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História FusionTale - Blaster Sans


Escrita por: NekoDLully

Notas do Autor


Estou super atrasada, eu sei. Não me deixaram finalizar o capitulo ontem, mas acho que não tem muito problema em postar hoje, espero que me desculpem, realmente.
Acho que o titulo já é alto explicativo, mas vamos lá.
Pessoalmente eu gostei bastante desse cap, espero que curtam também. Para não dizer que estou impressionada com a importância que estou dando a meus OCs, é impressionante como eles tem um destaque legal na história kkk.
Novamente desculpa por esse atraso! Espero que o cap compense!
Oh, ele ainda precisa ser editado, então desculpe qualquer erro assustador no português

Capítulo 40 - Blaster Sans


FusionTale - Blaster Sans

Era engraçado como pequenas coisas poderiam fazer uma reviravolta impensada no futuro. Frisk já tinha brincado com o tempo vezes o suficiente para ter tal fato gravado em sua mente com ferro e fogo, porém, ainda era surpreendente seus efeitos quando aconteciam.

O fato era: o futuro era instável, volátil e imprevisível. Ele poderia tomar qualquer rumo de acontecimentos dependendo de sua escolha, por mais insgnificante que pudesse ser. Como uma resposta errada para uma pessoa em determinado momento de conhecimento poderia ditar se ela seria sua amiga ou não e, por consequencia, podendo definir algum sucesso que poderia ser alcansado se por um acaso essa pessoa estivesse a seu lado. Era delicado e os "e se" os preenchiam com demasiada frequência. Encrusilhadas infinitas de caminhos recheados pelos mais divercificados resultados.

Em seu outro universo, antes da estranha fusão, as consequências não eram tão fisíveis e assustadoras, talvez pelo fato das redefinições não terem um prazo tão prolongado. Como por exemplo ao dizer a Pap, durante sua fuga de Undyne, se estava a usar a bandana ou não. De momento ou era o sentimento de culpa por ter mentido ou a frustração e diversão pelas boas intenções de Pap em torná-las amigas, porém, talvez a longo prazo, indo para um ponto onde Frisk nunca tinha chegado pela sua briga com Chara, mentir poderia ter enfraquecido sua amizade com Papyrus enquanto dizer a verdade a teria fortalecido, o que poderia levar a outras mudanças mais problemáticas no futuro mais distânte.

Frisk nunca saberia, no entanto. Aquela dimensão tinha se perdido, fundida junto a diversas outras para criar uma história completamente diferente, com rumos totalmente distintos e ainda assim assustadoramente semelhantes. Ainda assim ela poderia saber as consequências que ocorreriam nessa.

- Tédio! - Frisk não negaria que a afirmação era verdadeira, porém, depois do que parecia ser a centésima vez a qual Lance choramingava sobre o mesmo fato ele tornava-se chato e irritante. Duas palavras que sempre poderiam descrever o moreno em seus momentos de monotônia. Sua mente demasiadamente hiperativa era incapaz de manter-se muito tempo na atividade que estavam a exercer agora sem que começasse a arrumar maneiras de se distrair. Como não haviam muitas, todavia, ele concentrava-se em apenas incomodar aqueles presentes na sala no momento.

- Pela milésima vez, Blue, nós já entendemos que você está entediado, então, por favor, antes que eu seja obrigada a fazer uma locura, cale a boca. - Diana rugiu, seus dedos apertados envolta do papel o qual tentava manter-se concentrada. Ela sinceramente não saberia dizer o que era pior: ter Carl a lamuriar ou Blue. Talvez o pior fosse o fato de ambos sempre vinham juntos a sala dela para infernizar-lhe a vida. Claro, Diana nunca culparia Frisk por isso, mesmo que ela fosse a exata causa pela qual os dois informantes insistiam em aparecer ali.

- Mas ainda é chatoo~! - Lance lamuriou novamente, sua cabeça caiu para trás na cadeira enquanto sacudia os braços de forma dramática. Frisk bufou uma risada antes de voltar a se concentrar no papel em suas mãos. Ela estava sentada no chão na frente de Lance, cabeça e braços apoiados em seu colo enquanto suas pernas cruzavam-se debaixo da cadeira em que ele estava sentado. - Eu não entendo como vocês conseguem apenas ficar dentro dessa sala e ler todos esses papeis!

- Eu pensei que você gostasse de ler. - Frisk subiu os olhos para seu companheiro, sorriso divertido em seu rosto, observando a careta que ele fazia para ela.

- Livros de ficção, Anjo! Com ação, com românce, com qualquer coisa que não tenha números e dados! Que seja, pelo menos, remotamente interessante! Você sabe que eu odeio matérias exatas!

- Infelizmente, Blue, somos pagos para fazer esse trabalho, querendo ou não. E Carl, se tocar nas minhas facas eu arranco sua mão, sem ter que usá-las. - Diana suspirou, seus olhos não divergindo-se dos documentos em sua mão mesmo que Carl estivesse a suas costas, prontamente afastando-se da gaveta escondida na mesa a qual estava sentado, próximo a Lance e Frisk, ambos a rirem de seu rosto amedrontado.

- Anju~~! Você não tem nenhuma entrega para fazer? Poderíamos apostar uma corrida! - Lance voltou a lamuriar, seus olhos caindo sobre Frisk de forma pidona, ela poderia jurar que até uma lágrima estivesse a escorrer, suplicante, por seu rosto. Ela riu.

- Infelizmente não, Blue. E, mesmo que tivesse, eu não acho que uma corrida seja uma boa ideia. Ou devo lembrá-lo da ultima vez que fizemos isso e você se perdeu? Demorei quase quatro horas para finalmente achá-lo! E ainda precisei salvar sua bunda dos Cachorros Loucos que estavam prestes a transformá-lo em um osso de brinquedo! - o rosto de Lance tornou-se rubro em constrangimento pelo acontecimento mencionado, seus olhos desviando-se para outro canto enquanto amuava em descontentamente, murmurando algo que poderia se assemelhar muito ao "traidora" em espanhol.

- Eu ainda estou para saber os detalhes dessa história! - divertiu-se Carl, suas pernas balançando em animação desde onde estava sentado, sorriso felino em seu rosto. Frisk, por experência, já sabia que nada de bom poderia se seguir, agora quem seria o alvo da vez era a questão. - Para não dizer que ainda não recebi informações suficientes sobre a situação com o tal rapaz que nosso pequeno e querido Blue está interessado!

- Carl! - gaguejou Lance, rosto agora contorcido em choque e desespero, talvez um pouco enjoado. Frisk estava feliz que não era ela dessa vez, depois de tanto tempo tendo Carl a enfiar-se em sua vida amorosa era bom ter uma pausa, mesmo que ele tivesse concentrado seus ataques em outra pessoa. - Minha vida amorosa não está entrando em questão!

- Por que não?! Você queria alguma coisa mais interessante para fazer e não tem nada melhor do que fofocar! - Carl argumentou, enorme sorriso em seu rosto. Lance gemeu em resignação, já bem sabendo que não teria escapatória. Mesmo Diana não conseguiu segurar seus risos naquele momento. - Além do mais, eu vi o rapaz, ele é um bom pedaço de mau caminho, devo admitir. Eu aprovo a escolha! Principalmente depois de vê-lo sem camisa! Deuses, aquilo sim são abdômens bem trabalhados!

- Esteve espiando nossa escola de novo, Carl? - apesar do tom de repreensão Frisk não estava realmente chateada, na verdade, ela estava encontrando um bom divertimento em toda essa situação.

- Eu não pude evitar! - Carl exclamou, braços jogados para cima como se a se render. - Precisei ver como era o tão falado namorado de Blue. Já estava cansado de ouvir sobre esse tal de Keith sem ter alguém para associar ao nome!

- Wow! Blue tem namorado?! Como eu não fui informada?! - Anabelle exaclamou bem ao lado de Lance, fazendo-o saltar em surpresa, por pouco Frisk conseguiu escapar da joelhada que ameaçou acertar-lhe o rosto.  

- Da onde diabos você saiu, demônio?! E ele não é meu namorado! - Lance exclamou em indignação, rosto vermelho como um tomate, mãos ainda sobre o coração como se assim pudesse regular os batimentos desenfreados por conta do susto que levou. Anabelle apenas riu em divertimento, sentando-se ao lado de Carl, mostrando total interesse sobre o assunto. - Nós teoricamente nos conhecemos apenas há dois meses!

- Vocês dois tem ficado bem próximos nesses dois meses. - Frisk provocou, tentando por seu melhor rosto inocente enquanto Lance devolvia com um olhar irritado.

- Nós discutimos a maior parte do tempo, Fri... Anjo.

- Como um velho casal. - ela poderia ter recebido dois bons besliscões em sua bochecha que a deixaria vermelha e dolorida por dias, mas tinha valido a pena. Sempre era tão engraçado provocar Lance.

- Detalhes! Detalhes! O tempo realmente não importa para um românce! - Carl intrometeu-se, enorme sorriso confiante em seu rosto, posição firme como se desafia-se alguém a negar suas palavras. Lance suspirou exasperado. - Porém, eu concordo que para levar um relacionamento a diante é preciso mais informações. Por isso tomei a liberdade de olhar por aí...

- Carl!

- E encontrei algumas coisas bem interessantes! Querem ouvir?! - os olhos de Carl brilhavam em espectativa. Todos sabiam que ele falaria mesmo que negassem, porém, era inegável o fato de que ele se tornaria muito mais animado em seu relato se fosse insentivado a tal.

- Carl, isso é terrivelmente errado! Uma completa invasão de privacidade! - Lance gemeu, enterrando o rosto em suas mãos. Frisk sabia que ele não poderia negar que estava com vontade de saber. Keith não era muito falador, em dois meses eles não tinham conseguido saber nada sobre o rapaz e sua aproximação estava sendo tão lenta quanto o andar de uma lesma. Frisk tinha certeza que isso agoniava Lance, o deixava ainda mais curioso e desejoso por conhecer a história de sua paixão de longa data, ainda assim ele era tímido de mais para realmente admitir.

- Não é exatamente esse o nosso trabalho, honey? - Carl cantarolou divertido.

- Vamos, Blue querido, não seja tímido. Não tem nada de errado em estar apaixonado, muito menos em ter o interesse de saber mais sobre essa pessoa. - Anabelle insentivou, sorriso malicioso e travesso em seu rosto. - Deixe Carl contar o que sabe, todos estamos curioso para saber mais sobre esse tal Keith.

Resmungando em dorrata, ainda sendo capaz de proferir algumas maldições e lamúrias em espanhol, Lance fez um sinal para que Carl começasse, ele bem sabia que na poderia impedí-lo de começar a falar, então tudo que poderia fazer era ceder e aceitar os anseios de sua própria curiosidade. Carl, por sua vez, soltou um chiado animado, quase saltando por cima da mesa a qual estava sentado, recebendo um olhar irritado de Diana antes de pigarrear, ajeitando sua voz para que pudesse começar sua tagarelice.

- Bem... Vou começar desde o início da minha informação, então acomododem-se bem porque a história é grande. Eu descobri que ele foi para o Japão em primeiro lugar, refugiado da Coreia do Norte, quando tinha cinco anos em um programa de adoção. Essa parte da informação não é muito certa, mas ouvi dizer que seus pais eram usuários, e como já conhecemos os governos rígidos e desumanos da Coreia do Norte, é de se esperar que não estivessem seguros por muito tempo, mas o que deu a entender é que de alguma forma conseguiram manter a magia do garoto em segredo e mandá-lo para o Japão, que é um pouco mais tolerante. Foi adotado por uma pequena família de três pessoas e lá viveu até os dez.

- Como você descobriu isso tudo? - Lance perguntou incrédulo.

- Um dia te ensinarei os segredos de um bom informante, caro gafanhoto. Mas esse dia ainda não é hoje, então caladinho enquanto termino de contar a história. - Carl zombou em divertimento, recebendo um bufo indignado de Lance antes de continuar. - Veio para os Estados Unidos com seu irmão adotivo em um programa militar. Esse mesmo irmão foi enviado para o Afeganistão pouco tempo depois de ter terminado seu programa de treinamento com invejáveis classificações. Eu juro que nunca vi notas tão perfeitas, o cara é um soldado prodígio em todas as áreas, aposentou cedo, porém. Um acidente com uma mina terrestre, pelo que ouvi, perdeu um dos braços, por sorte manteve as duas pernas, mas tem dificuldades para andar e com danos cerebrais intensos, muito além do estresse pós traumático. Foi quando se mudaram para Ebott, tendo como único suporte financeiro a idenisação do exército americano que todos sabemos que não paga lá essas coisas. Como eram apenas os dois no país, já é de se imaginar que Keith teve que arcar com a maior parte das responsabilidades, sem contar com o detalhe de ter que cuidar de seu irmão.

- Eu o conheci, semana passada. - Lance intrometeu-se, seu rosto caindo para as mãos que brincavam distraidas com os fios castanhos de Frisk. - Seu nome é Takashi, passa a maior parte do tempo em uma cadeira porque é muito doloroso andar. Tem problemas de memória e no pior dos casos nem ao menos reconhece o próprio irmão, algumas vezes pode se tornar um pouco... Violento. É... Triste de ver.

Frisk apertou-lhe o joelho em consolo. Ela sabia no que Lance estava pensando, muito além da empatia que sentia por Keith. Ruan, o irmão de Lance, fazia parte do exército americano, ao igual Takashi fez uma vez. Igual a ele, corria os mesmos riscos, muitas vezes passando dias sem consguir comunicar-se com a família. Lance, ao ver o estado de Takashi, deveria sentir medo de que seu irmão aparecesse da mesma maneira ou talvez que nem ao menos chegasse a isso, definhando lentamente em um país estrangeiro, longe de sua família, morrendo sozinho... Frisk não gostaria de pensar nisso e sabia que atormentava os piores pesadelos de Lance a cada noite tal possibilidade.

- Pobre rapaz... Eu nem ao menos quero imaginar o que ele deve sentir todos os dias. - Anabelle tinha uma irmã mais nova para sustentar, foi grande parte do motivo pelo qual ela tornou-se uma prostituta, sem qualquer escolaridade para conseguir um emprego realmente descente e ela também não se importava. Enquanto pudesse voltar para casa e dar tudo que sua irmã merecia, ela estava bem. Seu pai a tinha bandonado e sua mãe morreu logo após o nascimento de sua irmãzinha. Ela sabia os sacrifícios que se fazia pela família, ela poderia se relacionar. Porém, não era a mesma coisa. - Ás vezes esquecemos que algumas pessoas podem estar em uma situação pior do que a nossa... É como se o mundo estivesse arrancando tudo de mais importante para ele...

- É aí que chegamos na parte mais interessante. - Carl prosseguiu, sua animação tendo decaído-se um pouco. - O dinheiro que recebe não deveria ser suficiente para sustentar uma boa casa, todos os seus custos, como alimentação e medicamentos para o irmão, juntamente a seus estudos. Então como ele ainda tem todo esse luxo? - levando por essa lógica realmente não fazia qualquer sentido toda a vida que Keith levava, isso se não colocasse algum truque sujo por debaixo da mesa. Triste, Frisk reparou quantas pessoas viam-se a cair nesse mundo. Claro, ela sempre acreditava que deveriam haver formas melhores, que a pessoa simplesmente não tinha pensando e deixavam-se cair na marginalidade que era mais fácil, porém, ainda assim... - A resposta é, com um pouco mais de pesquisa aprofundada, o que, pessoalmente, me deu muito trabalho, descobri que ele também é conhecido como Red.

- Um minuto! - agora havia sido Diana a que se intrometeu, seus olhos tão abertos quanto nunca antes, papeis esquecidos a um lado. - Red? O assassino mais prestigiado da Rainha de Copas? O mesmo que dizem que a lámina que usa é vermelha por conta de todos que matou em nome dela? Esse Red?

- O próprio.

- Blue! Onde você se enfiou?! Esse rapaz... Ele não é alguém com quem você deveria se envolver! E não digo isso por estar aliado a Rainha de Copas, apesar de ser um dos motivos, mas porque se você entrar em sua lista, mesmo sendo seu amigo, ele não vai hesitar em degolá-lo! E eu sei que você não vai fazer nada! Você não mataria uma mosca! - não era de se surpreender que Diana estivesse preocupada, ela era uma mãe e Frisk e Lance eram um dos mais novos entre seu grupo. Por mais que soubesse que eles poderiam muito bem cuidar-se perfeitamente, ela ainda tinha medo. Crianças não deveriam estar ali e mais do que ninguém ela sentia-se mal de ver tantos jovens arruinando suas próprias vidas.

- O que está acontecendo com a juventude de hoje em dia para ter toda essa necessidade de ser assassino? - Anabelle resmungou, muito provavelmente referindo-se a história de Sans também. Era bem próxima a de Keith pelo que deu a entender, apesar que Chara também encontrava-se nesse meio.

Frisk observou como Lance abaixava a cabeça, olhar perdido enquanto observava um ponto qualquer no chão. Ela sabia que ele estava tentando absorver tudo que aprendeu e tentar arrumar maneiras de ajudar Keith como poderia, ele era bom assim. Ela poderia se ver ali, da mesma forma, ela fez isso por Sans, ela descobriu seus motivos, ela cavou seu passado e ela ergueu a mão para ajudar, mesmo quando ele tentou correr e, por mais que temesse por Lance, pois Keith era uma pessoa diferente de Sans e ela não o conhecia tão bem quanto conhecia o albino, ela sabia que nada do que dissesse poderia impedí-lo de se jogar de cabeça na situação.

Talvez devesse perguntar a Chara sobre Keith? Só para ter certeza do que deveria fazer com Lance tão determinado. Ela queria que Lance fosse feliz e se Keith pudesse trazer isso para o moreno, então tudo bem, porém, ela não queria arriscar seu amigo. Se pudesse fazer alguma coisa, qualquer coisa, para evitar qualquer desastre, ela assim o faria.

Diana continuou a discutir com Carl, trocando divergência sobre os boatos, Carl continuando a afirmar que seria uma história linda de românce entre duas gangues rivais enquanto Diana tentava trazer-lhe a dura realidade de que aquilo não era um conto de fadas e Lance seria o prejudicado na história. O que era verdade, Keith tinha habilidades o suficiente para ser reconhecido por Chara, que raramente dava o braço a torcer para alguma coisa, enquanto Lance, apesar de ter uma boa pontaria e uma habilidade de tiro invejável, recusava-se retundamente a segurar qualquer tipo de arma que não fosse sua costumeira arma de ar comprimido ou paintball, para não acrescentar sua terrível experiência com lutas, com mais derrotas do que vitórias.

Foi em meio aos pensamentos e discussões conturbadas que não levavam a lugar nenhum que a massa de pressão mágica caiu sobre eles. Foi como se o ar tivesse ficado mais pesado, dificultando a respiração enquanto a gravidade, mais forte, os puxavam para o chão, prendendo-os no lugar. Suor frio escorreu pela nuca, todos os pelos do corpo arrepiando-se em demonstração ao instinto de fuga, coração acelerado contra o peito, garganta apertada.

Frisk reconheceu a magia, era muito maior e esmagadora do que estava acostumada, mas sua assinatura era a mesma. Ela realmente não pensou muito, tomada pelo desespero de tentar entender o que estava acontecendo, forçou suas pernas a ergué-la, correndo como poderia para fora da sala, descendo as escadas para o primeiro andar. Era estranho, não ter que subir para o sexto, porém sabia que não era de lá que a energia vinha. Toda a magia estava concentrada na parte inferior do prédio.

A ideia foi simplesmente confirmada com a reunião massissa de pessoas ao redor. Frisk teve que se esqueirar entre elas, apertertando-se e esquivando-se entre braços e corpos perdidos ao redor, agolerando-se quase uns sobre os outros para conseguir ver o que acontecia. Ao saltar para fora percebeu o enorme espaço que havia sido deixado entre a confusão acontecendo e os espectadores. A maioria mantinha-se bem próxima as paredes do prédio, algumas ainda dentro dele, a curiosidade poderia ser latente, porém a segurança ainda encontrava-se em primeiro lugar e, naquele momento, quanto mais distância pudessem ter, melhor seria.

Bem a frente, de pé no meio da rua, estava Sans, seu cenho franzido com profundidade, mesmo na distância em que se encontrava, Frisk foi capaz de ver que estava com raiva e nem ao menos precisava de sua absurda magia para isso. A sua frente estavam mais umas cinco ou seis pessoas, armas em mãos, firmes em seus pés com sorrisos confiantes apesar da enorme quantidade de magia que estava ao redor.

Não se surpreendeu nem um pouco ao perceber que uma das cinco pessoas a frente era Ralph. Seja o que for que aconteceu, ela estava com medo do resultado.

- Sans...!

- Não! Não você não vai até lá! - foi bem no momento em que jogava-se para frente, braços firmes rodearam sua cintura e a puxaram para trás. Seus olhos subiram para deparar-se com Bill, abraçando-a pela cintura para mantê-la no lugar, rosto sério e preocupado enquanto mantinha-se a observar a cena a frente. - Ir até lá agora é suicídio, Anjo. O melhor que você faz é ficar aqui.

- O que aconteceu?! Por que Sans está tão furioso?!

- Algumas novas informações chegaram para nós. Você sabe, outras gangues mais novas estão brotando em nosso território como baratas. Sans tem conseguido conter a maior parte do avanço, mas recentemente descobrimos que elas vem unificando forças, informações e recursos, para derrubar as duas maiores gangues da cidade, ou seja, nós e a Rainha vermelha. Ralph argumentou que deveriams atacar, mostrar a eles nossa força, mas Sans não concorda. Chamaria muito a atenção da polícia e agir sozinho, por maior que sejamos fortes, ainda é arriscado. E você conhece Sans, ele prefere muito mais ir por debaixo dos panos do que atacar diretamente.

- Mas porque só agora eles estão lutando?! Toda essa confusão já tem meses! - e ela sabia o motivo. Era engraçado, em outras linhas do tempo não aconteceu, a tensão entre Sans e Ralph continuaria infinitamente, ambos procurando erros um dos outros para poderem usar em sua guerra pela liderança. A mudança aconteceu por culpa de Frisk, não diretamente, obviamente, ou então teria estourado antes. A questão foi que, mudando Lance de gangue ele pode passar informações que anteriormente não eram disponíveis, trazendo, por fim, o estourar dessa disputa.

- Você tem visto a propaganda de Ralph contra Sans, não é? - impossível não ver. Depois que Sans havia negado-se a agir diretamente Ralph começou a usar disso para atrair mais pessoas para seu lado, afirmando que Sans era um covarde que rebaixava sua cabeça para a polícia, temendo-os quando deveria mostrar o poder que tinham agora mais do que nunca. A tensão que antes já era grande agora transbornadava, tornando mais visível a dualidade do lugar. - Aparentemente todo o apoio vocal que ele tem recebido o deu coragem o suficiente para agir contra as ordens de Sans. Enquanto nós reunimos informações para cortar os recursos dessas gangues, Ralph foi em um ataque direto que acabou por resultar em uma briga com a polícia, perda de cinco dos nossos e a continuação do problema. Sans ficou furioso.

Bem, era óbvio que Sans estava furioso, o tanto de magia que desprendia de seu corpo era a exata prova disso e Frisk tinha certeza que poderia ser sentida por alguns bons dois quilometros. Era impressionante quanta força ele tinha, muito mais do que ela estava acostumada a ver, finalmente dando-se conta de o quão forte ele era além de suas espectativas. E ainda assim era frustrante ter que apenas ficar e observar toda a situação se desenrolar diante de seus olhos sem poder fazer qualquer coisa.

Em um ponto, Ralph deveria estar realmente confiante se apenas tinha a seu lado quatro pessoas, para não dizer que, sendo o covarde que era, colocar-se de frente para toda a confusão. Ela não poderia evitar o mau pressentimento que lhe atravessou a espinha.

- Admita Sans! - Ralph falou, alto o suficiente para que todos no lugar pudessem ouvir, sorriso confiante com queixo erguido o mais alto que conseguia, uma faca apontada na direção de Sans. - Eu apenas fiz o que você tinha medo de fazer! Admita que você é um covarde! Não merece sua posição!

- Não interessa se sou covarde ou não, Ralph. - Sans falava apenas alto o suficiente para Frisk entender suas palavras, ele não parecia muito animado em fazer um show e ela teve a breve impressão que ele estava a suspirar. Apesar de sua pose relaxada, porém, sua magia dizia melhor. Seu humor estava apenas decadente. -  Eu sou o chefe aqui, você tem que me obedecer concorde você ou não. Mas vejo que finalmente decidiu mostrar suas garras, então, sendo assim, eu tenho que te colocar em seu devido lugar. Não vou abrir mão da minha posição, independente do que faça. Eu não vou cair de onde estou.

- Isso é o veremos. - Ralph sorriu movendo de forma estranha a faca em suas mãos.

Foi tarde de mais quando Frisk percebeu o movimento a seu lado. A pessoa, um homem pela vaga noção que recebeu, empurrou Bill para longe e agarrou-lhe a cara. Seus pensamentos desfocaram, por isntantes pensou em cair em um loop estranho de memórias antes de perceber o que estava acontecendo. Ela nunca tinha experimentado, mas sabia a teoria sobre usuários de magias de controle mental, muitos deles precisavam de toque, mas cada um deles tinham uma forma de diferente de controle. A que atacou a mãe de Sans, por exemplo, parecia ser do tipo que imobilizava o corpo, mas não causava problemas a consciência, pessoas, porém, como as que atacavam Frisk, manipulavam memórias para fazer com que a pessoa acreditasse estar fazendo o que já era natural para ela.

E Frisk teria caído, se sua imensa quantidade de memórias armazenadas tanto em sua alma como em seu cérebro não fossem suficientes para burlar o efeito, tornando complicado mudar todas o suficiente para que ela acreditasse realmente nas que foram mudadas.

Ela não sabia exatamente quanto tempo foi forçada a permanecer em tal estado de transe, apenas soube quando saiu, Lance a seu lado apoiando-a pelo ombro enquanto chutava o homem para longe dela. Com um piscar inseguro de olhos ela olhou envolta, percebendo todo seu pequeno grupo ao seu redor, o rosto apavorado de Sans em sua direção e a satisfação no sorriso de Ralph. Seus sentidos ainda estavam um pouco fora de ar, ela poderia jurar que Diana... ou era Carl? Estava gritando seu nome, tentando chamar-lhe a atenção.

- O que diabos é você? - seus olhos cairam para seu atacante, ainda curvado sobre seu próprio estomago possivelmente dolorido pelo chute que recebeu. Seus olhos, assustados, encaravam-na de uma forma estranha e Frisk tinha uma leve ideia do motivo. E talvez fosse pelo comentário, ou simplesmente o sentimento implantado nela, mas o fato de saber que suas memórias tinha sido reviradas a deixou furiosa. Ela valorizava suas lembranças, por mais pesado que fosse carregar, exatamente por ser a única que era capaz de alguma vez saber que a situação foi diferente, que ela poderia ser melhor, de alguma maneira. Saber que alguém tentou mudar isso parecia apenas... Errado.

Um soco bem dado no rosto foi o suficiente para retirar-lhe um pouco da raiva que sentia, mas não o suficiente.

- Fique longe da minha cabeça, das minhas memórias! Se você e Ralph acham que podem conseguir alguma coisa assim eu tenho uma má notícia: Minha cabeça está fora dos seus limítes! - foi complicado não perceber o relaxar considerável de ombros das pessoas envolta, ela imaginou que todos deveriam realmente estar temendo a possibilidade dela, possivelmente, cair para a magia. O único que não pareceu muito contente com a situação foi Ralph, pálido como um fantasma.

O homem que antes estava na frente de Frisk, agora com um olho roxo e estomago dolorido, foi arrastado para perto de Sans, seu pescoço sendo rapidamente preso por fortes dedos que o envolveram sem vacilar. O sorriso do albino era tenso no rosto, tão grande quanto qualquer outro que já tinha posto, olhos brilhando em uma intensidade mágica que realmente se assemelhava a intensas chamas azuis. Mesmo Frisk, a qual não tinha nada haver, pelo contrário, foi a vítima envolvida, sentiu o arrepio subir pela coluna.

- Eu acho que vocês pediram muito por um tempo ruim. - Sans resmungou, voz sombria, se não fosse pelo silêncio do lugar ninguém o teria realmente ouvido. Qualquer confiança que Ralph tivesse no momento desapareceu, Frisk podia vê-lo esqueirando-se para trás de seus companheiros, ainda firmes e confiantes em seu lugar. Ela não sabia o que ele havia comentado com eles, mas definitivamente eram ingênuos o suficiente para cair no conto. - Então quem sou eu para negá-los?

O que se seguiu poderia ser dito como um massacre. Sans nem ao menos saiu do lugar e tudo a sua volta se manchou de vermelho. Lance agarrava-se a Frisk como se sua vida dependesse disso e ela não saberia dizer se ele estava instintivamente tentando protegê-la ou se procurava uma forma de apoio não dita para aturar toda a cena. Vagamente ela conseguiu escutar Carl a vomitar um pouco atrás, talvez Anabelle o estivesse a acompanhar, se não se escondesse atrás de Bill, verde como uma folha.

- Mais alguém quer tentar a sorte?! - Ralph havia se esqueirado ao longe e ainda assim todos seus outros ajudantes no momento foram reduzidos a pilhas irregonhecíveis de carne vermelha sangrenta. E, ainda que toda a confusão tivesse sido finalizada, Sans não parecia mais calmo, seus olhos brilhantes agora focados na multidão que tinha se aglomerado em todo o prédio, mágia ainda a borbulhar ao seu redor, tornando-se quase densa o suficiente para ser palpável. Nem ao menos um som escapou depois de sua pergunta. - Ótimo! Porque agora vocês vão ter que limpar tudo isso enquanto eu procuro o idiota covarde que fugiu. E é bom estarem preparados quando eu voltar! Toda essa confusão vai vazar e vai dar a impressão que estamos com problemas internos o suficiente para nos distrairmos dos externos! Se eu souber que por causa disso qualquer um de vocês deixou de fazer seu trabalho e nos causou alguma derrota para os engraçadinhos novatos que querem nos atingir, eu juro que terão o mesmo destino que esses caras! Então, trabalhando!

Apesar de Sans ter desaparecido e não retornado pelo resto daquela noite, o estranho clima pesado ainda permaneceu. Frisk tinha certeza que mais ninguém ousaria se erguer contra Sans depois disso, porém, o gosto amargo ainda ficava na boca. Ralph iria usá-la para ir contra Sans e ela teve sorte que ele tinha encontrado um controlador de mentes ao invés de um controlador de corpo, e ainda mais especificamente um de memória. Se por um acaso fosse qualquer outro ela nem ao menos poderia imaginar o resultado.

Teria Sans lutado contra ela? Ela teria atacado seus amigos? Obviamente teria, e ela nem teria se dado conta. Com sua força atual ela conseguiria derrubar Carl e Lance, muito provavelmente Anabelle também. Diana ainda seria um duvida, mas poderia acontecer... Sans... Sans seria capaz de pará-la, tão facilmente quanto sempre o fazia. Ele a mataria e se isso acontecesse... Ela voltaria controlada? Ou ela estaria livre por conta dos saves? As redefinições ainda aconteceria se ela estivesse sendo manipulada por outra pessoa?

Tentando não pensar nos "e se" de um futuro o qual ela preferia não testar, ela deixou-se cair na rotina de trabalho novamente, perdendo-se do clima tenso para cair na comodidade de acontecimentos quase iguais. Até o momento em que teve que sair, sua mente procurou manter foco no menos importante, nos papeis, nas conversas, tudo, menos seus pensamentos.

Acabou por sair junto a Diana e Lance, sendo ela e o moreno companhia para Diana a qual precisava ainda buscar seu filho com Fuku. Frisk muitas vezes se oferecia para acompanhá-la, não era uma novidade e, agora se tornando uma ocorrência constante, Lance passou a acompanhá-la em seus horários de saída, não muito confiante em deixá-la caminhar sozinha pela cidade. Ele sabia que ela era forte, mas ainda assim... Ele era um grande amigo, preocupado, e sempre seria mais seguro estar com alguém a seu lado para diminuir a possibilidade de algum incidente do que arriscar-se por orgulho ou presunção.

A conversa durante o caminho tinha sido tranquila, Grillby não ficava muito distante da central da gangue e por tal demoraram muito pouco para chegar e pegar Pablo, o qual já encontrava-se dormindo. Contudo, Frisk reparou uma leve prepocupação a sua volta, talvez o fato de poder ser controlada não incomodou apenas ela como também seus amigos, e sentiu-se uma idiota por não ter pensado nisso antes. Era óbvio que iria afetá-los, eles a protegiam como um verdadeiro anjo, como uma boneca de cristal, ter que lutar contra ela... Serem forçados a estar de lados opostos... Ela não poderia imaginar como eles estariam se sentindo naquele momento.

Lance tornou-se mais carinhos, mais apegado, ele não desgrudou de sua mão ou deixou de torcar-lhe o ombro durante todo o caminho, enquanto Diana, mais discreta, frequentemente a observava de canto, pequeno sorriso a delinear-se em seu rosto, talvez por perceber que nada de ruim realmente tinha acontecido. Frisk tinha a perfeita noção que durante essa linha seria demasiadamente complicado fazer com que eles se afastassem dela em algum momento, provavelmente tornando-se ainda mais protetores do que já eram.

- Até amanhã, Dee-dee. - despediu-se Frisk assim que encontrou-se com de frente a porta da casa de Diana. Não tinha chegado a estar ali muitas vezes, um prédio antigo, quase caindo aos pedaços, bem no limite das periferias e uma das saidas da cidade, bem próximo as Ruínas. Era longe, Frisk não iria negar, e levou muito mais tempo para chegar até ali do que todo o resto do caminho que tiveram que percorrer juntos antes disso. Diana sorriu, ajeitando Pablo em seus braços.

- Boa noite, Frisk. Tem certeza que está tudo bem com você? Depois do dia de hoje é de se esperar que esteja cansada.

- Eu estou bem, Dee-dee, juro.

- Não hesite em pedir qualquer coisa que precisar. Eu ainda não acredito que Ralph ia usar de um truque tão baixo para lutar contra Sans, mas vindo dele não sei por que estou tão surpresa. - Diana suspirou, Frisk finalmente reparando o quão envelhecida ela estava. E era frustrante, talvez a mesma frustração que outras pessoas tinham ao olhar para ela mesma em determinados momentos, ver um rosto tão bonito maculado pelo estresse, pelas preocupações, pelas experiências desgastantes. Com um sorriso cansado, Diana levou uma mão ao rosto de Frisk, acariciando-o com leveza. - Apenas... Apenas fico feliz que nada de ruim tenha realmente acontecido hoje. Não quero imaginar se... Deixa pra lá. Blue, por favor, tome conta dela no caminho de volta.

- Pode deixar comigo, senhorita. - Lance lhe lançou um sorriso coquete com direito a uma leve piscadela e um jogo de armas com as mãos. Diana deixa escapar uma pequena gargalhada antes de finalmente deixar-se afastar, adentrando no prédio com um ultimo aceno de adeus.

Agora só restavam Frisk e Lance.

Apesar da casa de Lance ser a mais próxima, ele recusou-se a ir até ela primeiro. Ele insistiu acompanhar Frisk até a dela antes de finalmente direcionar-se a sua, por mais tarde que estivesse. Ela sabia que não adiantaria discutir, e sim, existiam pessoas que poderiam ser ainda mais teimosas do que ela, Lance provava isso em diversos momentos. Ela não ficaria impressionada se sua alma fosse vermelha também.

A maior parte do caminho, porém, muito atipicamente do que deveria, passou-se em silêncio. Frisk ainda conseguia sentir os dedos de Diana em seu rosto, bem sabendo que não era muito comum da mulher ter um contato físico tão... Delicado... A ruiva tinha esse jeito duro de ser que, mesmo em seu estado de mãe, não se dissipava. Vê-la agir daquela forma apenas trouxe para Frisk ainda mais a dura realidade do momento difícil que ela faria seus amigos passarem se a sorte não estivesse do seu lado naquele momento.

Por um instante o medo percorreu suas veias, apenas para acalmar-se novamente quando recordou-se que já tinha passado, que isso não ia acontecer.

- Você está realmente bem, Frisk? - Lance perguntou, sua voz quase sussurrada ainda sendo alta o suficiente no meio do silêncio da madrugada para Frisk ouvir com perfeita clareza. Distraidamente ela assentiu. - Eu não tenho tanta certeza disso. Você sabe que não dá pra esconder esse tipo de coisa de mim.

- Eu apenas... - ela respirou fundo, mãos um pouco tremulas jogando-se para dentro dos bolsos de sua calça. - Apenas estou me perguntando o que teria acontecido se por um acaso a magia daquele cara tivesse dado certa e eu... E eu fosse forçada a lutar contra vocês. - pelo canto do olho conseguiu ver Lance estremecer. - Eu não quero sair de um transe e ver minhas mãos manchadas de sangue... Do sangue de vocês. Eu posso ter entrado em uma gangue, Lance, mas não sou uma assassina, eu não quero ser uma. Eu não quero machucar quem amo.

E o medo era tão real. Ela sabia que não existia mais uma outra entidade dividindo um corpo com ela, que poderia controlar seus movimentos para causar coisas ruins, uma devastação, mas o medo ainda estava lá. O pânico de ver tudo acontecendo, de presenciar e sentir tudo, e não poder fazer nada. O desespero de vidas a sua frente, o caos causado por você... Frisk não queria mais vestir a pele de um assassino, ela não queria mais ouvir os gritos das pessoas que amava sendo causados por suas mãos.

Dizer isso agora apenas parecia deixar a corrente de pensamentos seguir um fluxo constante. Ela não poderia mais ignorar seu medo.

- Isso não ia acontecer. - Lance resmungou.

- Você não sabe. - seus passos se detiveram, mãos apertando a barra de sua blusa com força. Lance parou alguns passos a frente, virando-se para poder encará-la. Frisk estava tremendo e ela sabia que não era de frio, estavam no verão, não poderia ser frio. Seus enormes olhos dourados estavam começando a lacrimejar, molhados em uma proporção que fazia um tempo que Frisk não sentia. - Você não sabe quando outra pessoa pode tentar isso, Lance. Nós nos enfiamos em um mundo onde qualquer coisa vale para sobreviver, mesmo usar a força de outra pessoa! Existem tantas magias diferentes, tantas formas de obrigar uma pessoa de fazer o que você quer... Deuses, Lance! A qualquer momento alguém poderia simplesmente me usar para fazer algo horrível e isso... Isso me apavora!

Frisk tinha esquecido-se desse medo. Ver Chara fora de seu corpo... Frisk nunca tinha pensado no alívio que foi para seus ombros ao perceber que não mais seria forçada a alguma coisa que sinceramente não queria. Até aquele momento pelo menos. O medo ainda era real, a possibilidade ainda estava ali e, mais do que tudo, Frisk tinha medo de ser uma assassina novamente. Com sua indiferença em crescimento, com sua personalidade mudando... Deuses o que ela poderia se tornar? Ela estava começando a entrar em pânico, sua respiração acelerando mais do que deveria.

- Não deixaríamos acontecer, Frisk! Nenhum de nós permitiria isso.

- Hoje não deu para impedir! Se eu não tivesse sorte... Se a magia não tivesse falhado...

- Mas falhou! Nós aprendemos nosso erro Frisk, não vamos deixar que ele se repita! Ninguém vai te controlar!

- E se acontecer quando vocês não estiveram por perto?! E se nos pegar desprevenidos novamente?! E se ninguém puder impedir?! Tudo é uma possibilidade, Lance! Tudo pode acontecer! Se não agora amanhã, se não amanhã daqui a um mês, se não um mês será um ano! Eu não quero... Eu não posso...

- Frisk! Frisk! Olhe para mim! Apenas olhe para mim! - tonta, desnorteada, mãos a agarrar os cabelos castanhos com força, Frisk ergueu o olhar, sentindo mãos apertando com força seus ombros enquanto a sacolejavam um pouco. Quando Lance tinha chegado tão perto? Quando sua respiração tinha ficado tão rápida que ela não conseguia respirar direito? Quando foi que o pânico começou a levar o melhor dela? - Apenas respire comigo, Frisk. Respire fundo, devagar, inspire, com calma... Isso, continue assim. - as lágrimas escaparam, o corpo tremendo com tanta força que quase não conseguia manter-se sobre seus pés. Lance a segurou todo o momento, até o ponto em que não precisava seguir mais suas instruções para respirar, coração voltando aos batimentos normais, a tontura se dissipando. Ela ficaria bem. Ele não a soltou, pelo contrário, ele a trouxe para mais perto, embalando-a em um abraço apertado, carinhoso. - Você está bem, vai ficar tudo bem. Nada vai aconter, eu prometo.

- Não tem como você saber... - Frisk ainda conseguiu resmungar, fungando, segurando com força a blusa de Lance, apreciando o contato. Tinha demorado tanto tempo para ela finalmente cair em um ataque de pânico... Como ela ainda estava de pé? Como conseguia continuar com isso?

- Posso não saber, mas não significa que não possa fazer de tudo para cumprir essa promessa. - em nenhum momento o rapaz deixou de esfregar-lhe as costas, afagando-lhe o topo dos cabelos com a bochecha, nunca a soltou. - Nem eu, Diana, Carl, Anabelle, Sans, Tinn, Blooky, seus irmãos... Toda essa lista interminável de pessoas que se preocupam com você vai deixar que alguém faça alguma coisa com você. Eu prometo a você, pequeña, nada vai te acontecer.

Frisk suspirou. Seu corpo relaxando nos braços de seu companheiro, não por acreditar em suas palavras, ela, mais do que ninguém, sabia como o futuro era imprevisível, como promessas poderiam ser quebradas com facilidade, porém, ainda era um alívio escutar tais palavras, um alívio saber que alguém as fazia com tal convicção para você. Era um alívio saber que tinha alguém ali, agora, em seu momento de ruptura, para pegar os pedaços, e apenas isso bastava agora.

Ela não soube dizer ao certo quanto tempo havia se passado com os dois daquela maneira, ela também não se importava. Quando se separaram, apenas as marcas de lágrimas haviam sobrado em seu rosto e nenhum rastro do pânico que anteriormente a assolou. E talvez apenas o tivessem feito por conta do vibrar inesperado do telefone no bolso de Frisk.

Ambos riram pelo susto que levaram.

- Deve ser minha mãe. - resmungou Frisk, afastando-se um pouco de Lance ainda com um sorriso em seu rosto o qual o rapaz espelhava perfeitamente. - Já faz um tempo que não estou em casa e ela deve estar preocupada. Se não é ela com toda certeza é Gaster... Acho que estão começando a fazer uma conspiração contra mim.

- Culpa sua por arrumar tantos pais. - Lance divertiu-se. Os dois não tinham se afastado muito, apenas um passo para que Frisk fosse capaz de ver seu telefone. Ela mostrou-lhe a língua em divertimento antes de ligar a tela de seu celular para ver a mensagem que havia chegado.

Ela não esperava o que apareceu.

*Está em casa?*

A mensagem era de Gaster, mas não tinha qualquer tipo de contexto e isso era estranho. Um novo mau pressentimento passou por sua coluna e o mais rapidamente que conseguiu respondeu a mensagem.

*Não. Estou voltando agora com um amigo meu, por que?*

Não precisou de muito para que a nova mensagem aparecesse em sua tela, ainda mais estranha.

*Vá imediatamente! Não fique na rua! Não importa onde, apenas encontre algum lugar para ficar.*

Um novo calafrio subiu pelo corpo de Frisk, um frio que não deveria ser da noite. Algo muito errado estava acontecendo, Gaster não costumava mandar mensagens assim, por mais preocupado com ela tenha se tornado, mesmo sendo apenas palavras o desespero estava ali, o medo... Gaster... Estava com medo de alguma coisa, por ela... Ela sabia que deveria obedecê-lo, sabia que deveria fazer o que mandava, ela e Lance precisavam sair dali agora!

- Lance, nós temos que ir!

- Por que? O que aconteceu?

- Não sei direito, mas... - sua voz se perdeu no grito sufocado e cansado que ergueu-se pela madrugada silenciosa. Ambos ergueram seu olhar para deparar-se com uma criança a correr em sua direção, olhar aterrorizado sempre a subir por sobre seu ombro enquanto corria.

Era um pequeno garoto, não mais de dez anos, magro e esfarrapado, muito provavelmente sendo uma das diversas crianças de rua que se espalhavam pela cidade. Ele era pequeno apesar de tudo, sua figura muito provavelmente alcansando com dificuldade a cintura de Frisk, cabelos longos e emaranhados no que poderia ser descrito como um ninho de passarinho, volumosos e oleosos. Já encontrava-se a bufar, cansado, indicando que deveria estar correndo já fazia algum tempo.

Ele tropessou muito perto de onde Frisk e Lance estavam, com toda certeza por estar mais atento a qualquer coisa que estivesse a suas costas do que no caminho para onde corria. Suas pernas cansadas fraquejaram e por muito pouco Frisk conseguiu ampará-lo antes de cair ao chão. Ele a agarrou com força, porém, olhos ainda assustados voltando a correr para trás, para as sombras das ruas em meio aos edifícios da cidade, procurando, esperando alguma coisa aparecer.

- O que aconteceu? Você está bem? - Lance perguntou, seus olhos a escanear qualquer área visível do garoto a procura de algum ferimento. Além do cansaço e da sujeira, talvez um joelho ralado, o único que realmente se destacava no garoto era seu medo. Manchas vermelhas, secas, escurecidas por conta do breu da noite, destacavam-se em suas mãos e canela, mas não pareciam dele.

Não seria sangue... Seria?

- Temos que sair daqui! Rápido, rápido! Ele está vindo! - o garoto disse apressado, suas mãos agarrando os braços de Frisk com força suficiente para machucá-los, tentando voltar-se a estar de pé, porém, cansado de mais para realmente conseguir. Vai se saber por quanto tempo ele estava correndo, a adrenalina em seu corpo deveria ser a única que realmente o estava empurrando a continuar.

- Sair daqui, por que? Quem está vindo? O que está acontecendo?

- Eu não sei o que é! Tinha saído do lugar onde dormia com outras crianças depois de ser desafiado, estavamos apenas brincando! Algumas tinham ouvido um barulho do lado de fora, mas estavam com medo de mais para ir olhar! Eu fui, pensei que era só um gato, mas então escorreguei em alguma coisa e... E... Ele estava lá! Enormes olhos brilhantes, azuis! Dentes enormes! Vermelhos! Eu realmente não sei o que é, apenas corri! Temos que sair daqui antes que ele chegue!

Tarde de mais. O úncio que Frisk soube depois foi a escuridão em meio a dor, antes de finalmente sentir o puxão de uma volta no tempo. Ela estava de volta com o garoto a lamuriar em seus braços, ela havia acabado de pegá-lo. Lance repetiu as mesmas perguntas, mas sua confusão era visível, com olhos a avaliar em um desnortear evidente as coisas ao seu redor. Porém, não era momento de pensar que talvez, apenas talvez, ele fosse igual a Sans e Chara, ela precisava apenas se mover.

Puxando o garoto para seus braços e, de alguma forma, agarrando o braço de Lance, ela os puxou para trás, todos eles cambaleando para longe de onde estavam alguns segundos antes da enorme criatura saltar de um telhado qualquer para o mesmo ponto. Suas garras enormes, afiadas, acertaram o concreto com firmeza, rachando-o um pouco enquanto as pontas finas e afiadas enterravam-se nele com profundidade. Foi exatamente aquilo que os havia matado.

Segurando o fôlego em surpresa, Frisk observou o que estava a sua frente, vagamente percebendo que era a mesma criatura que, em uma linha do tempo pasada, a havia matado em um telhado. A sensação, mesmo os sulcos feitos no concreto eram os mesmos, no entanto, agora, ela poderia ver melhor o que exatamente estava diante de seus olhos, ameaçador como um animal furioso.

A pouca luz proporcionada na rua foi o suficiente, lua cheia no céu também cooperando para ter mais detalhes do contorno que erguia-se perigosamente perto deless, tal proximidade também sendo um favorecimento a observação. E tudo o que via só poderia ser descrito como uma enorme besta, de corpo avantajado e grande o suficiente para chegar aos três ou quatro metros com facilidade, pernas dianteiras menores que as trazeiras, corpo esguio, porém de aparência flexível e ágil, com enorme calta a balançar perigosamente de um lado para o outro, enroscando-se no pouco espaço disponível. Seu corpo em si era uma mistura de negro, como fumaça bruxuleante e branco. Era como se seus ossos tivessem sido saltados para forma, formando uma armadura sinistra, perfeitamente branca, um cranio recobrindo seu rosto, com fossinho largo semelhante a um cachorro, talvez lobo, olhos espreitando brilhantes nos orifícios disponíveis. Os ossos das vertebras desciam por sua espinha e envolviam a calda, com pontas bem elevadas e salientes, quase pontiagudas, costelas envolviam seu torço, enquanto garras brilhantes e brancas eram basicamente feitas dos ossos ligados a perna, alongados e afiados. Suas presas, enormes presas permanentemente visíveis, escorriam um líquido pegajoso, viscoso o qual Frisk só poderia supor que era sangue.

Alguém tinha dado o azar de encontrar-se com aquela coisa antes deles e não teve a sorte de conseguir escapar.

Ele estava muito perto de onde tinha caído para esquivar-se de seu bote mortal, perto o suficiente para verem com perfeição cada fileira de dentes sobre suas cabeças e o calor de sua respiração pesada, animalesca. O garoto em seus braços tremia como uma folha ao vento, chorando desesperado enquanto agarrava-lhe a blusa, Lance, ao seu lado, segurava-lhe com tanta força como o garoto, olhos cravados na criatura a sua frente mergulhos no mais puro estado do pânico, provavelmente com o corpo paralizado. Frisk não poderia dizer-se em melhores estados, presa entre o medo que instintivamente percorria suas veias ao deparar-se com tal predador e a facinação pela criatura.

O enorme animal se moveu, quebrando o estado petrificado de Frisk, fazendo-a perceber que manter-se ali apenas os mataria novamente. Precisavam se mover, levantar-se e fugir. Agora!

Da melhor maneira que conseguiu, Frisk arastou os dois garotos que segurava para trás, cambaleante e apressada, torcendo para que qualquer um deles percebesse a dica e começassem a se mover por conta própria, ela não poderia carrega-los para fugir, não tinha toda essa força, para não dizer que seriam lentos e com toda certeza aquela coisa os pegaria antes de afastar-se o suficiente.

Percebendo o movimento da calda antes que pudesse pegá-los, Frisk empurrou os dois garotos para baixo, ela mesma não conseguindo esquivar-se a tempo para evitar que o alongado membro a acertasse no estomago, saliencia das vertebras perfurando-lhe a carne antes de finalmente lançá-la para a parede de um dos prédios ao redor, sua cabeça acertando com força os tijolos forçando pontos negros em sua visão até finalmente sua consciência escorregar. Ela poderia jurar que escutou Lance gritar ao longe, assustado.

Novamente o puxão e ela estava de volta, de frente para a criatura que agora piscava em confusão.

Cambaleando para fora do estado nebuloso de seu segundo save naquele dia, Frisk procurou começar a puxar os dois garotos novamente, apenas para sentir como Lance empurrava-se para fora de seu pânico de forma antecipada, agarrando-a pelo braço para começarem a correr. Em um piscar rápido, Frisk viu a criatura sacodir a cabeça, novamente movendo a cauda em sua direção. Dessa vez, porém, ela foi mais rápida, e conseguiu empurrar não apenas os garotos como ela mesma para o chão, sentindo a passagem assustadoramente perto da calda por sobre sua cabeça.

Patas ossudas bateram furiosamente sobre o concreto novamente, causando ainda mais sulcos na rua, enquanto a própria criatura rugia em resignação. Frisk apenas poderia supor que ela estava ficando cada vez mais frustrada por não poder acertá-los como queria e não seria ela a dar-lhe essa satisfação também.

Erguendo a cabeça um pouco, a criatura os observou com atenção enquanto tentavam se levantar, dando-os escassos segundos de vantagem antes de abaixar seu fossinho para eles, presas separadas perigosamente com a evidente intenção de mastigá-los vivos. Porém, Lance foi mais rápido, ele deve ter percebido a aproximação e pulou para o lado junto ao garoto que havia arrancado dos braços de Frisk, em questão de força ele tinha mais, poderia carregar o garoto enquanto Frisk faria mais esforço para tal, puxando-o junto em seu salto enquanto empurrava Frisk para o outro lado, distanciando-os o suficiente para que a boca da criatura acertasse o chão, deixando-os ilesos.

Foi notável, no entanto, que a dor em seu fossinho não tinha alegrado em nada o humor da besta, batendo novamene suas garras ao chão enquanto sacodia a cabeça. Agora, Frisk estava separada dos outros dois pelo corpo da criatura, não teria meios de que se juntassem novamente, não com aquela coisa ainda lá.

Seus olhos pousaram em Lance por uma fração de segundos, seus pensamentos passando rapidamente para ele apenas na interpretação de seu olhar. Frisk nunca foi tão agradecida pela forma fácil como Lance poderia compreende-la sem o uso exato de palavras.

- Não vou deixar você aqui! - ele gritou, desesperado, seu corpo posto na frente do garoto que continuava a chorar assusado, agarrando-o pela camisa. Ele recuou um pouco mais, afastando-se das garras que ainda debatiam-se constantemente contra o chão. - Você não pode enfrentar essa coisa sozinha, Frisk! Nem mesmo a polícia conseguiu pegá-lo!

- Eu vou apenas distraí-lo para você ir! Eu sou mais rápida que vocês e minha magia me dá uma vantagem a mais do que vocês! Então vá antes... - era tarde, a criatura tinha recuperado de sua tontura por bater a cabeça e agora focava seus ferozes olhos azuis reluzentes nos dois garotos, despreparados e certados por um prédio atrás deles.

A criatura ergueu uma de suas patas dianteiras, bem preparada para acertá-los como um brinquedo de cachorro, com força o suficiente para matá-los apenas com isso. Frisk sabia que se não fizesse qualquer coisa para chamar a atenção da besta, seu amigo já era, seus pensamentos trabalhando tão rápido quanto podia, abaixando-se para tocar no chão, espalhando toda a magia que conseguia por ele, erguendo o concreto em uma onda continua até a outra pata de apoio da besta, derrubando-o pela falta de equilíbrio.

- Vai! - gritou para Lance, mais uma vez, aproveitando-se dos desnortear da criatura por ter caído. O moreno ainda hesitou por meros segundos, encarando-a de forma desesperada antes de finalmente segurar o pulso do garoto a lamuriar em suas costas, arrastando-o por um beco estreito que tinha não muito distante, bem no momento em que a besta voltava a se erguer, olhos furiosos agora direcionados para Frisk.

Ela esperou de tudo, desde um golpe com a calda larga como uma tentativa de uma mordida, porém, quando a besta abriu a boca em sua direção e uma enorme onda de magia apertou o ar a sua volta, trazendo em seguida uma enorme explosão de luz que a incinerou por completo muito antes de conseguir, se quer, preparar-se com um escudo ela apenas poderia ser dita como surpresa.

Sua alma foi puxada de volta no tempo e logo ela estava novamente observando Lance correr para longe. A sensação anterior sendo estranhamente familiar para ela, sua incineração, a queda rápida de seu HP a cada segundo que o extrondoso feixe de luz a cobria como um canhão de devastação... Tudo era demasiadamente familiar aos Gaster Blaster de Sans para ser apenas coincidência.

Saltando para longe do tiro, observando com horro como um enorme buraco atravessava por completo todo um prédio, Frisk finalmente conseguiu perceber, junto ao sacolejar incessante de cabeça da criatura que, apenas agora, ela poderia assossiar a um estranho gonhecimento sobre os saves, que o crânio recobrindo a cabeça da besta era extremamente semelhante aos crânios animalescos que Sans usava em alguns de seus ataques. Não poderia ser apenas coincidência, poderia?

A criatura que por tanto tempo assombrou a cidade em momentos indeterminados de tempo, variando a cada redefinição, expreitando-se na noite e com o que parecia ser um estranho conhecimento sobre os saves estaria relacionado com os Skeltons de alguma maneira? Pensando bem, poderia ser uma explicação para a mensagem que Gaster a havia enviados, minutos antes de topar-se com aquela coisa. Ele saberia sobre ela, a conheceria, mas como? Seria um de seus experimentos? Mas onde ele poderia escondê-lo? Frisk já tinha estado em praticamente todos os locais da cidade. Nenhum seria grande e discreto o suficiente para manter algo daquele tamanho e daquela fúria em segredo. E outra, por que Gaster faria uma criatura dessas?

Esquivando-se de mais uma enorme pata em sua direção, Frisk viu-se tropessando em um dos sulcos profundos feitos pela criatura, seu tornozelo torcendo-se dolorosamente enquanto caia ao chão. A dor latente pulsou por sua perna e ela sabia que seria complicado mover-se agora, fazendo-a lamentar nunca ter tido o interesse em aprender algum tipo de magia de cura, mesmo que apenas para casos assim.

O bufar em seu rosto chamou-lhe a atenção e, com o sangue congelado em suas veias e a nítida sensação da morte esgueirando-se por seu corpo, ela ergueu o olhar de seu tornozelo torcido em um angulo estranho para observar o rosto da criatura bem próximo ao seu, presas molhadas em vermelho ligeiramente abertas, ameaçando por devorá-la.

Foi por segundos, Frisk ergueu seu rosto o suficiente para conseguir topar-se com os olhos da criatura, tão próximos que via mais do que um brilho ofuscante de azul. Ela poderia ver sua forma, a selvageria que lhe percorria. Ela podia ver o riscado animalesco de suas pupilas, as leves nuances de azul que brilhavam na iris. Era como olhar nos olhos de um animal, um predador pronto para dar o bote, mas, por trás de toda aquela selvageria e insanidade, ela conseguiu perceber algo familiar. Foi apenas um sentimento, alastrando-se por seu corpo, perfurando sua alma, um reconhecimento de magia em sua alma que a fez estremecer dos pés a cabeça.

Ela não poderia acreditar, mas o nome estava na ponta de seus lábios, surpresa escorregando por sua mente. Não era possível, como...

- Sans?


Notas Finais


Sim, sim, eu deixei um suspense no final. Próximo capitulo vocês vão entender tudo melhor. E cara eu tenho que começar a trabalhar nele rápido para poder escrever um pouco do especial que preciso da Chara. Ele vai informar algumas coisas sobre ela, dar uma introdução a uma parte da história que tem mais foco nela e dar um pouco mais de Chariel a história.
Espero que tenham gostado! Eu não sei ainda como introduzi tão bem o Lance nessa loucura toda, mas aqui estamos! Até o próximo!
Cara, 40 capitulos, puta merda, nunca imaginei chegar a isso tudo. E ainda falta muito mais!


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