Joohyun desce de seu automóvel assim que chega na base da montanha. Ela não estava nem um pouco animada por estar ali, foi basicamente obrigada pelos pais porque sentiam falta dela. Certo, ela também tinha saudade, mas por que eles tinham que marcar um encontro numa casa na montanha? Bastava para Joohyun ficar um final de semana na casa dos pais, porém eles queriam ficar nos alojamentos daquela montanha. Fora lá onde eles passaram a lua de mel, há quase 25 anos. Joohyun achou deveras fofo, mas novamente: Ela não queria estar lá.
A jovem de cabelos negros sente uma espécie de arrepio na espinha dorsal ao olhar para baixo. Joohyun já achou alto e para sua tristeza, aquela era só a base da montanha. Joohyun também notou que havia nuvens carregadas. Ótimo. Altitude e chuva, combinação perfeita para gerar grande ansiedade na moça. Joohyun pega o celular para sugerir pela última vez aos pais que eles passem o final de semana em outro local. Seria uma tentativa falha, mas valia a pena tentar. Ao pegar o aparelho nota a falta de sinal. Logo Joohyun escuta uma voz masculina estridente em seu ápice da puberdade.
– Boa tarde, moça. – Um homem, de aparência jovem a aborda. – Sou Mark e trabalho na Bichui San (Montanha das Luzes). Posso ajudar em algo?
– Boa tarde, meu nome é Joohyun. – Ela responde de início. – Eu gostaria de saber onde consigo sinal, estou tentando fazer uma ligação.
– Bom, o sinal de qualquer operadora pega na estação 2. Estamos na estação 1, caso esteja confusa. – Ele informa. – Há uma tempestade a caminho, então aconselho usar o bondinho agora porque mais tarde só será possível utilizá-lo quando o tempo se estabilizar.
– Estou aguardando meus pais. Não tem nenhuma forma de eu me comunicar com eles? – Joohyun questiona esperançosa. Mark pensa um pouco antes de levantar o indicador como se tivesse tido uma ideia.
– Posso usar meu rádio para me comunicar com a central, nisso as pessoas de lá podem ligar para seus pais e depois transmitir a mensagem.
– Sim, por favor. – Joohyun mostra o número de sua mãe para o rapaz e fala a mensagem. Ela perguntou se eles iriam mesmo subir a montanha devido a condição climática.
Demorou alguns minutos, mas Mark conseguiu que seus parceiros entrassem em contato com os pais de Joohyun.
– Eles disseram que estão presos na capital pois a tempestade já chegou lá. Pediram para você subir que mais tarde, quando tudo passar, subirão também. – A voz de uma mulher é transmitida pelo rádio de comunicação. – Pediram desculpas pelo atraso e disseram que te amam muito.
– Obrigado, Wan. – Mark diz após a mensagem ser concluída. – Então, deseja subir ou vai descer para outros hotéis?
Joohyun teria que dirigir novamente para ir para outros hotéis. E encarar uma descida dessas fazia seu estômago gelar apenas em pensar. Quando se sobe dirigindo você pode se concentrar apenas na estrada, mas na descida você mesmo sem querer observa tudo em volta.
– E-eu vou subir. – Joohyun decide, apenas queria deitar numa cama e dormir até amanhã. – Mas você pode subir comigo? Eu tenho medo de altura. – Ela confessa um pouco acanhada.
– Claro! Tudo pelos nossos clientes. – O rapaz responde animado. E Mark pede auxílio de outros funcionários para levar as malas da mulher.
– Você normalmente sobe com os clientes? – Joohyun questiona, o rapaz poderia estar apenas sendo simpático. Ele abriu o compartimento do bondinho e eles sentaram em um dos bancos.
– Sim, ter medo de altura é mais comum que se pode imaginar. – Mark conta. – Eu literalmente nasci aqui, então não sinto medo. Até mesmo nos piores momentos.
– P-piores mo-momentos? – Joohyun gagueja.
– Sim, teve um dia que o bondinho parou no meio do percurso. – Mark viu a expressão de pavor da mulher e ri de forma nervosa. – Calma, foi há muito tempo. Eu ainda era criança.
– E quantos anos você tem?
– 15 anos.
– Você ainda é uma criança! – Joohyun exclamou indignada. Pelo menos ela tinha esquecido de observar o chão que estava cada vez mais longe.
– Nossa, você falou igual a minha irmã agora. – Mark franze a testa chateado por ser chamado de criança. – E qual é a sua idade?
– Tenho 22.
– Wow, pensei que você fosse mais nova. – Mark fala surpreso. – Devo lhe chamar de noona?
– Sim. – Joohyun afirma num tom sério. O rapaz fica tenso por a tratar de forma um pouco informal durante todo esse tempo. A mulher dá uma risada da expressão de Mark. – Eu estou brincando. Pode me chamar se quiser, não me incomodo.
– Ah tudo bem. – Ele respira aliviado. – Estamos quase chegando. – Mark informa ao olhar para o percurso. Joohyun apenas acredita nas palavras dele pois não queria olhar para baixo.
Em poucos minutos o bondinho fez um som indicando que haviam chegado na estação 2. Mark ofereceu o braço para Joohyun sair do transporte. Ela saiu com os olhos fechados e apoiada no rapaz. O braço magro de Mark ficará dolorido amanhã devido o aperto da mulher.
– Noona, estamos bem. – Mark disse tentando sair do aperto dela. A porta de entrada da construção estava apenas alguns metros. – Lá dentro está mais aconchegante e tem rede, vamos entrar. – Ele fala ao ver a nuvem pesada cada vez mais próxima.
– Certo. – Joohyun finalmente abre os olhos e percebe a feição de dor do rapaz. – Ai meu Deus, desculpa por ter te apertado. – Ela pede liberando o braço de Mark.
– Está tudo bem, a dor vai passar. – Ele fala tentando amenizar a situação. Joohyun então toma o braço dele novamente, mas dessa vez para massagear.
– Atrapalho algo? – Uma mulher de cabelos loiros longos e franja questiona após ficar a garganta.
– Não, Wan. – Mark nega um pouco envergonhado. – Esta é Joohyun, nossa hóspede. Joohyun, esta é a minha irmã mais velha Wendy.
– Oh, eu quem liguei para seus pais. Eles pareciam realmente chateados com a situação. – Wendy informa.
– Mas logo estarão aqui, não é? – Joohyun tenta ser otimista. – Vou tentar ligar para eles daqui a pouco.
E Joohyun foi até a recepção da construção para acertar sua hospedagem, pagou adiantado a noite do dia. Foi informada de que os quartos dos hóspedes eram na estação 3, portanto havia uma outra subida, porém dessa vez era por meio de escada e era questão de pouca distância.
– Aceita comer algo, querida? Já está quase na hora do jantar. – Uma mulher de meia idade pergunta de forma gentil, ela tinha alguns traços parecidos com a tal da Wendy, provavelmente era sua mãe.
– Aceito, Sra Son. – Joohyun responde. Parecia que o medo de altura inibiu sua sensação de fome, mas agora a jovem podia sentir com clareza seu estômago implorando por comida.
Durante a espera pelo alimento Joohyun fez a ligação para os pais. Repetiram o discurso de desculpas, que se atrasaram pois estavam buscando uma surpresa para a filha. Joohyun pediu detalhes, mas eles não quiseram revelar mais nada, amanhã ela saberia. E se tinha uma coisa que a jovem não gostava era ter sua curiosidade atiçada, ela sempre conseguia o que queria. Porém não consegui a informação porque seu celular descarregou.
Ponto de vista de Wendy
Fiquei de longe observando Joohyun comer fervorosamente a comida, bom, minha mãe tem talento na culinária, mas acho que ela tinha muita fome. Não havia muita coisa para fazer naquele dia pacato, eu estava regando algumas plantas mas meus olhos insistiam em focar naquela mulher de cabelos negros. E de repente ela olhou para mim e nossa, tremi na base quase deixando a água do jarro cair no chão.
Joohyun é realmente linda, na verdade esse adjetivo é muito simples para definir ela. E aparentemente o tédio também está afetando ela. Respiro fundo e sigo em sua direção, não custa tentar, não é? Posso fazer uma nova amiga.
– Posso me sentar aqui? – Eu pergunto de forma contida.
– Sim. – Joohyun concorda, mas logo pergunta – Alguém mandou você vir aqui?
– Não, eu vim para te fazer companhia já que você está sozinha. – Respondi. – Mas se quiser que eu saia… – Fiz menção de levantar.
– Perdão se foi grosso da minha parte. – Joohyun pede. – É que vocês são bem gentis aqui, estranhei um pouco isso.
– Todos merecem ser tratados bem, é o mínimo que podemos fazer. – Afirmo. Alguns segundos de silêncio depois continuo. – Sabe o que estranhei em você? – Joohyun franze o cenho esperando a conclusão. – Que desde que chegou, você não olhou a paisagem pela janela. As pessoas pagam muito por isso e você parece ignorar este fato.
– Oh, porque eu tenho medo de altura. –Ela parecia um pouco acanhada ao dizer aquilo.
– Isso faz bastante sentido… – Murmuro ligando os pontos. – Mas então por que está aqui?
– Pelos meus pais, eles adoram esse lugar. Desde que entrei na faculdade me distanciei deles, porque tive que mudar de casa.
– É um gesto significativo você enfrentar um medo grande por eles.
– Meus pais fizeram tanta coisa por mim, o que estou fazendo é quase nada. – Joohyun diz.
Ficamos em silêncio, eu não sabia muito bem se era o silêncio do tipo confortável. A ansiedade cresceu no meu peito. Tenho que pensar em algo interessante para falar. Fico imersa na minha própria cabeça que demorei a ouvir o barulho da chuva.
– Eu ia sugerir para você ir descansar no quarto, mas agora é preciso aguardar a chuva passar. – Revelei um pouco sem jeito por não ter falado antes. Falando do tempo? Sério? Baita assunto interessante parabéns Wendy Son você é uma idiota.
– Ah, não estou com sono. – Joohyun conta passando a mão sobre o estômago, acho que está se sentindo cheia. – Parece que vamos ter que ficar aqui por muito tempo. – Ela finalmente olha para a janela, as gotas de chuvas eram intensas e pouco espaçadas.
– Você pode sentar naquele sofá ali – Apontei para o conjunto de móveis na recepção. – São mais confortáveis.
– Só se você for comigo. – Ok. Confesso que minha respiração perdeu o compasso depois dela impor essa condição. – Meu celular descarregou, estou com tédio.
– Já estou lhe fazendo companhia, apenas vá que logo apareço lá. – Falei antes de iniciar a retirada da louça suja. Eu só não contei com a mão de Joohyun sobre a minha. – Não precisa ajudar.
– Estou com tédio, te ajudar me faz sentir menos inútil. – Joohyun quebra qualquer argumento meu, então apenas basta aceitar seu auxílio na tarefa.
– Mostra seu celular. – Pedi, mesmo confusa Joohyun tira o aparelho do bolso. – Espera um minuto. – Disse depois de colocarmos a louça no compartimento que ligava a cozinha do ambiente que estávamos.
Em questão de segundos volto com o carregador para o celular da hóspede, também indiquei a Joohyun um lugar para conectar o aparelho.
– Suas coisas já estão na casa alugada. – Contei. – imaginei que seu carregador estivesse por lá também.
– Na verdade eu nem lembro onde ele está. – Joohyun confessa com uma risada contida.
…
E nós conversamos bastante, o papo começou de forma banal como questionar a cor favorita da outra, logo avançamos nos assuntos. Joohyun me deixa bem confortável, quem olhava de longe poderia pensar que éramos amigas de algum tempo.
– A partir daí iniciei o curso de economia e já estou quase no final. – Joohyun finaliza o resumo de sua vida.
– Então você é dos números… Gosta do seu curso?
– Não completamente, sempre tem algo chato de fazer, sabe? Como tudo na vida. – A jovem pondera. – E você?
– Eu ainda estou na escola. – Tenho certeza que minhas bochechas estão coradas. – No meu último ano.
– Aproveite bastante seus amigos, com o tempo ficará mais difícil vocês se verem. – Joohyun parecia um pouco triste ao dizer aquilo. – Algum plano para o futuro ou vai viver o presente?
– Música. Quero estudar profundamente a música. – Me contenho para não fazer um monólogo do quanto essa arte significa para mim.
– Escolha interessante. Bem, é mais legal que números e política internacional. – Joohyun brinca me fazendo rir.
Depois de minutos apenas olhando para a mulher a minha frente lembrei de que ainda existia vida além de Joohyun, meus pais não estavam ali e nem meu irmão. A chuva também havia se recolhido e eu ao menos percebi. Fiz o convite de irmos ver a paisagem para Joohyun e ela aceitou.
Do lado de fora havia um grande espaço de gramado, um jardim médio próximo a construção e algumas plantas espalhadas pelo terreno plano. Como estava de noite não era completamente visível as cores das flores, porém dava para ter uma boa noção da beleza do local.
– Vamos ficar alí, dá para ver tudo lá em baixo ou quase tudo. – Eu sugeri, mas Joohyun parou no seu lugar. – O que foi?
– Não é próximo demais da borda? – Com essa pergunta me lembrei que ela tinha medo de altura.
– Nem tanto, tem uma área de segurança. Se estiver com medo pode segurar a minha mão.
Mas que merda! Por que eu não consigo controlar minha própria boca? Que vontade de me chutar por me sentir como uma criança da quinta série quando estou com uma mulher daquele porte. Parei com a minha guerra interna assim que senti os dedos gélidos de Joohyun se entrelaçando com os meus.
– Vamos até o banco, se você não quiser podemos voltar. – Vejo que Joohyun assentiu mordendo o lábio inferior.
Fomos até o banco de mãos dadas, a todo momento Joohyun espiava para ter certeza de que a borda da elevação estava longe. Sua expressão séria desconfiada dava espaço para uma feição fofa, eu sorri com isso.
– Tem um pouco de névoa por conta da tempestade, mas em uma noite de tempo limpo dá para ver quase a cidade inteira daqui. – Eu disse admirando as luzes que vinham de baixo.
– Aqui é realmente lindo. – Joohyun afirma depois de varrer os olhos pela cidade lá em baixo.
O corpo da morena parecia menos tenso, o medo de altura era controlado. Escutei meu rádio apitando, significa que alguém tentava se comunicar com ela. Rapidamente abri o canal de comunicação.
– Wan, preciso entregar a chave da casa para a Joohyun noona. Você a viu em algum lugar? – Mark pergunta.
– Ela está comigo. Estamos no banco perto do telescópio. – E de forma veloz meu irmão chega no local.
– Aqui. – Mark entrega o objetivo para a hóspede. – Boa noite. – Ele faz uma reverência antes de sair.
– Ele me pareceu um pouco nervoso. – Joohyun toma nota.
– Ah ele tá afim de você. – Revelei como se não fosse nada, apesar do leve incômodo na boca do meu estômago ao dizer aquilo. – Mark não sabe lidar com garotas bonitas. Se quiser falar com ele, posso o chamar.
Como resposta Joohyun solta uma gargalhada, ela normalmente tinha um tom de voz tão sereno e manso que me espantei com a intensidade do grito dela.
– Wendy, ele é uma criança! – Joohyun fala depois de tomar novamente seu fôlego.
– Mas e quando vocês chegaram? – Questionei confusa. – Eu vi você acariciando o braço dele.
– Foi porque subimos no bondinho juntos e eu sem perceber apertei demais o braço do Mark. Por isso eu tava massageando ele.
– E-eu… me desculpa por ter conclusões precipitadas. – E pela segunda vez em poucas horas eu estava corando. Que inferno.
– Está tudo bem. – Joohyun diz. – Ei, lembro que você disse que quer cursar música. Não te ouvi cantar. – Ela levanta as sobrancelhas de forma sugestiva com o pedido subentendido. Mulher por favor pare de ser assim eu lhe imploro.
– Sinto dizer que ao vivo não vai rolar. – Consigo ver um biquinho se formando na mais velha. Um ato fofo que quase me fez perder o foco do assunto. – Mas tenho alguns áudios gravados.
– Mostra, por favor – Joohyun faz seu melhor olhar pidão. Bom, não era só Mark que não sabia lidar com garotas bonitas. Eu também sentia seu coração bater feito um louco por estar perto dela.
Retirei do meu bolso a caixinha que continha meus fones sem fio e meu celular da minha jaqueta. Tinha tanta coisa gravada, mas fiz questão de procurar até achar meu cover favorito e dei play. E foi divertido analisar as expressões faciais da morena porque nos primeiros segundos estava neutra, se transforma numa surpresa e no final do áudio ela fica boquiaberta com a nota alta que eu particularmente sinto bastante orgulho do meu feito.
– Você é extremamente talentosa. – Joohyun fala assim que o áudio acaba, retirando os fones. Deixando-me sem jeito pela milésima vez, agora por conta dos elogios. – Eu poderia te ouvir cantar para sempre e não enjoaria.
Meu acanhamento vira uma expressão pesada que não consegui me conter, desvio meu olhar de Joohyun e ela imediatamente pergunta:
– Foi algo que eu disse? – Joohyun tenta desvendar o meu desânimo repentino, concordo com cabeça. – Foi um elogio sincero, eu realmente te achei uma excelente cantora.
– Obrigada pelo elogio. O problema não está nele, sim nas palavras que você usou. – Eu engoli em seco. – Minha ex dizia a mesma coisa.
– Oh, eu sinto muito.
– Não sinta, ela não somou em muita coisa.
– Então eu sinto por ela. – As palavras de Joohyun chamam minha atenção e a olho novamente. – Por ela ter sido tola de te perder.
Um a zero para Joohyun.
Eu consegui sentir meu coração pular feito o de um maratonista depois de uma corrida. Era uma alucinação ou Joohyun estava flertando comigo? Deve ser um engano meu então decido agir de forma normal, mas simplesmente não consigo parar de olhar para Joohyun quando a brisa fria bagunça um pouco seus fios negros.
– Antes você disse que me chamou de estranha por não olhar a paisagem quando cheguei. – Joohyun observa. – Mas agora quem não olha para a vista é você.
– O que está do meu lado é muito mais interessante.
Eu também marquei um ponto. Um a um. Joohyun abre um sorriso de canto ao ter sido pega desprevenida.
– Você está com muito frio, não é? – Joohyun questiona provavelmente ao me ver tremendo embaixo da coberta.
– É tão visível assim?
– Além de você estar tremendo feito um chihuahua. – Joohyun faz graça lembrando-se do pequena raça de cachorro. – Seus lábios estão ficando roxos.
– Oh, então devemos subir logo. – Eu conclui pois queria sair daquele frio por mais que estivesse adorando esse meu momento sozinha com Joohyun.
– Eu tenho algo que vai melhorar isso. – Pensei que a morena fosse puxar algum protetor labial do bolso ou algo do tipo, mas me surpreendi quando senti os lábios dela nos meus.
Consigo sentir perfeitamente o afago que Joohyun faz em minha bochecha enquanto seus lábios gélidos escovavam-se com os meus. O beijo era um tanto cauteloso, como se Joohyun tivesse medo de rejeição e ele é encerrado de forma breve.
– Pronto, vermelhos novamente. – Joohyun observa, mas quase não a escutei pois ansiava por outro beijo e assim fiz questão de unir novamente nossas bocas.
Iniciei o contato devagar, mas logo abri um pouco o beijo para que minha língua entrasse em contato com dela porque eu estava louca para provar seu gosto. Segurei a lateral do rosto de Joohyun com uma mão e a outra fica na cintura da mais velha, a trazendo mais para perto à medida que nossas línguas ganhavam afinidade. Joohyun fica um pouco desorientada com o contato prazeroso, depois de alguns segundos sinto ela me abraçando e transmitindo melhor o seu calor para mim. O beijo foi quebrado aos poucos.
– Nossa, isso foi muito melhor do que eu imaginei. – Joohyun confessa ofegante pelo beijo. Nossos corpos ainda estavam bem próximos.
– E você imaginou isso por quanto tempo? – Questionei enquanto contornava com a ponta dos dedos os traços invejáveis do rosto da morena.
– Desde que você sugeriu virmos para cá.
– Eu imagino desde que você chegou. – Confessei sem medo de parecer uma bobona. – Acho que eu venci. – Brinquei com a comparação.
– Se eu não tivesse te beijado primeiro você me beijaria? – Joohyun pergunta.
– Não. – Eu fui honesta. – Não imaginei que você também queria.
– Mais uma conclusão precipitada. – Irene fala enquanto deita sua cabeça meu ombro. Ela me abraça pela cintura. Cobrindo nós duas com a manta, uma sobre os braços e outra nas pernas. – Está mais confortável assim?
– Impossível estar melhor. – Respondi com um sorriso frouxo enquanto olhava para a mais velha. Aquela mulher parecia uma miragem de tão perfeita. Obrigada Deus por recompensar todos minhas boas atitudes na vida com esse presente.
Joohyun permanece na mesma posição e busca meu olhar. Com sua mão livre ela traz minha cabeça mais para baixo, colando novamente nossos lábios. Era o nosso terceiro beijo e pelo visto Joohyun deseja me beijar até perder a conta de quantos foram, mas quem disse que estou reclamando? Vi seu sorriso de canto depois que finalizei o beijo sugando seu lábio inferior.
– Você realmente gostou do meu beijo. – Eu disse com certa confiança. Não era a minha primeira vez recebendo aquele elogio, porém senti meu ego inflar um pouco quando observei meu efeito sobre ela.
– Estou aproveitando todo meu tempo, não sei quando ficaremos assim sozinhas de novo. – Joohyun fala enquanto passava a ponta de seu nariz pelo meu pescoço e como consequência me arrepio.
– Se depender de mim podemos ficar assim mais vezes. – Sustento um olhar sincero. Não há respostas da mais velha, pelo menos nada dito. Joohyun me dá um selinho. – Está ficando tarde, já é quase meia noite.
– Você é a Cinderela? – Joohyun diz num tom brincalhão, ela estava muito mais relaxada do que antes. Gostei disso.
– Você descobriu o meu segredo. – Entrei no jogo dela, atuando de forma exageradamente surpresa. – Mas sério, acho melhor entrarmos antes que desconfiem de nós.
Joohyun não faz questão de argumentar. Pelo visto ela percebeu que ainda não me assumi para seus pais.
– Meninas! Pensei que vocês não fossem entrar. – Escuto minha mãe assim que entramos na construção. – O papo estava tão bom assim?
– Wendy e eu temos muita coisa em comum. – Joohyun responde enquanto buscava seu celular e depois me devolve o carregador.
– Falando muito sobre garotos, não é? – Minha mãe dá um sorriso sacana. Joohyun e eu nos entreolhamos antes de responder qualquer coisa. Fico no meu famoso gay silence. – Ah filha não precisa responder, está óbvio que sim.
Continua...
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