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História Fy Eiddo (SasuSaku) - PARTE 02: Tadolaeth (Paternidade)


Escrita por: DudaKCALY

Notas do Autor


Oi, oi, gente!

Capítulo 37 - PARTE 02: Tadolaeth (Paternidade)


Fanfic / Fanfiction Fy Eiddo (SasuSaku) - PARTE 02: Tadolaeth (Paternidade)

Fy Eiddo
Capítulo Trinta e Sete – Tadolaeth

.-*-.

Eu estive pensando muito sobre minha vida hoje em dia
Como eu estou tropeçando pelos caminhos que eu fiz
Imaginando onde coloquei meu tempo e energia
Porque o que eu queria, garota, não significa nada

Magic! – Kiss Me

.-*-.

 

Era tudo uma grande merda.

Quer dizer, quem gostaria de saber que iria morrer em breve? Sara com certeza não.

Ela bufou, massageando as têmporas. Estava cansada de tanto pensar, e para melhorar as coisas desde sua visita à Kakashi a marca em sua barriga queimava como o inferno.

Gemeu de frustração quando sua cabeça latejou, e seus sentidos deram um looping, fazendo-a se sentir enjoada e tonta.

– Tá tudo bem? – ela ouviu a voz doce e sentiu um toque de carinho em seu ombro direito.

Abriu seus olhos, e percebeu que sua visão estava embaçada. Com muita dificuldade, focou a imagem de Sakura à sua frente.

– Tá – respondeu se levantando – Foi um descanso rápido. Vamos voltar ao treinamento.

– Tem certeza? – perguntou Izumi, também se aproximando. Seus olhos achocolatados transpassavam preocupação.

Sara assentiu lentamente.

– Absoluta. Não quero ficar parada, porque isso me dá tempo para pensar. E se eu pensar, vou enlouquecer.

Sakura assentiu, suspirando.

– Sei bem como é. Na época em eu me afastei de Sasuke odiei o fato de estar doente. Talvez se eu pudesse ter ido trabalhar fosse mais fácil.

Sara bateu uma palma, abrindo um sorriso maroto.

– Vocês estão indo bem. Em breve vão atirar como um soldado de elite.

Sakura rolou os olhos, enquanto Izumi ria.

– Pode parar de puxar nosso saco. Sei que somos horríveis – resmungou Sakura.

Sara tentou segurar a risada, mas não conseguiu.

– Não somos horríveis. Somos apenas... ruins – observou Izumi.

– O recuo da arma ainda é um problema pra vocês. Ainda – destacou Sara apontando para as duas – Sou uma coronel do exército mais poderoso do mundo. Tenho 12 anos de treinamento e muita experiência de tiro. Se eu não puder ensinar duas mulheres a atirarem posso me aposentar. Não vou aceitar nada menos que a perfeição.

– Nossa, que motivador – ironizou Sakura puxando sua arma do cinto – Me sinto até inspirada.

– Eu também – concordou Izumi parando ao lado da rosada, também com sua arma em punhos.

Sara rolou os olhos e foi andando até elas.

– Ah, parem. Vocês não estão levando a sério.

– Claro que estamos – disse Sakura fechando um de seus olhos e apontando a arma para o alvo. Ela puxou o gatilho, e o tiro acertou a ponta do primeiro alvo. Ela sorriu e abriu os olhos – Viu só? É inspiração.

– É – zombou Sara, fazendo a Haruno rir – Melhor do que não acertar nada.

– Vou invocar minha inspiração também – disse Izumi se concentrando, respirando fundo e ficando na mesma posição que a rosada. Ela puxou o gatilho, e tinha a mão na posição correta, mas o recuo da arma a assustou e a fez desviar a bala, que raspou no alvo e passou reto – Acho que minha inspiração não é tão forte.

Sara foi até elas, pegando a arma de Izumi com a mão direita e esticando seu braço, porém seus olhos permaneciam nas duas.

– Vocês têm boa mira, mas ainda não desenvolveram um braço firme – disse ela, e então virou seu rosto, e sem esperar começou a atirar. Atingiu em cheio todos os alvos, desde os que estavam a dez metros até os que estavam a cem. Ao final, voltou sua cabeça para as duas, que apenas observavam tudo sem se impressionar, afinal, era de se esperar – Viram? Braços firmes.

– E como conseguimos isso? – perguntou Sakura analisando a arma em sua mão.

– Treino. Um incansável e rigoroso treino – contou Sara devolvendo a arma para Izumi.

Izumi bufou, revirando os olhos.

Nid oes llwybrau byr i lwyddiant – resmungou ela em galês, fazendo Sakura franzir seu cenho.

– O que disse? – perguntou a rosada.

– Não há atalhos para o sucesso – respondeu Izumi.

– Ainda não começou suas aulas de galês, Sakura? – perguntou Sara levando as mãos à cintura.

Sakura negou com a cabeça.

– Nem pensei nisso.

– Pois vai precisar. No futuro você será a Senhora de uma alcateia, e saber galês é fundamental.

– Porque?

– Só se controla um lobo em galês. A fera não entende outra língua a não ser a dos seus antepassados – explica Izumi.

– Do que estão falando?

Sara, vendo a expressão confusa e assustada de Sakura, se aproxima da rosada.

– A Senhora de uma alcateia tem muitas responsabilidades, Sakura. A partir do momento que você se casar com Sasuke, ele dividirá a liderança com você de um modo totalmente igual. A palavra dele terá tanto peso quanto a sua, e você ganhará muitas habilidades, que deverá usar para manter a paz entre os integrantes da alcateia.

– Sim, mas todos aqui são tão calmos...

– A paciência dos lycans é curta, o que faz seu temperamento ser altamente explosivo. Não se precisa de muitas palavras, ou ações, para fazer um lobo despertar e arrasar meia cidade com seus dentes – diz Izumi.

Sara assente.

– A alcateia Uchiha pode não ter tido muitos incidentes nos últimos tempos, mas isso porque estão ocupados com outros assuntos. Quando as coisas se acalmarem o pessoal vai voltar a prestar atenção no mundo ao seu redor, e os problemas vão voltar a acontecer.

– Que tipo de problemas?

– Alguns ossos quebrados ali, outros membros rasgados aqui... – murmurou Izumi.

– Brigas, discussões, desentendimentos e todo tipo de babaquice. Acredite, eles vão brigar até por um grão de areia. Suas feras vão estar tão entediadas que vão procurar qualquer maneira de se manifestarem – conta Sara.

Sakura suspira.

– Que povo esquentado.

Sara assente.

– Quando eu era criança, e ainda morava aqui, lembro que todo dia era uma situação nova. Tio Fugaku ficava doidinho.

As três soltam algumas risadinhas.

– E a minha sogra? – pergunta Sakura.

– Era incrível. Ela mediava quase todas as brigas, já que o tio Fugaku, em vez de acalmar, às vezes também acabava brigando com alguém.

– Lembro que lá em Lalybroch dia de lua cheia era dia de briga. Alguém sempre saía sangrando, isso quando não morria ninguém – conta Izumi.

– Lalybroch? – pergunta Sakura, confusa.

Nunca havia escutado esse nome.

– Era o nome do castelo do Orochimaru.

– Não sabia que tinha um nome – diz Sara, surpresa.

– Mas não tinha. Nós demos esse nome pra não ficarmos chamando de “castelo” ou de “prisão muito macabra”.

Sakura assentiu, e já ia fazer mais perguntas, mas Sara e Izumi levantaram os narizes, farejando o ar.

– Tem alguém vindo – disse Izumi, ficando totalmente alerta.

Sakura percebeu que até mesmo a pupila dela parecia ter se dilatado.

– Eu já senti esse cheiro – resmunga Sara olhando para Sakura – É seu pai.

Sakura franze a testa.

– O que ele está fazendo aqui? É proibido invadir territórios. Ele pertence à Suna agora.

– Vou mata-lo – rosnou Sara sentindo suas presas saltando – Me desculpe se ele é seu pai, Sakura, mas eu o repudio.

– Estou ficando curiosa – disse Izumi vindo para perto das duas.

Ela e Sara ficaram em frente à Sakura, e mesmo que inconscientemente protegiam a rosada.

Logo ouviram o farfalhar das folhas secas, já que estavam treinando no meio da floresta. Fugaku apareceu logo em seguida, vestindo apenas uma bermuda jeans velha.

– Também não vou com a sua cara, Uchiha – resmungou ele se batendo, tirando a poeira que estava sobre sua pele.

– Porque não resolvemos isso aqui e agora, han? – perguntou a morena dando um passo à frente – Eu adoraria enfiar minhas presas no seu pescoço.

– Sara – chama Sakura de um modo firme, fazendo a morena estancar no lugar – Já chega.

A morena rosna, morde em cima dos dentes e cerra os punhos, tentando se conter. Depois de alguns segundos ainda encarando o Haruno, ela bufa e se afasta alguns metros, parando de braços cruzados e de costas para os outros.

O Haruno revira os olhos, mas logo foca sua atenção em sua filha.

Sakura suspira, cruzando os braços.

– O que quer aqui, pai? Não pode entrar em Konoha sem permissão.

Ele assentiu.

– Eu sei, mas precisava falar com você. Tem algumas coisas que precisamos conversar.

Os olhos verdes de Sakura correram para Izumi, que apenas assentiu e se virou, indo embora a passos calmos. Depois ela faz o mesmo com Sara, que ainda estava de costas para ela e o pai.

– Sara – chamou, novamente com a voz firme.

– O que é? – resmungou a morena ainda permanecendo de costas, cruzando os braços.

– Será que pode nos deixar à sós por alguns minutos? – pediu a rosada com a voz mansa.

Sara virou-se lentamente, com os olhos estreitos.

– Mas é claro – rosnou ela lançando um olhar fulminante para Kizashi.

Quando a morena já estava longe, e Sakura não podia mais sentir sua presença, ela virou-se para o pai.

– O que quer?

– Fiquei sabendo que descobriu sobre sua mãe.

Ela estreitou os olhos.

– Você sabia?

O velho deu de ombros.

– Desconfiava.

Sakura passa as mãos pelos cabelos, incrédula.

– Nunca se importou de dividir a casa com uma mulher que poderia facilmente te matar?

Ele negou com a cabeça.

– Não. Sua mãe era muito esperta, e eu era necessário para ela.

– E a minha situação? Nunca te preocupou eu ser uma híbrida?

O velho suspirou.

– Eu nunca senti nada ameaçador vindo de você, nem mesmo a minha genética. Pensei que você poderia ter nascido uma humana normal. Pensei que talvez o gene feiticeiro tivesse anulado o gene lupino e vice-versa. Mas pelo visto sua mãe era mais esperta do que eu imaginei.

Sakura rolou os olhos.

– Ah, para com isso. Esse seu teatrinho não vale mais a pena.

– Do que está falando?

– Você nunca se importou comigo porque sempre estava chapado demais pra isso. Quando não era a bebida eram aqueles presentinhos que seus amiguinhos arranjavam para você.

O Haruno desviou o olhar e engoliu seco.

– Eu sei que não fui um bom pai para você, Sakura, e me arrependo muito disso. Vim aqui para te falar que aquele pai que você conheceu desde a sua infância não existe mais.

Sakura riu, debochada e depois suspirou, balançando a cabeça.

– Não acredito em uma mudança tão repentina. Ninguém muda tanto em tão pouco tempo.

O velho deu um passo à frente e assumiu uma pode desesperada.

– Eu juro, minha filha. Eu me arrependo tanto do homem que fui em todos esses anos.

Sakura apenas encarava-o com um olhar frio.

– Você não foi um homem, foi um rato. Um animal.

Kizashi assente freneticamente, enquanto seus olhos se enchem de água.

– Eu sei. Eu sei! Não mereço seu perdão, mas você é uma pessoa tão boa minha filha... – ele abre um sorriso sofrido e dá um passo à frente, tentando pegar nas mãos de Sakura.

A rosada piora sua expressão e dá um passo para trás. Os olhos verdes se enchem de lágrimas e ela aperta os lábios para conter um soluço.

– Não. Você não merece!

Ele se afasta um passo.

– Você tem razão. Eu cometi muitos e muitos erros. Mas acredite que eu já estou pagando.

– Você me traiu há menos de um mês. Ajudou a alcateia de Suna a me sequestrar, e ajudou Madara a enganar meu marcado!

– Eu sei! – quase gritou Kizashi, caindo sobre os joelhos e cobrindo o rosto com as mãos – E me arrependo tanto, minha filha... Essas lembranças me corroem. Eu me martirizo todos os dias! Se você soubesse os pesadelos que tenho... Acordo durante a noite gritando seu nome, te pedindo perdão mesmo inconsciente.

– E o que isso significa pra você?! – pergunta Sakura deixando que as lágrimas rolem por seu rosto – Nada! Você não tem coração!

– Meu coração está partido – diz Kizashi levantando sua cabeça – Você não me conheceu antes de tudo, minha filha. Eu era um bom homem. Mas as trevas dominaram meu coração depois que... – ele engoliu seco, se interrompendo.

Sakura respirou fundo, cerrando seus punhos. Sentia que uma grande revelação estava por vir.

– Depois do que?

O velho Haruno também respirou fundo e sentou-se sobre as pernas. Parecia ter perdido completamente as forças.

– Depois que... Depois que minha Mahina morreu.

– Quem?

– Mahina Yoro. Minha marcada.

 Sakura arregalou os olhos, dando um passo à frente.

– Eu... Eu não sabia que você...

– Todo lobo tem uma marcada, Sakura. Comigo não foi diferente.

A rosada engoliu seco.

– Como aconteceu?

Kizashi passou as mãos pelo rosto.

– Eu era o filho único do alfa da alcateia de Suna, e, portanto, seu herdeiro. Encontrei Mahina durante uma festa na cidade e desde então nunca mais nos desgrudamos por um segundo sequer. Eu estava muito apaixonado. Ela era o meu mundo. No dia do seu aniversário meu pai exigiu minha presença junto dele. Tínhamos uma reunião com o Conselho, e segundo meu pai eu tinha que estar presente, como seu herdeiro e filho. Eu não queria ir, pois haveria uma festa para comemorar os vinte anos de minha marcada, mas meu pai me deu uma prensa e eu fui sem nem questionar duas vezes. Quando voltamos minha Mahina já estava fria, gelada, sem vida.

Ele parou, engolindo com força o bolo que havia se formado em sua garganta.

– O que você fez?

Kizashi abriu um sorriso amargo.

– Cacei os desgraçados que haviam invadido nosso território e os matei lenta e dolorosamente, um por um. Fiz uma verdadeira chacina. Cada um deles implorou o perdão de minha Mahina pelo menos três vezes. Tem dias que ainda posso ouvir os gritos, implorando por misericórdia.

Sakura aproximou-se do pai, sentando-se sobre a grama, de frente para ele.

– Se arrepende?

Kizashi sorriu para ela, novamente muito amargo.

– Nem um pouco. Foi a única coisa que me consolou por todos esses anos.

A rosada assentiu, encarando o chão.

– Aposto que seu pai não concordou muito com isso.

– Não. Ninguém me apoiou porque os matei sem autorização do meu pai. Pensei que iriam me expulsar, então antes que me enxotassem eu mesmo saí. Foi o meu segundo grande erro.

– Porque?

– Perder uma marcada não é nada fácil. Ficar sozinho depois disso é assinar de próprio punho sua carta de condenação. Eu enlouqueci, dia a pós dia, enquanto as lembranças me corroíam por dentro. Quando cheguei ao meu limite, encontrei refúgio na bebida. Foi aí que virei um filho da puta alcoólatra.

– Você pode ter errado em sair, mas sua alcateia também errou em não tentar te impedir. Eles nunca te procuraram?

– Não. Estavam melhor sem mim. Eu era considerado um rebelde porque sempre questionava as decisões do meu pai. Com o tempo eu me tornaria um problema, ainda mais sem uma marcada para me equilibrar.

Sakura encarou o chão, sem saber o que falar. Sua cabeça latejava, e seus pensamentos estavam rodando sem nexo por sua mente.

– Sinto muito.

Kizashi negou com a cabeça.

– Não sinta. Minha vida teve um momento de merda, mas sempre fui feliz. Não tive uma infância traumática, nem um pai abusivo. Eu era um homem, um futuro alfa. Deveria ter sabido lidar com minha dor. Mas eu não fui capaz, e por causa disso arrastei você também para a minha escuridão. Você e a sua mãe.

Sakura ainda ficou alguns segundos encarando o pai, que devolvia o olhar. Vê-lo ali, sóbrio e destruído, fez seu coração se apertar.

– Filha... – chamou ele, tentando tocá-la, mas Sakura se levantou, suspirando.

– Você não veio aqui na intenção de me contar seu passado. Tem outro motivo. O que quer de verdade?

Kizashi suspirou, firmando suas pernas e se levantando, num impulso.

Sakura percebeu que ele havia ganhado peso, mas não por ter engordado. Os músculos de seu pai estavam evidentes, e os olhos castanhos mais acesos do que nunca. Aos poucos Kizashi Haruno estava voltando a ser o homem que um dia fora.

– Vim aqui te trazer a notícia de que agora eu sou o novo alfa da alcateia de Suna.

Sakura franziu seu cenho, surpresa.

– O que? Como?

– Pain não tinha herdeiros, e Konan não tem estrutura emocional para reger aquelas pessoas. Eles fizeram uma votação e unanimemente eu fui eleito.

Sakura assentiu lentamente, se abraçando quando um vento frio correu pela clareira.

– Parabéns. Espero que não estrague essa oportunidade.

Ele negou com a cabeça.

– Não vou. Eu juro.

Ela assentiu.

– Se era só isso que tinha para me dizer, já disse. Pode ir embora agora.

– Tem mais uma coisa, filha.

– O que é?

– Eu sei que jamais vai reconhecer a alcateia de Suna como seu povo, ou ainda seu lar. Entendo que seu lugar é aqui, ao lado do Uchiha e de toda a gente dele. Mas se um dia você precisar de algum tipo de ajuda... Sei lá, qualquer coisa... Lembre-se sempre de que você é minha herdeira, e que as portas da minha alcateia vão sempre estar abertas para você.

Sakura encarou-o, muito séria.

– Agradeço, mas creio que não será preciso. Você deve ir agora.

O Haruno assentiu.

– Será que eu posso dar um abraço na minha filha, como um selo da nossa paz?

Sakura permaneceu encarando-o, e ao mesmo tempo as folhas ao redor deles começaram a se agitar. Três lobos enormes pularam das sombra, e Sakura os reconheceu imediatamente.

Eram Naruto, Gaara e Shikamaru, que se botaram numa posição defensora logo à sua frente.

– Nós não estamos em paz ainda, pai. Vai demorar muito tempo para eu esquecer.

Kizashi assentiu, dando vários passos para trás.

– Adeus, minha filha.

Sakura nada respondeu, e o velho Haruno sumiu por entre as árvores.

Os três lobos viraram-se para ela, destransformando-se lentamente.

– Nos perdoe, Sakura, não queríamos interromper. Seguramos até agora, mas ele já havia ficado tempo demais em nosso território – explicou Naruto.

Sakura assentiu, e então abriu um sorriso pequeno para eles.

– Obrigada pelo tempo, meninos.

Os três assentiram.

– É melhor retornarmos agora, Sakura – disse Gaara.

Ela deu alguns passos em direção a eles.

– Onde está o Sasuke?

– Numa reunião com Kakashi Hatake – respondeu Shikamaru.

A rosada assentiu, e os três voltaram a se transformar. Ela subiu nas costas de Naruto, e então os quatro sumiram por entre as árvores.

 

 

(...)

 

 

Porque quer falar comigo à sós? – perguntou Sasuke parando de frente para o Hatake e cruzando os braços.

O grisalho encarou-o.

– Você precisa saber de algumas coisas.

– Sei que esconde muitos segredos. Fico feliz que vá compartilhar alguns deles comigo.

O Hatake assentiu, começando a caminhar.

– Venha. A conversa vai ser longa e nada fácil. Vamos nos sentar.

Sasuke suspirou e então passou a seguir o grisalho.

Os dois foram até a cozinha e se sentaram à mesa. Com um estalar de dedos Kakashi pôs uma chaleira de água para esquentar.

Sasuke acompanhou o movimento com os olhos.

– Poderia fervê-la em alguns instantes se quisesse – disse o moreno quando já estavam sentados um de frente para o outro.

Kakashi assentiu.

– É, eu poderia. Mas gosto de deixar as coisas seguirem seu ciclo natural.

– Gosta de se sentir mais humano – contrapôs Sasuke.

Kakashi soltou uma risada, que mais pareceu uma lufada de ar.

– É. Já vi que não devo subestimar sua... capacidade de percepção.

– Não. Não deve. Pare de rodeios e vá logo ao assunto.

– Ok. Preciso falar com você sobre Sakura.

Sasuke se ajustou na cadeira.

– O que há com ela?

– Ela será poderosa, Sasuke.

O moreno assentiu.

– Eu sei. Soube disso há muito tempo, em Wawr.

– O que estou querendo dizer é que temo o que acontecerá quando vocês se casarem e consumarem essa união.

– Porque?

– O lado feiticeiro de Sakura já se mostrou ser muito acentuado, isso porque meu feitiço ainda não foi totalmente desfeito. No dia em que você marcá-la essa barreira vai cair de vez, e então Sakura vai alcançar o ápice do seu poder.

– Sim, você já havia me dito isso. E é exatamente esse o motivo de você estar treinando ela, para evitar um descontrole. Qual é o real problema?

– Tenho observado Sakura durante estas semanas de treinamento e percebi algumas coisas. Gostaria de partilhar com você minhas opiniões.

Sasuke assentiu, encostando-se no encosto da cadeira.

– Sou todo ouvidos.

Kakashi passou a língua por entre os lábios e encarou suas mãos.

– Acho que Sakura não vai poder se transformar num lobo.

Sasuke franziu o cenho e ficou alguns segundos em silêncio.

– Porque? – perguntou o Uchiha.

– Creio que seu lado feiticeiro tenha sufocado seu lado lupino.

Sasuke balançou a cabeça negativamente.

– Por mais poderosa que a mãe de Sakura tenha sido, ela é a filha de um alfa. Duvido muito que haja algo capaz de sufocar algo dessa magnitude.

Kakashi assentiu.

– Foi o que eu pensei, mas... Não sei se ainda há espaço para mais poder ali. Quer dizer... Nunca vi alguém sendo duas coisas tão poderosas ao mesmo tempo. É contra tudo que este mundo já vivenciou, e olhe que eu não sou apegado a regras.

– Alguns consideram minha amizade com Richard uma afronta às regras também.

– E é. Vocês dois são possivelmente as duas criaturas mais poderosas deste mundo. E é essa matemática que não fecha, você não entende?

– Não consigo entender o que há de tão errado.

Kakashi respirou fundo.

– Preste atenção. Desde o início dos tempos os marcados têm sido escolhidos e moldados em suas vidas para serem complementares. E é exatamente por isso que marcadas Arquerrite sempre foram mulheres doces e frágeis, levando em conta o temperamento explosivo e o poder que os Arquerrite carregam. Com os Uchiha não era muito diferente. Mas sua união com Sakura... Não faz sentido! Porque uma mulher tão poderosa foi entrelaçada à um alfa como você?

Sasuke socou em cima da mesa, fazendo o Hatake se remexer em sua cadeira.

– Não tente encontrar sentido, e não questione o que eu e Sakura temos!

– Se acalme Sasuke, eu não estou questionando nada, estou apenas dividindo uma preocupação com você! Mon Dieu, porque lupinos tem que ser tão explosivos?! Malditos antepassados escoceses!

Pants sanau – resmungou Sasuke, já voltando a se acalmar.

Kakashi revirou os olhos.

Borra calças. A ofensa de Sasuke era realmente admirável.

– Sei que é complicado para você ouvir tudo isso. Sei que seu sangue já ferve nas veias. Mas achei que você deveria saber.

Sasuke assentiu, respirando fundo.

– Eu sei. Agradeço.

– Só tome um cuidado redobrado quando chegar a hora.

– O que for para ser, será. Sakura sendo mais feiticeira, mais lupina ou um equilíbrio dos dois, não me importa. De qualquer jeito, ela continua sendo a Sakura.

Kakashi assentiu.

– Já que é assim, nós terminamos.

Sasuke desviou seus olhos negros para o grisalho.

– Tenho uma pergunta para você.

– Diga.

– A situação de Sara e Richard pode ser revertida?

Kakashi coçou o queixo, pensativo.

– Fala sobre a maldição Arquerrite?

Sasuke assentiu.

– É.

Mulier autem pro filio. Uma mulher por um filho. Foram as palavras de Ashura quando amaldiçoou os Arquerrite.

Sasuke franziu seu cenho, preocupado.

– Eu não sabia que havia sido o próprio Ashura que havia lançado essa maldição.

– Mas foi, logo após a vitória da luz sobre as trevas de seu irmão. Foi o preço a se pagar pelo poder que eles têm hoje. Poder esse que é indispensável, pois guarda nosso mundo da volta de Indra.

Sasuke assentiu.

– Mas então... É impossível?

– Bom, quebrar essa maldição só seria possível se o próprio Ashura a retirasse. E considerando o fato de que já fazem mais de seis mil anos que ele dorme, acho que posso te dizer que as chances são mínimas.

Sasuke assentiu lentamente, com uma expressão derrotada.

– Entendi.

– Mas lembre-se de que nada é completamente impossível, ainda mais considerando as mudanças que tivemos nos últimos anos.

O Uchiha passou a mão pelos cabelos.

– Não cause mais problemas, Kakashi.

O Hatake levantou as mãos, aparentando inocência.

– Vou ficar na minha. Eu juro.

– Ótimo, porque se não ficar eu mesmo arrebento a sua garganta.

A chaleira chiou indicando que a água havia fervido.

Kakashi abriu um sorriso amarelo.

– Chá?

Sasuke negou com a cabeça, já se levantando.

– Não tenho tempo, preciso ir.

– Porque tanta pressa?

– Richard Arquerrite acaba de cruzar minhas fronteiras, e não parece estar nada contente.

Kakashi pega uma folha de hortelã que estava sobre a mesa e a encara.

– É nessas horas que agradeço por ser apenas o tio da futura esposa do alfa.

Sasuke rolou os olhos.

– Estou de olho em você, pants sanau. Fique na sua e não terá problemas.

Kakashi assentiu.

– Ficarei bem aqui. Eu e meu chá de hortelã.

O moreno deu as costas para o feiticeiro, e então saiu da pequena casa à passos calmos, abaixando-se para poder passar na porta da frente, já que era um homem enorme.

Quando já estava sob o céu nublado, levantou a cabeça e fechou os olhos, respirando fundo e enchendo seus pulmões com o ar úmido.

O cheiro de Richard o atingiu, e ele pode sentir que o estado de espírito do Arquerrite não estava nada bem.

 

 

(...)

 

 

Sara sentiu a presença de Richard cair sobre si assim que o moreno cruzou as fronteiras de Konoha.

Tinha decidido que teria uma conversa com ele, mas isso não significava que estava pronta.

Foi até o lado de fora da mansão Uchiha e se transformou, saindo correndo em direção à floresta. Bastaram alguns minutos para que já pudesse ouvir Richard atrás de si, correndo como um louco para alcança-la.

E ela acelerou. Correu o máximo que pode, mas sentiu um peso enorme sobre si, e saiu rolando, com o lobo de Richard agarrado ao seu.

Rolaram por um barranco, quebraram várias árvores, até que pararam às margens de uma cachoeira.

Sara se destransformou, levantando-se o mais rápido que pode. Richard fez o mesmo, e quando ela tentou fugir para a água ele novamente pulou por cima dela, interceptando-a ainda no ar.

– Vamos conversar! – gritou ele por cima dela, segurando os braços da garota para cima, contra a terra batida do chão.

– Não tenho nada pra conversar com você! – berrou ela de volta, chutando-o com força e lançando-o longe.

Richard caiu para trás, arrastando-se para terra. Com um grito raivoso, Sara se levantou e se jogou contra ele, formando uma cratera cheia de rachaduras no chão.

– Para com isso! – gritou Richard, tentando se soltar da morena.

– Para você primeiro – disse ela com dificuldades, tamanha era a força que fazia para tentar esmagar o Arquerrite.

O moreno agarrou-a por baixo dos braços e a suspendeu com facilidade, jogando-a para o lado.

Ele estava ofegante, e seu olhar trazia uma preocupação genuína.

– Sinto cheiro de magia em você – disse ele observando-a se levantar.

Sara se ergueu com dificuldades.

– Vai pro inferno! – berrou ela correndo em direção à ele novamente.

Richard firmou as pernas e esperou pelo impacto. Sara atingiu-o como um jogador de futebol americano, e ele sentiu o ar faltar quando a cabeça dela acertou seu estômago.

Sara correu, ainda agarrada a ele, fazendo com que os grandes pés de Richard formassem duas grandes fendas no chão.

Richard foi prensado contra uma árvore, quebrando-a ao meio, e os dois foram ao chão novamente quando as pernas de Sara falharam, exaustas pelo esforço máximo. Richard era muito pesado, ainda mais arrastando-se assim.

Ela ficou deitada no chão, por cima dele, tentando recuperar a respiração. Ele ainda tentava voltar a enxergar, já que sua visão tinha ficado turva com o ataque de Sara.

Ele sentiu o pequeno corpo totalmente pressionado contra o seu, e soltou um murmúrio exausto, rodeando seus braços ao redor de Sara com firmeza. Com as poucas forças que ainda restavam, apertou-a, sentindo o cheiro delicioso que vinha dela. Fechou os olhos lentamente, apreciando o contato.

Sentiu quando as lágrimas quentes dela começaram a encharcar seu peito, e também sentiu quando os soluços começaram a sacodir o pequeno corpo colado ao seu. Em resposta, ele apertou-a ainda mais.

Passaram um bom tempo assim, abraçados, tentando matar a saudade que tinham um do outro. Richard sentia suas dores diminuírem aos poucos, e seu lobo se acalmar por causa da presença de sua mulher em seus braços novamente. Lugar de onde ela nunca deveria ter saído.

 


Notas Finais


Nem vou dizer mais nada O.O


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