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História Garota Má - Drastória - Capítulo Cento e Dois


Escrita por: Samm_Rockman

Notas do Autor


#Lumus

Capítulo 108 - Capítulo Cento e Dois


Fanfic / Fanfiction Garota Má - Drastória - Capítulo Cento e Dois


Depois de dois dias, lhe dirigiu a palavra:

— Astória pediu desculpas a mim em uma carta sobre aquele fatídica cena no nosso almoço — murmurou lendo o Profeta Diário sobre a enorme e rica mesa de café da manhã. — Deduzo que deva ter comentado com ela o assunto.

Draco, cautelosamente, assentiu.

Solveu um pouco do seu chá e sorriu internamente pelo conselho eficaz que a Greengrass lhe dera, já que este estava começando a surgir resultado.

— Contanto, por mais nobre que seja a atitude, ela não foi a única culpada — comentou, casual, como se estivesse citando como estava o tempo. Retirou o jornal da cara, encarando o filho. — Não é mesmo?

Lucius Malfoy sempre sutil em apontar os erros dos outros.

Revirou os olhos por baixo das pálpebras, pois seu pai o mataria se o fizesse em sua presença.

— Sim — admitiu. — Está totalmente certo — confirmou pousando a xícara sobre o pires. — E, para ressaltar, peço mais uma vez desculpas pelo meu erro.

O sr. Malfoy pensou e logo assentiu voltando a ler as notícias.

Tinha aceitado agora.

Finalmente estava perdoado.

Draco voltou a se servir quando notou a falta de alguém.

— Onde está mamãe?

— Ainda dormindo no quarto — respondeu seu pai. — Tive um dia muito agitado ontem e ainda está exausta, por isso não vá incomodá-la.

O filho analisou o dia anterior. Narcisa só ficara em casa, cuidando algumas vezes do seu jardim e acariciando os longos cabelos do esposo quando se juntavam para se sentar no sofá da grande sala quente.

Não fizera nada constante para se cansar assim abruptamente.

— Mas...? — pensou mais e decretou que o melhor, seria não perguntar. — Deixe.

Lucius achou sábio.

— Quando você e Astória vão retomar o relacionamento que nunca deixaram?

Draco engasgou e tossiu ruidosamente sobre o ar até pegar o guardanapo e abafar o grosseiro som.

— Eu, é... Hum... — pigarreou algumas vezes. — Não sei... Não sei do que está falando.

Ergueu a mão para se servir mais da bebida quente e fumegante por ainda sentir a garganta coçar no mesmo momento que Lucius dobrou o jornal e o abandonou sobre a mesa.

Pronto.

— Falemos abertamente, Draco — o sr. Malfoy exigiu. — Como está a relação com sua namorada?

O filho coçou os cabelos claros, encurralado.

— Tudo bem — falou, vencido, largando o guardanapo e colocando os cotovelos sobre a mesa. — Se você quer saber eu também quero.

Os olhos gélidos do sangue-puro piscaram.

— Perdão?

O bruxo suspirou.

— Não entendo o que eu tenho com Astória — confessou. — Muitas vezes penso que nem ela o faz, mas claro que isso não é verdade — revirou os olhos. — A Greengrass tem tudo sobre controle.

— Sua namorada é mais bem resolvida que você — acusou, depreciando.

Draco rosnou uma praga.

— Mas já me acostumei — defende-se por seu ego ferido. — E nem me atrevo mais a desvendar nosso relacionamento.

O que não é nenhum, pois nunca de fato namoramos, só continuamos nessa farsa inventada por nós dois que até hoje você acredita, falou na mente.

— Do mesmo modo — o sangue-puro reafirmou o dito.

Voltou a pegar o jornal, mas assim que seus dedos folhearam as páginas das notícias que ocorriam no Mundo Bruxo, pensou melhor e se levantou.

— Pegue sua vassoura — ordenou, frio, saindo sem mais explicações.

Draco ficou confuso. Realmente o ouviu direito? O que Lucius Malfoy planejava agora?

Tudo o que pode fazer, foi obedecer.

***

— Mais distante! — gritou. — Ainda sei o que são dez metros!

Draco sorriu consigo mesmo. Não adiantava mesmo tentar enganar seu velho.

Direcionou sua vassoura para um local mais distante, ficando no ponto exato que se permitia bater uma falta, segundo as regras oficiais do Quadribol.

E por um momento, não acreditou no que estava acontecendo.

Fazia anos que não realizavam coisa parecida.

Ele e o pai voavam sobre o céu cinzento, cada um montando na própria vassoura, com a bela propriedade dos Malfoys a vista para ser apreciada.

O mais novo tinha uma goles debaixo do braço, pronto para arremessar a qualquer instante.

O mais velho jazia perto de dois pinheiros altos, que agora serviam como aros improvisados do gol.

Lucius esfregou as luvas, se preparando para defender.

— Lá vai! — seu filho anunciou.

Jogou a bola para cima e esperou-a cair noite ponto exato para a rebater com o cabo da vassoura, numero giro 360º graus que deu.

O sr. Malfoy apenas vôo mais pra cima e agarrou a goles que girava loucamente sobre o couro da proteção, soltando uma fumaça por causa da fricção.

— Quando resolver parar de arremessar como um marica, me avise! — zombou escarnecente.

Draco revirou os olhos.

Não fora o arremesso que fora ruim, mas o goleiro que era bom demais.

Lucius já foi invicto como o maior naquela posição durante décadas. Só mesmo Blásio o desbancou no recorde de defesas.

— Sabe que essa não é minha especialidade! — berrou, pois estavam longe, de volta.

Lançou a bola para o filho.

— Tente não arranjar desculpas pela sua falta de talento! — retrucou.

Ficaram batendo faltas durante um bom tempo antes de Draco descer e ir em direção ao baú antigo onde guardavam os acessórios de Quadribol.

Estava encharcado de suor. Nunca pensou que aquilo seria tão difícil. Realmente tinha uma certa pena dos artilheiros que tentavam ultrapassá-lo. Seu pai não deixara passar uma vez a goles sobre o espaço entre as árvores.

Vestiu as luvas próprias de sua posição e sorriu para uma bolinha dourada, agitada, que anseava para se libertar e alongar as preciosas asas.

Seu pai acompanhava cada movimento seu com uma careta arrogante e superior, ainda sobrevoando o céu vasto.

— Não sou um bom artilheiro — gritou ao bruxo que permanecia no alto. — Mas quero ver se consegue ser um ótimo apanhador!

Dito, libertou o pomo.

Lucius arqueou uma sobrancelha quando seu filho não se mexeu para capturá-lo.

— Vou lhe dar uma vantagem — explicou cruzando os braços.

O sangue-puro acelerou em alta velocidade em busca da bolinha.

Draco achou divertido seu pai se frustar ao tentar, de todas as formas, apanhar o que devia. A bolinha brincava com o sangue-puro, voando em ziguezague e algumas elevando demais, de maneira abrupta, a altura do mergulho.

Depois de alguns minutos, percebeu que era suficiente.

Agarrou o cabo da vassoura e correu.

Montou enquanto ainda ganhava velocidade com os pés pisando o gramado e deu o comando mental para subir.

Imediatamente foi aos céus.

Cruzou a Lucius como um raio e usou o corpo inclinado para ir mais rápido, uma técnica muito usada pelos apanhadores.

Mas seu pai não ficou para trás. Conseguiu o alcançar em segundos e agora ambos jaziam lado a lado naquela perseguição perigosa.

Narcisa apareceu na sacada para contemplar seus garotos na disputa, apoiando o cotovelo na baulastra e assim, suspirando, e tendo a plena visão dos dois amores da sua vida.

O magnata não jogou limpo e tampouco seu filho.

Draco foi arremessado para a esquerda depois de um encontrão. Lucius continuou na busca, sem desviar sua atenção do objetivo.

Alcançou velocidade enquanto seguiam para a área arborizada da propriedade.

A esperta bolinha vôo por entre as folhas e galhos.

Sabia que era uma área perigosa porque tinha muitas chances de bater em alguma árvore, mas era um piloto habilidoso e confiava nisso.

O vento castigava seu rosto e o cheiro verde da natureza empreguinava suas narinas.

O pomo subiu abruptamente para cima por entre os galhos de um enorme pinheiro.

Nunca tinha feito isso já que não era próprio da sua posição, mas agora devia ser a hora.

Esticou o braço enquanto mantinha o outro segurando o cabo da vassoura que subia assustadoramente rápida por entre galhos finos e grossos que o poderia abater.

Saiu sem ser atingido quando emergiu do pico da árvore.

Estava tão perto que...

Rodopiou pelo céu depois de uma forte colisão. O controle estava perdido, enquanto dava giros de trezentos e sessenta graus no ar, permitindo vantagem para o adversário.

Draco sorriu, mas tinha consciência que seu pai se recuperaria rápido.

Cruzou o céu azul e num ímpeto de encostar na bolinha dourada que estava a centímetros de ser apanhada...

Foi abatido quando uma goles atingiu suas costas com força precisa para derrubar seu tronco, fazendo atingir a testa no cabo da própria vassoura.

Górgonas vorazes, Lucius era pior que os vigaristas da Grifinória.

Pelo Santo Merlin.

Jogava mais sujo que os Leões.

A corrida recomeçou.

Agora jaziam ombro a ombro, preparados para fazer o que fosse possível para vencer.

Sobre a varanda, Narcisa revirou os olhos.

A testosterona queimava como suor no ar.

Ainda era uma batalha de empurrões e tentativas de agarrar a roupa do outro quando a irritadez de ambos subiu ao limite.

Começaram a se estapear, ainda avançando quando, misteriosamente, uma árvore surgir no meio deles.

Arregalaram os olhos extremamente com parecidos.

Lucius foi rápido em desviar para a esquerda, mas Draco afiou o olhar e subiu sobre a vassoura, ficando de pé sobre o cabo e lançando o corpo para frente.

Pulou sobre o galho enquanto sua vassoura seguia em frente e depois pulou novamente sobre o cabo, esticando o braço e agarrando o pomo no processo.

Ergueu o objetivo de sua vitória enquanto no vazio tempestuoso só se ouvia o som forte do vento, abafando as palmas de Narcisa.

Vôo até Lucius que estava com a face perigosa e mortal, pronto para matar qualquer um ante a humilhação da derrota.

— Então? — Draco se gabou brincando sem muito interesse com o pomo de ouro nas mãos.

— Bela técnica — depreciou derramando desprezo sobre a conquista.

Citou o fato (muito conhecido por ambos) de ficar de pé sobre a vassoura.

— Aprendi com um certo alguém — comentou para revelar que em nada se afetara para a comparação.

Lucius rugiu, rancoroso.

Os dois desceram para o chão em silêncio.

Só Draco sorria.

Um ombro forte e alto se encontrou com o seu quando o mais velho se dirigiu a mansão.

— Amanhã — o bruxo poderoso decretou, sem o encarar. — Revanche.

O filho apenas alargou o sorriso.

***

Estava enxugando os cabelos loiros, quase brancos, com a toalha pois havia acabado de sair do banho quando viu War parada no beiral de sua janela.

Seus músculos estavam doloridos de uma forma boa, prazerosa de se sentir na ativa, e conseguiu sorrir além de estranhar.

Astória demorara muito para responder sua última carta. Bem, só havia passado oito horas desde que a enviou, mas era um recorde desde que mantinham contato.

Talvez o que tinha escrito, a abalara de alguma forma.

Com esse pensamento feliz, se aproximou da ave.


Agora escreveremos partes hots um para o outro?


O sorriso se abriu mais alguns centímetros.

Ela ignora a carta que mandou antes do banho, quando estava excitado de adrenalina pelo exercício saudável praticado pela manhã.

Tori ficou incomodada. Podia ver por causa que rebateu por uma réplica e não com outro flerte de volta e pelo evidente tom grosseiro na letra perfeita.

Mordeu o lábio inferior e bateu o papel nas mãos, decidindo o que poderia responder.

Os olhos azuis tempestuosos como o céu de agora brilharam, se tornando um tanto mais translúcidos.

Rapidamente foi ao encontro da pena e com o movimento repentino deixou a toalha enrolada na cintura cair, ficando totalmente nu.

Nem um pouco incomodado com a própria nudez, continuou a rabiscar as letras enquanto War esperava.

Que vergonha, Greengrass, não era uma cena dessas. Estava descrevendo um dos nossos beijos.

Quem acha que sou para acreditar nisso?

Sua mente poluída que imaginou as circunstâncias.

Só... Só não escreva mais desse

jeito.

Então ganhei a competição?

Por cima do meu cadáver, Malfoy. As peças ainda estão se movendo.

E você está em xeque.

A última frase a fez urrar, com total certeza.

***

Astória urrou.

E saiu furiosa pelo corredor da Grande Mansão Branca em busca das escadas que davam acesso ao térreo.

Mal sabia que aquele seria um dos piores dias da sua vida.

***

— Mãe — bateu mais uma vez na porta, de forma leve, só com o nó do dedo indicador. — Mãe, posso entrar?

Recebeu uma resposta afirmativa e então girou a maçaneta, enfiando a cabeça para dentro do cômodo.

A bruxa estava sentada em frente a luxuosa penteadeira onde alisava os cabelos loiros, de um tom ouro, com uma escova feita de fios de cerda.

O encarava pelo reflexo do espelho, assim não necessitaria se virar.

— Sim, meu querido? — perguntou, sem interromper o desembaraçar suave.

Draco pensou, segurando a madeira da porta com as pontas dos dedos.

Não entrou, pois não se sentia muito confortável em o fazer no ântro íntimo de seus pais.

Já sabia que não conseguiria evitar perguntas, então foi direto ao assunto:

— Me daria uma flor do seu jardim?

Poderia ser banal pedir aquilo. Uma simples e mera flor entre tantas, mas todas eram um tipo de presente de Lucius para a esposa, o que tornava as plantas mais pessoais do que qualquer outra coisa.

E um presente você não arraca e o leva sem permissão, ainda mais tendo a educação que recebera.

Nacisa piscou.

— Uma flor? — se virou no assento e o encarou com olhos azuis, curiosos e desconfiados. — Uma flor, Draco? — repetiu.

Ele, meio envergonhado, cruzou o batente e entrou por completo, mantendo as costas na parede.

— Sim, mãe — respondeu, tentando evitar o inevitável.

Ciça novamente franziu o cenho, tentando entender.

— Mas porque...? — finalmente caiu em si, arregalando os belos olhos vibrantes e formando um precioso círculo com a boca. — Oh.

Draco cruzou os braços e suspirou, resmungando consigo mesmo maldições enquanto sua mãe derretia-se de amores.

— Oh, meu Draquinho — disse, encantada com o gesto, se levantando e o pegando no rosto. — Mas não é que se tornou um romântico incorrigível — o beijou na bochecha com o filho ainda transmitindo zanga. — Ah, mas eu já deveria ter aceitado isso, afinal, você se declarou a Astória em cima da mesa da Grifinória.

Teve que rosnar um "É" já que foi a mentira que a Greengrass contara.

Sinceramente não sabia como sua mãe acreditara.

Girou as íris tempestuosas.

— Não revire os olhos, Draco — ela brigou. — É grosseria.

Seu filho, mesmo sendo de maior, ter dois palmos a mais que a bruxa e um tanto mais no quesito força, pediu desculpas num sussurro, colocando as mãos nos bolsos e encontrando o frio metal do relógio.

Narcisa dissipou a carranca e voltou a reinar o belo sorriso antes estampado.

Pegou no braço do filho e enrolou no seu.

— Vamos ao jardim — anunciou abrindo a porta. — Temos uma flor para escolher.

***

Lucius viu sua esposa e filho descendo juntos as escadas e os seguiu.

Parou imediatamente quando recebeu uma encarada tão mortal da mulher loira que retrocedeu dois degraus.

Pelo visto, não tinha sido convidado.

***

— Tenho tulipas lindas! E uma rio-doce que só floresce no inverno, quem sabe... — analisou a variedade quase infinita. — Botões rosas e roxos, podem ser uma boa opção. Ou... Não. Hollons morrem muito depressa e murcham totalmente se tirados da terra...

Draco, pouco a vontade naquele ambiente que não dominava e temendo estragar alguma espécie rara, pigarreiou para chamar a atenção de sua progenitora.

Os olhos azuis tão claros, quase os cegaram quando se voltaram a ele.

— Sim, querido?

Não sabia dizer aquilo sem a magoar.

Criou coragem.

— Quando pedi uma flor, já tinha em mente qual queria.

Ciça não se afetou.

— Mas você não entende nada de flores.

A sinceridade da frase o fez fazer uma careta.

— Mas sei qual a preferida de... — limpou a garganta, não querendo confessar para quem era. — Dela — completou sem citar nomes. Mordeu os lábios por alguns segundos, tentando não revelar fatos demais. — E você é a única pessoa da Inglaterra que tem a cutiva.

Mas Narcisa já sabia.

— Sabe que só tenho catorze unidades do que quer.

Ele não sabia.

— E que, por ser muito sensível, posso correr os riscos de ao podar uma, fazer com que todas as outras morram.

Draco ficou rígido.

— Ah — soltou sem pensar. — Então me desculpe, não sabia que poderia ter essa consequência — tentou parecer indiferente, mas falhou miseravelmente. — Posso escolher outra e...

— Oh, deixe disso, querido — o interrompeu com um gesto de mão. — Eu não me importo, só queria ver sua reação.

E pegando uma tesoura grande de jardinagem se dirigiu ao local exato da espécie rara.

Era o arbusto mais destacado entre os demais.

Pelas folhas serem de um verde bem escuro, quase tom esmeralda, e com as pétalas num profundo azul alucinante.

Catorze, contou.

Começou a escolher a mais perfeita, o que era propriamente impossível, pois estavam tão bem cuidadas que não se poderia apontar qualquer defeito.

— Sabe uma curiosidade? — murmurou concentrada no caule da escolhida, tomando cuidado com as partes pontiagudas. — Além da peculiaridade das pétalas e espinhos, só pode ser regada com chá de canela — olhou para o filho. — Se o fazer com água, elas morrem instantaneamente.

Esperou que o filho entendesse a referência para cortar.

Os seus joelhos para baixo estavam aquecidos pois havia um feitiço de preservação do calor para as sensíveis flores, então quando o som do fechamento das lâminas da tesoura soou sobre a fria brisa que passava por seu rosto, se tocou.

Narcisa entendeu a flor para o rebento depois de se levantar.

— Mãe — citou como se não soubesse mais falar. — É um presente de papai.

Notou a dimensão ainda maior quando verbalizou em voz alta e se horrorizou consigo mesmo, dando um passo para trás.

A bruxa sorriu, encantada com a sensibilidade do filho e pela primeira vez percebeu que ela e Lucius haviam feito a coisa certa.

Poderiam ter errado em todas, mas enfim, acertaram na mais importante.

— Tem algumas coisas na vida, Draco — explicou com olhos molhados de emoção —, que valem mais que outras.

Beijou o filho e se foi, o deixando com a preciosa flor na mão.

No bolso, o ponteiro do relógio deu uma volta completa sobre o seu entorno.

***

...depois rebatemos muitas faltas, mas claro, pode imaginar que não marquei nenhuma, afinal, que chances eu teria contra um recordista de Hogwarts?

E foi incrível, Astória, você tinha que ver quando soltei o pomo. Foi espetacular me sentir no ar outra vez perseguindo, enquanto meu pai tentava sobrepor contra mim.

Mas não haveria como derrotar o atual campeão.

Posso sentir a adrenalina até agora correndo nas minhas veias.

Peço perdão pela minha letra, mas acabo de me jogar sobre a cadeira depois de largar a vassoura e começar a escrever.

Minha mão ainda treme.

E, sinceramente, não sinto-me assim desde a infância.

Ela podia sentir a animação a qual Draco sentira enquanto narrava o ocorrido.

Estava relendo pela oitava vez desde que Paládio a trouxera, que foi no fim da manhã e que só a abriu a minutos atrás, pois se recusara a o fazer antes.

Decidiu a responder.

Fico feliz que tenham feito isso depois de anos. Aposto que foi um ótimo momento de pai e filho.

Tenho certeza que o sr. Malfoy também se divertiu, apesar de toda a sua frieza não permitir que demonstre.

Algo invejável até.

Pretende visitar Alexis?

Por que a repentina pergunta,

Malfoy?

Não sei. Só a fiz.

Não tente descobrir o endereço de minha amiga para repassar a Zabine.

Draco revirou os olhos com a acusação.

Posso jurar que esse nunca foi o meu objetivo. E se quer saber mesmo a verdade, já que não tenho nada a esonder, Alexis me convidou para uma visita.

A carta demorou. Muito.

Já podia imaginar o porquê e quando War a trouxe, imediatamente a rasgou.

Hummp... Humpffff...

Ela estava zombando fingindo segurar uma risada?

Porque o deboche, Greengrass?

Interessante. Usou meu sobrenome. Está bravinho.

Responda.

Nada demais. Só o imaginei no Mundo Trouxa, o que seria extremamente divertido.

Tinha me esquecido desse fato.

Imaginei.

Convencida.

E o golpe sem misericórdia foi dado em seguida, sem qualquer decência humana que a impediu de realizar.

Draco, jogado sobre uma cadeira na varanda que antes pertencia a seu avô Abraxas, com a luz da lua o iluminando e um copo de uísque de fogo de décadas atrás pousado sobre a mureta, esperou.

A noite se seguia tranquila e suave, com o leve farfalhar das asas de War batendo enquanto voava em sua direção.

Pegou o envelope sem pressa, não tendo receio quando a coruja fez menção de o bicar com o poderoso bico de platina, abrindo sem pressa o envelope.

Quase caiu para trás pelo conteúdo que continha dentro.

Era uma fotografia bruxa e nela se podia ver aqueles olhos esmeraldas, que ainda pretos e brancos, tinham a periculosidade de sempre.

E atrás da foto:

Acha mesmo, Malfoy?

Draco poderia morrer ali mesmo, que toda a sua vida já fizera o total sentido e não havia mais nada a acrescentar.

Não existia dúvidas.

Astória já ganhara a competição.

***

A sala do jantar estava em silêncio assim que ela desceu as escadas.

Estava perfeita, intacta, pura.

O que fazia odiar a si mesma com todas as forças inimagináveis possíveis.

A roupa era apropriada, a elegância, a postura. Astória não chegava nem a parecer com um ser humano. Estava tão fria, magnânima, perigosa com as esmeraldas verdes ameaçadoras que só podia ser tachada como uma verdadeira e excelente sangue-puro.

Sem distinções.

Ódio corria por suas veias.

De si mesma. De odiar aquilo que era e sempre seria.

Sentou-se no lugar habitual sem ouvir nenhuma crítica a seu respeito.

Estranhou.

Olhou para Merida que parecia um tanto controlada e... radiante?

A mãe continuou a comentar a desgraça de anos atrás dos Flatmans que havia completado mais uma primavera.

Falava com tanta arrogância sobre a miséria daquela família que fez a caçula ranger os dentes.

Daph comentava alguns pontos de modo maléfico controlado, mas não tão vil quando a bruxa mais velha.

O sr. Greengrass se concentrava apenas na refeição.

Astória quase se afundou no assento por não poder sofrer tortura maior.

Futilidade elevava seus nervos e uma certa apreensão se fazia sentir, mas não conseguia imaginar o porquê.

Merida ainda não a tinha alfinetado. Nem com sua roupa, nem depreciando o seu círculo de amigos ou outro a qual gostava de atacar.

Já se passara quinze minutos.

Não era do seu feitio esperar tanto.

Mal podia saber que nas veias da mãe corriam uma adrenalina disfarçada, quase eufórica, que se reprimia esperando o momento certo.

Podia sentir um leve gosto da satisfação orgásmica pelo o que guardava.

Quando a sobremesa foi servida, foi a hora.

Astória se segurava sobre a cadeira para não se retirar daquele antro pútrido, pois sabia que haveria consequências se assim o fizesse.

Estava no limite.

Por isso esse momento fora o escolhido.

— A propósito — começou a matriarca, mexendo a colher sobre o doce chique —, recebi uma carta do Conselho Regional da Inglaterra de Medibruxaria...

— Ah. É sobre minha autorização para que... — Astória tentou explicar.

Merida afiou os olhos azuis cegantes para a filha por ela sequer ousar atrapalhar seu momento de glória.

E — retomou a palavra — que eu veementemente recusei a assinar.

Saboreou com gosto a expressão da filha que deixou os talheres caírem sobre o prato de porcelana cara.

Estava sem emoção no rosto. O peito batia forte. Os olhos não entendiam. Tentavam compreender as palavras mas elas não pareciam fazer sentidos juntas.

Tentava remontá-las na mente, mas não havia um padrão que se encaixasse.

Os olhos esmeraldas morreram um pouco.

— Perdão? — foi o que soltou depois de minutos que transcorreram como segundos.

Parecia a voz de outra pessoa. O tom estava rouco, sem a firmeza habitual  e expressava um pânico que não fazia sentido, porque nem o entendia.

Merida sorria de modo cruel.

— E que ainda proibi e que qualquer outra tentariva de inscrição seja efetivadamente desconsiderada sem coesão de minha parte, tendo em vista que se algo parecido se concretizasse o Conselho teria como inimigo a família mais poderosa do Mundo Bruxo.

Agora por fim, compreendera.

Gostaria de não o ter feito.

Os olhos encaravam a mãe, mas de fato, não a viam. Estavam além disso.

Nunca vira Merida mais feliz, em total êxtase.

Sabia que era impossível, mas...

Fez tudo o que jamais havia feito na vida:

Mãe — implorou. — Mãe, por favor...

O sorriso de Merida sumiu e um desprezo possuiu seu rosto como uma sombra.

— Não seja patética, Astória.

Mãe — os olhos tão superiores, arderam em lágrimas que ficaram presas. Não caíram. — Mãe... A senhora sabe que isso... — engoliu um bolo entalado na garganta. — Sabe que é meu maior sonho... Se não me inscrever esse ano, vou ter que esperar mais quatro para ter alguma chance em concorrer a uma vaga se...

Foi interrompida pelo soco transferido que tremeu todos os talheres sobre a mesa.

O candelabro pendeu, mas voltou a se firmar.

— Você ainda não atingiu a maioridade — as palavras foram rosnadas de modo selvagem com saliva saltando da boca enfurecida. — E precisa de minha permissão. Permanece na minha tutela e enquanto estiver sobre ela vai fazer o que digo e se falo que não vou assinar aquele maldito documento — inclinou em direção a filha — não será essa cena ridícula que me fará mudar de ideia.

A garota se levantou. Tremia evidentemente, seu corpo chegava a tremeluzir sobre o ambiente.

Caminhou até a frente mãe com passos determinados.

Daphne ofegou, arrastando a cadeira para trás com o movimento seguinte:

Astória ajoelhou.

— Mãe — se humilhou perante a progenitora. — Mãe — repetiu com o lábios inseguros, vacilantes. — Por todo amor que sente por mim, ou que um dia já sentiu... Por favor. Não... — sua voz falhou. — N-não faça isso com...

— Você é desprezível — proferiu com nojo da criatura miserável ajoelhada ante sua magnificência. — Acha que isso me convencerá? — riu.

Foi nesse ponto que a Greengrass explodiu.

Se levantou, cansada da miséria que rogava em vão por migalhas que nunca teria. Que nunca seriam lançadas a si.

— Eu iria embora! — gritou. — Poderia se ver livre de mim! O que mais deseja se concretizaria! — a raiva berrava mais que a voz. — Eu a deixaria em paz nessa vida luxuosa e nojenta, nessa Mansão maldita, sem aparecer nunca mais! A deixaria com sua filhinha perfeitinha, fazendo se esquecer do erro que sou! — jogou na cara. — Da coisa estranha que não deu certo! — a fúria, o medo, pânico, a decepção aumentava tanto que beirou a histeria. — EU IRIA EMBORA! — destacou. — E você me tirou isso! Me tirou isso! — se aproximou perigosamente. — Porque faz isso? PORQUE. FAZ. ISSO?!

Merida nem precisava responder. Sabia a resposta. As duas sabiam.

A odiava tanto a ponto de renegar a paz que sentiria ao sua filha se mudar em busca dos estudos da medibruxaria, trocando pela deliciosa sensação de a estilhaçar para sempre.

A sangue-puro arrumou o guardanapo de linho fino por cima do colo e, triunfante, voltou a sua sobremesa.

— Não acha que sua irmã está um tanto deselegante hoje, Daph?

Quando não aguentou olhar mais para a mulher que a deveria amar com todas as forças, correu.

Subiu as escadas numa velocidade impressionante até bater a porta do quarto, quase a arrancando do batente.

O sr. Greengrass apenas continuou o jantar que nem por um minuto, naquela fatídica cena, interrompera.

***

Se deixou cair sobre o tapete macio, arranhando os joelhos pela brusquidão do movimento. As pernas estavam bambas a muito tempo e só agora as podia sentir moles como tal que nem conseguia a sustentar mais.

Agarrou os próprios cabelos densos como trevas e os puxou até sentir a dor anestesiar e ficar com muitos fios sobre os dedos inchados de suor e pressão.

Gritou dentro da mente, se esgoelou até ficar de rouca de pensamentos coerentes.

Berrou um tanto mais.

Porque aguentava aquilo? Porque ainda se submetia dia a dia a humilhações, submissão? A uma tortura daquelas?

Encostou a testa no chão, ainda ajoelhada.

Não. Jamais faria isso outra vez.

Nunca mais se dobraria ante outro sangue-puro.

Se obrigou a arrastar o corpo derrotado até a cadeira mais próxima que era a de sua escrivaninha.

O ego e orgulho queimavam de vergonha. Praticamente foram dragados, consumidos pela humilhação sofrida, o rebaixamento que nunca antes de submetera.

Porquê?

Bateu os braços sobre a mesa e rugiu milhões de pragas possíveis.

Seu sonho...

Santo Merlin.

Nunca se tornaria uma medibruxa.

Sem a autorização necessária não poderia sequer cursar o preparamento para a profissão quanto mais ter uma chance de vaga.

Desabou ante a realidade.

Tentou desesperadamente procurar alguma solução e...

Fugir. Poderia fugir.

Ir embora. Nunca mais voltar.

As lágrimas quase saíam por seus olhos tão sobrecarregados e pesados que só se interromperam de imediato pelo objeto inesperado.

Quem lhe mandara aquela caixa?

Tinha a cor branca e a forma retangular, comprida mas não muito funda. Tirou os cabelos em desordem do campo de visão e respirou bem fundo antes de abrí-la.

Merida tirou seu chão com a decisão de estragar os seus sonhos, mas aquilo fez seu mundo sair de órbita.

A rosis periculos estava perfeita sobre a luz do luar que entrava por entre a brecha da janela do quarto escuro.

As pétalas azuis sem defeitos se destacavam pela cor intensa, os espinhos eram tão afiados que um mero encostar podiam arranhar e arrancar sangue da pele, o caule estava longo e respirando vivo, ainda.

Tocou, com medo, temendo ser uma miragem, uma realidade fantasmagórica do seu estado lamentável.

Felizmente, não o era.

No canto da caixa, um humilde bilhete:

Meus cumprimentos

pela sua vitória.

E só.

Sentiu a ira se esvaziar aos poucos, como um balão murchando, despejando o ar no vazio que logo se tornaria nada.

Não. Não poderia fugir.

Nunca poderia, mas...

Também não era obrigada a suportar tudo aquilo sozinha. Não... Não havia problema nenhum em tentar sobreviver aquela situação com alguém, não é mesmo?

...não é mesmo?, foi o eco que fez sua mente.

A resposta veio com o arrastar do braço sobre a mesa ocupada, fazendo que tudo, menos a flor cuidadosamente segurada por seus dedos, fosse ao chão.

Se apressou em pegar papel e caneta.

***

Draco estava terminando de colocar a última gota necessária para concluir o experimento, quando a voz grossa o fez derramar mais do que o devido sobre a poção:

— Eu saio por um minuto e nesse curtíssimo espaço de tempo você transforma minha sala confortável numa expedição fantástica de líquidos perigosos — o desagrado era evidente no tom de Lucius. — Porque diabos não usa seu laboratório para isso?

Narcisa sorriu de canto enquanto retirava as luvas que colocara naquela manhã agradável.

Os dois haviam saído depois do café para dar um passeio pela propriedade já que o frio não estava excruciante, mas suportável para uma boa caminhada.

Draco revirou os olhos pois teria que fazer novamente a Essência de Beladona que ficara de molho sobre hemoróbios durante o tempo ideal e aconselhável: seis meses.

Totalmente desperdiçados.

— Pelo simples fato de eu ter uma Essência de Insanidade descansando sobre fogo lento e exalando uma fumaça tóxica que só vai parar de ser produzida a... — consultou o relógio de pirraça, pois sabia exatamente a quantidade de tempo —...duas horas, eu acho.

Lucius fez uma careta feia.

— Não é uma desculpa aceitável — excretou. — Leve essas coisas para seu quarto e não para minha sala particular.

Draco iria rebater que precisava de uma ventilação vasta e aquele, depois do laboratório é claro, era o cômodo mais adequado para tal, porém desistiu de iniciar uma discussão.

Se levantou no mesmo exato que War invadiu o ântro, piando alto e o encarando mais perigosamente que o necessário.

Draco estendeu a mão para pegar a carta e quase pulou de susto quando a ave pousou no seu braço estendido.

Só conseguir encarar as patas banhadas de platina.

A coruja lhe mandou uma mensagem com os enormes olhos negros. Draco não soube decifrar.

Não fez pressão nas garras para machucá-lo, só o necessário para deixar marcas de rasgos irrecuperáveis na camisa.

Ela própria rompeu a corda com o bico poderoso, pegando a carta, e inclinou a cabeça em sua direção, entregando.

Outra mensagem. Não captada.

Draco, cautelosamente, agarrou com a ponta dos dedos o envelope e se surpreendeu com War, pois quando esta alcançou alcançou vôo não fez menção de arranhar seu rosto, ou bater as asas sobre sua cara.

Seus pais acompanhavam cada movimento realizado.

Sem privacidade alguma, rompeu o lacre e tirou a mensagem de dentro.

Leu.

ISSO! — gritou de repente pulando no ar e transferindo um soco no nada. — ISSO! ISSO! ISSO! — comemorou, alegre, pulando e correndo para um lado e para o outro. — Ah, Merlin! — suspirou exausto de exasperação. Encarou os pais que jaziam boquiabertos com a cena esquisita. — Ah, mãe! — abraçou a Narcisa, a tirando do chão e em seguida estalando um beijo em sua bochecha. — Eu te amo, eu te amo, eu te amo! — a apertou mais forte e voltou bruscamente ao magnata superior ao seu lado. — E você — apontou para Lucius. — Você, Lucius Malfoy... — repetiu, criando mais suspense. Abriu os braços. — Vem cá, meu velho! — o abraçou forte, também o tirando alguns centímetros do chão.

Largou o pai e voltou a comemorar.

— Sim, sim, sim, SIM! — riu feliz consigo mesmo, de algo que só ele tinha conhecimento.

E correu pelas escadas, gritando e chutando o ar a esmo.

Lucius, horrorizado, deu o veredicto:

— Ciça — a chamou. — Nosso filho enlouqueceu.



Notas Finais


#Nox


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