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História Garota Má - Drastória - Capítulo X


Escrita por: Samm_Rockman

Notas do Autor


#Lumus

Capítulo 10 - Capítulo X


Fanfic / Fanfiction Garota Má - Drastória - Capítulo X


Ele estava esperando do lado de fora da Ala Hospitalar. Suas mãos não paravam quietas de nervosismo, se seus colegas o vissem agora o achariam uma mariquinha.

Se levanta do banco que estava sentado e começa a andar de um lado para o outro tentando se acalmar. Para abruptamente quando se lembra do final do jogo da Sonserina contra a Corvinal.

Brousnton tinha acabado de se despedir de Nott e Sacage, estava cruzando o campo vazio de Quadribol.

Não era necessário passar por ele, já que havia uma passagem do vestiário para fora do campo, mas isso não o impede de caminhar pelo lugar.

Adorava aquela sensação. De ver todo o estádio em silêncio e inércio, relembrando da vitória que ocorrera e de todos os seus pontos marcados.

Suspira aquele ar fresco que movia seus cabelos com a leve brisa. Foi aí que percebera que não estava só.

A artilheira corvina estava de joelhos sobre a grama, tateando o chão a procura de algo. A sua face estava desesperada e ainda trajava o uniforme de Quadribol de sua Casa.

Se aproxima dela.

— Está procurando algo? — pergunta.

Ela se assusta e pula ficando em pé rapidamente. Jace acha o gesto cômico e reprime uma risada.

A garota tem a graça de corar.

— Jace Brousnton — se apresenta primeiro por ela estar sem jeito.

— Calipso Sacage — fala sorrindo levemente.

Ela não pode deixar de notar as covinhas nas bochechas e os olhos castanhos meios puxados.

Um brilho de reconhecimento surge no olhar dele.

— Irmã de Ben? — indaga e corvina afirma com a cabeça. — O que perdeu?

— Meu colar.

Ele arqueia uma sobrancelha, tendo uma vaga lembrança que notara algo brilhante em algum relance do jogo.

— Como ele é?

— Uma corrente de cordão preto e uma pedra azul segurada por uma redinha do próprio cordão.

Ele se põe a procurar com a garota. Por várias vezes seu olhar voltava à corvina enquanto deveriam percorrer a grama em busca do objeto. Não deixava de contemplar os cabelos castanhos que caiam por suas costas e, às vezes, se colocava nos olhos, fazendo-a se movimentar para colocar a mecha por trás da orelha.

As covinhas também apareciam, mas numa careta de frustração do que num sorriso. Isso o fazia lembrar do que estava fazendo, mas não impedia de lhe tirar a atenção mais do que uma vez.

Sacage, em um momento, o olha e arregala os olhos. Brousnton faz o mesmo e depois solta um sorriso bobo, mas ela não retribui o gesto.

Demora um pouco para perceber que a garota encarava a grama e não o artilheiro sonserino.

Observa o chão quando a corvina exclama:

— Meu colar!

O pequenos objeto estava a cinco centímetros da onde a mão de Jace estava parada. Ele se sente um idiota ao constatar isso.

Toca no cordão e o olha atentamente. Era familiar...

— Todos os meus irmãos tem um — a voz doce da garota penetra em seus ouvidos. O cheiro de jasmins e flores silvestres enchem suas narinas. — Só que com a cor de sua própria Casa. Deve ter visto o de Benedict.

Foi aí que se recordara. O amigo também tinha uma pedra igual, só que verde, em seu colar.

— É uma tradição de minha família — explica.

Ele toca com suavidade na pedra azul e brilhante. Ergue os olhos para ela e engole um seco.

— Posso?

Ela exala uma exclamação de surpresa, mas não nega.

Também nervosa, assente e se vira, tira os belos e sedosos cabelos e os colocando para o lado deixando a pele de seu pescoço a mostra.

O sonserino prende a respiração e põe o colar nela. A sente tremer levemente por seus dedos roçarem na pele branca e macia. Ele tem a mesma reação que a corvina.

Depois de segundos demorados, ele termina de prender o objeto.

Os dois, sem jeito, se olham por um instante que parecia durar uma eternidade e num silêncio incômodo.

Brousnton pigarreia para falar.

— Bom, eu acho que cometi uma falta — diz sorrindo timidamente. — Peguei na sua vassoura e a puxei para trás... — coça a nuca, envergonhado.

— Ah — exclama surpresa por ele se lembrar. — Tudo bem. Vocês ganharam o jogo mesmo e não faria muita diferença se o juiz marcasse.

Jace assume uma pose de bom cidadão bruxo.

— Mas jamais me perdoarei se não fizer algo a respeito — assume um tom sério. — Não acho que um mero pedido de desculpas vá adiantar — pensa um pouco sobre isso. — Mas creio que um longo passeio a Hogsmeade comigo poderá recompensá-la.

Ela fica boquiaberta com o convite.

— Está falando sério?

— Seríssimo, madame — fala ainda com voz grave.

A corvina, desconfiada, encara o garoto de cabelos pretos e olhos verdes por alguns segundos.

— Tudo bem.

Ele solta o ar que nem sabia que prendia, mas depois sorri verdadeiramente.

— No sábado me espere depois do almoço no hall de entrada — ordena como uma general. Se vira, mas olha por cima do ombro para avisar:  — E não se atrase.

Ele acompanha, com o olhar bobo, a corvina se distanciar.

— Merda! — pragueja.

Depois de tanto andar de um lado para o outro acabara batendo o pé no banco que, segundos antes, estava sentado.

Manca um pouco até a dor passar e ouvir uma risada.

Iria gritar com a pessoa dona do som quando se vira e a vê.

Abre um bobo sorriso.

— Cally — fala.

— Brousnton — diz corando por ele ter usado seu apelido.

— Me chame de Jace — pede.

Ela meneia com a cabeça.

— Como seu irmão está?

A corvina se aproxima.

— Melhor — diz e sorri levemente. — Está dormindo agora mas acordou para pedir chocolates...

— Isso sim é um sinal de melhora — brinca, mas logo um silêncio constrangedor se instala no corredor onde conversavam.

Ela dava olhares tímidos a ele, Jace também. Nunca havia ficado tão nervoso perto de uma garota.

— Hã, bem... — coça a cabeça. — Eu vim perguntar se, bem, o passeio a Hogsmeade está de pé...

Ela arqueia uma sobrancelha castanha.

— Estava esperando esse tempo todo para perguntar isso? — indaga.

— N-não — gagueja. — Cheguei agora — mente e segundos se passam quando relembra as duas horas que ficou no corredor para ver se ela saía da enfermaria. — Foi uma sorte ter a encontrado aqui... — acrescenta.

A corvina assente mesmo tendo a impressão de ter visto a sombra dele vagar para lá e pra cá quando se encontrava dentro da Ala Hospitalar verificando o estado de Dennis.

— Eu preciso ficar um pouco com meu irmão mais novo, mas... — ela morde o lábio inferior, em dúvida. Brousnton estava parado, esperando a resposta. Nem chegava a respirar. — Acho que estou livre no sábado.

Ele solta o ar que prendia e sorri largamente.

— Que bom.

Cally retribui o gesto.

— Preciso ir — fala depois de um tempo. — Eu estava indo para o meu dormitório para descansar.

— Eu te acompanho — oferece e já começa a andar.

Ela o para segurando-o pelo braço.

— Mas não somos da mesma Casa.

Jace se dá conta disso agora.

— Ah, é.

A corvina ri e ele se pega apreciando o gostoso som que era transmitido para seus ouvidos.

— Mas posso te levar até a Torre — fala caminhando com ela ainda segurando o seu braço.

— Que ótimo, assim não correrei nenhum perigo — brinca.

— Mas é claro! — responde se fingido de ofendido. Estufa o peito com orgulho. — Sou seu fiel escudeiro! Jamais deixaria minha donzela em perigo!

Ela ri mais uma vez e se agarra com mais força no braço dele. Ele tenta esconder o sorriso largo que queria se estender pelo seu rosto mas quase não consegue.

Vão caminhando pelos corredores com um Sacage furioso os observando.

***

— Aqui, Malfoy — joga um pergaminho no peito do sonserino. — O dever que me mandou fazer.

Draco observa a Greengrass ir embora depois de quase o ter matado por ter jogado o objeto com tanta força contra seu peito. Ele massageia a área dolorida e a vê voltar para o Turner e a Cheever que a esperavam no corredor.

Os três viram uma curva qualquer.

Continua seu caminho até a biblioteca e se senta em uma mesa afastada das demais.

Tinha que fazer seu dever de Feitiços, mas o primeiro pergaminho que desenrolou pertencia a garota sonserina.

Leu com atenção cada palavra.

O texto do trabalho sobre a contra-poção Morto-Vivo, estava bem explicativa e detalhada, mas apenas um pequeno erro havia acarretado o Trasgo que receberia se fosse Slughorn que o pedisse: falava plena e unicamente da Amortentia.

Detalhes dos mais sórdidos eram explicados, dando um texto inteligente e bem fundamentado, causas do mal uso também era expressadas na escrita elegante da Greengrass.

Draco suspira pesadamente e marca um T com tinta vermelha sobre a folha. Estava cada dia mais difícil corrigí-la. Sempre insistia em fazer todos os trabalhos que passava sobre a poção do amor e não sobre tema proposto.

Às vezes pensava que a sonserina não tinha mais jeito.

Desde a cena na Torre de Astronômia ela nunca mais tivera a expressão vazia e desprovida de sentimento em que estava naquele momento. Deduzira então, que a razão fora causada pela irmã, mas não sabia ainda o motivo.

Sua missão era descobrí-lo.

Se levanta mesmo antes de começar a escrever o trabalho de Feitiços e caminha apressadamente por onde a sonserina fora.

Encontra Thomas e Alexis parados, conversando num corredor e vê a capa esvoaçante da Greengrass virar uma curva.

A segue com velocidade, os pares de olhos da dupla de sonserinos queimam em suas costas. Ouve Turner urrar alguma coisa.

Os ignora e vai apressa o passo para acompanhar a garota.

— Greengrass — chama, agora a um metro dela. Anda mais rápido até estar ao seu lado. — Greengrass — tenta novamente.

Ela o ignora completamente.

— Greengrass... — ele ameaça perigosamente pela última vez.

A sonserina revira os olhos.

— Fale logo, Malfoy — diz caminhando apressadamente, sem diminuir a velocidade. — Tenho monitoria hoje.

Draco ergue seu braço, olha em seu relógio de pulso bruxo e percebe que já estava no horário dos alunos se recolherem.

— Quero saber porque em vez de fazer trabalho da contra-poção do Morto-Vivo escreveu sobre a Amortentia.

Ela para abruptamente e Malfoy bate no corpo da garota, a desequilibrando. Antes que ela caia, Draco a segura agarrando seus braços.

O olhar dos dois se encontram e o garoto sente uma corrente elétrica correr por seu corpo ao tocar na pele branca, já que a manga da camisa social e feminina estava dobrada até os cotovelos, da sonserina.

Ela parece sentir apenas nojo e desprezo.

Se afasta imediatamente, o empurrando. Draco demora um pouco para voltar ao seu estado normal e sair do estupor que sentiu ao encostar no branco leite da pele da Greengrass, mas consegue voltar a realidade do choque que foi ao sentí-la.

— Quis fazer sobre o tema que eu tive vontade, Malfoy — diz rispidamente e encarando os olhos cinzentos do garoto. — Você não tem nada a ver com isso.

— Tiraria um T se fosse um trabalho passado por Slughorn — retruca já retorcendo os punhos por ela ser tão ingrata pelo que fazia.

— Mas não é — rebate.

As íris azuis brilham quando descobrire a verdade por trás dos gestos da Greengrass.

Sua pupila dilata e ele arregala os olhos com a recém descoberta.

— Você não sabe... — fala divagando consigo mesmo em voz alta. — Não sabe fazê-la...

As íris verdes e venenosas mandam um sinal de "Cuidado" bem explícito.

— Pese suas palavras, Malfoy, antes de colocá-las para fora... — aconselha com os olhos brilhando de um veneno mortal.

Na aula de Poções, quando escrevia em seu caderno, a reação da Greengrass quando explicara que já havia feito uma Amortentia mais forte que uma poção comum a fizera ficar perplexa e paralisada. Agora sabia o porquê.

Não sabia fazer uma simples poção do amor.

Enrruga o cenho.

Era um trasgo total.

Draco poderia se oferecer para ensiná-la mas isso acarretaria ficar mais tempo na presença da Greengrass, e a garota parecia cada vez mais tentada a matá-lo.

As palavras de Zabine escorrem por sua mente: "Façam de tudo para ela esquecer".

Malfoy geme enquanto a acompanhava mais uma vez.

O líder do time o puxara para um canto onde reuniu todos os outros jogadores. Skay Petterson jazia irritadiço pois Blásio havia o interrompido quando trocava um amasso com sua namorada lufana, Benedict Sacage queria ter ficado mais um pouco com seu irmão mais novo que ainda estava em recuperação na enfermaria, Quenks bufava sem motivo, Jace Brousnton tinha um leve e bobo sorriso no rosto enquanto olhava para o nada, Malfoy tentava descobrir o porque do humor tão oscilante do time.

— Escutem — Zabine toma a palavra. — O jogo foi adiado para daqui a uma semana pois o goleiro da Grifinória foi expulso por duelar com o apanhador e precisam de alguém para ocupar o cargo.

— Jake é um idiota — Ben comenta sobre o irmão que fora o motivador da briga e mesmo assim só sobrara o castigo para o goleiro dos Leões.

— Nesse meio tempo — o capitão continua —, quero que todos façam o possível para a Greengrass esquecer da vingança que prometeu.

Todos gemem audivelmente.

— Isso inclue você, Quenks — Zabine ignora as reclamações de seus parceiros de time. Os encara seriamente. — Estou falando para a distraírem, a serem simpáticos com ela, que a ajudem no que for necessário. Sejam bonzinhos, não arrangem confusões e talvez poderemos ser capazes de sair de suas garras.

— Está com medo, Zabine? — Peter pergunta com um sorriso.

— Receoso seria a palavra certa, Quenks. Não quero me tornar o que ela fez com você.

O sonserino ofendido faz uma careta. Blásio se volta ao outros.

— Estamos entendidos? — questiona olhando para cada um. Draco teve a leve impressão que os olhos castanhos claros do capitão se fixaram em seu rosto durante segundos a mais do que pousaram em seus colegas. — Façam de tudo para ela esquecer.

Fora somente por essa frase (e pelo temor da vingança da sonserina) que continuou a seguindo.

— Posso ensiná-la a fazer uma Amortentia.

Ela para instantâneamente.

Draco olhava para as costas elegantes e os cabelos negros jogados sobre elas com um sorriso presunçoso.

— Tentarei ensiná-la a fazer a poção do amor mais forte do mundo se quiser... — propõe.

A Greengrass se vira lentamente para encará-lo e se aproxima com passos lentos até ficar rente a ele.

Analisa a proposta com a sobrancelha arqueiada. Depois de um minuto inteiro seu olhar se fixa em algo atrás de Malfoy.

— Amanhã, na biblioteca, depois do almoço — fala por fim e continua rapidamente: — Se atrase e será um homem morto.

O sonserino assente ainda hipnotizado pelas íris verdes e venenosas. O som de passos ecoa pelo corredor e um garoto se põe ao lado da sonserina.

— Asty — Thomas chama e Malfoy trinca os dentes. — Vamos? — indaga.

— Não vê que estou falando com ela, Turner? — Draco não pode deixar de se intrometer. — Porque não vai pastar?

As narinas de Thomas dilatam e ele tenta se controlar.

— Sou monitor, Malfoy — retruca secamente ajeitando os óculos de lentes quadradas nos olhos azuis. — O único errado aqui é você por estar fora dos dormitórios...

Uma intensa tensão se instala entre os dois. Draco a quebra sorrindo.

— Nem parece o menininho desesperado por ter dormido demais e ter perdido a ronda — debocha.

Os punhos do garoto se fecham. Draco estava preparado para uma briga quando a maldita Greengrass se pôs entre eles.

— Vá — ordena a Malfoy com seriedade.

O sonserino hesita, mas diante do olhar assassino da sonserina, obedeceu.

Sua mandíbula se contrae quando os deixam só.

***

Os corredores estavam vazios, ele caminhava tranquilamente até uma voz em seus ouvidos o arrepiarem.

— Venha — escuta a simples palavra e estremece.

Segue a garota que toma sua frente. Os passos eram apressados e o caminho era direcionado pelos corredores menos usados de Hogwarts. Draco pensa o porquê disso.

Greengrass checa em uma curva se alguém estaria vindo e faz um sinal quando contasta que não. Revirando os olhos, ele a acompanha.

— Necessita de tudo isso? — ele indaga ao bater a porta da biblioteca que estava interditada desde a manhã.

— Não quero ser vista me esgueirando pelos corredores com você — fala e termina a frase lançando-lhe um olhar de desprezo.

— Claro. Não... — se interrompe quando um bicho branco e de dentes afiados agarra seu braço. — Mas que mer...

A biblioteca estava infestadas com as pequenas criaturas com formato oval e peludas.

Elas pulavam de um lado para o outro roendo os livros e espalhando os pedaços das páginas trituradas, deixando uma bagunça terrível e demasiada desorganizada, além de cáustica.

Os olhos da Greengrass giram nas órbitas.

— Finiti Incantatem! — faz com a varinha e os animais somem na mesma hora junto com os livros acabados e os pedaços de papel picotados desaparecem. Ela suspira pesadamente enquanto o pega com a expressão perplexa. — Encantei a bibloteca para que ficasse interditada para fazermos a poção em paz.

Draco pisca. O feitiço de ilusão era tão bom que sentira a criatura pousar em seu braço quando o tocou e os livros cheiravam a folhas rasgadas, quase formando uma situação real. Geralmente o nível médio que a maioria dos bruxos adultos e jovens conseguiam realizar era um holograma que se tocado, o efeito dissipava-se.

— Estava com tanta vontade assim de ficar comigo em um local vazio? — diz debochante.

Ela lança um olhar duro.

— Não quero que meu nome se difame por causa do seu — retruca e Draco quase trás a mão ao peito pois foi quase palpável o fora que levou.

— Assim me magoa, Greengrass — comenta e ela o ignora caminhando até uma das mesas onde havia materiais postos prontos para uso.

— Já peguei tudo — sua voz continha uma minúscula ponta de animação nunca antes expressada.

Draco analisa e confere, depois assente e se põe a trabalhar.

— Corte isso — fala pegando em uma tigela a Ararambóia. — São pedaços de uma cobra verde e especial com...

— Um veneno poderosíssimo — a garota completa fazendo o que ele manda.

Com grande habilidade o produto é cortado. Depois de picada, Greengrass olha para Malfoy.

— Coloque no caldeirão e ferva por...

— Vinte minutos — diz já fazendo o que era pedido. Acende o fogo e vê os pedaços reagirem a alta temperatura.

Com as mãos na cintura, espera impacientemente.

Passado três minutos do tempo restante, ela se vira com olhar sério e comprometado em Malfoy.

— Me avise se eu fizer algo de errado — diz com o tom decidido e firme, além da ligeira autoridade imposta.

Ele não sabia como, pois ela parecia saber de cor todos os passos e as manteira corretas de fazer cada um deles.

Depois do tempo determinado, a garota tira o caldeirão do fogo e coloca um acônito e pega uma pedra encontrada no estômago de cabras.

— Coloque o bezoar só quando... — ele tenta avisar.

— Voltar ao fogo — termina a frase de Malfoy recolocando o caldeirão no elemento que queimava.

Agora faltava esperar metade de uma hora para terminarem. Malfoy sorri e apoia as mãos na mesa, olhando para o trabalho quase finalizado.

Poções realmente o fazia bem. Anota algumas coisas rotineiras em seu caderno e ergue os olhos para ela.

A sonserina estava concentrada no líquido que fervia, um possível perolado estava quase se formando, mas sua postura não relaxava. Parecia estar decidida a ficar vigiando se tudo corria bem.

Draco a observa por alguns instantes, deixando a pena na mesa para se concentrar na garota.

Era admirável a determinação que portava em conseguir fazer a Amortentia. Diria até invejável.

Malfoy não sabia o que era isso, pois durante toda sua vida sempre teve tudo o queria na hora em que desejava. E apesar da familia dela, os Greengrass, também ser puros-sangue, havia algo nela que não parecia que portava tal título. A superioridade havia, mas não o orgulho de ser intitulada assim.

Ela ergue o olhar.

Draco pensava que iria ser recebido com desprezo quase palpável que o era sempre imbutido, mas se surpreendeu com o belo sorriso.

Não era os doces de Alexis ou os trituradores de corações como os de Daphne, mas sim um misto de deboche, malícia e talvez uma, não tanto evidente, ponta de sensualidade além do costumeiro escárnio contrastando com as esmeraldas perigosas. Ela tentava encobrir o gesto dando uma leve puxada e mordida em seu lábio inferior, ficando mais sexy ainda de se ver.

E isso foi o bastante para Malfoy sorri pelos próximos minutos restantes.

***

Estava pronto. E melhor, estava perfeito.

O brilho perolado, a fumaça exalante formada de espirais características. Tudo certo e perfeito. A poção do amor mais poderosa do mundo.

Amortentia.

— Está pronta — decreta.

O cheiro era volúvel. O odor de madeira polida de sua potente vassoura, a essência de camomila pertencente aos cabelos de sua mãe e o pinicante cheiro de poções exóticas e tóxicas com uma pontinha de...

Que perfume é esse?, indaga em sua mente. Nunca havia o sentido antes, era estranho pois estava misturado com o cheiro de poções embora não seja nenhuma que ele conhecesse. Era um forte e misterioso, indetectável. Nem em mil anos conseguiria acertar qual tal era.

Volta seu olhar para Greengrass.

Ela jazia perplexa, sem piscar. Os joelhos pareciam fraguejar, o olhar estava vazio, sem esperança ou solidez, as íris, antes mortais e perigosas, agora apagadas e opacas, os ombros caídos em sinal de derrota.

— Pensei que não sabia fazê-la... — sussurra de forma quase inaudível.

As mãos dela se apoiam na mesa, tentando sustentar o corpo que já havia fraquejado.

— Greengrass! — Malfoy a socorre a tocando no ombro, pronta para sustentá-la.

— Não. Toque. Em. Mim — pontua com os olhos voltando a ficar perigosos.

Ele se afasta imediatamente enquanto ela tentava se manter em pé.

— Pensei que não sabia fazê-la... — volta a murmurar para si mesma. Uma de suas mãos passam pelas mechas negras, em desespero. — Pensei que não...

— Do que está falan...

— O cheiro — ela o interrompe, ainda sem o encarar, olhando para a poção perolada, que soltava aspirais de fumaça, com a face perplexa. — Não sinto nada...

A boca de Malfoy se abre sem nenhum som para emitir. O silêncio paira na enorme biblioteca. Segundos angustiantes se passam até ela voltar os olhos para ele.

A Greengrass parecia ter percebido que havia contado um profundo segredo a quem não devia.

As íris mortais voltam a reinar no belo rosto onde as mechas negras caiam pela fronte e as pesadas sombras destacavam a pele leite da sonserina.

As pernas dela se firmam e sua postura volta a ficar ereta, digna de uma rainha.

— Conte isso a alguém — a voz era perigosa como nunca antes —, e estará morto, Malfoy.

Ela sai da biblioteca batendo a porta como uma tempestade.



Notas Finais


#Nox


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