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História Future Letter - Toque


Escrita por: lSayoril

Notas do Autor


Olá gente!
Obrigada a todos que comentaram com carinho e dicas no capítulo passado.
Teremos mais uma MÚSICA nesse capítulo, então, seguindo as regras do site, o LINK está nas notas finais!

Boa leitura para todos e até os comentários, hein? Deixem de preguiça porque fico muito feliz e empolgada para escrever mais xD

Capítulo 8 - Toque


Kakashi suspirou tentando aliviar o entrave que perdurava em sua mente. Embora, ao longo da viagem, tenha tentado relaxar a mente com algumas rápidas lidas nos enredos picantes de seu livro, sabia que era ineficaz. Toda essa história de previsão do futuro o estava deixando muito preocupado. A possibilidade de aquilo ser uma brincadeira já tinha sido descartada de sua mente a um bom tempo e somente duas hipóteses restavam: Primeira, a carta realmente estava sendo escrita por alguém com uma habilidade excepcional e disposta a ajudar em algo que ele não entendia bem o que era; Segunda, tudo isso não passava de uma série de armadilhas e o inimigo estava tentando guiar seus passos de acordo com seus planos. Ele suspirou descrente da segunda hipótese. “Seria muito arriscado para qualquer um”, concluiu ao recordasse que a carta foi deixada em seu livro. O ninja suspirou e aconchegou as mãos nos bolsos a fim de aquece-las. Desviou o olhar do céu nublado para o portão que podia ver ao longe.

Finalmente estavam chegando a Konoha.

-O que é... isso tudo? – Maya indagou com uma pausa dramática enquanto seus olhos exploravam espantados a segurança na entrada de Konoha. A entrada estava fechada por uma grande porta de madeira e, ao longo de toda extensão do muro, ela podia ver numerosos ninjas.

-É um cordão sanitário para conter o vírus. – Sakura respondeu-a baixando o olhar. - Ninguém entra, ninguém sai. Ordens de Tsunade-sama... – Comentou seguindo a caminhada até a porta. Uma parte de si queria gritar ali mesmo e correr até sua casa para se certificar que estava tudo bem. O que estava acontecendo com sua vila? Seus pais estavam bem? A menina suspirou nervosa e, acelerando os passos, tomou a frente do grupo.

Kaori observou a jovem menina atentamente. Mesmo que Sakura tentasse não demonstrar verbalmente, seus gestos eram transparentes e deduzíveis: A forma como seus olhos desviaram da visão de Konoha, a forma como ela cerrou os punhos e a forma como seu caminhar se tornou mais tenso e pesado... tudo isso indicava que as coisas talvez tenham avançado mais rápido do que ela esperava. A morena suspirou e desviou os olhos para Maya na esperança de que não fosse apenas ela que estivesse surpresa com aquilo tudo e sentiu-se um pouco aliviada ao ver a amiga segurando a mão de Akyo com firmeza. Maya também estava um pouco assustada.

Não demorou muito até o grande portão de madeira ranger anunciando sua abertura e, logo na entrada, uma figura peculiar estava parada a esperada. Um ninja com vestimenta preta e uma máscara animalesca aproximou-se com uma sacola em mãos. “Um membro da anbu”, Kaori identificou ao recordou-se do que lera sobre Konoha nos dias antes da viagem.

-Hatake Kakashi. Maito Gai.- O anbu cumprimentou-os.- Preciso que todos usem luvas e máscaras enquanto estiverem na Vila. Ordens da Hokage. – Declarou distribuindo os itens de proteção a todos e parou diante de Maya e Akyo. -Nada de contato físico. Evitem contatos se não querem transmitir nada um para o outro. – Alertou fazendo Maya e Akyo entreolharem-se e soltarem as mãos. -São nove e quarenta e três da noite. -Continuou o anbu -Dez horas será anunciado o toque de recolher, mas vocês não devem se preocupar com o alarme. A chegada de vocês já foi anunciada entre os vigias e vocês estão autorizados a andar livremente essa hora.

-Tsunade-sama informou onde encontra-la? – Gai indagou colocando a justa luva de látex.

-Hospital. As ordens da Hokage é que vocês os levem para o hospital. Então... – o anbu declarou curvando levemente a cabeça em despedida para Gai e Kakashi e sumiu saltando entre as telhas das casas.

Kaori ajustou a máscara e a luva enquanto seus olhos exploravam curiosamente a vila. “Deserta” constatou e, acelerando os passos, caminhou vila a dentro junto ao grupo. Desde que haviam entrado em Konoha nada havia mudado muito. Casas de madeiras, algumas luzes acesas e ruas praticamente desertas. O único grupo de pessoas que vira ao longo dos seis ou sete quarteirões que percorreram pareceu extremamente tenso medida que seus caminhos se cruzavam. Kaori tateou a bolsa em sua cintura e olhou o pequeno relógio de bolso: “nove horas e cinquenta e oito minutos... não é tão tarde assim, certo?! Em uma noite normal deveria ter mais pessoas nas ruas”, refletiu guardando-o e voltando a observar com atenção os arredores até que algo preso a uma cerca lhe chamou a atenção.

“AVISO GERAL:

Qualquer comportamento incomum de seu parente encaminhe ao hospital de Konoha com urgência.

Cuide de Konoha, cuide de sua família!”

-Isso... não parece bom, não é? – Akyo indagou e só então a ninja notara que, assim como ela, Akyo e Maya haviam parado para ler o cartaz.

-Parece coisa de filme... –Maya falou com evidente tensão.

...

-Então finalmente colocaram os avisos... – A voz preocupada de Sakura tomou a atenção dos três a poucos passos de distância. - Como disse no caminho, a situação deve ter piorado desde que partimos, ainda ma-...

-SOCOOOORROOOOO! - Uma alarmante voz infantil tomou o ouvido de todos fazendo com que Sakura engolisse a fala seguinte.

“Ao adentrar Konoha uma criança irá clamar por socorro e vocês decidirão deixar os ninjas da nuvem a espera sob a guarda de dois jovens da equipe de Konoha, mas, acredite em mim, isso é um erro! Infelizmente sua equipe não achará o menino a tempo.”

Kakashi e Gai entreolharam-se como se o mesmo trecho da carta tivesse passado por suas mentes. Sabiam exatamente do que se tratava e, como se seus olhos pudessem conversar em silêncio assentiram uma para outro. Estavam decididos sobre o que fazer.

Todos voltaram a atenção para a rua a fim de identificar a direção do grito. – SOCOOORRO! -A voz infantil clamou novamente e todos correram na direção de onde a voz parecia ecoar.

Uma sirene estridente, do que provavelmente era o toque de recolher, ecoou abafando mais um clamor de socorro e os ninjas pararam de frente para duas casas com as portas e janelas arrebentadas.

-O QUE HÁ COM ESSA SIRENE? DESLIGUEM! Droga... – Sakura gritou enfurecida quando se viu incerta para que casa correr.

-Vocês dois – Kakashi falou apontando para Maya e Akyo - Vocês sigam o time de Gai para a casa da direita e você vem com a gente! - Concluiu apontando para a morena ao seu lado. – Vamos!

Kaori assentiu e acelerou os passos ao lado do trio de Konoha. Ao adentrar a casa pela porta já arrombada, Kaori pode sentir a súbita mudança de atmosfera. A residência retinha um ar mais pesado e úmido, como se tivesse sido mantida fechada por muito tempo. Um fraco piscar de luz parecia vir do lado direito e outro refletia na parede da escadaria que levava ao primeiro andar. Na sala de entrada quatro pares de sandálias estavam organizadas na prateleira, duas adultas e duas infantis, uma lilás e uma preta. Uma família morava ali.

            Kakashi sinalizou para Naruto e Sakura se separarem no térreo e os jovens se dispersaram um para cada lado. Kaori focou os olhos em algumas fincas na madeira da parede e, ao julgar pela perfeição do corte, só poderiam ter sido feitas por uma lâmina leve. No chão, logo abaixo das marcas na parede, havia um liquido escuro. “Sangue?” Questionou-se, mas antes que pudesse certificar-se do que havia ali, Kakashi sinalizou para que subisse com ele.

            Kaori seguiu os passos do ninja ao longo da escadaria. Ao alcançar o primeiro andar, pode escutar um leve rangido de madeira, mas não tinha certeza de onde vinha e se fora alguém em movimento ou apenas o estalar da madeira causado pelo frio. Kakashi pareceu não se importar com aquilo e sinalizou para que ela seguisse para o corredor oposto ao dele. Talvez aquilo realmente fosse o estalar natural.

A ninja analisou com atenção o corredor silencioso. “Mais uma marca de faca”, pensou ao passar o dedo enluvado sobre uma nova finca na madeira da parede. Haviam duas portas fechadas. Caminhou atentamente em direção à porta da esquerda e rodou cuidadosamente a maçaneta.

Ao abrir a porta, seus olhos se arregalaram sobre aquela imagem e um calafrio percorreu toda sua coluna até a nuca trazendo um soluço sufocante até sua garganta. Fechou o punho a fim de acalmar-se e percorreu os olhos por todo o recinto. Vazio. Voltou os olhos para a imagem perturbadora à sua frente: Um pequeno abajur cor de rosa iluminava o rosto pálido de uma menina de no máximo cinco anos de idade deitada na cama. Um cobertor agasalhava a menina e era onde três manchas de sangue estavam espalhadas pelo tecido. A ninja aproximou-se lentamente. Não conseguia sentir nenhum chakra vindo dela, aproximou-se mais e tocou levemente a jugular. Nada. Ela estava morta.

Afastou-se do corpo assustada quando seus olhos se ergueram até a cabeceira da cama e encontraram um ursinho de pelúcia branco pendurado na parede por uma faca. “Que droga está acontecendo aqui?”, indagou-se enquanto seus pés ainda recuavam assustados, mas um novo rangido de madeira a fez voltar os olhos para o segundo recinto do outro lado do corredor. Agora ela tinha certeza, realmente havia alguém alí. Sacou uma kunai e a banhou com chakra do vento; assegurou-se de que a máscara estava fixa em seu rosto, saiu do recinto e olhou na direção do corredor de Hatake. Vazio. Haviam quatro portas no lado que ele vasculhava e provavelmente ele estava em algum deles. Decidiu seguir por si mesma e aproximou-se da segunda porta.

-Encontrei você! – Uma voz feminina ecoou e, sem pensar duas vezes, Kaori rodou a maçaneta e abriu a porta.

Ao fundo, próximo à uma porta que abria caminho para outro recinto, uma mulher de roupas ensanguentadas segurava a gola da camisa de um menino de pouco mais de nove anos de idade.  -Solte ele! – Kaori exclamou ao ver a mulher aproximar uma faca de cozinha da garganta do menino. Não daria tempo de alcança-la. Não poderia arriscar lançar uma kunai se a faca estava a milímetros do pescoço de uma criança. Escondeu a kunai por trás do corpo e caminhou lentamente. – Precisamos conversar, então, solte ele por favor. – Kaori repetiu enquanto media cautelosamente seus passos.

-P-por fa-fa-favoor... – O menino choramingou entre soluços – por favor, mamãee...

“mãe?”, Kaori analisou a cena ainda mais perplexa. A mulher que se quer olhara na direção dela era mãe daquele menino. “Esse é o resultado do vírus, então...”, concluiu ainda estonteada.

-FIQUE LONGE! – A mulher gritou enfurecida e Kaori cessou quando a mulher se virou repentinamente para sua direção e ergueu o menino com a faca apontada para as costas.

Os olhos inocentes e banhados em lágrimas olharam como quem suplicasse por ajuda e aquilo a deixou mais angustiada. Desviou dos olhos do menino para os da mãe. Precisava ser racional naquele momento. Os olhos amarelados da mulher atravessaram-na como se pudesse ver através de seu corpo e Kaori sentiu algo fremir em seu íntimo, apertou a kunai que ainda mantinha escondida e iniciou uma nova abordagem. -E-esse é seu filho, não é? – Indagou com a voz ligeiramente trêmula - Eu tenho certeza que alguma parte dentro de você não quer fazer isso. Então, eu vou tira-lo daqui. Ele não vai perturbar mais você, ok? Podemos fazer assim? – Indagou, mas a mulher manteve os olhos gélidos através dela em silêncio.

Um novo rangido surgiu no recinto por trás da mulher e, através da vidraria da porta, Kaori pode ver a sombra turva de Hatake aproximar-se.

-Por que..? – A mulher indagou em um tom apático. -Por que não devo mata-lo? - A mulher completou e um sorriso doentio se formou em seus lábios - Ele não passa de... um verme inútil. – ela riu e impulsionou o braço armado para trás.

-NÃO! – Kaori disparou em direção à mulher doente e seus olhos se arregalaram amedrontados ao fitar a expressão no rosto do menino paralisar e uma mancha de sangue tomar o tecido da camiseta.

Kakashi segurou a mão da mulher impedindo-a de aprofundar a faca. Puxou a mão armada e, torcendo o braço feminino, desarmou-a.

O menino caiu ao chão desmaiado e Kaori instintivamente correu na direção dele. Colocou-o de costas e pode ver uma feriada não muito profunda no lado direito. Se tivesse sorte, não havia pegado em nenhum órgão; se não tivesse sorte, o estômago, um dos órgãos mais problemáticos devido ao ácido naturalmente produzido, poderia ter sido perfurado. Como se seu corpo agisse por conta própria, ela ajustou as luvas em suas mãos e ergueu a blusa do menino. Tocou a região ferida e podia sentir algo alí. Havia sangue na cavidade. Algum órgão havia sido ferido. Concentrou chakra em suas mãos e abriu mais a ferida para aumentar o campo de visão. Havia atingido um dos rins. “Menos mal”, concluiu aliviada e concentrou chakra nas mãos para regeneração do tecido do órgão.

-NÃO TOQUE NELE! NÃO TOQUE, SUA MALDITA! 

Kaori congelou. O que ela estava fazendo? Questionou-se ao se dar contar que já estava no meio de uma cirurgia. Suas mãos começaram a tremer e sua visão embaçou por um segundo.

-SE AFASTE! NÃO OUSE TOCAR NELE OU EU VOU MATA-LA TAM...

A mulher continuava a gritar algo e entre as falas de ódio, Kaori pode escutar Hatake pronunciar algo. “O que ele falava?” Ergueu os olhos até ele, mas seu cérebro não estava processando mais nada daquilo. Voltou os olhos para a ferida e tentou controlar suas mãos e o chakra de cura em sua palma, mas era inútil. Seu corpo estava frio. Seu corpo estava fraco e as lembranças daquele dia vieram à sua mente como um turbilhão de sentimentos tão vivos que seu corpo pareceu ser transportado para o passado.

۞

 [Centro médico da Vila da nuvem - alguns anos atrás]

-POR FAVOR, ALGUÉM ME AJUDE! – Uma mulher gritava em desespero enquanto carregava em seus braços uma criança banha em sangue.

-EMERGÊNCIA! – A enfermeira de plantão gritou deitando o menino na maca.

Kaori correu em direção ao menino desacordado e olhou as vestes coberta de sangue.  Sua fala foi imediata: -Prepare a sala de cirurgia! –  ordenou levando a mão até o pescoço do menino. “Pulsação fraca”, conclui. Rasgou a camisa do menino em busca dos ferimentos. “Duas perfurações abdominais”, constatou.

-Não, não... o que está fazendo? – A voz da mãe ecoou em suas costas e a Kaori pode sentir as mãos frias segurarem seu braço e a puxarem para longe da maca.

Kaori olhou confusa para a mulher que chorava desesperadamente. -Senhora, preciso que se afaste. Vamos precisar entrar em cirurgia agora.

-CIRURGIA PRONTA! – A enfermeira gritou enquanto corria pelo corredor de volta ao alcance da maca.

-Vamos! – Kaori falou tomando a guia da maca e empurrando-a.

-NÃO! – A mãe berrou pondo-se de obstáculo no caminho – NÃO TOQUE NELE! – suplicou em um tom desesperado -SE AFASTE! EU QUERO OUTRA MÉDICA!

- O que está falando? – a das enfermeiras indagou confusa para a mãe.

- Senhora, nós não temos outra médica disponível. Seu filho precisa ser operado agora! – Kaori insistiu.

A mãe percorreu os olhos desesperadamente pelos arredores da recepção. -EU não quero você. Eu não posso deixar você tocar nele! Se meu filho morrer, o que vai acontecer com ele? O que vai acontecer com a alma dele? – Questionou entre lágrimas.

Kaori desviou o olhar para a enfermeira em busca de algum apoio sensato, mas a mulher permaneceu atônica. O que ela poderia fazer? O que ela poderia dizer se não sabia como explicar os boatos que se espalhavam e enraizavam por toda a vila?

-Não! Eu não quero! Me traga outra médica! ME TRAGA OUTRA MÉDICA AGORA!

Kaori voltou os olhos para o menino. Levou a mão até a jugular. A pressão dele estava ainda mais fraca. Voltou os olhos para o lençol na maca e notou que uma poça de sangue já havia se formado ali. Não daria tempo de esperar por outro médico. – Eu não sei quem continua espalhando isso, mas não irá acontecer nada com seu filho só porque o toquei. EU preciso leva-lo para cirurgia agora ou ele vai morrer.

-NÃO!

-GUARDAS! – Kaori exclamou e os dois ninjas que observavam o tumulto ao longe tomaram as rédeas da mãe. Ergueram e a tiraram do caminho.

Kaori empurrou a maca rapidamente junto à enfermeira e entrou na sala de cirurgia. Posicionou o menino próximo ao maquinário necessário.

-Anestesia geral! Ele está acordando. – Kaori solicitou para a anestesista ao fundo da sala ao notar alguns grunhidos de dor.

Higienização. Luvas. Máscara. Toca. Todos os procedimentos básicos e preliminares foram tomados rápido e automaticamente.

-Irei começar a cirurgia. – Kaori declarou reaproximando-se do menino já anestesiado e conectado ao maquinário. “Batimento, pressão e oxigenação baixas”, observou na tela dos equipamentos. Concentrou chakra em suas mãos e abriu o abdômen. -Sucção. – Solicitou para sua auxiliar e pode vê-la inserir o equipamento cuidadosamente. -Estômago e intestino perfurado. Irei abrir mais o campo de visão. – Constatou seguindo o protocolo.

Um baque ecoou na sala e a porta a qual deveria permanecer fechada abriu-se abruptamente.

-AFASTA-SE DO MEU FILHO! – A mãe surgiu correndo em direção à maca e em seguido um dos guardas a agarrou.

- Você é louca, sua maldita...– o guarda resmungou puxando-a para fora da sala de cirurgia e Kaori suspirou nervosamente ao ver a mulher sendo carregada a força para fora. A porta fechou-se em seguida e a ninja fitou para o menino na maca. Sabia que deveria prosseguir com a cirurgia ou seria tarde demais, mas... e se ele morresse? O que ela faria se o menino morresse em suas mãos? O que falaria para a mãe?

-Dra. Sasaki! – A voz de sua auxiliar a despertou. – Você está bem?

Kaori levou os olhos até suas mãos. As mãos que sempre foram firmes e precisas como um bisturi, agora estavam trêmulas e inseguras.

-Kaori-senpai! – A auxiliar mudou para um tom mais íntimo. – Você fez isso milhares de vezes. Não há com o que se preocupar. Nós podemos fazer isso. Ele precisa de você... ele precisa de você agora! – Ela enfatizou quando o bipe dos batimentos alarmou uma alteração.

-Ok... – Kaori respirou fundo na tentativa de se acalmar. Segurou sua mão ainda trêmula por alguns segundos e pode nota-la se estabilizar novamente. “Ele não irá morrer. Eu posso fazer isso.” Repetiu para si mesma. – Vamos voltar ao procedimento. - Declarou e voltou os olhos para os órgãos danificados. Concentrou chakra em sua mão e perfurou delicadamente a pele abrindo caminho para uma visão mais ampla da cavidade. Mais um centímetro. Mais dois centímetros. Mais 3 centímetros para esquerda e seria o suficiente....

-ELE ESTÁ ACORDANDO! - A assistente exclamou surpresa para a anestesista no fundo da sala e Kaori afastou rapidamente quando o menino se debateu contra sua mão.

-Oh meu deus! – A auxiliar exclamou quando um jato de sangue começou a jorrar rapidamente. -Você atingiu uma artéria??

Kaori afastou-se assustada esbarrando contra uma bandeja de equipamentos na mesa próximo à enfermeira. Seus olhos vagaram rapidamente entre todas as máquinas. Pressão, batimentos, oxigenação... tudo estava caindo rapidamente.

-Ele está perdendo sangue rápido demais! – A enfermeira declarou assustada e confusa enquanto se aproximava da maca.

-KAORI-SENPAI – A auxiliar exclamou perdida diante daquele caos que havia se tornado -EU PRECISO DE VOCÊ AQUI! KAORI-SENPAI!

Kaori voltou os olhos para sua auxiliar e, em seguida, para a anestesista que administrava mais uma quantidade desnecessária de anestesia no braço do menino. Voltou os olhos para o maquinário e inspirou profundamente algumas vezes. -Nós precisamos de mais 4 bolsas de sangue e... 2 de plasma! – Kaori ordenou para a enfermeira e suspirou tentando acalmar-se quando a viu disparar para fora da sala em busca do que foi pedido.

-Estou colando mais um litro de sangue-  a anestesista declarou enquanto trocava uma das bolsas.

-Compressas e sucção. – Kaori solicitou à auxiliar na tentativa de impedir que o sangue se acumulasse na cavidade do garoto.

-Você precisa grampear a perfuração. Ele já perdeu muito sangue! A pressão dele está 3 por 4! – A auxiliar exclamou em um tom de desespero. -O coração está quase falindo. – Constatou tentando acelerar a sucção para abrir visão.

Kaori fitou a cavidade abdominal repleta de sangue, não conseguia ver onde estava o tecido danificado e voltou os olhos para o maquinário quando o bipe se tornou constante e agudo. “Batimentos zerados”, viu na tela do equipamento. -Iniciando massagem cardíaca! – Kaori declarou e, posicionando as mãos sobre o peito do menino, iniciou os impulsos. Seus braços moviam-se ágil e incessantemente. Ele não poderia morrer. Ela não deixaria ele morrer. – Por favor, não morra... – suplicou enquanto seus braços cansados ainda massageavam o peito sem batimentos -Por favor não morra... POR FAVOR NÃO MORRA! – Exclamou enquanto o alarme do equipamento insistia em não mudar.

Inútil..

-Kaori-senpai... pare... – a voz de sua auxiliar ecoou ao longe.

Era inútil... mas seus braços não podiam desistir. O que ela faria para a mãe daquele menino?

-Kaori, acorde... – a voz de seu irmão ecoou.

-Kaori-senpai...

-Kaori, acorde...

A mistura de vozes a fez apagar e Kaori sentiu seu corpo cair junto a uma súbita falta de ar.

۞

[De volta a KONOHA]

Kaori arregalou os olhos e encheu os pulmões quando notara que havia parado de respirar por tempo demais. Ela levou os olhos de um lado a outro e quando finalmente sua visão voltou ao normal pode ver o rosto mascarado de Hatake sobre o seu. -Ela está bem agora. – Ele declarou fechando o olho vermelho e abrindo o normal.

-KAORI! – a voz de Akyo ecoou e ela sentiu suas costas penderem como se estivesse mudando para o apoio dos braços de seu irmão. Assim que o rosto de Hatake desapareceu, o de seu irmão surgiu. -Está bem? Perdeu muito chakra? Como isso aconteceu?

Ela forçou o corpo para sentar-se. Aos poucos, voltava a retomar o controle sobre seu corpo. Finalmente sentou-se, mas a única coisa que veio em sua mente foi a criança a quem deveria ter ajudado – O menino... – Falou percorrendo os olhos para os arredores ao notar que ainda estavam na casa.

-Sakura está terminando. Não se preocupe – Maya declarou com um sorriso gentil.

-Hmm, talvez seja melhor leva-la para o hospital e fazer alguns exam... – Gai constatou preocupado.

-Não se preocupe. – Akyo o interrompeu friamente – Ela está bem.

Gai arqueou uma sobrancelha confuso enquanto observava a morena erguer-se aparentemente normal.

-Não se preocupe muito.. – Maya falou abrindo um largo sorriso  e posicionou-se na frente do moreno que não tirava os olhos redondos e curiosos de cima de Kaori. -Ela não gosta de admitir, mas... – cochichou no ouvido do moreno – Ela está fazendo um acumulo de chakra muito exigente por causa da guerra. Então, as vezes pode acontecer algo estranho assim, mas ela está bem.

-Hun? É isso? – Gai indagou surpreso. Já tinha ouvido falar sobre acúmulos de chakra entre ninjas médicos, mas achava que isso fosse raro e difícil de se dominar. Voltou os olhos para a morena e o sinal abaixo de seus olhos chamou-o a atenção. “humm.. seria ali que ela acumula?”, questionou-se.

Kakashi arqueou uma sobrancelha descrente para Gai. Como ele poderia cair em uma desculpa tão esfarrapada como aquela? Suspirou descontente, colocou as mãos nos bolsos e voltou o olho para a morena que observava aparentemente preocupada os procedimentos de Sakura. O que eles estavam escondendo? Ele sabia que algo havia acontecido ali. Ele viu, mas o que foi aquilo?


Notas Finais


LINK MÚSICA: https://listenonrepeat.com/?v=lViO-3_OhAk&s=&e=#21__Senses

Espero que tenham gostado de mais um capítulo!

Então, não fiquem com preguiça de comentar, pois fico muito feliz em ler xD
Beijoss e até lá!


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