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História Future Days - Love ain't love until you feel it


Escrita por: AnneBuckley

Notas do Autor


Não vou me prolongar hoje, mas espero que vocês gostem.
Boa leitura!

Capítulo 18 - Love ain't love until you feel it


Fanfic / Fanfiction Future Days - Love ain't love until you feel it

Nova York, 17 de Março de 1992.

Angie’s POV

Mantive meus olhos fechados enquanto espreguiçava meu corpo, acordando lentamente de um dos melhores e mais tranquilos sonos que eu já tive. Apalpei o espaço vago ao meu lado na cama e abri os olhos, percebendo que Ed não estava comigo. Procurei o relógio na minha cabeceira vendo que mal passavam das seis da manhã e franzi o cenho. Ouvi um barulho vindo do banheiro e ele saiu pela porta, completamente adorável com o rosto amassado, seus cabelos bagunçados e coçando os olhos inchados de sono.

- Droga, eu não queria te acordar. Me desculpe. – ele falou com sua voz rouca ao me ver desperta. Apenas sorri e estendi minha mão para ele, vendo-o andar na minha direção e se deitar ao meu lado. Ed envolveu seus braços na minha cintura, me puxando para perto dele e beijou minha nuca e meus cabelos, respirando profundamente enquanto sussurrava: – Bom dia, Gigi.

- Bom dia, Ed. – respondi preguiçosa, sorrindo ao sentir ele se encolher abraçado em mim. Ficamos deitados daquela maneira por algum tempo, mas pelo ritmo da sua respiração na minha nuca, eu podia dizer que ele continuou acordado, assim como eu.

Eu queria ficar assim pelo resto da minha vida, mas quando os ponteiros do relógio marcaram 8:00 horas da manhã, eu não pude mais adiar o fato de que eu precisava me levantar e arrumar minhas coisas para voltar a Seattle.

Suspirei pesadamente e comecei a me levantar, mas Eddie gemeu em frustração e me puxou de volta para ele, se agarrando contra o meu corpo com seus braços e pernas como se ele fosse um coala enquanto fazia um beicinho, me fazendo rir do seu jeito infantil.

Me virei na sua direção com dificuldade, ainda presa nos seus braços e pernas, vendo seus olhos azuis brilharem límpidos na minha direção e sorri, dando um selinho no seu beicinho, sussurrando: - Eu preciso levantar.

- Não precisa, não.

- Eu tenho que arrumar minhas coisas. Meu avião sai em poucas horas e eu não posso perder esse voo. – tentei, sem sucesso, pois ele não me soltou. – Por favor, Ed! Eu não quero perder meu emprego. – pedi suplicante e ele suspirou frustrado, finalmente me soltando para que eu me levantasse. Sorri ao vê-lo enterrar seu rosto no travesseiro e ergui meu corpo, vestindo minha calcinha ao me levantar. Fui andando pelo quarto, pegando as peças de roupa espalhadas pelo local, separei uma roupa para usar na viagem e comecei a arrumar minha mochila.

Ao terminar, fui até o banheiro, fiz minha higiene matinal e em seguida tomei uma ducha rápida. Me sequei e vesti a roupa que eu usaria para viajar, prendi meu cabelo em um coque alto, fiz uma maquiagem leve nos olhos e saí do banheiro encontrando Eddie sentado na cama com suas mãos nos bolsos. Ele olhava atentamente para as suas botas, já vestido com a mesma roupa que ele usara na noite anterior. Seus cabelos bagunçados estavam agora escondidos dentro do boné, fazendo com que ele parecesse 10 anos mais jovem do que realmente era e não pude deixar de sorrir com aquela cena.

- Espero não ter demorado muito. – eu falei, me aproximando dele, que ergueu o rosto, sorrindo timidamente para mim.

- Ah não, você foi bem rápida, na verdade. – ele respondeu, tirando as mãos dos bolsos e ficando de pé. – Eu posso te acompanhar até o aeroporto?

- Não precisa, Ed. É fácil chamar um táxi aqui e eu tenho certeza de que você está cheio de compromissos hoje.

- Os compromissos podem esperar. – ele deu de ombros. – Eu faço questão de te levar... se você quiser, é claro.

- Eu quero. – respondi, sorrindo com o seu jeito desconcertado. Ele mal parecia aquele Ed que me agarrava e me impedia de levantar da cama há 40 minutos atrás, agora assumindo uma postura retraída, como se não soubesse como dar o próximo passo. Notei que ele mexia os dedos nervosamente e estendi minha mão, segurando em uma das suas carinhosamente. Ele olhou para os nossos dedos entrelaçados e olhou para mim em seguida, abrindo um sorriso.

Peguei minha bolsa e Eddie insistiu em levar minha mochila, me fazendo revirar os olhos e rir. Ele me acompanhou até a recepção do hotel, onde eu fiz o check-out antes de chamar o táxi e já no caminho para o aeroporto, Ed me contou sobre a nova turnê que a banda estava prestes a iniciar. Ele agora falava animadamente de um grande evento gratuito que o Pearl Jam havia planejado para daqui há dois meses, que contaria com várias outras bandas além deles próprios e aconteceria no Gas Works Park, em Seattle.

Estávamos tão entretidos na nossa conversa que quando percebemos, já estávamos chegando no aeroporto. Saltamos do veículo e ele me acompanhou até o saguão, o tempo parecia passar voando. Notei seu desconforto ao ser reconhecido por algumas pessoas no local e ri da sua falta de jeito.

- Acho melhor me despedir antes que você cave um buraco no chão e desapareça. – brinquei, fazendo ele rir sem graça.

- Eu nunca vou aprender a lidar com essas coisas. Eu sou só um cara normal, não há nada de interessante nisso. – ele desabafou.

- Bom, eu não posso concordar com você. – falei sorrindo, vendo-o ficar corado com meu comentário. Me aproximei abraçando-o apertado e dando um beijo na sua bochecha, não querendo chamar mais atenção para ele com demonstrações públicas de afeto. Nos despedimos discretamente e eu segui para a sala de embarque. Antes de entrar, olhei para Ed que ainda estava parado me observando e sorri ao vê-lo acenar para mim. Acenei de volta e tudo o que eu queria era vê-lo novamente logo.

 

Seattle, 20 de Abril de 1992.

Narrador

Mais de um mês havia se passado desde o acontecido em Nova York. O Pearl Jam havia iniciado sua turnê americana e a agenda dos integrantes ficava cada vez mais apertada, com entrevistas e aparições na TV. Ganharam ainda mais foco na última semana, depois da participação no Saturday Night Live, que era um programa de grande sucesso no país inteiro.

Angie e Eddie haviam se falado poucas vezes, pois seus horários acabavam se desencontrando na maioria das vezes. Eles não chegaram a falar diretamente sobre a noite que passaram juntos, deixando o assunto suspenso temporariamente. A mulher sentia falta do cantor, mas sabia que ele estava tendo seu momento e queria que ele aproveitasse ao máximo todas as oportunidades que ele estava tendo.

Hoje, Chris e Susan estavam dando uma festa de boas vindas ao novo lar do casal, que finalmente havia trocado seu apartamento por uma casa maior, onde poderiam sempre receber os amigos. Angie chegou na casa que já estava cheia de amigos e conhecidos, indo diretamente para a cozinha, onde encontrou os donos da casa conversando animadamente com Ben, Kim, Matt, Penny, além de Laney e Sean do Alice in Chains.

- Eu achei que havia sido convidada para uma “pequena reunião”, mas Seattle inteira está reunida dentro dessa casa, pelo visto. – ela brincou, fazendo todos notarem sua presença e rirem do seu comentário. Chris correu até a prima, abraçando-a.

- Começou como uma pequena reunião, acredite ou não. Tivemos que vir proteger as bebidas para que você não ficasse sem nenhuma. – ele disse, entregando uma cerveja para a ruiva.

- A primeira parte é verdade. Quanto às bebidas, temos que protegê-las do Chris, você sabe. – Susan falou risonha.

Angie rapidamente engatou uma conversa com os amigos, rindo de algumas histórias que eles compartilhavam. Depois de algumas garrafas de cerveja, com todos mais animados por conta do álcool, Penny puxou a irmã pela mão, virando-se para o namorado e os amigos.

- Pelo visto, os anfitriões não estão querendo se misturar com o restante dos convidados, mas eu me cansei de olhar para a cara de vocês. Vamos dançar, sis!

- Nada disso, a gente vai dançar também! – Matt falou, e Chris concordou completando:

- Você vai continuar olhando para a nossa cara feia. – disse, antes de puxar sua esposa. Todos seguiram para a sala, onde os móveis haviam sido afastados, transformando o cômodo em uma pista de dança improvisada. Angie e Matt começaram a tentar constranger Penny, fazendo passinhos de robô mal feitos e a loira cobria o rosto com as mãos em negação, rindo.

Estavam se divertindo e dançando animadamente, quando para a surpresa de Evangeline, Eddie chegou na casa de Chris, juntamente com Stone, Jeff, Mike e Dave. Ele tinha um sorriso discreto nos lábios enquanto olhava diretamente para ela, que sorriu de volta, fazendo seu caminho em direção aos amigos recém-chegados. Os dois não se viam há mais de um mês e a ruiva precisou resistir a vontade de correr e pular nos braços do cantor, afinal, além da discrição que já era comum por parte dele, os dois sequer haviam conversado sobre como seriam as coisas entre eles depois da noite em Nova York.

Ela recebeu um abraço saudoso de cada um dos amigos, sendo o último de Eddie, que timidamente envolveu seus braços na cintura dela, capturando-a em um abraço apertado. Eles conversaram rapidamente e a chegada surpresa foi esclarecida como a tão sonhada semana de descanso, que foi conquistada de última hora.

Logo, os integrantes do Pearl Jam, incluindo o vocalista, foram puxados para uma conversa com os membros do Soundgarden a respeito dos shows que fariam juntos. Eddie lançou um olhar de desculpa para Angie, que sorriu compreensiva antes de sair em direção a área externa, a fim de fumar um cigarro. O local era separado da sala por largas portas de vidro, que estavam abertas para que todos pudessem transitar tranquilamente e assim que chegou, a ruiva avistou Jerry sentado na borda da piscina, fumando seu baseado.

- O que você faz aqui, pequeno delinquente? – ela questionou, se aproximando e ouvindo-o rir do que ela disse.

- Bom, estou sendo um delinquente, só para variar. – ele respondeu, mostrando o cigarro e oferecendo-a. – Esteja a vontade para participar, madame.

- Obrigada, mas hoje eu não estou muito no clima. Vou só tomar algumas cervejas e relaxar, mas se você não se importar, eu vou me aproveitar da sua companhia. – comentou, sentando-se ao lado do loiro quando ele indicou o local vago.

- Você mudou de ideia e resolveu finalmente deixar seu orgulho de lado para se aventurar comigo? – ele brincou, arrancando uma gargalhada dela. – O que? Eu garanto que fortes emoções te esperam aqui, gatinha. – falou enquanto abria os braços, mostrando a si mesmo.

- Você se dá crédito demais, Jerry. – ela comentou, ouvindo ele exclamar ofendido enquanto ela acendia um cigarro.

- Com uma amiga igual a você, minha autoestima está a salvo.

- Sua autoestina não corre riscos. Você sempre cuidou muito bem dela. – Angie falou sorrindo. – Mas para não dizer que eu sou má, vou confessar que você tem um beijo gostoso.

- Droga, baby, eu avisei para você não se apegar! – ele falou com um tom de pesar, ouvindo-a rir e rindo junto.

- Viu só? Autoestima intacta. – a ruiva piscou para ele, dando um trago no seu cigarro.

 

Eddie’s POV

Pelas portas de vidro da sala de Chris, eu tinha uma visão bem ampla da área externa da casa, mas o que capturava minha atenção era a figura ruiva sentada na borda da piscina. Ela parecia estar em uma conversa animada com Jerry, que havia se tornado um bom amigo para mim desde que dividimos o porão do Kelly há mais de um ano atrás. Eu refleti sobre me aproximar deles ou não, me dando conta do quanto ela estava me deixando nervoso naquele momento.

Por mais idiota que o fato de ficar nervoso e ansioso só com a idéia de me aproximar da minha melhor amiga soasse, ela era a única pessoa que tinha a capacidade de me deixar naquele estado. Eu me sentia um adolescente apaixonado novamente.

- Cara, tente disfarçar. Até eu estou ficando constrangido. – Jeff falou, surgindo ao meu lado.

- Eu não sei do que você está falando. – disfarcei, bebendo um gole da minha cerveja.

- Qual é, Ed! Você está encarando tão fixamente que estava praticamente rastejando. Ela não te pegou no flagra ainda, mas se você continuar assim, não vai durar muito tempo.

- Você está exagerando, Jeff. – me defendi, mas antes que eu me desse conta, já estava olhando na direção de Gigi novamente. Como se pudesse ouvir a nossa conversa, ela olhou na nossa direção, capturando meu olhar. Desconcertado por ter sido pego no flagra, desviei o olhar para Jeff, que a essa hora, já estava rindo da minha cara de idiota, que devia estar vermelha feito um pimentão.

- Quem avisa, amigo é. – ele disse, dando de ombros.

Como se não fosse o suficiente, Stone chegou e se juntou ao Jeff para perturbar minha paz. Quando os dois finalmente se calaram, eu percebi que meu amigo me observava como se quisesse dizer algo. Eu suspirei e olhei de canto para ele.

- O que foi, Stone?

- Antes que você fique bêbado e comece a dar vexame, você quer me contar o que rolou entre você e a Angie para você estar agindo assim? – ele perguntou e eu senti meu rosto queimar novamente. Apesar deles serem meus amigos, eu não havia me sentido confortável para falar com ninguém sobre aquilo até o momento –  principalmente com Stone, que foi o namorado dela por tanto tempo. Stone e Jeff trocaram um olhar significativo e eu limpei a garganta antes de falar.

- No-nós... meio que ficamos juntos... em Nova York. – gaguejei.

- O QUE? – os dois gritaram juntos e lancei meu melhor olhar de fúria para os dois, que pediram desculpas e abaixaram o tom de voz.

- Defina “ficaram juntos”? – Jeff pediu, cruzando os braços com uma mão no queixo, pensativo.

- Juntos, como duas pessoas... juntas. – eu estava muito desconcertado de ter aquela conversa, puta merda.

- Duas pessoas juntas vestidas ou peladonas? – foi a vez de Stone perguntar. Pela sua expressão, dava para notar que ele estava tirando sarro do meu estado e aquilo me deixava ainda mais nervoso.

- Nós transamos, ta legal? – falei baixo, soando quase desesperado, para que só os dois ouvissem. – Era isso que vocês queriam saber?

- E vocês ainda não conversaram a respeito disso? – Jeff me olhou assustado.

- Nós ainda não tivemos a oportunidade. Eu nem sei o que eu deveria falar, na verdade. Pode ter sido só uma noite para ela e eu tenho medo de me precipitar. – desabafei, vendo Stone revirar os olhos e suspirar cansado.

- Cara, você conhece a Angie, tanto quanto nós. Você acha mesmo que ela sai por aí dormindo com os amigos só por diversão? – ele perguntou e eu neguei com a cabeça, bebendo mais um gole da minha cerveja. Eu sabia que ela levava suas amizades muito a sério. – Então converse com ela ao invés de ficar olhando de longe e agindo como um adolescente sonhando com o seu amor platônico. 

- Você não precisa chegar tocando no assunto logo de cara. Converse sobre qualquer coisa... Mostre interesse em estar perto dela, isso já é um começo. – Jeff aconselhou e Stone concordou com a cabeça. Nesse momento, Angie e Jerry atravessaram a porta entrando novamente na casa e ela foi em direção a cozinha, enquanto ele foi para a pista de dança. Eu acho que essa era a minha oportunidade. Olhei para os dois, que me deram tapinhas encorajadores antes que eu fosse em direção a cozinha. Por sorte, não havia ninguém no cômodo além dela, que pegava uma cerveja no freezer.

- Meus amigos apostaram comigo que eu não seria capaz de iniciar uma conversa com a garota mais bonita dessa festa e eu estive pensando... O que você acha de comprarmos algumas bebidas com o dinheiro? – eu tentei ser engraçado, mas me arrependi assim que abri a boca. Que cantada de merda foi essa, Eddie Vedder? Para a minha sorte, ela olhou para mim com aqueles olhos de chocolate e começou a rir verdadeiramente, tirando uma segunda cerveja do freezer antes de fechá-lo.

- Você pode salvar o dinheiro para mais tarde. Podemos aproveitar bebidas de graça por enquanto. – ela respondeu, me entregando uma garrafa e entrando na brincadeira, o que me deixou mais aliviado. Olhando ela ali na minha frente, parte de mim queria tanto agarrar Angie, beijar sua boca e nunca mais soltá-la, mas eu não sabia como ela reagiria, então eu engoli seco, tentando parecer neutro.

Brindamos com nossas garrafas silenciosamente e eu assisti ela beber sua cerveja como se aquela fosse a verdadeira visão do paraíso.

- Então... – ela quebrou o silêncio depois de um tempo. – Vocês chegaram em Seattle hoje?

- Sim. Viemos praticamente do aeroporto direto para cá.

- Você deve estar cansado da viagem, não?

- Eu estou mais dolorido do que cansado, na verdade. Algumas horas dentro de um ônibus e mais algumas dentro de um avião podem ser bem desconfortáveis. – eu respondi, coçando a nuca. Ela sorriu com compaixão e quando abriu a boca para me responder, uma Penny um pouco nervosa invadiu a cozinha, interrompendo nossa conversa.

- SIS! Preciso de reforços. O Chris bebeu demais, discutiu com a Susan e se trancou no banheiro do andar de cima. Ele tá passando mal e disse que só você vai poder entrar lá. Acho melhor você tentar tirar ele de lá antes que ele quebre tudo e se machuque.

- Ai merda. – Angie sussurrou preocupada antes de olhar para mim.

- Tudo bem, Gigi, vai lá. Eu vou junto e fico no corredor, caso você precise de ajuda. – falei e ela concordou comigo.

 

Narrador

Angie subiu as escadas acompanhada de Penny e Eddie. A ruiva chegou na batente do banheiro e chamou por Chris, que não demorou a destrancar a porta, deixando-a entrar. Pen e Ed ficaram no corredor do andar junto com Matt e Susan, esperando que a mulher conseguisse acalmar seu primo.

Depois de quase meia hora, Chris finalmente saiu do banheiro, tonto e apoiando seu peso em Angie. Eddie correu para ajudá-la e Matt acompanhou. Os dois levaram o amigo até o quarto, onde o ajudaram a se deitar. Angie deu um sermão no primo e praticamente ordenou que ele conversasse com Susan. Ele concordava parecendo uma criança contrariada que levava bronca dos pais, mas no final tudo foi resolvido e o casal se entendeu.

Os quatro deixaram que Susan e Chris ficassem a sós e desceram as escadas em direção a sala novamente, quando a ruiva foi puxada por um Jerry animado e já bêbado.

- Eu estava te procurando, ruivinha! Está tocando a nossa música! – ele dizia rindo, fazendo com que ela risse junto ao reconhecer “I Touch Myself”. Jerry puxou Angie para dançar enquanto eles tiravam sarro um do outro. Aquilo era uma brincadeira entre os dois e eles não tinham nenhuma malícia de verdade, mas Eddie não interpretou daquela forma.

Jerry parou de dançar e olhou para um ponto atrás da ruiva, olhando para ela em seguida.

- Eu acho que o Ed não gostou da nossa brincadeira. Ou eu fiz alguma besteira e não notei. – ele comentou, pensando se tinha agido de maneira desrespeitosa com a ruiva e se sentindo culpado, pois ele sabia que conseguia ser um bêbado sem noção as vezes. Angie olhou para trás, vendo Eddie sair pelo jardim e voltou a olhar para o amigo na sua frente, sorrindo suavemente.

- Não se preocupe, Jer, você não fez nada de errado. Eu vou conversar com ele e saber o que aconteceu, tudo bem? – ela perguntou, vendo o loiro afirmar com a cabeça e saiu em busca de Eddie. O encontrou perto da piscina, olhando para a água, com os braços cruzados.

- Hey, ta tudo bem? – ela perguntou, olhando-o confusa.

- Eu estou ótimo. – ele respondeu seco. – Pode voltar para os braços do Jerry, não se preocupe comigo.

- Do que você está falando? O Jerry é meu amigo, Ed.

- Você não me deve explicações, Angie. – cuspiu as palavras com fúria e hostilidade, fazendo o rosto da ruiva se contorcer em confusão. – Você é livre. Vá curtir sua festa. É melhor do que perder seu tempo com um fracassado como eu.

- Fracassado? De onde você está tirando essas coisas? – ela perguntou, soando preocupada.

- É o que eu sou, goste você ou não! Um fracassado que vivia na porra de um galpão de ensaio até pouco tempo atrás, que mal tem dinheiro pra comprar algumas roupas, que não tem um diploma de faculdade ou a merda de uma educação decente e que passa mais tempo na estrada com uma banda do que em casa.  Minha maior conquista foi conseguir pagar um aluguel compartilhado. Eu posso enumerar essas merdas a noite inteira, para te mostrar que eu não tenho nada para te oferecer. Você merece algo melhor do que isso.

- A única pessoa que pode dizer o que eu mereço ou não, sou eu. – ela se alterou, parecendo magoada. – Eu não sei de onde vieram essas suas ideias, mas eu pensei que você me conhecesse o suficiente para saber o que é realmente importante para mim. Todas as coisas que você listou, continuam sendo irrelevantes para mim. Aparentemente você não me conhece nenhum pouco. – encerrou sua fala, se segurando ao máximo para não derrubar nenhuma lágrima na frente dele e manter sua dignidade intacta. Então ela virou as costas, entrando na casa para se despedir dos amigos antes de partir. Sua noite havia sido oficialmente destruída.

Eddie continuou de pé, olhando para a piscina pelo que lhe pareceram horas, se amaldiçoando por ter colocado tudo a perder justo quando eles estavam tão perto de se entender. Sua baixa autoestima e sua auto depreciação sempre renderam discussões quando os dois estavam juntos na adolescência, mas ele sabia que com a chegada da vida adulta, seus questionamentos e cobranças a si mesmo haviam tomado proporções mais graves e que deveriam ser cuidadas. Ele nunca quis ferir Angie, mas continuava a machucando mais do que qualquer outra pessoa.

Suspirou e passou as mãos pelo seu rosto, se sentindo um verdadeiro inútil. Voltou para dentro da casa a procura de Angie, mas ao procura-la, descobriu através de Penny que a ruiva já havia partido.

 

Angie’s POV

Eu andava pela calçada me permitindo chorar tudo o que eu segurei na casa de Chris. Eu não conseguia entender o que havia acontecido para que Eddie agisse daquela maneira comigo e a primeira coisa que me veio em mente foi: Ele se arrependeu do que havia acontecido entre nós. Isso explicaria o pouco contato que ele manteve nesse período, além dos fatos de nunca mais ter tocado no assunto de Nova York ou de mal ter conversado comigo durante a festa.

Eu estava quase chegando em casa quando senti um aperto firme no meu antebraço, me impedindo de continuar andando. Me virei pronta para me defender de quem quer que fosse, mas me deparei com a figura de Eddie ofegante, como se tivesse acabado de correr uma maratona, me olhando com o remorso estampado no seu rosto.

Senti suas duas mãos irem de encontro ao meu rosto, secando minhas lágrimas, enquanto ele me olhava parecendo se sentir cada vez mais culpado.

- Por favor, Gigi, me desculpe. As minhas malditas inseguranças... Elas estão sempre me tirando o que há de melhor em mim. Me perdoe se eu te machuquei. Isso não é sua culpa, nunca foi. – ele dizia, parecendo aflito.

- Eu também tenho as minhas inseguranças, Ed. Mas eu não uso elas para afastar as pessoas que se importam comigo. – desabafei, vendo-o recuar.

Olhei para Eddie e ele passava a mão pela nuca, parecendo se punir mentalmente. Continuei observando-o em silêncio, percebendo que algo se passava na sua cabeça, vendo suas bochechas assumirem uma coloração avermelhada. Então ele limpou a garganta e olhou para o seu coturno, como se fosse a visão mais interessante do mundo naquele momento, enquanto falava em um sussurro.

- Tudo o que eu queria era ser bom o suficiente para você.

- Mas você é, Ed! Você sempre foi bom o suficiente para mim. Bens materiais nunca ditaram o que vale a pena para mim e não é uma bermuda rasgada no traseiro ou um maldito diploma que vão alterar a minha percepção  a respeito disso. – falei, olhando-o seriamente enquanto buscava seus olhos. – Eu só te peço que você seja honesto comigo caso isso – apontei para nós dois – não seja o que você quer, porque eu sei o que eu quero e eu sei que é você. – falei, vendo-o levantar os olhos para mim, enquanto sua expressão suavizava e um pequeno sorriso tímido começava a brotar no canto dos seus lábios.

- Gigi... – ele me chamou e pausou por um momento, como se estivesse ponderando a escolha das suas próximas palavras, assumindo uma postura ainda mais tímida e retraída enquanto falava com a voz suave. – Você sabe que eu sempre disse que a música salvou a minha vida, não sabe? – ele me perguntou e eu afirmei com a cabeça. Eu sabia. – Sabe, quando eu te conheci, eu tive a sensação de estar ouvindo uma música pela primeira vez e ter a certeza de que aquela seria a minha música favorita. Você foi a música que me salvou, Angie, que mudou a minha vida e que fez com que eu continuasse de pé. Você me tocou, ainda sem ter me tocado. É por isso que você está nas canções que eu escrevo, porque eu te vejo e consigo ouvir as suas melodias, não existe lugar mais certo para você estar. – borboletas se agitaram no meu estômago ao ouvir o que ele dizia, vendo-o segurar minhas mãos, me olhando com um sorriso singelo. – Eu fui tão idiota por ter ficado com medo de te dizer isso, porque escondendo o que eu sinto, eu fiz com que você pensasse que eu não te quero, quando a verdade é que você é tudo o que eu mais quero nesse mundo. – com a mão livre, ele colocou meus cabelos delicadamente atrás da minha orelha, conectando suas orbes azuis aos meus olhos, como se me permitisse ver sua alma. Ele deu mais um passo na minha direção e nesse momento, meu coração já batia violentamente no meu peito. - E só para não continuar cometendo o erro de deixar algum sentimento ou palavra não dita e mal compreendida, eu gostaria de deixar claro que essa é a minha maneira esquisita de dizer que eu te amo e de te pedir para que você seja minha garota. Isso caso  você não me odeie nesse momento. 

E foi ali que eu me derreti enquanto eu observava Eddie tão perto de mim, me olhando com expectativa, como se esperasse minha resposta.

- Mas eu já sou sua, Ed. Desde que você entrou na minha vida, eu nunca fui inteiramente de mais ninguém. – eu sussurrei, vendo os olhos dele marejarem de maneira emocionada. Sua mão deslizou pelo meu rosto e ele segurou meu queixo com delicadeza, pressionando seus lábios nos meus com todo o carinho do mundo. Em seguida, Eddie segurou meu rosto, dessa vez com as duas mãos e aprofundou o beijo, apertando os olhos enquanto sua língua deslizava entre meus lábios pedindo passagem. Entreabri minha boca, permitindo que minha língua tocasse a sua em um beijo terno, calmo, tão diferente do beijo que trocamos no mês passado. Aquele beijo demonstrava toda a saudade que sentíamos, mas nesse, ele tentava demonstrar todo o amor e zelo existente entre nós.

Interrompemos o beijo com um selinho suave e eu me afastei brevemente, abrindo os olhos e vendo-o me fitar com aquele enorme sorriso infantil que eu tanto amava.

- Os seus olhos são como voltar para casa, Evangeline Cornell. – ele sussurrou fazendo com que meu coração se enchesse de amor. Eu sorri suavemente, entrelaçando nossos dedos e o puxei em direção a minha casa, ainda olhando para ele.

- Eu vou te levar de volta para casa, Ed. – prometi, vendo uma lágrima solitária escorrer pelo seu rosto quando ele abriu seu melhor sorriso. Mas aquela não era uma lágrima de tristeza. Nós havíamos reencontrado o nosso lar, enfim.


Notas Finais


A gente passa raiva com esses dois, mas no final se derrete com essa coisa linda.
Espero que tenham gostado!


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