Eu só... Sinto tanto, tanto!

Os soluços não paravam, lágrimas insistentes persistiam a cair e ele sentia-se cada vez menor, o peito cada vez mais apertado sem ao menos conseguir parar de resmungar desculpas.

— Eu só queria ter tido tempo para concertar tudo! De dizer o quanto eu admiro ele, o quanto é importante pra mim! Eu fui tão idiota em achar que tinha todo o tempo do mundo para concertar a merda que fiz entre nós! Eu nunca... nunca pensei... Mas que droga! - engasgou, fungando. Seu peito pesava tanto, sentindo-se cair tão fundo que parecia, naquele momento, que não poderia mais voltar depois.

Ele não se importou quando braços delicados rodearam seus ombros, não se importou com os dedos delicados afagando seus cabelos ou esfregando suas costas, ele não se importou com a intimidade, não se importou com quem era ou qualquer outro detalhe que em outros momentos poderiam chegar a lhe incomodar. Simplesmente deixou-se ser embalado, deixou que o abraçassem e o consolassem, agradecendo que pudesse esconder seu rosto para chorar mais abertamente.

— Vai ficar tudo bem. Eu vou concertar isso, eu prometo. - Frisk resmungou, tão calma e determinada quanto poderia.

Apesar de realmente ser uma surpresa ver Sans em um estado tão fragilizado ela poderia compreender um pouco. Em outros universos os quais tivesse passado pelo menos ele teve tempo para superar, junto com o fato de ter que ser forte para cuidar de Papyrus que ainda era novo de mais na época, se Chara realmente tivesse acertado na idade que eles tinham quando tal fato havia ocorrido. Agora sem realmente ter o incentivo de ter que se manter forte para cuidar de Pap e o ocorrido ser demasiadamente recente para realmente manter-se emocionalmente estável, ele simplesmente quebrava, desabava em arrependimentos e pesares que o atormentariam insistentemente. Ele precisava de tempo, tanto para se recompor como para digerir o que tinha acontecido.

No entanto, Frisk estava determinada a concertar esse deslize do cronograma. E se não dava para concertar nessa linha temporal, ela ainda poderia concertar em outras. As redefinições ainda continuavam, persistiam e insistiam, por culpa delas haviam parado naquela situação e seria exatamente elas que iriam ajudar a concertar.

Os braços de Sans a rodearam com força pela cintura, puxando-a para mais perto, mãos apertadas contra o tecido de sua blusa, desesperadas para ter alguma coisa em que pudesse se apoiar. Ele precisava descansar, estar naquele lugar não o ajudaria a se acalmar e Frisk não tinha certeza se ele seria capaz de usar sua magia de forma correta para levá-los por um atalho.

Focada em acalmar o suficientemente seu companheiro para que pudesse levá-lo para casa, Frisk não chegou a reparar a leve estática pelo canto do olho. Uma estática que apenas ela, naquele momento, seria capaz de ver.


Notas Finais


Por favor me digam que arranquei pelo menos uma pequena lágrima! Por que se não juro que dou toda minha dedicação para os piores momentos da história para fazer vocês chorarem, juro!
Novamente irei avisar que o próximo capitulo tem HENTAI e será muito, muito, muito grande, eu não estou realmente animada para dividi-lo então o tamanho que ficar ficou.
Aliás, se tiver algum interesse em informações exclusiva sobre o lançamento dos capitulos, alguns pequenos spoilers e, ou, talvez uma interação maior comigo, só me seguir no twitter, @NekoLully, (ele foi feito exatamente para ter um contato maior com vocês).
Espero que tenham gostado do capitulo, semana que vem tem mais!


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